Autor Tópico: Crime e luta de classes  (Lida 511 vezes)

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Crime e luta de classes
« Online: 13 de Fevereiro de 2019, 20:07:19 »
Inspirado nas discussões que vem acontecendo sobre o tema,
resolvi criar este topico e colocar algumas questões.

Ja vi textos que chegavam a colocar o crime como
"expressão da luta de classes" ou algo análogo

Já o quote abaixo relaciona o crime com desigualdade social:

Citar
As teorias que aproximam o banditismo social do como
proposto por Eric Hobsbawm à ausência e/ou ineficiência
da burocracia administrativa do estado (leia-se políticas públicas)
analisando as formações históricas onde conviveram os bandidos
reais ou imaginários que estudou, tais como: Robin Hood, Lampião,
Pancho Villa e outros, no seu livro Bandidos decerto
encontra na concentração de renda e estrutura de classes o
cerne da explicação da persistência dessas formas de organização
social e crescimento da criminalidade simultaneamente à produção
de riquezas nos distintos países onde essas organizações
internacionais atuam
.
(Da Wikipedia, Crime organizado - os destaques são meus)

Faço algumas perguntas, partindo do pressuposto que o crime é
consequencia de um modelo socio-econômico deficiente e que
o modelo mais propenso a alimentar o crime é o capitalismo,
pois que promove a desigualdade entre as classes e etc, etc.
Tal é a visão de muitos que simpatizam com as ideias de esquerda.

1) O crime num país socialista é tambem expressão de uma luta
de classes? tambem nasce da desigualdade?

2) Quando o crime deixa de ser consequencia de desigualdade
social e passa a ter como causa uma grave falha de carater,
falha esta independente de qualquer sistema socio-econômico?
Qual a linha divisória? Precisa matar?
Ou nunca deixa? É sempre fruto de uma tal desigualdade ou
de quaisquer outras falhas de um modelo socio-econômico?

Sou da opinião que, no mais das vezes o crime é sim
fruto de uma falha de carater (e sem nenhum bullshit
religioso envolvido). A prova disso é coexistirem numa
mesma sociedade, independentemente de qualquer sistema
socio-politico-econômico aqueles que oriundos da camada
mais pobre buscaram ascender por mérito próprio e outros
que buscaram ascender pelo crime.

Mas isso é so uma opinião de alguem oriundo de classe média,
que é, na definição de uma certa "filósofa", fascista, violenta
e ignorante:
Citar
a classe média é uma abominação política, porque é fascista,
é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação
cognitiva porque é ignorante. Fim
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #1 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 20:38:36 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.
« Última modificação: 13 de Fevereiro de 2019, 20:42:47 por Sergiomgbr »
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Offline Fenrir

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #2 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 21:04:23 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.

Posto dessa forma, parece então bem forçado atribuir o crime a qualquer falhas de algum modelo socio econômico
específico, dado que esta desobrigação unilateral de pacto pode acontecer independentemente de qualquer modelo.

A: - Estas são as condições para viver aqui nesta sociedade (o pacto ou os pactos).

B: - Não quero. Vou desrespeitá-las e prosperar aí mesmo e dane-se se outros forem prejudicados no processo.

C: - Pobre B, ele é apenas uma vítima ou produto dessas condições impostas pela sociedade de A
Não é justo puni-lo como quer A, D, E... Precisamos mudar o pacto.

D, E: ... (verdadeiras vítimas, lesados por B): E nós, como ficamos???

F (observando a coisa toda e ruminando): Então a solução é mudar o pacto? E B não tem que mudar nada não?
Troca-se o pacto e é possível que B queira desrespeitar o novo tambem. Pois já não fez isso várias vezes antes
(cada vez que cometeu um crime), porque não haveria de fazer de novo, já que o que mudou foi o pacto e não B,
que é o mesmo B de sempre?
Alem disso, se o pacto é ruim, A, C, D, E e eu mesmo tambem somos prejudicados por ele (o pacto) e nem por
isso fazemos o que B faz!
« Última modificação: 13 de Fevereiro de 2019, 21:30:21 por Fenrir »
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #3 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 21:11:00 »
Excelente. Resumiu bem como é o panorama.
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #4 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 21:24:35 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.

Não é bem assim que as teorias críticas enxergam o crime, que por sinal, dominam a doutrina brasileira. Crime é aquilo que a classe dominante diz que é, conforme for mais conveniente para si. Por essa razão, crimes contra a vida e a propriedade privada têm maiores especificações legais e penas maiores, sem mencionar que todo o aparato policial e da justiça é totalmente inclinado a apurar esses crimes. Nesse sentido, o direito penal é instrumento de dominação das classes dominantes e tem carárer estigmatizante, classificando quem é ou não criminoso conforme os interesses de quem detém a hegemonia. É o caso dos crimes de colarinho branco, que embora tenham consequências muito mais graves do que um homicídio ou um roubo, tem penas ridículas e os tipos penais não são claros, fora que o aparato legal para apurar estes crimes é pífio. É uma verdadeira cifra negra.

Não concordo totalmente com isso, mas essa visão marxista está parcialmente correta, ao meu ver.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #5 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 21:31:18 »
Parece mais um ad hominem questionando quem faz o pacto em vez do pacto em si. Falácia.
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #6 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 21:36:24 »
Parece mais um ad hominem questionando quem faz o pacto em vez do pacto em si. Falácia.

Não é uma falácia, a criminologia crítica é bem elaborada e apenas apresentei um hiper resumo. É um assunto complexo e polêmico, envolve muitos fatores.
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #7 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 21:41:30 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.

Não é bem assim que as teorias críticas enxergam o crime, que por sinal, dominam a doutrina brasileira. Crime é aquilo que a classe dominante diz que é, conforme for mais conveniente para si. Por essa razão, crimes contra a vida e a propriedade privada têm maiores especificações legais e penas maiores, sem mencionar que todo o aparato policial e da justiça é totalmente inclinado a apurar esses crimes. Nesse sentido, o direito penal é instrumento de dominação das classes dominantes e tem carárer estigmatizante, classificando quem é ou não criminoso conforme os interesses de quem detém a hegemonia. É o caso dos crimes de colarinho branco, que embora tenham consequências muito mais graves do que um homicídio ou um roubo, tem penas ridículas e os tipos penais não são claros, fora que o aparato legal para apurar estes crimes é pífio. É uma verdadeira cifra negra.

Não concordo totalmente com isso, mas essa visão marxista está parcialmente correta, ao meu ver.

Discordo. Essa visão faz parecer que o criminoso só faz o que faz por viver numa sociedade injusta.
O que dizer de assassinatos, estupros, sequestros, latrocínio, feminicídio ... ?
Estes são crimes, independentemente do que (supostamente) queira qualquer classe que seja, dominante
ou não.

Acho que a visão marxista não só é errada como extrememamente nociva, pois tira do criminoso a
responsabilidade por seus atos e põe a culpa disso em algo externo. É quase um salvo-conduto pro criminoso
cometer seus crimes. Não é muito diferente do religioso que comete um crime e se insenta da culpa ou se
justifica atribuindo o crime a influencia perniciosa de uma entidade maléfica qualquer.
A analogia é clara, basta trocar "religioso" por "criminoso" e "entidade maléfica qualquer" por "classe dominante"
na frase acima. Com a diferença que geralmente não é o criminoso que se justifica assim, não precisa pois
outros o fazem por ele.

E acho por bem enfatizar e repetir o F do post mais acima:
Citar
F (observando a coisa toda e ruminando): Então a solução é mudar o pacto? E B não tem que mudar nada não?
Troca-se o pacto e é possível que B queira desrespeitar o novo tambem. Pois já não fez isso várias vezes antes
(cada vez que cometeu um crime), porque não haveria de fazer de novo, já que o que mudou foi o pacto e não B,
que é o mesmo B de sempre?
Alem disso, se o pacto é ruim, A, C, D, E e eu mesmo tambem somos prejudicados por ele (o pacto) e nem por
isso fazemos o que B faz
!
« Última modificação: 13 de Fevereiro de 2019, 21:48:22 por Fenrir »
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #8 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 22:06:20 »
Parece mais um ad hominem questionando quem faz o pacto em vez do pacto em si. Falácia.

Não é uma falácia, a criminologia crítica é bem elaborada e apenas apresentei um hiper resumo. É um assunto complexo e polêmico, envolve muitos fatores.

Sou ignorante de criminologia critica, mas vou dar meu pitaco mesmo assim.

Porque acha que ela (a criminologia) tambem não tem nenhum viés,
assim como a definição do que é crime, com seu viés oriundo de quem o define, uma classe dominante que valha?
Na idade média a filosofia era definida e modelada pelo que queria a igreja, a classe dominante daquela época.
Pode ser que, ao menos no Brasil, a criminologia crítica tambem seja influenciada por autores simpáticos a visão marxista
do crime e de suas causas. Como tambem pode ser que a sua própria visão do assunto tenha sido moldada em sua maior parte
por tais autores, seja por acidente ou escolha consciente. Se assim for, isso seria certamente um viés.

Acho a idéia do Sergio mais isenta, não envolve ideologia alguma, seja de esquerda e direita e é centrada no criminoso,
nas suas ações, metas e nas consequencias delas. A visão marxista, me parece, dá pouca importância ao criminoso, chegando
quase a apaga-lo e dá demasiado ênfase/importancia ao meio que o cerca.
O Meio pode sim influenciar o indivíduo. Mas não pode prescindir dele e vai ter efeitos distintos em indivíduos distintos.
Dito de outra forma, não se molda o vazio e não são todos moldados da mesma maneira.
Tambem é uma visão um tanto quanto fatalista: faz o criminoso parecer uma folha impotente no meio de uma correnteza...

E, finalmente, desvaloriza, desmerece e até insulta aqueles que, passando por dificuldades até maiores que o criminoso,
videndo na mesma sociedade injusta que ele, não fazem o que o criminoso faz, podendo ainda por cima ser lesado pelo mesmo.
Não vou cansar de enfatizar este aspecto.

Já cansei. Me ocorreu que isso de desvalorizar e etc é um tanto quanto irrelevante para o assunto e soa meio emocional.
Ou não, vá saber. As vezes é difícil ter tantas duvidas.
« Última modificação: 13 de Fevereiro de 2019, 22:50:35 por Fenrir »
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #9 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 22:19:52 »
Isso, Fenrir falou tudo. 
Até onde eu sei eu não sei.

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #10 Online: 13 de Fevereiro de 2019, 23:49:25 »
Parece mais um ad hominem questionando quem faz o pacto em vez do pacto em si. Falácia.

Não é uma falácia, a criminologia crítica é bem elaborada e apenas apresentei um hiper resumo. É um assunto complexo e polêmico, envolve muitos fatores.

Sou ignorante de criminologia critica, mas vou dar meu pitaco mesmo assim.

Porque acha que ela (a criminologia) tambem não tem nenhum viés,
assim como a definição do que é crime, com seu viés oriundo de quem o define, uma classe dominante que valha?
Na idade média a filosofia era definida e modelada pelo que queria a igreja, a classe dominante daquela época.
Pode ser que, ao menos no Brasil, a criminologia crítica tambem seja influenciada por autores simpáticos a visão marxista
do crime e de suas causas. Como tambem pode ser que a sua própria visão do assunto tenha sido moldada em sua maior parte
por tais autores, seja por acidente ou escolha consciente. Se assim for, isso seria certamente um viés.

Acho a idéia do Sergio mais isenta, não envolve ideologia alguma, seja de esquerda e direita e é centrada no criminoso,
nas suas ações, metas e nas consequencias delas. A visão marxista, me parece, dá pouca importância ao criminoso, chegando
quase a apaga-lo e dá demasiado ênfase/importancia ao meio que o cerca.
O Meio pode sim influenciar o indivíduo. Mas não pode prescindir dele e vai ter efeitos distintos em indivíduos distintos.
Dito de outra forma, não se molda o vazio e não são todos moldados da mesma maneira.
Tambem é uma visão um tanto quanto fatalista: faz o criminoso parecer uma folha impotente no meio de uma correnteza...

E, finalmente, desvaloriza, desmerece e até insulta aqueles que, passando por dificuldades até maiores que o criminoso,
videndo na mesma sociedade injusta que ele, não fazem o que o criminoso faz, podendo ainda por cima ser lesado pelo mesmo.
Não vou cansar de enfatizar este aspecto.

Já cansei. Me ocorreu que isso de desvalorizar e etc é um tanto quanto irrelevante para o assunto e soa meio emocional.
Ou não, vá saber. As vezes é difícil ter tantas duvidas.

São de fatos críticas a esta visão. Realmente ela não visa o criminoso, mas sim o sistema penal. Os méritos dela, ao meu ver, é demonstrar, por meio de dados reais, que o sistema penal é enviezado e destinado, muito mais, em punir crimes que são, na imensa maioria, praticados por pobres. Ela trabalha com alguns aspectos raciais também. É inegável, ao meu ver, que o sistema penal é propositadamente ineficiente em punir a criminalidade de colarinho branco. Em alguns casos até incentiva essa criminalidade e dá “vantagens” para quem comete crimes, sobretudo os de cunho tributário.

O que o Sérgio falou, parece-me que entra numa discussão que divide duas vertentes sociológicas: a baseada no consenso, ou seja, de que existe um certo “consenso” na sociedade sobre quais são as regras sociais e legais e que a violação é uma situação de anormalidade. É baseada na sociologia de Durkheim. Já a outra vertente, do conflito, afirma que o constante conflito (como a luta de classes) é que o padrão normal da sociedade. Quando não há conflitos ou poucos, isso denota uma situação de anormalidade na sociedade, como por exemplo, uma classe dominante subjugando as demais ou uma opressão extrema por parte do Estado ou alguém. Tem base marxista.

No Brasil a vertente do conflito é amplamente dominante e, suspeito, que seja na maior parte do mundo, atualmente. A crminologia vai nesse sentido.
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Offline Peter Joseph

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #11 Online: 14 de Fevereiro de 2019, 10:49:59 »
Inspirado nas discussões que vem acontecendo sobre o tema,
resolvi criar este topico e colocar algumas questões.
[...]

A questão central é que no Capitalismo, como antes, estamos cada vez mais em uma guerra de classes. É a busca pelo poder, essencialmente. E os que melhor se saem bem na busca pelo poder são os psicopatas, pois eles geralmente são inteligentes, sem escrúpulos e endeusam o poder, em variados sentidos, inclusive o econômico.

Enquanto houverem pessoas privilegiadas vivendo da produtividades de explorados e pauperizados, com desigualdade achacante, haverá quem se rebele contra isto.

Além disto tudo, crime é uma consequência inevitável desta luta contínua por poder entre as classes humanas. Esta dinâmica existente em sitemas como o capitalismo jamais serão domadas por meio do enfoque reducionista na moral, na ético e nos bons costumes. O idealismo é uma filosofia morta. O que existe primordialmente é a dinâmica material. Simplesmente, materialmente falando, sempre haverá quem discorde de que poucos podem ter uma vida de rei e ele ou a maioria não e vai pegar isto à força ou burlando a moral, a ética, o Estado, as leis.... e quem já tem, fará de tudo para não perder isto e virar um mero explorado e pauperizado.
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2019, 10:59:08 por Peter Joseph »
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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #12 Online: 07 de Março de 2019, 09:22:59 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.

Não é bem assim que as teorias críticas enxergam o crime, que por sinal, dominam a doutrina brasileira. Crime é aquilo que a classe dominante diz que é, conforme for mais conveniente para si. Por essa razão, crimes contra a vida e a propriedade privada têm maiores especificações legais e penas maiores, sem mencionar que todo o aparato policial e da justiça é totalmente inclinado a apurar esses crimes. Nesse sentido, o direito penal é instrumento de dominação das classes dominantes e tem carárer estigmatizante, classificando quem é ou não criminoso conforme os interesses de quem detém a hegemonia. É o caso dos crimes de colarinho branco, que embora tenham consequências muito mais graves do que um homicídio ou um roubo, tem penas ridículas e os tipos penais não são claros, fora que o aparato legal para apurar estes crimes é pífio. É uma verdadeira cifra negra.

Não concordo totalmente com isso, mas essa visão marxista está parcialmente correta, ao meu ver.



"Crimes"   contra  a  fonte  de  renda  dos  políticos  também merecem atenção  muito  especial  do Estado.  Na verdade o Estado dá  mais atenção a esse tipo de "crime" do que a crimes de homicídio contra pessoas comuns.





 
« Última modificação: 07 de Março de 2019, 09:39:33 por JJ »

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #13 Online: 07 de Março de 2019, 12:23:11 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.

Não é bem assim que as teorias críticas enxergam o crime, que por sinal, dominam a doutrina brasileira. Crime é aquilo que a classe dominante diz que é, conforme for mais conveniente para si. Por essa razão, crimes contra a vida e a propriedade privada têm maiores especificações legais e penas maiores, sem mencionar que todo o aparato policial e da justiça é totalmente inclinado a apurar esses crimes. Nesse sentido, o direito penal é instrumento de dominação das classes dominantes e tem carárer estigmatizante, classificando quem é ou não criminoso conforme os interesses de quem detém a hegemonia. É o caso dos crimes de colarinho branco, que embora tenham consequências muito mais graves do que um homicídio ou um roubo, tem penas ridículas e os tipos penais não são claros, fora que o aparato legal para apurar estes crimes é pífio. É uma verdadeira cifra negra.

Não concordo totalmente com isso, mas essa visão marxista está parcialmente correta, ao meu ver.



"Crimes"   contra  a  fonte  de  renda  dos  políticos  também merecem atenção  muito  especial  do Estado.  Na verdade o Estado dá  mais atenção a esse tipo de "crime" do que a crimes de homicídio contra pessoas comuns.





 

O que sustenta essa sua afirmação?
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Offline Peter Joseph

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #14 Online: 07 de Março de 2019, 12:45:09 »
Crime é uma convenção social que depende muito do contexto da época e do modelo econômico existente. Durante o escravismo a escravidão era normal e hoje em dia é crime etc.
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Offline JJ

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Re:Crime e luta de classes
« Resposta #15 Online: 07 de Março de 2019, 14:36:18 »
Crime, tecnicamente, é a quebra de um pacto, de um acordo. Em uma sociedade, onde até por questão de utilitarismo os pactos são implícitos, crimes adquirem um teor de ambiguidade, carregados de interpretações morais, daí a assunção de que são fruto de desigualdades intrínsecas a modelos sociais, mas de fato mesmo, são uma questão de degeneração, de um furo no sistema, são objetivamente a desobrigação unilateral do pacto.

Não é bem assim que as teorias críticas enxergam o crime, que por sinal, dominam a doutrina brasileira. Crime é aquilo que a classe dominante diz que é, conforme for mais conveniente para si. Por essa razão, crimes contra a vida e a propriedade privada têm maiores especificações legais e penas maiores, sem mencionar que todo o aparato policial e da justiça é totalmente inclinado a apurar esses crimes. Nesse sentido, o direito penal é instrumento de dominação das classes dominantes e tem carárer estigmatizante, classificando quem é ou não criminoso conforme os interesses de quem detém a hegemonia. É o caso dos crimes de colarinho branco, que embora tenham consequências muito mais graves do que um homicídio ou um roubo, tem penas ridículas e os tipos penais não são claros, fora que o aparato legal para apurar estes crimes é pífio. É uma verdadeira cifra negra.

Não concordo totalmente com isso, mas essa visão marxista está parcialmente correta, ao meu ver.



"Crimes"   contra  a  fonte  de  renda  dos  políticos  também merecem atenção  muito  especial  do Estado.  Na verdade o Estado dá  mais atenção a esse tipo de "crime" do que a crimes de homicídio contra pessoas comuns.

O que sustenta essa sua afirmação?



O cada vez maior e mais eficiente empenho do Estado em  vigiar, descobrir, apurar, multar e até prender  "os terríveis sonegadores" que não gostam de sustentar parasitas estatais.

O desenvolvimento, crescimento e enriquecimento de orgãos e  agentes estatais envolvidos na tarefa de arrancar dinheiro de quem trabalha e produz riquezas.

E em contrapartida temos o descaso na apuração de crimes de homicídio cometidos contra pessoas comuns.



« Última modificação: 07 de Março de 2019, 14:39:41 por JJ »

 

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