Sintetizando sem nenhum intento de arrogância:afterlife survival assim como qualquer outra cousa referente a realidade só pode ser aferida EMPIRICAMENTE. A história mostra que a "razão" da humanidade terrícola tem capacidade zilch pra apreender a realidade.
Mas foi isso que pretendi mostrar e o Beto interpretou como ironia.
A Lógica pode ser vista como um sistema formal para estudo da validade de argumentos. Com "formal" significando que se atém à forma ou estrutura do argumento, sem necessidade de levar em consideração a semântica, isto é, os significados das premissas e conclusões.
Significa que a validade lógica de um argumento só depende de sua estrutura, da forma como o argumento foi construído. É como a gramática, que estuda a linguagem apenas do ponto de vista da estrutura, também chamada sintaxe. Não importando a semântica.
Portanto em Lógica podemos usar alguns truques que também funcionam na gramática. Como substituir elementos de uma sentença para verificar se esta é correta sintaticamente.
Como quando seu professor ensina que, para saber se você deve ou não empregar a crase, basta substituir um substantivo feminino por um masculino na frase. Porque a crase denota a contração da preposição A com o artigo A. Antigamente se falava: "Eu vou a a praia.". Mas com o tempo o A da preposição se fundiu sonoramente com o A do artigo, e depois também na escrita. Daí a crase indica que tem um artigo A escondido nessa contração.
Portanto o truque funciona, apenas troque praia por mercado e fica: "Eu vou aO mercado." Apareceu o artigo O, mostrando que em "à praia" também tem um artigo A e deve levar crase.
Por essa mesma razão o A em "A estrela está a anos luz" não é craseado.
Esse truque também funciona para argumentos, às vezes. Troque a semântica das premissas e da conclusão por outras e verifique se você produziu um absurdo mantendo a mesma estrutura lógica do argumento. Se isto ocorre é porque o argumento não é lógico.
Sócrates é homem. Todo homem é mortal. Logo Sócrates é mortal.
Isso funciona com qualquer semântica: A rosa é uma flor. Flor é um vegetal. Logo a rosa é um vegetal.
Mas
Penso, logo existo. Unicórnios não pensam. Logo unicórnios não existem.
Chega a uma conclusão verdadeira, mas o argumento é ilógico.
Fica claro quando com a mesma estrutura se infere que repolhos não existem.
Penso, logo existo. Repolhos não pensam. Logo repolhos não existem.
Então em vez de discutir detalhadamente o argumento que o Beto acredita provar que seja uma "hipótese mais lógica", podemos mudar a semântica do argumento para chegar a uma conclusão que
EMPIRICAMENTE sabemos que é falsa. Como o fogo que continua a queimar mesmo depois de não existir mais fogueira. E isto mantendo rigorosamente a mesma estrutura do argumento.
EMPIRICAMENTE não podemos verificar o que acontece após a morte do corpo físico. Mas
EMPIRICAMENTE sabemos muito bem o que ocorre em processos de combustão. Então empiricamente demonstramos que o argumento não tem nada de lógico, sem mesmo necessidade de discutir as falhas na estrutura do argumento.