Autor Tópico: O oficial que salvou Moscou na Segunda Guerra Mundial e foi traído por Stálin  (Lida 347 vezes)

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Offline Eu

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Richard Sorge contribuiu enormemente para a vitória soviética sobre o nazismo. O ditador soviético, porém, permitiu que ele fosse enforcado pelos japoneses.


No outono de 1941, a batalha entre soviéticos e alemães na Segunda Guerra Mundial podia ter seus dias contados: as tropas de Hitler já estavam pisavam na soleira da capital soviética. No entanto, depois de várias batalhas brutais e exaustivas, o exército soviético lançou uma contraofensiva e conseguiu defender a cidade.

A vitória tornou-se possível devido à chegada de novas divisões de militares soviéticos, transferidas para Moscou da Sibéria, onde aguardavam um ataque japonês.

Stálin nunca teria permitido transferir os soldados do Extremo Oriente se o oficial de inteligência Richard Sorge não tivesse informado que o Japão não estava preparado para atacar a União Soviética em 1941.

No Japão


Historiadores escrevem que Richard Sorge simplesmente nasceu para se tornar oficial de inteligência. Bonito, elegante e inteligente, ele fazia amizades úteis facilmente, e estas o ajudavam a obter informações secretas.

Aos 29 anos, o jovem comunista alemão Richard Sorge se mudou para a União Soviética, onde logo foi recrutado pelo serviço de inteligência soviético.

Os dois contatos mais importantes de Sorge foram o embaixador alemão no Japão, Major General Eugen Ott, que tinha acesso a todos os segredos da Alemanha nazista, e o jornalista japonês e assessor do primeiro-ministro do Japão Hotsumi Ozaki, que era comunista e se tornou agente de Sorge.

Suspeitas de Stálin


Apesar das muitas informações importantes e úteis que Sorge enviava a Moscou, o governo soviético não confiava nele. Alemão, louco por mulheres e bebedeiras, e com amigos como o chanceler nazista Joachim von Ribbentrop, Sorge só podia ser agente duplo.

No entanto, estabelecer uma rede de espionagem em um país tão fechado como Japão era muito difícil, e o governo soviético decidiu manter os contatos com Sorge.

Durante as repressões na URSS no final da década de 1930, conhecidas como o Grande Expurgo, a inteligência soviética foi literalmente decapitada, todos seus líderes foram executados, incluindo os colegas e amigos de Sorge. Ele mesmo foi convocado a Moscou para "conversas".

Richard Sorge se recusou a ir e disse que tinha muito trabalho no Japão. Isto enfureceu Stálin, que começou a desconfiar "daquele alemão" ainda mais.

As suspeitas permaneceram, apesar do fato de os relatos de Sorge ajudarem significativamente as tropas soviéticas a derrotar os japoneses nas Batalhas do Lago Khasan (1938) e Khalkhin Gol (1939).

Apesar de estar a milhares de quilômetros da Europa, Richard Sorge tinha laços muito próximos com altos funcionários alemães e japoneses e, às vezes, era mais bem informado sobre o que estava acontecendo na Europa do que outros oficiais de inteligência soviéticos na Alemanha.

Richard Sorge alertou seus chefes sobre os planos alemães de atacar a União Soviética no final de junho de 1941 muitas vezes. No entanto, seus relatórios foram ignorados.

Quando Sorge foi preso pelos japoneses, disse durante o interrogatório: “Houve dias em que enviei de 3 a 4 relatórios criptografados para Moscou, mas, ao que parece, ninguém acreditou em mim”.

Salvando Moscou


A atitude do governo soviético e de Stálin em relação a Sorge mudou completamente após o início da Operação Barbarossa, que confirmou as informações do oficial.

Em 14 de setembro de 1941, Sorge enviou talvez a mensagem mais importante de sua vida. “Segundo minha fonte, o Japão decidiu não iniciar hostilidades contra a União Soviética neste ano.”

Desta vez, as palavras de Richard Sorge foram levadas a sério. Segundo os historiadores, esta mensagem finalmente convenceu Stálin, que ordenou reorganizar mais de uma dúzia de novas divisões bem treinadas do Extremo Oriente e enviar os soldados para Moscou para lutar contra os alemães.

Prisão e esquecimento


Em outubro de 1941, Richard Sorge e suas fontes foram presos pelos japoneses. No início, os alemães não acreditavam que Richard Sorge, declarado o melhor jornalista alemão daquele ano, fosse um espião soviético. Todos os pedidos para libertá-lo foram negados.

Quando o fato de que Sorge trabalhava para a inteligência soviética foi confirmado, os japoneses contataram duas vezes os soviéticos a respeito de seu futuro destino. Em ambas as ocasiões, o lado soviético respondeu da mesma forma: "Nós, na União Soviética, não sabemos nada sobre Richard Sorge".

Embora a razão pela qual os soviéticos tenham se recusado a trocar Sorge seja desconhecida, acredita-se que Stálin não poderia perdoá-lo por admitir em interrogatório que trabalhava para a URSS, algo que um oficial da inteligência soviética nunca deveria fazer.

Sorge foi executado em 7 de novembro de 1944, no 27º aniversário da Revolução Russa.

Por 20 anos, o nome de Richard Sorge foi esquecido na União Soviética. Mas nos EUA e na Europa, pelo contrário, sua atividade foi bastante estudada. Em 1964, o líder soviético Nikita Khruschov assistiu ao filme francês “Who Are You, Mr. Sorge?” e ficou chocado com o que viu.

Quando Khruschov descobriu que Richard Sorge era uma pessoa real, ordenou que o nome e a fama do oficial da inteligência soviética fossem restaurados. Sorge foi postumamente premiado com o Herói da União Soviética.

https://br.rbth.com/historia/81488-oficial-inteligencia-traido-por-stalin
« Última modificação: 23 de Junho de 2019, 21:51:19 por Eu »

Offline JJ

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Re:O oficial que salvou Moscou na Segunda Guerra Mundial e foi traído por Stálin
« Resposta #1 Online: 23 de Junho de 2019, 22:28:08 »


História interessante. E que mostra mais uma vez que muito poder concentrado nas mãos de uma pessoa geralmente não dá bons resultados.

Offline Geotecton

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Re:O oficial que salvou Moscou na Segunda Guerra Mundial e foi traído por Stálin
« Resposta #2 Online: 24 de Junho de 2019, 07:59:43 »
O contexto era de um conflito mundial e a pessoa que 'concentrava poder demais' era um genocida (Stálin), de uma ideologia autoritária (comunismo) e em um país sem democracia.
Foto USGS

 

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