Autor Tópico: Mais uma do Enézio  (Lida 1085 vezes)

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Mais uma do Enézio
« Online: 20 de Setembro de 2005, 23:21:47 »
Sem dúvida foi uma grande conquista científica: decifrar toda a 'planta' genética dos chimpanzés em poucos anos

Mensagem de Enézio E. de Almeida Filho (neddy@uol.com.br), coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente:


O artigo de Marcelo Leite -- "De símios e genomas", (Folha de SP, Mais! de 4/9/05, p. 9) esboçou historicamente a questão mas não destacou os pontos mais relevantes e esclarecedores para o leitor leigo entender tão intrigante e polêmica questão: 'a busca das diferenças fundamentais capazes de explicar e ancorar uma nítida separação entre a espécie humana e seu parente símio mais chegado': o chimpanzé (Pan troglodytes).

A Thereza Venturoli, da revista “Veja”, também abordou a questão num artigo intitulado -- "O primo das selvas". [1]

Embora tenha salientado a confirmação da divergência seqüencial das letras de DNA de 'apenas 1,23% dos dois genomas', o leitor não especializado ficou sem saber o que isso significa vez que já foi anunciado em estudos anteriores 98-99% de semelhança seqüencial de DNA.

Todavia, aquele estudo considerou tão-somente as regiões codificadoras de genes (por exemplo: a seqüência da proteína do citocromo c), que constituía somente uma fração muito pequena dos 3 bilhões de pares de bases de DNA de nossa 'planta' genética.

Naquela ocasião -- 2001 – todo o genoma humano havia sido seqüenciado mas o genoma do chimpanzé não. A maioria dos divulgadores científicos não mencionou, mas aqueles estudos foram baseados num pequeno 'locus' da totalidade do DNA das duas espécies.

O que é realmente interessante na última edição especial da "Nature" devotada aos chimpanzés, é que os pesquisadores anunciaram o seqüenciamento do genoma desses animais. [2].

Sem dúvida foi uma grande conquista científica: decifrar toda a 'planta' genética dos chimpanzés em poucos anos.

Os pesquisadores afirmaram: "a confirmação mais dramática" até aqui da teoria de Darwin de que a espécie humana teve um ancestral comum com os símios. Será mesmo?

Neste artigo os pesquisadores afirmam que há pouca diferença genética entre nós (somente 4%). Mas isso é o dobro da diferença que foi anunciada há poucos anos. [3].

Embora tenha abordado “en passant” a questão da divergência seqüencial, Marcelo Leite não destacou o significado da magnitude dessas diferenças.

O que significa 1.23% de divergência 'no plano da seqüência propriamente dita de letras químicas de DNA'? Para o leitor não especializado, isso não representa muito, até ele ser informado de que isso representa ~35 milhões de mutações!

Se houve alguma surpresa com 'a quantidade de cortes (deleções) e inserções de grandes trechos que os diferencia', Marcelo Leite logo em seguida minimiza: 'coisa de 3%'.

A grande surpresa, que o leitor leigo não ficou sabendo, é que há entre ~40-45 milhões de bases presentes nos humanos e ausentes nos chimpanzés, e vice-versa.

Esses nucleotídeos de DNA extras são chamados de "inserções" ou "deleções", porque são considerados como tendo sido adicionados ou perdidos da seqüência. Isso coloca o número total de diferenças de DNA em quase 125 milhões.

Contudo, uma vez que as inserções podem ser maior do que o tamanho de um nucleotídeo, há cerca de 40 milhões de eventos distintos de mutações que 'separariam' as duas espécies.

Uma vez que, freqüentemente, é muito difícil determinar se a diferença é resultado de uma inserção ou deleção, isso é chamado de "indel." Os 'indels' podem ser virtualmente de qualquer tamanho.

Para tornar o raciocínio mais fácil, consideremos uma página de texto com 4.000 letras e espaços. Seriam necessárias 10.000 páginas de texto para termos 40 milhões de letras.

As diferenças entre os humanos e os chimpanzés incluem ~35 milhões de bases de DNA diferentes, ~ 45 milhões no DNA humano e ausentes no chimpanzé e ~ 45 milhões no DNA do chimpanzé e ausentes na espécie humana.

Como teria acontecido 40 milhões de eventos distintos de mutações para se fixarem numa população em apenas ~300.000 gerações (o clássico nunca resolvido e seletivamente evitado: o 'dilema de Haldane')? [4]

Esse problema fundamental, que Marcelo Leite não perguntou (?), deve ser levado em conta porque os autores reconhecem que a maioria da mudança evolutiva é devida à deriva genética neutra ou aleatória.

Isso se refere à mudança quando a seleção natural não está operando. Sem uma vantagem seletiva, fica muito difícil explicar como que este número imenso de mutações puderam se fixar numa população.

O leitor leigo não pôde, não pode e nunca poderá perceber a magnitude do que realmente significa ser humano e ser chimpanzé se não for devidamente informado ser o assunto muito mais complexo e as dificuldades que isso representa para a tese do ancestral comum.

Nota: este texto foi escrito “com ajuda de um Ph. D. em Biologia”, segundo o próprio autor.

Referência:

1. Thereza Venturoli. "O primo das selvas", VEJA 1921 # 31, de 07/07/05, p. 113.
2. The Chimpanzee Sequencing and Analysis Consortium 2005. "Initial sequence of the chimpanzee genome and comparison with the human genome," Nature 437:69-87.
3. As pesquisas de semelhança entre chimpanzés e humanos têm ignorado tipicamente as inserções e as deleções, embora isso seja responsável pela maioria das diferenças. Uma pesquisa feita por Roy Britten inclui essas inserções e deleções e obteve um número aproximado dos 4% aqui reportado. Britten, R. J., "Divergence between samples of chimpanzee and human DNA sequences is 5% counting indels," Proceedings National Academy Science 99:13633-13635, 2002.
4. Haldane, J. B. S., "The Cost of Natural Selection", Journal of Genetics, vol. 55, p. 511-524, 1957.

Comentário Meu:

Vocês devem se lembrar daquele texto "O Primo das Selvas" da Veja que pus aqui.Uma reportagem similar passou na Folha de São Paulo, eis que eu dou uma navegada pelo site do Jornal da Ciência e encontro essa pérola: Uma dissertação de Enézio sobre a reportagem  "De símios e genomas", que segundo ele, foi feito com ajuda de um PhD.O cara utilizou até uma teoria de Haldane para tentar mostrar que essa similaridade entre o homem e o chimpanzé era evidência contrária a da Evolução.Eu queria saber que PhD em Biologia é esse que consegue ser colaborador de um propagandista criacionista;com certeza não é membro da Sociedade Brasileira de Genética.O Enézio parace que tinha se calado com o artigo do Pazza "Genes, Evolução e Desenvolvimento",inclusive eu ainda não vi nenhum comentário dele sobre esse artigo.Depois de ter refutado aquele texto da SCB, com um texto que mostrava seu desconhecimento sobre o que é Genética e sobre o que é Macroevolução, ele vem com essa de questionar uma coisa que só os criacionistas são capazes: duvidar que o homem compartilha com o chimpanzé um ancestral comum que viveu há poucos milhões de anos atrás.E nem mostrou a identidade desse PhD.
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Offline Perseus

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Re.: Mais uma do Enézio
« Resposta #1 Online: 20 de Setembro de 2005, 23:42:36 »
Essa notica é meio antiga Huxley. Um Professor de Genética ja tratou de transformar em poeira toda essa baboseira:

Professor de Genética e Evolução da UFMG comenta carta de leitor que defende o design inteligente

“Minha sugestão é que os leigos procurem aprender com os que questionam e praticam ciência, não com os que deturpam e desconhecem a realidade científica”

Mensagem de Fabrício Rodrigues dos Santos, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, sobre texto publicado em 8 de setembro:
“Interessante o comentário do Sr. Enézio, tentando trazer uma "luz" aos colegas leigos. Interessante porque apresenta ao mesmo tempo ao leitor a complexidade dos dados, mas também a incompreensão acerca dos processos de comparações de genomas feitas pelos que tentam compreendê-lo da forma que melhor lhes convém. O mais interessante é a forma de uso da informação científica através do pensamento dogmático que cerca o Sr Enézio que se coloca com não leigo.

Da mesma forma que nossos genomas em média se diferenciam do chimpanzé em 99% nos genes, 96% em todas regiões, existem outras diferenças em grandes áreas cromossômicas. Estas diferenças não são contabilizadas de maneira tão trivial como o leitor leigo e dogmático comentou.

A metodologia utilizada só pode comparar regiões alinháveis do genoma entre as duas espécies. É a mesma utilizada para comparar genomas de dois indivíduos da espécie humana. Quando comparamos genomas de dois humanos, dizemos que a diferença é em torno de 0.1% (mais 0.9% seríamos chimpanzés?).

O interessante é que há várias outras diferenças de arranjos cromossomos, deleções, inserções entre dois humanos, que também não são contabilizadas.

No cromossomo Y, há pessoas que faltam um pedaço de 6 milhões de bases no braço longo, e outras que não têm outros 3 milhões no braço curto, e são todas "normais" - polimorfismos neutros! E não fica só nisto, há exemplos para quase todos cromossomos.

Além disto, grande parte das diferenças em inserções/deleções ocorrem nos transposons, os quais acumularam de forma diferente depois que nossas duas espécies se separaram.

Em no mínimo 6 milhões de anos de separação, 12 milhões de anos de divergência, as duas linhagens acumularam inúmeros transposons em locais distintos. E os transposons continuam evoluindo (é eles tem "vida" própria), diferenciando genomas entre vários indivíduos da espécie humana e do chimpanzé.

Peço então aos leitores que buscam uma compreensão através do questionamento (não através da crença como o Sr. Enézio) que reflitam sobre a improbabilidade infinita que os genomas destas duas espécies evoluíssem independentemente, resultando em quase as mesmas sequências gênicas, proteínas, ordenamento gênico, número cromossômico, vários transposons nas mesmas posições, etc, e tamanha convergências fisiológicas, de comportamento, de expressões, culturais (é, Chimpanzé tem cultura parecida aos homens das "cavernas", só não aprendeu a ler e escrever)... uma lista infindável de características compartilhadas entre nós bem diferente (com exceção dos outros grandes Primatas) das outras 30 milhões de espécies...

Realmente, os genomas e suas comparações são extremamente complexas, muitas delas são apenas compreensíveis após anos de estudos, questionamentos e dúvidas. Minha sugestão é que os leigos procurem aprender com os que questionam e praticam ciência, não com os que deturpam e desconhecem a realidade científica.

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31391
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Offline LIAN

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Re.: Mais uma do Enézio
« Resposta #2 Online: 21 de Setembro de 2005, 05:20:36 »
Que mensagem sem sentido. Usa números pra impressionar os leigos, e nem sequer cita o significado da localização das mutações.

Parece que os 35 milhões de mutações foi a única coisa que o autor conseguiu extrair para tentar refutar o parentesco, mas mutações aos milhares também diferem indivíduos de uma mesma espécie. Isso vai depender do gene, e da função deste. Mas genética ou filogenética não parecem ser o forte do autor do texto, melhor dá um desconto! :hihi:
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Offline Huxley

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Mais uma do Enézio
« Resposta #3 Online: 21 de Setembro de 2005, 12:54:43 »
Mas eu estou com curiosidade de saber que PhD em Biologia é esse que ajudou a este crente do mito de Adão e Eva a elaborar este texto tão medíocre.Porque ele provavelmente também deve acreditar que Adão e Eva já existiram.Alguma sugestão de quem seja?
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Offline Perseus

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Re.: Mais uma do Enézio
« Resposta #4 Online: 21 de Setembro de 2005, 13:28:37 »
Quando o Enézio quis dizer "Ph.D" tenho certeza que ele se referia a um "Philosofic Doctor", e não à graduação acadêmica.
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Mais uma do Enézio
« Resposta #5 Online: 21 de Setembro de 2005, 15:13:47 »
Citar
Naquela ocasião -- 2001 – todo o genoma humano havia sido seqüenciado mas o genoma do chimpanzé não. A maioria dos divulgadores científicos não mencionou, mas aqueles estudos foram baseados num pequeno 'locus' da totalidade do DNA das duas espécies.


Mas é um ignorante mesmo... Ainda hoje não terminaram o completo sequenciamento do genoma humano!

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Re: Re.: Mais uma do Enézio
« Resposta #6 Online: 21 de Setembro de 2005, 15:18:13 »
Citação de: PSYCHOCANDY
Que mensagem sem sentido. Usa números pra impressionar os leigos, e nem sequer cita o significado da localização das mutações.

Parece que os 35 milhões de mutações foi a única coisa que o autor conseguiu extrair para tentar refutar o parentesco, mas mutações aos milhares também diferem indivíduos de uma mesma espécie. Isso vai depender do gene, e da função deste. Mas genética ou filogenética não parecem ser o forte do autor do texto, melhor dá um desconto! :hihi:


:histeria:

Pior foi dizer que teve ajuda de um PhD em biologia!!! Sorte dele que não deu o nome do grande doutor...

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Re: Re.: Mais uma do Enézio
« Resposta #7 Online: 21 de Setembro de 2005, 15:19:28 »
Citação de: Perseus
Quando o Enézio quis dizer "Ph.D" tenho certeza que ele se referia a um "Philosofic Doctor", e não à graduação acadêmica.


Quando se faz doutorado nos EUA, em geral o título obtido é de PhD e, em alguns casos, de D.Sc.

Em todo caso, é equivalente ao nosso Dr (o de verdade, obtido por defesa pública de tese).

 

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