Essa notica é meio antiga Huxley. Um Professor de Genética ja tratou de transformar em poeira toda essa baboseira:
Professor de Genética e Evolução da UFMG comenta carta de leitor que defende o design inteligente
“Minha sugestão é que os leigos procurem aprender com os que questionam e praticam ciência, não com os que deturpam e desconhecem a realidade científica”
Mensagem de Fabrício Rodrigues dos Santos, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, sobre texto publicado em 8 de setembro:
“Interessante o comentário do Sr. Enézio, tentando trazer uma "luz" aos colegas leigos. Interessante porque apresenta ao mesmo tempo ao leitor a complexidade dos dados, mas também a incompreensão acerca dos processos de comparações de genomas feitas pelos que tentam compreendê-lo da forma que melhor lhes convém. O mais interessante é a forma de uso da informação científica através do pensamento dogmático que cerca o Sr Enézio que se coloca com não leigo.
Da mesma forma que nossos genomas em média se diferenciam do chimpanzé em 99% nos genes, 96% em todas regiões, existem outras diferenças em grandes áreas cromossômicas. Estas diferenças não são contabilizadas de maneira tão trivial como o leitor leigo e dogmático comentou.
A metodologia utilizada só pode comparar regiões alinháveis do genoma entre as duas espécies. É a mesma utilizada para comparar genomas de dois indivíduos da espécie humana. Quando comparamos genomas de dois humanos, dizemos que a diferença é em torno de 0.1% (mais 0.9% seríamos chimpanzés?).
O interessante é que há várias outras diferenças de arranjos cromossomos, deleções, inserções entre dois humanos, que também não são contabilizadas.
No cromossomo Y, há pessoas que faltam um pedaço de 6 milhões de bases no braço longo, e outras que não têm outros 3 milhões no braço curto, e são todas "normais" - polimorfismos neutros! E não fica só nisto, há exemplos para quase todos cromossomos.
Além disto, grande parte das diferenças em inserções/deleções ocorrem nos transposons, os quais acumularam de forma diferente depois que nossas duas espécies se separaram.
Em no mínimo 6 milhões de anos de separação, 12 milhões de anos de divergência, as duas linhagens acumularam inúmeros transposons em locais distintos. E os transposons continuam evoluindo (é eles tem "vida" própria), diferenciando genomas entre vários indivíduos da espécie humana e do chimpanzé.
Peço então aos leitores que buscam uma compreensão através do questionamento (não através da crença como o Sr. Enézio) que reflitam sobre a improbabilidade infinita que os genomas destas duas espécies evoluíssem independentemente, resultando em quase as mesmas sequências gênicas, proteínas, ordenamento gênico, número cromossômico, vários transposons nas mesmas posições, etc, e tamanha convergências fisiológicas, de comportamento, de expressões, culturais (é, Chimpanzé tem cultura parecida aos homens das "cavernas", só não aprendeu a ler e escrever)... uma lista infindável de características compartilhadas entre nós bem diferente (com exceção dos outros grandes Primatas) das outras 30 milhões de espécies...
Realmente, os genomas e suas comparações são extremamente complexas, muitas delas são apenas compreensíveis após anos de estudos, questionamentos e dúvidas. Minha sugestão é que os leigos procurem aprender com os que questionam e praticam ciência, não com os que deturpam e desconhecem a realidade científica.
Fonte:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31391