RECESSÃO
Você sabia que as pessoas de um certo estado civil podem ajudar a
acabar com a recessão?
Recessão é a palavra da moda.
Não se fala em outra coisa na Rússia e na Europa, na Asia e no Brasil.
Os motivos da bancarrota são, entre outros, a economia globalizada, o
efeito dominó e a alta taxa de juros. Mas o maior vilão desse
desaquecimento da economia e da falta de empregos é o casamento.
Faça as contas: são duas pessoas consumindo por uma. Duas pessoas e um
aluguel, duas pessoas e um fogão, duas pessoas usando o mesmo
desodorante, a mesma pasta de dente.
Desaceleração total da produção. Casais, além disso, saem menos à
noite, vão menos a boates, bebem menos, quase não ligam pra moda,
divertem-se dentro de casa. Casais só sustentam as locadoras de vídeo,
o que não basta para desenvolver uma nação. É preciso que se divorciem
imediatamente.
O divorciado, sim, mete a mão na carteira. Em primeiro lugar, precisa
formar um novo lar, salvando da crise o mercado imobiliário e o
varejo.
Além de alugar um quarto-e-sala, terá que comprar, no minimo, uma
cama, um colchão, uma TV, uma geladeira e um som, além de copos,
talheres e um abridor. Uma toalha de banho e um jogo de lençóis também
são imprescindiveis. Recomeçar não sai barato. Aos poucos, o
divorciado vai sentir saudades dos discos e dos livros que, na pressa
de sair, deixou na antiga casa. Compra tudo de novo. Está salva a
cultura do pais.
Mas ele está triste, é natural. Acaba de terminar um relacionamento,
não quer ficar sozinho. Resultado: percorre todas as cervejarias,
boates e bares da cidade, em busca de companhia e bebendo pra
esquecer.
Reencontra velhos amigos. E velhas amigas. Volta para a casa às seis
da manhã. Passa a madrugada gastando. Divorciado fala mais no
telefone. Divorciado precisa fazer uma nova assinatura de jornal.
Divorciado passa mais horas na Internet. Fuma mais. Compra mais roupa.
Faz terapia. Come fora. Gasta mais combustivel.
Divorciado é uma caixa registradora ambulante, ajudando a aquecer a
indústria e o comércio e facilitando a vida dos bancos, já que usa
mais o cartão e entra mais no cheque especial. Se todos se
divorciassem, não haveria desempregados e o mundo estaria longe de
falir.