As sociedades se saem pior "quando tem Deus do seu lado"
http://www.timesonline.co.uk/article/0,,2-1798944,00.html (em inglês)
Por Ruth Gledhill, Correspondente de Religiões
A fé religiosa pode causar danos à sociedade, contribuindo para altas taxas de homicídio, aborto, promiscuidade social e suicídio, segundo pesquisa publicada hoje.
De acordo com o estudo, a crença e devoção a Deus não apenas são desnecessários para uma sociedade saudável, mas podem de fato contribuir para problemas sociais.
O estudo se contrapõe à opinião de crentes de que a religião é necessária para oferecer os fundamentos morais e éticos de uma sociedade saudável.
Ele compara o desempenho social de países relativamente seculares como a Grã-Bretanha (da qual faz parte da Inglaterra) com os EUA, onde a maioria da população acredita em um Criador em vez de na Teoria da Evolução. Muitos evangélicos conservadores dos EUA consideram o Darwinismo um mal social e crêem que ele inspira ateísmo e imoralidade.
Muitos cristãos liberais e crentes de outras fés afirmam que a crença religiosa é benéfica para a sociedade, acreditando que ela ajuda a reduzir as taxas de crime violento, homicídio, suicídio, promiscuidade sexual e aborto. Os benefícios da crença religiosa para uma sociedade tem sido descritos como seu "patrimônio espiritual". Mas o estudo alega que a devoção de muitos nos EUA pode de fato contribuir para seus problemas.
O artigo, publicado no Journal of Religion and Society, um jornal acadêmico norte-americano, anuncia: “Muitos americanos concordam em que sua nação de frequentadores de igreja é uma cidade excepcional em ponto elevado, abençoada por Deus e resplandecente, de onde se impõe como um impressionante exemplo para um mundo cada vez mais cético.
“De forma geral, taxas mais altas de crença e devoção a um Criador se correlacionam a taxas mais altas de homicídio, mortalidade infanto-juvenil, taxas de infecção por DST, gravidez na adolescência e aborto nas democracias prósperas.
“Os Estados Unidos são quase sempre a mais disfuncional das democracias em desenvolvimento, algumas vezes por uma margem dramática.”
Gregory Paul, o autor do estudo e um cientista social, usou dados do International Social Survey Programme, do Gallup e de outras instituições de pesquisa para chegar às suas conclusões.
Ele comparou indicadores sociais tais como taxas de homicídio, aborto, suicídio e gravidez na adolescência.
O estudo concluiu que os EUA eram no mundo inteiro a única democracia próspera na qual as taxas de homicídio ainda eram altas, e que as nações menos devotas eram as menos disfuncionais. O senhor Paul disse que as taxas de gonorréia em adolescentes nos EUA eram até 300 vezes maior do que em países democráticos menos devotos. Os EUA também sofreram de taxas "notavelmente altas" de infecção sifilítica em adolescentes e adultos, bem como de abortos de adolescentes, segundo o estudo.
O senhor Paul disse: "O estudo mostra que a Inglaterra, apesar dos problemas sociais que tem, está de fato se saindo muito melhor do que os EUA na maioria dos indicadores, mesmo sendo atualmente uma nação muito menos religiosa do que a América."
Ele disse ainda que a disparidade foi ainda maior quando os EUA foram comparados com outros países, inclusive a França, Japão e os países escandinavos. Essas nações foram as mais bem-sucedidas na redução de taxas de homicídio, mortalidade em tenra idade, doenças sexualmente transmissíveis e aborto, acrescentou ele.
O Senhor Paul adiou o anúncio dos resultados do estudo até agora devido ao Furacão Katrina. Ele disse que a evidência acumulada por vários estudos distintos sugere que a religião pode de fato contribuir para mazelas sociais. "Suspeito que os europeus estão cada vez mais avessos ao sofrível desempenho social dos Estados cristãos", disse ainda.
Ele afirmou que a maioria das nações ocidentais só se tornaria mais religiosa se a teoria da evolução pudesse ser superada, e a existência de Deus provada cientificamente. Da mesma forma, a teoria da evolução não desfrutaria de apoio majoritário nos EUA a menos que haja uma sensível diminuição na crença religiosa, declarou o Senhor Paul.
“As democracias não-religiosas, pró-evolução contradizem a afirmação de que a sociedade não pode estar em boas condições a menos que a maioria dos cidadãos creiam ardentemente em um criador moral.
“Dessa forma refuta-se o medo amplamente difundido de que uma população sem Deus esteja fadada a vivenciar um desastre social.”