Estar em morte cerebral não é a mesma coisa que estar em estado vegetativo, as notícias acabam sendo desencontradas porque leigos confundem estes dois termos (infelizmente, até mesmo alguns médicos fazem o diagnóstico incorreto de estado vegetativo persistente). Uma pessoa em estado vegetativo pode ou não permanecer assim por vários anos. Já no caso de morte cerebral, mesmo com as medidas de suporte médico, é muito difícil manter o corpo neste estado por vários dias.
Acreditar que todos aqueles que saem do estado vegetativo (que, diga-se de passagem, são uma minoria) acordam lépidos e fagueiros, prontos para retomarem suas atividades e sem nenhuma seqüela, também é outra ilusão propagada pela mídia pouco informada.
A decisão sobre eutanásia (não discutindo aqui aspectos legais, pois sabemos que ela ainda não é permitida no nosso país) é algo extremamente pessoal, mas todos nós deveríamos discutir com nossos familiares o que desejaríamos fazer se um dia nos encontrássemos numa situação onde a qualidade de vida fosse inexistente. Seria interessante deixar isso documentado para evitar pendengas jurídicas entre os familiares (caso um dia a eutanásia venha a ser legalizada no Brasil).
Sou favorável à eutanásia (quando esta for da vontade do paciente), mas sou absolutamente contra o que foi feito com a Terry Schiavo. Aquilo não foi eutanásia, a eutanásia pressupõe que a vida seja abreviada de forma rápida e sem sofrimento ou, pelo menos, que este seja o menor possível. Deixar uma pessoa morrer de inanição e desidratação nem passa perto da idéia de eutanásia. A aplicação uma injeção letal teria sido algo muito mais digno.