Autor Tópico: ARTIGO CRIACIONISTA  (Lida 880 vezes)

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Tulkas

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ARTIGO CRIACIONISTA
« Online: 06 de Outubro de 2005, 01:35:24 »
Este artigo não tem, obviamente, pretensões de provar nada. Apenas achei interessante encontrar este artigo criacionista de uma data tão antiga, escrito por um pastor protestante sertanejo, sem estudo formal de biologia ou mesmo secundário.

  Artigo tirado do livro "A Igreja Presbiteriana no Brasil, da Autonomia ao Cisma", do Dr. Boanerges Ribeiro, p. 104-107.


  O artigo segue transcrito como se encontra no livro.


  Abraços.

____________________________________________________

Mas não é só isto. Subindo a escala zoológica da fauna primordial, achamos que a ordem é interrompida mais uma vez. Os acéfalos (concluferos e lamelibranchos) são a primeira ordem superior aos braquiópodes e inferior aos grupos gasterópodes, heterópodes, pterópodes e cefalópodes, para não falar nos crustáceos, que são superiores a todas. No entanto, os acéfalos são notáveis pela sua ausência no tempo primordial, aparecendo só no tempo da fauna secundária!

   A mesma falta nota-se também no caso dos heterópodes, que são inferiores aos pterópodes. Nesta caso, a espécie superior – pterópodes – aparece em grande abundância já no tempo cambriano, continuando pelo siluriano; ao passo que a espécie inferior – heterópodes – apareceu em número diminuto no fim do tempo siluriano.

   Acima dos pterópodes, na ordem zoológica, e inferiores aos anelides estão os cefalópodes, a classe mais elevada dos moluscos. A ausência dessa espécie no meio da fauna primordial é provada pelo estudo dos fósseis de todos os países. Esta discordância entre a teoria e os fatos é acentuada por outra circunstância notável, a saber, que longas eras depois, no princípio da fauna secundária, os cefalópodes apareceram repentina e simultaneamente em todos os países, em grande abundância e sob variadíssimas formas, havendo nada menos de 12 gêneros divididos em 155 espécies ou qualidades!

   O leitor verá que estas irregularidades na sucessão dos animais do tempo paleozóico é inteiramente irreconciliável com qualquer teoria de evolução por transformações insensíveis.

   As espécies mais ínfimas, bem como várias espécies intermediárias na escala, apareceram longas eras depois do começo de outras espécies altamente organizadas. Como já dissemos, o animal mais elevado na escala da vida primordial foi o trilobite, e o mais baixo devia ser as protozoas de modo que estes deviam ser os primeiros e aqueles os últimos a existir. Entretanto, foram justamente os trilobites que apareceram entre os primeiros e em maior abundância, ao passo que as protozoas entre a fauna do tempo secundário! Havia 366 espécies entre a fauna primordial, e 252 delas eram trilobites! Dessas 252 espécies a paradoxide era uma das mais primitivas, e foi de maior tamanho, tendo de 28 a 30 centímetros de comprimento. Entre os outros fósseis desse tempo primordial, os maiores são de 9 a 10 centímetros. E a paradoxide não só era maior, como era também das mais perfeitas na sua forma, tendo 20 segmentos no seu tórax, ao passo que as espécies de tempos mais modernos tinham no tórax só de 5 a 9 segmentos.

   De qualquer ponto de vista que consideremos a fauna primordial, vemos que a espécie mais perfeita foi a primeira, e que as mais ínfimas existiram por último.

   Os fatos são por conseguinte, justamente o inverno da teoria.

   Os que acabamos de expor são extraídos do suplemento ao vol. I do Système Silurien du centre de la Bohème, por M. Joaquim Barrande, de um capítulo intitulado: “Epreuve des théories paléontologiques par réalité”.

   M. Barrande, em conclusão, diz que os fatos contradizem radicalmente as teorias paleontológicas; que as discordâncias entre os fatos e as teorias são tantas e tão pronunciadas que a composição daquela fauna parece ter sido calculada com o fim de contradizer tudo que as teorias nos ensinam a respeito do primeiro aparecimento e evolução primitiva das formas animais.

   Quando um dos naturalistas de hoje assim exprime, compreende-se quanto o sr. Darwin tinha de motivos para dizer que para ele estes fatos eram inexplicáveis, e podiam ser trazidos como um argumento válido contra a sua teoria. Compreende-se também porque, para mostrar que no futuro poderão talvez ter uma explicação, ele inventou uma hipótese inverificável, dizendo que talvez os fósseis dos progenitores dessas espécies estejam nas camadas do fundo do mar! – suposição absolutamente inadmissível, visto que as camadas inferiores do período cambriano, bem como todas as do huriano e do laurenciano (as quais antedataram às do siluriano) estão aí e têm sido examinadas cuidadosamente sem se descobrirem os fósseis desejados.

Atheist

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Re.: ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #1 Online: 06 de Outubro de 2005, 02:03:36 »
Seria bom que tivesse as fontes das afirmações das relações de parentesco, para poder verificar. Muitos termos que ele está usando eu não vi ainda, como fauna primordial, tempo primordial... sei lá ao que ele se refere.

Offline Hold the Door

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Re: ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #2 Online: 06 de Outubro de 2005, 03:26:55 »
Citação de: Tulkas
Apenas achei interessante encontrar este artigo criacionista de uma data tão antiga


Qual a data do artigo?
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Buckaroo Banzai

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Re: ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #3 Online: 06 de Outubro de 2005, 08:51:17 »
Citar
Entre os outros fósseis desse tempo primordial, os maiores são de 9 a 10 centímetros. E a paradoxide não só era maior, como era também das mais perfeitas na sua forma, tendo 20 segmentos no seu tórax, ao passo que as espécies de tempos mais modernos tinham no tórax só de 5 a 9 segmentos.

   De qualquer ponto de vista que consideremos a fauna primordial, vemos que a espécie mais perfeita foi a primeira, e que as mais ínfimas existiram por último.

   Os fatos são por conseguinte, justamente o inverno da teoria.


De modo geral, o que estava se argumentando até aí é que o registro fóssil não é compatível com uma evolução gradual. Nesse ponto ele faz uma outra confusão com o que se esperaria de uma evolução não teleológica, guiada pela seleção natural.

A evolução gradual não significa que vá se encontrar um registro fóssil que nos permita filmar as seqüências de fósseis em técnica "stop and go", e ao tocar, vermos uma suave transição entre as formas, como se assistíssemos o crescimento acelerado de algum organismo.

Em primeiro lugar, porque o próprio registro fóssil não trabalha conscientemente a nosso favor, e nem as modificações nas espécies se dão em taxas constantes, ou em tendências constantes.

As raças de cães são um exemplo das duas coisas. Não se tem os intermediários entre elas, e evoluíram gradualmente também. Um poodle não nasceu de repente de um dinamarquês. Coisas "menos graduais", podem ter ocorrido, como por exemplo, talvez os primeiros basset hounds fossem blood hounds (sabujos) com um defeito genético que encurtou a suas pernas de uma vez, e não uma transição gradual de pernas cada vez menores.

Transformações "menos graduais" ainda mais drásticas são possíveis com outros organismos. Por exemplo, há espécies de salamandras, como proteus, que vivem a sua vida toda no estágio larval, mesmo adultas. Não é necessário haver uma transição, que a evolução delas tenha se dado através de salamandras que foram conservando cada vez mais a forma larval no estágio adulto. Uma mutação em um único gene pode ter esse efeito (quando digo "pode ter", quero dizer que é verificado, é o caso com várias dessas espécies)

Levando em consideração esse tipo de evolução, e coisas como as transformações do desenvolvimento de animais artrópodes, percebe-se que é possível que transformações muito mais súbitas, envolvendo número de patas, de segmentos corporais, etc, tenham ocorrido num tempo muito rápido. (São animais como esses, os que tem maiores possibilidades de se modiifcar rapidamente, justamente os mais problemáticos no registro fóssil, tanto quanto sei)


Por último, a confusão feita com o que se espera da evolução: ele considera espécies "mais perfeitas" por razões totalmente arbitrárias, as maiores, mais complexas ou sei lá o que. Ele acha que elas precederem espécies que não obedecem a esses critérios sucederem no registro fóssil essas espécies "perfeitas", é algo contraditório com a evolução, que ele deve supor, que seja algo que vá do pior para o melhor, o maior, o mais desenvolvido.

Não é nada disso.

Lobos, por exemplo, são os ancestrais de todas as raças de cães. Suponhamos, que por algum motivo qualquer, todas as raças de cães com mais de 10kg sejam mundialmente proibidas, e levadas assim a extinção. Sobrariam apenas poodles e chiwawas, que seriam, suponho, por esses critérios, menos "perfeitas" que os lobos.

Eventos de extinção em massa, também tem como tendência permitir apenas aos menores e mais "imperfeitos" sobreviverem. Onde estão os terríveis, enormes dinossauros? Se a evolução fosse verdade, eles não deveriam nunca ter sido derrotados na luta pela sobrevivência e estarem aí até hoje? Quem sabe. Mas se por uma razão ou por outra é cortada sua fonte de alimento, como ocorreria com alguma catástrofe global, os maiores organismos são os que tem menores chances de sobreviver. Vão ser sucedidos por seus parentes menores, que não precisam de tanto alimento para dar continuidade à linhagem.


   

   
Citar
   Quando um dos naturalistas de hoje assim exprime, compreende-se quanto o sr. Darwin tinha de motivos para dizer que para ele estes fatos eram inexplicáveis, e podiam ser trazidos como um argumento válido contra a sua teoria. Compreende-se também porque, para mostrar que no futuro poderão talvez ter uma explicação, ele inventou uma hipótese inverificável, dizendo que talvez os fósseis dos progenitores dessas espécies estejam nas camadas do fundo do mar!/ – suposição absolutamente inadmissível, visto que as camadas inferiores do período cambriano, bem como todas as do huriano e do laurenciano (as quais antedataram às do siluriano) estão aí e têm sido examinadas cuidadosamente sem se descobrirem os fósseis desejados.


Ele diz que é inverificável, mas em seguida diz que estava sendo verificada :roll:

Bem, não sei a data do texto, mas tem se achado mais coisas de lá para cá, unindo "filos" inclusive, classificação que pode até acabar sendo inutilizada.

Tulkas

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Re: ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #4 Online: 06 de Outubro de 2005, 11:29:45 »
Citação de: Angelo Melo
Qual a data do artigo?



  Vê-se no tópico

  1890



  Abraços.

Atheist

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ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #5 Online: 06 de Outubro de 2005, 11:48:34 »
Tentei responder ontem mas travou tudo...

Sabendo agora da data do texto (peguei um atalho e não vi o tópico), fica mais claro. Muita coisa foi descoberta desde então. A paleontologia acumulou muitas evidências, a genética surgiu, etc...

A falha no texto é querer discutir uma evolução linear, que não existe.

Um exemplo: o homem é considerado o ser mais complexo, logo, deveria ser a última espécie a se especiar, por assim dizer. Isso é um ledo engano, pois há várias espécies mais recentes que a espécie humana. Em nenhum momento isto fere a teoria evolutiva, pois a evolução não é linear, é cladística.

Vale como história. E para ver que os argumentos criacionistas não mudaram muito desde então.

Tulkas

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Re.: ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #6 Online: 06 de Outubro de 2005, 14:09:00 »
Pelo visto, ao menos eram mais esforçados.

 Abraços

Atheist

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Re.: ARTIGO CRIACIONISTA
« Resposta #7 Online: 06 de Outubro de 2005, 14:13:32 »
Realmente parece que eram. Hoje parecem apenas copiar velhos argumentos furados e enfeitar um pouquinho mais, para parecer atual.

 

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