Tópico: O experimento Einstein-Podolski-Rosen (EPR).

[DDV]

Einstein elaborou um experimento mental  sobre cuja interpretação também já ouvi falar de tudo (a semelhança do gato de Schrodinger), desde as interpretações "holistas" dos pós-modernos(o comentário de Fritjof Capra sobre o mesmo é "incrível") até a interpretação de Einstein, que dizia que o experimento mostrou o "ridículo" da interpretação de Copenhaguen (subjetivista e instrumentalista) da teoria quântica. O gedanken é mais ou menos assim: suponha que duas partículas que estejam acopladas de modo que tenham spins opostos se dissociem e partam em direções opostas. Se medirmos o spin de uma das partículas e descobrirmos que o mesmo é "para a direita", concluiremos que o spin da outra é "para a esquerda", e vice-versa. O problema surge quando a interpretação de Copenhaguen afirma que o processo de medida "determina" o resultado. Isso significaria que quando medimos o spin de uma partícula e assim "determinamos" que está para a esquerda, a outra partícula (que pode estar no outro lado da galáxia) terá o seu spin "determinado" pelo processo de medida da primeira de forma instantânea, o que viola a relatividade. Alguns dizem que a confusão na verdade foi de Einstein. Mas tarde surgiu um papo de "não-localidade", o tal teorema de Bell que por eu não saber nada a respeito gostaria que alguém melhor informado me explicasse. Obrigado.

[Fayman]

Olá, Dono da Verdade!

Vou procurar ser didático e não extremamente rigoroso, ok? Qualquer coisa, você pode dar uma pesquisada na Internet que tem muito sobre o assunto.

O que a MQ mostra é que a Realidade é Não-Local, ou seja, podem-se enviar sinais com velocidade maior que a da Luz. Mas isso se dá em condições bastante peculiares, por assim dizer e tem haver com características de uma Realidade Quântica, ou seja, quando duas partículas entram em contato, elas mantêm certos estados quânticos “embaralhados” ou “sobrepostos”. Com isso, não se pode considerá-las como quantuns individuais e sim, considerar o conjunto como “indissociável”, pouco importando a distancia que separa os dois componentes.

Isso, para mim, apenas mostra o limite de aplicabilidade da Relatividade Restrita, que é tão somente uma teoria Clássica.

Por causa disso e de outras coisas, também, uma série de teorias alternativas foram criadas, onde se considerava que variáveis ocultas (desconhecidas) é que determinavam as características da partícula companheira à distância.

Todavia, em 1964, John Bell apresentou um teorema (na verdade, desigualdades) onde se demonstrava que as previsões dos resultados, de acordo com as chamadas Teorias a Variáveis Ocultas, estavam em desacordo com os obtidos, que concordavam em 100% com as previsões da MQ. Em 1986, se não me engano, foi realizado um experimento EPR de fato, por Alan Aspect, que sepultou de vez as Variáveis Ocultas e mostrou que o MQ e a Não-Localidade estavam corretas.

Vale lembrar que, a única Teoria a Variáveis Ocultas que consegue dar os mesmos resultados que a MQ, a última versão da Teoria de Bohn, também é Não-Local, além de ter-se de considerar a existência de uma “onda de energia zero”, seja lá o que isso for, e essa teoria não possui uma versão relativista (não tenho certeza, mas parece que elas não são compatíveis). O próprio Bohn nunca gostou desse resultado final, sendo talvez o único físico a considerar a possibilidade das Variáveis Ocultas seriamente.

OBS: a Não-Localidade e os experimentos EPR são a base do Teleporte Quântico e futuro Computador Quântico e estão na ordem do dia nas pesquisas sobre Teoria e Transmissão de Informações.

Abraços!

[DDV]

Obrigado pela explicação, Fayman. Vou pesquisar mais, mas gostaria que você apontasse alguns links porque eu não tenho tido sucesso em achar sites bons sobre isso.

[DDV]

Só uma coisa não entendi: o que garante que as duas partículas terão spins contrários? ou seja, quando medimos o spin de uma partícula e ela estiver após a medição "para a direita", que garantia temos de que o spin da outra estará "para a esquerda" sem a medirmos também? O que nos garante que não houve "desacoplamento"(as partículas deixaram de ter spins contrários)?

[Fayman]

Só uma coisa não entendi: o que garante que as duas partículas terão spins contrários? ou seja, quando medimos o spin de uma partícula e ela estiver após a medição "para a direita", que garantia temos de que o spin da outra estará "para a esquerda" sem a medirmos também? O que nos garante que não houve "desacoplamento"(as partículas deixaram de ter spins contrários)?

O Spin total do sistema é conservado e isto é uma Lei Física. No experimento original, o spin inicial era zero, o que deve ser mantido, mesmo com as partículas separadas por qualquer distância.

Vou ver se encontro alguns links e depois informo, ok?

[DDV]

O que a MQ mostra é que a Realidade é Não-Local, ou seja, podem-se enviar sinais com velocidade maior que a da Luz (...)

Isso, para mim, apenas mostra o limite de aplicabilidade da Relatividade Restrita, que é tão somente uma teoria Clássica.

Fayman, isso que você disse não contradiz suas objeções à Interpretação de Bohm do outro tópico, a saber: que o forte apoio experimental da não-superação de c é algo que compromete seriamente a interpretação de Bohm?

[DDV]

Gostaria de uma resposta.

No tópico do gato de Schrodinger, você o tempo todo usa a relatividade restrita e a não superação de c contra a teoria de Bohm (e as VO), mas nesse aqui você disse claramente que a relatividade restrita é limitada na sua opinião. Poderia esclarecer? Obrigado.

[Fayman]

Ei, eu não sabia que você estava fazendo este questionamento! Vc poderia ter avisado lá no outro tópico, né? 

Mas vamos lá. De fato, a frase ficou mal explicada. O problema é que eu escrevi isso há mais de um ano (!), e não me recordo qual a linha de pensamento que eu seguia. Ao reler o texto, a frase me parece uma bobagem, tanto que não faz a menor diferença se ela for retirada. Como eu disse, talvez eu estivesse com alguma coisa na cabeça e acabei não escrevendo, mas não sei dizer o que era.

Esclarecido?