Autor Tópico: Navegar pela web pode dar cadeia  (Lida 1410 vezes)

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Offline Vito

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Navegar pela web pode dar cadeia
« Online: 24 de Outubro de 2005, 13:28:26 »
Bloqueio de sites, leitura de e-mails e olho vivo no que é publicado em blogs e em sites de notícias. Essas são as armas mais comumente usadas por países que mantêm o pulso firme sobre o uso da internet por seus cidadãos.

Atualmente, o campeão entre os países que impõem restrições ao uso da web é a China, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Por lá, os cerca de 100 milhões de internautas, quando acessam a internet, muitas vezes se deparam com a mensagem "this site cannot be displayed" (esse site não pode ser exibido, em português).

"Em certos casos, essa mensagem aparece não porque o site está fora do ar, mas porque o endereço foi bloqueado pelo governo", explica o jornalista Richard (nome fictício), 24 anos, que mora em Pequim.
Segundo Julien Pain, editor de internet da RSF, na China são bloqueadas páginas que tratam de direitos humanos, democracia e que têm conteúdo pornográfico ou críticas ao governo.

"O governo também intercepta e-mails e investiga fóruns e blogs", diz ele. "Em um blog, por exemplo, só é possível abordar assuntos que foram publicados previamente pela imprensa oficial, que é controlada pelo Estado."

Segundo ele, quando um assunto proibido é escrito na web, o sistema de controle montado pela China deleta esse texto automaticamente. Em casos extremos, entretanto, o internauta pode acabar na cadeia. Atualmente, segundo a RSF, 75 pessoas estão presas por esse motivo.
Outra medida tomada pela China foi instalar sistemas de segurança, como softwares de monitoramento e câmeras de vigilância, em cybercafés. "Os estabelecimentos que se recusaram a obedecer a regra foram fechados pelo governo", diz o investidor Yan (nome fictício), que mora em Xangai. Foram fechados cerca de 10 mil cybercafés nos últimos dois anos.
A assessoria de imprensa da Embaixada da China no Brasil confirma que alguns sites são bloqueados pelo governo. "Isso é para manter os valores da sociedade e afastar os cidadãos das notícias falsas." Entretanto, a assessoria diz que não existe censura em blogs e fóruns. "Os chineses têm diversas formas de expressar suas opiniões. E a internet é uma delas."

Além da China

O Irã é outro país que adotou medidas restritivas para a web. "Aqui, temos dificuldade em acessar páginas com pornografia e sites sobre política. Muitos blogs também são bloqueados", conta o consultor Mr. Behi (nome fictício), 27 anos, que mora em Teerã (capital).
Segundo o consultor, por lá, manifestar uma opinião contrária ao regime do país pela internet pode levar uma pessoa à cadeia. Mesmo assim, ele possui um blog, onde diz que costuma ser muito crítico ao governo. "Tenho medo de ser preso. Já passei dos limites algumas vezes", conta ele.
O país, atualmente, vive uma febre de blogs. Dos 4,3 milhões de internautas da nação, 700 mil possuem diários virtuais.
Em face do crescimento do número de diários virtuais, segundo a RSF, o governo também incrementou a vigilância na rede. Só neste ano, 20 blogueiros foram parar na prisão.
Mas a prisão não é o único destino dos condenados. Na Tunísia, segundo o Comitê de Proteção aos Blogueiros, a punição pode ser a pena de morte. Desde fevereiro deste ano, o blogueiro Mojtaba Saminejad está preso por desacatar em seu diário virtual as leis da nação. Sua sentença é a morte.
No país, blogueiros como Abd (nome fictício), 26 anos, que mora em Túnis, estão apreensivos. "Não escrevo sobre coisas ilegais. Mas tenho medo de quebrar as regras sem perceber e acabar tendo problemas", diz.
Segundo a RSF, na Tunísia, os e-mails dos cidadãos também são vasculhados. A organização diz, inclusive, que o governo desencoraja a população a usar webmails, como o Yahoo! e o Gmail. Isso porque é mais fácil vasculhar mensagens em programas como o Outlook Express.
Já a Arábia Saudita vive uma forma diferente de censura. A população tem participação na escolha dos sites que devem ser bloqueados. Para tanto, os sauditas acessam o site www.isu.net.sa e podem dedurar as páginas que julgam impróprias. Segundo a RSF, cerca de 400 mil páginas não podem ser acessadas no país.
"As pessoas são muito conservadoras por aqui. Elas não querem ver sites com material pornográfico e que são contra o islamismo. Por isso, elas denunciam essas páginas", diz a universitária Farah Aziz, 20 anos.
Outra forma de censura, segundo a RFS, é feita por Cuba. No país, apenas 120 mil pessoas pessoas possuem acesso à rede. "A internet está limitada apenas a autoridades e a turistas", diz Pain.
Segundo o brasileiro Flávio (nome fictício), que mora em Cuba, em universidades, por exemplo, só é permitido o acesso a sites cubanos ou aqueles selecionados pelo governo.
Flávio diz que o e-mail no país também é limitado. "Quando se consegue uma conta, você não tem o direito de enviar mensagens para o exterior. Para tanto, é preciso provar a necessidade de acesso internacional."
Segundo Juan Roberto Forte, conselheiro da Embaixada de Cuba no Brasil, Cuba não exerce censura sobre a sua população. "O problema da web no país é o embargo norte-americano. Precisávamos de uma conexão de fibra óptica com os EUA para podermos nos conectar à web. Mas os EUA não querem. A solução foi usar uma conexão via satélite, o que encarece o acesso. Por isso, a internet está restrita às instituições oficiais."
A reportagem entrou em contato com as Embaixadas da Tunísia, do Irã e da Arábia Saudita no Brasil. A da Tunísia não quis comentar o assunto. E as do Irã e da Arábia Saudita não retornaram as ligações até o fechamento desta edição. As informações estão na edição de hoje de O Estado de S. Paulo/Caderno Link


Fonte: Agência Estado / iBest

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #1 Online: 24 de Março de 2008, 11:38:07 »
Censura: saiba como funciona o 'escudo dourado' do governo chinês na web

São Paulo – Após conflitos no Tibete, China bloqueia YouTube, Google News, BBC e CNN. Confira como funciona o “Grande Firewall" chinês.

A cinco meses do começo das Olimpíadas, a China se encontra em um estado recorrente.

Uma manifestação na região do Tibete organizada por movimentos que apóiam a independência da região para comemorar o aniversário do levante tibetano de 1959 culminou em confrontos de ativistas com oficiais do Governo Chinês.

Entre dezenas de boatos sobre mortos e feridos, expulsão de jornalistas e incêndios criminosos na região, a internet chinesa foi a primeira a sofrer as conseqüências quase que simultaneamente ao confronto.

Nesta segunda-feira (17/03), autoridades chinesas confirmaram que tanto o YouTube como o Google News estavam na lista de endereços bloqueados pelo programa do Governo Chinês para controlar o que é acessado pelos internautas, colocado em prática em 2003.

Já controlada pelas autoridades de um governo centralizador contra conteúdos considerados ofensivos ou que possam incitar revoltas populares, a internet chinesa viu suas restrições serem intensificadas, no ápice de um processo de bloqueio e liberação aparentemente sem critério ministrado pelo Ministério de Segurança Pública.

A base está no “Golden Shield”, investimento de cerca de 700 milhões de dólares organizado entre diversos ministérios e agências reguladoras da China que emprega firewalls e gateways para filtrar conteúdo impróprio, bloquear serviços que descumpram leis ou apagar blogs (e levar seus responsáveis pela cadeia) que critiquem a atual administração.

O mercado conhece o conjunto entre hardware que redirecionam tráfego e software que monitora e bloqueia automaticamente conteúdos ofensivos em um “Grande Firewall da China”.

Por meio da plataforma, comprada de fabricantes como a Cisco, o que lhe rendeu protestos do mercado de TI, e desenvolvida por times de engenheiros contratados pelo governo, a China monitora todo o tráfego trocado entre usuários dentro do país ou os estrangeiros que buscam dados em páginas locais.

Tecnicamente, a China conta com um conjunto de servidores abastecidos com as informações acessadas por usuários e copiadas por um sistema de gateways nas fibras ópticas de entrada do sinal de internet no país.

Baseado nas informações analisadas, a China cria uma lista de endereços bloqueados que também serve de base para descobrir novos usuários que serão monitorados especialmente – dada a extensa base de internautas na China, considerada pela consultoria BDA como a maior mundo, o “Golden Shield” não tem capacidade de se concentrar em todos.

São quatro as técnicas usadas pelo “Golden Shield” para prevenir que usuários acessem conteúdos suspeitos. O mais usado, junta problemas de DNS com a incapacidade de conexão, impede uma conexão entre o browser responsável pela requisição e o servidor do site, alegando que determinado IP (correspondente a um site bloqueado) não existe.

Há também a filtragem de palavras dentro do domínio, o que impede o acesso a sites cuja URL tenha termos considerados ofensivos, e a filtragem ativa de conteúdos - método mais efetivo usado pelo “Golden Shield”.

Mesmo que o endereço pedido esteja acessível, a plataforma filtra assuntos considerados ofensivos e amorais e tira o site do ar conforme o conteúdo encontrado em determinado momento, o que confere ao método um dinamismo difícil de ser driblado.

O monitoramento é feito também no mundo real. Após exigir que blogueiros cadastrem-se usando dados pessoais verdadeiros, o projeto tornará obrigatório um cadastro similar feito por donos de cibercafés de todos os clientes que queiram acessar a internet.

O conteúdo copiado pelo “Golden Shield Project” é acesso por um grupo de censores contratados pelos órgãos oficiais, avaliado segundo boatos de mercado em dezenas de milhares de chineses, que analisam as páginas acessadas e os textos, vídeos e áudios publicados pelos usuários, atualizando a lista de sites banidos na internet chinesa.

A instabilidade da lista de serviços bloqueados, acrescida neste fim de semana com YouTube, Google News, CNN e BBC para dificultar o acesso de cidadãos chineses a notícias e vídeos amadores sobre os confrontos, pode ser acompanhada pela Wikipedia.

O “Grande Firewall da China” conta também com o fator imprevisibilidade. Como nenhum órgão do governo chinês se pronuncia oficialmente sobre as restrições online, usuários são obrigados a seguir os passos nem sempre coerentes dos bloqueios para tentar traçar um padrão na estratégia de controle da China.

A falta de informações oficiais, como os Emirados Árabes Unidos fornecem quando um usuário é bloqueado ao tentar acessar conteúdo pornográfico ou contrário ao islamismo online, forçam ativistas que defendem a independência do Tibete ou um regime democrático a viverem em estado constante de tensão digital.

O dinamismo do bloqueio chinês, no entanto, não impediu que imagens e vídeos amadores dos conflitos em Lhasa, com aglomerações de ativistas enfrentando forças policiais chinesas, prédios em chamas na cidade ou corpos de civis, fossem publicados online.

Alguns exemplos estão tanto no Tibetan Centre for Human Rights and Democracy, que vem publicando edições extraordinárias desde sábado, quando o conflito se intensificou, como na comunidade Phayul, onde vídeos feitos por celular e fotos (incluindo dos conflitos e suas vítimas) vêm sendo compartilhadas desde o fim de semana.

Um dos motivos pela publicação de conteúdo dos conflitos mesmo com a intensificação do bloqueio contra serviços de compartilhamento multimídia estão nas falhas do “Golden Shield” exploradas por dissidentes online, blogueiros ou estudantes.

Além dos tradicionais proxys, que direcionam o tráfego online por servidores de outros países, fazendo com que a filtragem não entenda o sinal como vindo de dentro da China, chineses podem recorrer às Redes Privativas Virtuais (da sigla em inglês, VPN), mais seguras pela encriptação e rápidas que os proxys gratuitos.

Uma lista dos proxys mais populares para driblar tanto o “Golden Shield” como ferramentas de restrição online pode ser encontrada no serviço de favoritos online del.icio.us.

Há também truques que não envolvem tecnologia para que internautas não chamem a atenção do projeto, como relata o correspondente na China por sete anos Olivier August em matéria da Wired.

Além dos proxys, August sugere o uso de softwares de encriptação na troca de mensagens, amplamente lidas pelas autoridades para se aproximar de prováveis dissidentes políticos e afirma que fóruns online de estilo de vida e esportes são menos monitorados que os referentes a política ou internet, por exemplo.

O uso de termos controversos que deverão chamar a atenção do “Golden Shield”, como “democracia” ou “Dalai Lama”, é desencorajado por August, que também aconselha o uso do Skype, que faz ligações encriptadas, e o uso de serviços internacionais, como o Google norte-americano ao invés do Google.cn.

http://idgnow.uol.com.br/internet/2008/03/17/bloqueio-online-do-governo-chines-atinge-apice-com-confrontos-no-tibet/

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Offline Narkus

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #2 Online: 24 de Março de 2008, 14:40:37 »
impressionante

Offline Narkus

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #3 Online: 24 de Março de 2008, 14:51:45 »
Mas eu acho que alguns países deveriam seguir um pouco do exemplo conservadorista desses países.

Hoje em dia jovens e até crianças possuem acesso a diversos tipos de informação perigosa que podem desviar as atenções para o que realmente interessa a eles.

Pornografia, vídeos de carnificina, influências de comportamento criminoso, etc, podem ser motivados mais facilmente pela internet.

No caso da China me preocupa essas restrições extremas... Realmente fiquei impressionado do quanto o governo restringe a informação do povo.

Tem muita coisa que admiro no povo chinês. Me parece que a China ainda tem muito medo do ocidente (e com razão inclusive).

Aonde há direitos humanos? Geralmente onde há dinheiro e desenvolvimento.
Eu acredito que a China saiba muito bem disso e é por isso que adota essas medidas radicais.

Eu ainda considero a cultura ocidental como um "estudo de caso" apesar de se mostrar moderna, liberal e mais desenvolvida. O ocidente ainda não provou que realmente possui uma cultura adequada em todos os aspectos.

A própria internet ainda é uma terra sem lei!

Offline Diegojaf

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #4 Online: 24 de Março de 2008, 16:58:01 »
Me pergunto como vai funcionar esse bloqueio durante os jogos, afinal, os repórteres precisam enviar as notícias e não vão gostar nada de terem seus acessos limitados à internet... :S
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Pregador

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #5 Online: 24 de Março de 2008, 17:08:55 »
Me pergunto como vai funcionar esse bloqueio durante os jogos, afinal, os repórteres precisam enviar as notícias e não vão gostar nada de terem seus acessos limitados à internet... :S

Não vai existir Olimpíadas... Haverá boicote geral.  :hihi:
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Unknown

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #6 Online: 24 de Março de 2008, 17:10:58 »
Me pergunto como vai funcionar esse bloqueio durante os jogos, afinal, os repórteres precisam enviar as notícias e não vão gostar nada de terem seus acessos limitados à internet... :S
Eles terão acesso especial para enviar as notícias para as respectivas sedes de seus jornais.

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Offline Diego

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #7 Online: 24 de Março de 2008, 17:11:10 »
Cuba e coréia do norte estão confirmados :P

Offline Dodo

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #8 Online: 24 de Março de 2008, 17:34:45 »
Me pergunto como vai funcionar esse bloqueio durante os jogos, afinal, os repórteres precisam enviar as notícias e não vão gostar nada de terem seus acessos limitados à internet... :S

Se forem repórteres estrangeiros eles devem usar conexões via satélite.
Você é único, assim como todos os outros.
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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #9 Online: 24 de Março de 2008, 20:04:25 »
Me pergunto como vai funcionar esse bloqueio durante os jogos, afinal, os repórteres precisam enviar as notícias e não vão gostar nada de terem seus acessos limitados à internet... :S

Não vai existir Olimpíadas... Haverá boicote geral.  :hihi:

Que o acaso te ouça.
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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #10 Online: 10 de Junho de 2008, 20:38:56 »
Outra reportagem sobre o Escudo Dourado, mostrando um ponto de vista um pouco diferente.
Citar
China: há vida por trás do Grande Firewall

Uma reportagem surpreendente sobre a censura à internet revela: ela é ao mesmo tempo onipresente e vulnerável – e o consenso é mais empregado que a repressão, no controle da sociedade

Que diferença faz o bom jornalismo. Em “The connection has been reset” (“A conexão foi restabelecida”, também disponível em nosso clip), artigo publicado na edição de março da revista norte americana TheAtlantic, o repórter James Fallows, apresenta uma interessante explanação a respeito do funcionamento do sistema chinês de censura à internet. Construído a partir de dezenas de depoimentos e de informações técnicas detalhadas, o texto é esclarecedor e surpreendente. Além do desvendar o controle sobre a rede – algo muito comentado e pouco conhecido no Ocidente — contribui para compreender um pouco melhor as complexas relações entre Estado e sociedade na China.

Fallows aborda, primeiro, o sistema chamado pelo governo chinês de Golden Shield Project, ou Projeto Escudo de Ouro. Todo o tráfego de informações para dentro e para fora do país é monitorado, graças a dois artifícios. Ao contrário do que ocorre no Ocidente, a arquitetura da internet na China foi concebida de modo a admitir apenas três grandes portas de entrada, por onde passam os cabos de fibra ótica que ligam o país ao resto do mundo. Cada bit que passa por estes canais é duplicado, graças a um sistema que inclui microscópicos espelhos físicos (fornecidos pela empresa norte-americana Cisco…). Os dados são dirigidos aos computadores do Escudo de Ouro, processados e analisados. Uma equipe de vigilância manobra um sofisticado mecanismo de controle. Ela pode bloquear, de quatro diferentes maneiras, o acesso a qualquer conteúdo que lhe pareça digno de censura.

O aspecto mais efetivo do Golden Shield reside, aponta Fallows, em sua de imprevisibilidade. A BBC, por exemplo, pode ser consultada, em geral, sem qualquer tipo de bloqueio. No entanto, basta a presença de uma matéria sobre as manifestações no Tibete ou algum outro conteúdo sensível aos olhos do governo para que o sistema de vigilância, sempre atualizado, bloqueie imediatamente o acesso ao portal. Um exemplo interessante da adaptabilidade do projeto é a flexibilização temporária que irá ocorrer nos mecanismos de controle, para receber o fluxo de turistas estrangeiros durante os Jogos Olímpicos.

Uma das formas de controle é o monitoramento das palavras buscadas pelos usuários em sites como Google e o Baidu – um similar chinês, censurado e rapidíssimo. A procura por termos considerados sensíveis pode ser punida por bloqueios temporários. A alternância na decisão do que será ou não censurado, incluindo palavras que pertencem e deixam de pertencer ao index do governo, e o aprimoramenteo constante das técnicas de controle desenham um ambiente quase panóptico. Sem saber ao certo quais os alvos do controle, os cidadãos se mantêm constantemente atentos e amedrontados.

Livres da vigilância do “Escudo de Ouro”, centenas de redes virtuais privadas

O curioso, mostra o artigo, é que o Escudo de Ouro pode ser driblado por dois mecanismos conhecidos e tolerados pelo Estado. O primeiro (lento, grátis e usado por estudantes e hackers), é a conexão com servidores proxy no exterior. Por meio deles, um internauta chinês habilidoso pode ultrapassar as três grandes portas e navegar livremente, como se o fizesse a partir da Alemanha, da Austrália ou do Brasil. O segundo, muito mais difundido, são as redes virtuais privadas (VPNs, em inglês), acessíveis por assinatura. Permitem codificar os dados, empacotá-los e passar sem controle pelo Escudo de Ouro. As conexões individuais custam 40 dólares ao ano (uma semana de trabalho, para um operário). Centenas de empresas financeiras, industriais e comerciais, chinesas e estrangeiras, utilizam o sistema. Precisam disso para fazer negócios, sem barreiras, com uma rede cada vez mais extensa de parceiros em todo o mundo. Milhões de funcionários têm acesso às VPNs. Do ponto de vista técnico, o Estado poderia bloquear facilmente ambos os meios de driblar a censura. As conseqüências econômicas e políticas seriam desastrosas.

Por que manter um sistema de controle sofisticado e custoso, se ele pode ser contornado? O segredo, explica Fallows, é que o Escudo de Ouro estabelece os limites políticos e psicológicos de um espaço chinês da internet. Dentro dele, o controle é rígido. Equipes de censores (fala-se em dezenas de milhares) podem determinar, por exemplo, ao responsável por um portal, que se proíbam artigos sobre um determinado tema em todos os sites ou blogs lá abrigados; que se apaguem os textos já publicados sobre o assunto; que se eliminem os comentários postados a respeito em fóruns e listas de discussão.

Em tese, é perfeitamente possível contornar também este obstáculo. Basta postar em sistemas sediados no exterior e torcer para que os textos sejam lidos pelos usuários que driblam o Escudo de Ouro. Na prática, conta a reportagem, quem age assim descamba para a irrelevância política. A grande massa da população (já são 210 milhões de internautas, um número só superado pelos Estados Unidos) está interessada em se informar por meio de sites e blogs chineses, não em desafiar as autoridades.

Ao menos no momento, portanto, o regime não despreza a repressão, mas usa, como principal instrumento de política, a criação de consensos. Ao tentar responder perguntas de leitores (numa interessante seção, criada com este fim, no site de The Atlantic), Fallows faz obseravações muito interessantes sobre o Estado chinês: “A maior parte dos norte-americanos imagina um governo todo-poderoso, com cidadãos permanentemente controlados e o regime interferindo em todos os aspectos da vida”, diz ele. De fato, prossegue, “o regime é ser rude, quando lida com quem é visto como ameaça política”. Mas “em geral, não se assemelha em nada à era de Stalin na União Soviética, ou à Coréia do Norte de hoje (…) As pessoas não caminham olhando para trás, com medo de estar sendo seguidas”. O poder constrói sua legitimidade assegurando padrões de vida que melhoram, para a maior parte da população, e “não oprimindo a sociedade mais do que o necessário”…

http://diplo.wordpress.com/2008/04/11/china-ha-vida-por-tras-do-grande-firewall/

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #11 Online: 15 de Agosto de 2011, 15:30:10 »
China reforça tecnologia da internet

Em um endurecimento adicional dos controles sobre a internet, a polícia chinesa deu ordens a cafés, hotéis e outros estabelecimentos na região central de Pequim para que instalem tecnologia de vigilância de usuários de Wi-Fi, sob pena de serem multados ou, possivelmente, fechados.

A China possui o maior e mais sofisticado sistema de censura e monitoramento da Web que existe no mundo, sistema que ela endureceu ainda mais após os levantes no Oriente Médio. As medidas empregadas incluem o bloqueio de grandes redes privadas virtuais que permitem a internautas fugir de controles na internet.

O novo software, que custa cerca de 20 mil yuans (1.900 libras), permite que autoridades chequem as identidades dos usuários e monitorem suas atividades. As empresas que não o instalarem podem ser multadas no mesmo valor e ter suas licenças revogadas.

Controles rígidos já estão em vigor nos internet cafés, usados por pessoas mais pobres para acessar a internet.

Não está claro com que intensidade as medidas serão implementadas, e parece que apenas o distrito de Dongcheng, até agora, informou os proprietários de estabelecimentos sobre as novas normas. Um membro da unidade de segurança da internet do distrito disse que a iniciativa se aplica à cidade inteira, mas a delegacia central de polícia de Pequim não tinha respondido a perguntas enviadas por fax no momento em que este artigo foi escrito.

O policial de Dongcheng acrescentou: "Este regulamento foi feito para reforçar a segurança da internet e ajudar os organismos de segurança pública a resolver casos criminosos. Os detalhes sobre sua implementação são confidenciais."

De acordo com o "New York Times", um aviso divulgado pelo escritório distrital disse que a medida vai alvejar infratores que buscam "fazer chantagem, tráfico de bens, jogos de azar, propagar informações prejudiciais e espalhar vírus de computador".

"Isto é sem dúvida uma invasão da privacidade dos usuários de Wi-Fi", disse Jason Chen, 22 anos, morador de Pequim.

"Já sentimos a restrição nos campi universitários, que sempre foram monitorados. Desta vez, porém, o controle chega aos cafés, e o senso de violação das pessoas é mais agudo. Se os cafés cancelarem o Wi-Fi eu vou me importar muito. Acho que muitos jovens vão reagir mal."

Alguns estabelecimentos em Dongcheng se queixaram de já estar perdendo fregueses depois de cortarem o Wi-Fi.

"É inacreditável. Os frequentadores tampouco estão gostando", disse Leona Zhang, gerente do bar Contempio.

"Alguns proprietários acham que isso foi feito para que os organismos de segurança pública possam ganhar dinheiro conosco. A cobrança é a mesma independentemente do tamanho do estabelecimento, mesmo para lugares pequenos, que só tenham duas ou três mesas."

Empresas de outras partes de Pequim disseram não ter ouvido falar da medida.

"Se a regulamentação for implementada aqui, será uma luta para que seja aceita. O custo é alto demais", disse um funcionário do bar New Seven Day, em Haidian.

"Além disso, há a privacidade de nossos fregueses que precisa ser protegida."

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/950752-china-reforca-tecnologia-da-internet.shtml

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Offline Geotecton

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Re: Navegar pela web pode dar cadeia
« Resposta #12 Online: 15 de Agosto de 2011, 22:24:07 »
China reforça tecnologia da internet
[...]
A China possui o maior e mais sofisticado sistema de censura e monitoramento da Web que existe no mundo, sistema que ela endureceu ainda mais após os levantes no Oriente Médio. As medidas empregadas incluem o bloqueio de grandes redes privadas virtuais que permitem a internautas fugir de controles na internet.
[...]

Sim, a China possui o maior sistema de censura da Internet.

Não, a China não possui o maior sistema de monitoramento da WEB, pois que detem tal capacidade é o EUA por intermédio da NSA.
Foto USGS

 

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