Design Inteligente e Astrologia
A batalha judicial entre a evolução e o criacionismo continua. O destaque dos últimos dias foi o testemunho de Michael Behe. Ph.D. em bioquímica e professor da Lehigh University, Behe (foto ao lado) é um dos principais nomes do movimento a favor do design inteligente. Como professor universitário, com artigos publicados em revistas científicas (sobre bioquímica, não sobre design inteligente), Behe é uma espécie de símbolo - o cientista criacionista. Mas seu testemunho revelou algumas curiosidades sobre suas opiniões a respeito da ciência.
Behe admitiu que não existe nenhum trabalho sobre design inteligente, publicado em revistas científicas sujeitas a revisão ("peer-review"), que apresente dados concretos. Mas ele diz, por exemplo, que seu livro, "Darwin's Black Box", passou por uma revisão ainda mais rigorosa do que a aplicada a artigos de revistas científicas. Enquanto estes artigos são geralmente avaliados por dois revisores, ele diz que seu livro foi revisado por um número muito maior de cientistas. A curiosidade que veio à tona no tribunal é que apenas um deles realmente recomendou, ao editor responsável pelo livro, que o livro fosse publicado. E este revisor, o Dr. Michael Atkinson, da Universidade da Pensilvânia, na verdade nunca leu o livro, apenas se baseou em uma curta descrição transmitida em uma conversa telefônica de dez minutos.
Behe também explica por que ele acha que conferências científicas não são locais adequados para divulgar suas teorias sobre o design inteligente, já que a atenção recebida não seria suficiente para explicar o design inteligente de forma apropriada. Mas teorias muito mais complexas, que, ao contrário do design inteligente, têm montanhas de dados experimentais e mecanismos propostos, são discutidas rotineiramente nessas conferências. Logo, conclui-se que o problema não está nas conferências...
Outra curiosidade foi a definição de ciência proposta por Behe. Behe admite que a definição de ciência usada pelo resto da comunidade científica não permite chamar o design inteligente de ciência. Logo, ele criou sua própria definição de ciência, com mais "flexibilidade". Tanta flexibilidade que Behe admitiu que, de acordo com sua teoria, a astrologia seria considerada ciência. Pelo menos nesse ponto, de que a astrologia é tão científica quanto o design inteligente, concordamos com ele.
Mas até onde sabemos, Behe não recomenda que a astrologia seja também ensinada como ciência nas escolas públicas. Talvez porque os astrólogos não afirmam existir uma misteriosa entidade onipotente projetando os mapas astrais que vendem. Ainda bem.
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