Mais um tiro em um cachorro mortissimo, que atendia pelo nome de Criacionismo da Terra Jovem:
Justiça devolve 5.000 fósseis a vendedora
Para juiz, artesã "resgatava" peças; decisão abre precedente para comércio considerado ilegal no Brasil
Reinaldo José Lopes escreve para a “Folha de SP”:
Uma das novelas mais longas da paleontologia brasileira parece ter acabado na terça-feira passada, quando um caminhão abarrotado com mais de 5.000 fósseis de animais e plantas deixou a Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro.
Seguindo decisão judicial, os fósseis foram devolvidos à artesã Urânia Gusmão Corradini, acusada de vendê-los ilegalmente no Brasil e no exterior.
Os fósseis estavam sob guarda da Unesp desde junho de 2001 (antes, de 1997 a 1998, eles já tinham passado uma temporada na universidade por causa do processo contra Corradini).
A decisão do juiz federal substituto Márcio Rached Millani, da Sétima Vara Federal Criminal, julgou improcedentes as acusações de furto e receptação feitas contra a artesã e concluiu que os fósseis não pertencem ao patrimônio nacional (contrariando a Polícia Federal e o Ministério Público).
Corradini chegou à Unesp acompanhada por três advogados, diversos familiares e carregadores.
As peças enchiam quatro salas de um depósito da universidade e incluem mais de 20 ossos de dinossauro, um pterossauro (réptil voador), um bloco contendo sete mesossauros (répteis aquáticos com 280 milhões de anos) e grande número de peixes, insetos e plantas primitivos. Grande parte das peças provém da chapada do Araripe (CE).
Durante os últimos quatro anos, o material ficou numa espécie de limbo, contou à Folha o paleontólogo Reinaldo José Bertini, da Unesp.
"A universidade foi apenas fiel depositária jurídica, o que significa que você não pode fazer nada, pois o material não pertence à Unesp. Demos apenas uma melhoradinha nos mesossauros, expondo-os um pouco mais", afirmou ele.
Coube também aos pesquisadores inventariar os espécimes. Descobriram que muitos dos peixes eram fósseis-Frankenstein, formados por duas espécies diferentes emendadas. A prática é comum no mercado negro que envolve os fósseis.
Confronto
A devolução foi relativamente tranqüila -o que não impediu alguns desentendimentos. Iniciando o procedimento, os peritos criminais federais Maria Lúcia Maenaka (que também é geóloga) e Ricardo de Araújo Simões puseram-se a fotografar o material.
Corradini começou questionando a quantidade de peças que estava recebendo: "Eu não quero levar sobrando. Quero levar só o exato", reclamou a artesã. Acabou aceitando o material todo.
Sobraram acusações da equipe de Corradini para Bertini e seus colegas. Como diversos peixes da coleção estavam quebrados, a artesã reclamou de descuido.
"Não era uma coleção de fazer inveja? Então como é que deixaram acontecer isso?", disse a artesã, carregando embaixo do braço fotocópia de reportagem da Folha, feita em 2001, que classificava assim o conjunto dos fósseis.
"Isso aí quebra. É bom ter cuidado", disse Bertini, ao observar que uma das peças, um peixe, acabou caindo no chão ao ser carregada. "É, igual ao que vocês tiveram aqui", retrucou o sobrinho de Corradini, Pedro Luís Novaes Ferreira, que se apresenta como técnico em geologia e preparador de fósseis.
"Pode destruir, pode quebrar, mas vender não pode, não é? Milhares desses mesossauros são destruídos em pedreiras. Não tem um professor que levante a voz sobre isso", continuou Ferreira, repetindo o argumento de que Corradini resgataria as peças da destruição.
Para Bertini, o dano aconteceu durante o transporte das peças até a Unesp. "Eu participei da entrega e tinha muita coisa quebrada. Não é como ela [Corradini] está falando", disse a perita Maenaka. A própria equipe da artesã não se mostrou das mais conscienciosas ao lidar com o material.
Alguns dos fósseis menores, que estavam em recipientes de plástico da universidade, foram simplesmente despejados, como quem vira um balde d'água, em caixas de papelão. A equipe de Corradini também chiou muito ao ver que outro mesossauro tinha se partido ao meio. A peça, no entanto, ainda estava inteira na manhã de terça, segundo foto tirada por Maenaka.
(Continua no link)
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=32486Criacionistas, atentem por favor à quantia de fósseis.
Imagino que por aqui, não veremos comentários criacionistas.
Pudera, o adjetivo "criacionista" ja justifica a covarde atitude.