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EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Online: 25 de Outubro de 2005, 08:50:09 »
Le Monde

25/10/2005
EUA criam soldados robôs sem controle humano

A partir de 2014, máquinas "inteligentes", "incansáveis" e mortíferas realizarão no campo de batalha as tarefas penosas, arriscadas ou "sujas" no lugar dos militares de carne e osso, no transporte de material, na detecção do inimigo ou na condução de ataques

Yves Eudes
Em Paris

A Mula pesa duas toneladas. Ela tem o tamanho de uma camionete, mas a sua carroceria arredondada, moldada num só bloco lhe dá a aparência de um brinquedo. Graças às suas seis enormes rodas independentes, ela pode circular em qualquer terreno, transpor um lamaçal e até mesmo subir escadas. Quando é preciso se deslocar rapidamente, ela aciona o sue motor diesel. Caso seja preferível avançar lentamente e em silêncio, é o motor elétrico que entre em ação.

Ela não tem nem porta nem janela, uma vez que ninguém viaja a bordo: a Mula é o primeiro veículo robótico a serviço do exército americano. Ela é capaz de se deslocar sozinha, sem piloto nem telecomandos. A sua parte superior comporta uma grande cabeça redonda translúcida, afixada a um braço retrátil e apinhada de câmeras, microfones, detectores, radares, sonares e lasers.

Ela pode ver e ouvir tudo o que acontece em volta dela, de dia tanto como à noite. Ela detecta os movimentos e as fontes de calor, calcula a distância que a separa de um objeto fixo ou móvel. Graças a esse fluxo contínuo de dados, o seu computador de bordo desenha em tempo real um mapa dinâmico do ambiente que a cerca, e então define um itinerário praticável. A Mula é "inteligente".

A sua primeira missão será de acompanhar os soldados da infantaria nas suas operações e carregar seus enfardamentos --daí o seu nome. Mais exatamente, ela seguirá um mini-emissor colocado no casaco de um dos soldados da sua unidade. Equipada com uma vagonete, ela poderá transportar centenas de quilos de armas, de mantimentos e de material.

Os GI's, que em certos casos chegam a carregar nas costas mais de quarenta quilos de equipamentos, com isso se tornarão mais ágeis. Ela servirá também de gerador de energia, de purificador de água e de detector de minas ou de armas químicas e bacteriológicas.

Vale acrescentar que a Mula ainda não está operacional. Mas, nesta primavera de 2005, o Laboratório de Pesquisas do Exército Americano (Usarl na sigla em inglês), instalado perto de Washington, anunciou que os seus testes realizados num circuito acidentado se revelaram muito animadores.

Foi tomada a decisão de iniciar a fabricação de vários modelos, assim como de uma extensa gama de veículos robóticos cujo nome de código genérico é simplesmente UGV, para "Unmanned Ground Vehicles" (veículos terrestres sem piloto).

A produção em série poderia ter início já em 2012, o que permitiria a sua utilização efetiva no terreno a partir de 2014. A Darpa (Defense Advanced Research Projects Agency - Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa), a agência de pesquisas científicas do Pentágono, distribuiu as diferentes partes do programa entre vários consórcios, os quais são integrados por laboratórios públicos, universidades, grandes fabricantes de armamentos e pequenas empresas start-up de informática e de robótica.

Desde já, a Darpa organiza exposições de maquetes nas escolas militares, para familiarizar os jovens oficiais com essas máquinas do futuro. Em maio de 2005, ela escolheu o Colégio de guerra de Carlisle, na Pensilvânia, para expor os projetos de cerca de vinte futuros UGV, com rodas e com lagartas.

Os maiores serão vagões de cerca de quinze toneladas, e os menores, tanques de tamanho reduzido, pesando menos de 100 quilos. A Darpa também anunciou a proximidade do nascimento de Big Dog e de Little Dog (Cachorrão e Cachorrinho), duas plataformas de transporte dotadas de quatro patas articuladas.

Assim, os alunos de Carlisle também descobriram que os UGVs da segunda geração não se limitarão a seguir os soldados da infantaria: eles poderão se deslocar de maneira autônoma, por meio de softwares de navegação que lhes permitirão evitar os obstáculos e escolher itinerários discretos, por exemplo, bordas de florestas ou ruas estreitas.

Já em 2015, deverão entrar em operação UGVs programados para percorrer indefinidamente um mesmo itinerário, por exemplo, dando idas e voltas entre uma zona de combate e uma base de retaguarda.

O advento desses UGVs plenamente "autônomos", por volta de 2020, vai, em primeiro lugar transformar por completo as regras de vigilância e de reconhecimento das zonas de combate. Por meio das suas baterias de detectores, um robô patrulhando incansavelmente os arredores de uma zona de combate será mais eficiente do que todo um exército de sentinelas.

Nenhum ruído, nenhum movimento, nenhuma emanação de calor sequer, mesmo que ínfima, lhe escapará. Da mesma forma, um robô enviado como batedor em território hostil poderá coletar em poucos minutos massas gigantescas de informações sobre as posições inimigas e transmiti-las diretamente para a sua base de retaguarda.

A partir de 2025 ou, no mais tardar, de 2030, o exército americano espera possuir, além dos UGVs autônomos, verdadeiros robôs guerreiros capazes de participar dos combates.

Será uma gama de blindados rápidos de 2 a 10 toneladas. Já está previsto equipá-los de fuzis de longo alcance, de metralhadoras, de lança-granadas e de mísseis monitorados por meio de equipamentos eletrônicos. Eles não serão programados para uma missão precisa. Eles deverão ser capazes de patrulhar numa zona hostil e de analisar situações complexas.

No caso de eles detectarem uma unidade inimiga, eles mesmos se colocarão, "por iniciativa própria", em posição de emboscada e transmitirão as informações para o QG. Lá, oficiais decidirão o que convirá fazer naquele momento. Caso os robôs receberem a ordem de atacar, eles mesmos se encarregarão de selecionar os alvos prioritários e abrirão fogo.

Segundo Omead Amidi, um engenheiro em robótica da universidade de Carnegie-Mellon, esta divisão do trabalho é lógica: "Dentro de vinte anos, os homens ainda serão mais hábeis do que os robôs para reconhecer as formas e os objetos. Em contrapartida, os robôs serão melhores do que os homens para ter pontaria e acertar um alvo".

O fato de um robô poder apertar por conta própria o gatilho para matar seres humanos não representa nenhum problema para ele: "Numa guerra urbana, um robô poderá atingir um homem no meio de um grupo sem causar danos colaterais. Em geral, um robô atingirá menos vítimas inocentes de que um soldado cansado, estressado --ou agressivo".

Bob Quinn, diretor da sociedade Foster-Miller, que fabrica mini-tanques teleguiados, já imagina como será a passagem para a fase seguinte, depois de 2030:

"Tecnicamente, a intervenção humana no momento da decisão de atirar não será mais necessária. O problema será antes de ordem ética, ou político. Os oficiais atuais se dizem hostis à idéia de ver um robô tomar a iniciativa de matar um humano, mas é possível que a próxima geração tenha uma visão diferente. Caso o exército americano, dentro de trinta anos, se encontrar atolado numa guerra mortífera e incerta, a intervenção humana na decisão de abrir fogo talvez seja então considerada como uma perda de tempo".

Prevê-se distribuir robôs-guerreiros entre todas as divisões. Mas os oficiais encarregados de planejar o exército do futuro desejam priorizar as unidades especializadas na luta anti-guerrilha.

Valendo-se da sua dianteira no campo tecnológico, os Estados Unidos já se consideram, no palco de um campo de batalha aberto, como invencíveis frente a qualquer exército convencional. Em contrapartida, eles sabem que a sua vantagem é menos evidente frente a uma insurreição numa grande cidade.

Repúdio ao recrutamento humano

Após ter sido despertada já em 1991, por ocasião da desastrosa expedição na Somália, a conscientização vem sendo reforçada a cada dia pela guerra no Iraque. Portanto, mais uma vez, os estrategistas americanos apostam na tecnologia para remediar à sua fraqueza tática. Charles Shoemaker, o chefe do programa de robótica do US Army Laboratory (Laboratório do exército), apresenta uma lista das virtudes do robô de guerra num futuro conflito "de baixa intensidade".

"Ele não será apenas mais preciso do que um humano; o seu disparo será tão rápido que ele poderá interceptar um projétil. Ele suportará os choques e acelerações que seriam intoleráveis para um organismo vivo. Ele poderá funcionar noite e dia sem precisar descansar, ficar escondido debaixo de entulhos durante semanas, e então retomar o seu caminho num instante. Para fazer tudo isso, ele não precisará de nada, a não ser de combustível", prevê Shoemaker.

Apesar de tudo, será ele efetivamente invencível? "Claro que não, mas se ele não voltar da sua missão, ninguém chorará".

De maneira mais prosaica, os robôs-guerreiros poderão ajudar a infantaria a superar uma possível penúria de mão-de-obra. Se os Estados Unidos decidissem no futuro conduzir de frente vários conflitos de longa duração, os seus exércitos sem dúvida correriam o risco de carecer de recrutas.

Ora, o restabelecimento do serviço militar obrigatório parece na perspectiva atual muito improvável, em todo caso para guerras "periféricas" em países longínquos. Em outubro de 2004, um projeto de lei neste sentido foi rejeitado pela Câmara dos representantes de Washington, por 402 votos contra 2.

Dito isso, ninguém cogita a criação de um exército de robôs partindo sozinhos para o combate, enquanto os humanos ficariam tranquilamente na retaguarda.

"A ilhota automatizada funcionando em estado de auto-suficiência é um mito", afirma Charles Shoemaker. "Os robôs são feitos para aumentar a eficácia dos combatentes, não para substituí-los". De fato, os soldados deverão aprender a trabalhar em colaboração com os UGVs e a integrá-los na sua vida cotidiana.

Cooperação homem-máquina

A Darpa vem trabalhando no desenvolvimento de um tanque de ataque miniatura de cerca de dez quilos, que pode ser carregado por um homem nas costas, o Packbot, que poderá ser ativado em poucos segundos e partir para o ataque em terreno descoberto ou penetrar num edifício suspeito.

Os soldados de infantaria disporão de modelos ainda menores, tais como o Throwbot (robô de arremessar), que poderá ser arremessado assim como uma granada pela janela de uma casa na qual o inimigo está encastelado. Uma vez no solo, a máquina desdobrará suas seis patas e percorrerá todos os cômodos, enviando informações para os soldados que permaneceram do lado de fora. Uma versão explosiva do Throwbot também está sendo estudada.

A robotização do exército americano deverá evidentemente ser acompanhada de uma reorganização completa dos equipamentos dos soldados de infantaria. Armas, capacetes e uniformes serão recheados de câmeras, de microfones e de detectores, que dialogarão permanentemente com os UGVs.

O sistema robótico saberá exatamente onde se encontram os soldados. Ele poderá medir seu ritmo cardíaco, sua pressão sangüínea, seu nível de estresse e de cansaço. Quando um humano estiver ferido, o sistema enviará para o QG uma mensagem de alerta assim como um primeiro check-up médico --ou eventualmente relatar a notícia de uma baixa.

Ainda é preciso resolver um problema da maior importância: para funcionar e coordenar a sua ação, os robôs-guerreiros precisarão dispor de uma rede de comunicação sem fio que cobrirá o campo de batalha como um todo e que se deslocará ao sabor das operações.

Ora, diferentemente do que pensam os seus homólogos civis, os engenheiros militares prefeririam evitar as comunicações por satélite, uma vez que um inimigo bem equipado poderia criar interferências ou pirateá-las.

A única solução é fazer com que os robôs constituam, eles mesmos, sua própria rede: cada um dentre eles servirá de retransmissor para as comunicações destinadas aos outros UGVs que estão evoluindo nas cercanias, as mensagens se propagando de maneira aleatória até alcançarem seu destinatário. Por meio desta arquitetura horizontal e descentralizada, o sistema continuará a funcionar, mesmo se uma parte da frota de UGVs estiver destruída.

No fundo, os robôs apenas constituirão a parte tangível de um sistema cujo coração verdadeiro será a rede. A sua "inteligência" não provirá de supercomputadores embarcados nos seus flancos, conforme haviam imaginado os autores de ficção científica do século 20. Ela será coletiva e emanará da interação entre um grande número de máquinas trabalhando "do mesmo modo que um enxame".

Um grande robô de combate poderá enviar um batedor, na forma de um mini-robô barato ou de um avião sem piloto. Alguns deles serão capazes de garantir a segurança de uma ponte, enquanto outros saberão armar uma emboscada, cercar um edifício, dispersar-se para vasculhar uma área, e então se reagrupar para bloquear uma ofensiva inimiga.

Eles poderão também espalhar na natureza milhares de mini-detectores descartáveis que serão dotados de transmissores, criando assim sistemas de vigilância efêmeros que já foram batizados de "dust networks", as redes-poeira.

Para se comunicarem com os humanos, os robôs deverão enviar sons e imagens. Eles precisarão, portanto, de redes de banda larga, as quais requerem equipamentos pesados, complexos e vulneráveis. Mas, para comunicar entre eles, eles utilizarão códigos informáticos muito leves, e se contentarão com redes de baixa vazão, maleáveis, fáceis de instalar e praticamente impossíveis de detectar.

Para resolver o problema da rede, bastaria em teoria aumentar o máximo possível a autonomia dos robôs e diminuir tanto quanto for possível a supervisão humana.

Dito isso, um problema inédito poderia surgir então: os humanos ignorariam o teor das mensagens trocadas entre robôs em tempo real.

Esta perspectiva é assustadora...

Tradução: Jean-Yves de Neufville
 
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"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Felius

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Re.: EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Resposta #1 Online: 25 de Outubro de 2005, 11:28:41 »
O real problema. E quando for pra mudar o comando ou cancelar uma missão?
E continua sendo pirateavel a rede. Se eles se comunicam da pra entrar.
"The patient refused an autopsy."

Offline Rodion

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Re: Re.: EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Resposta #2 Online: 25 de Outubro de 2005, 12:25:45 »
Citação de: Felipe
O real problema. E quando for pra mudar o comando ou cancelar uma missão?
E continua sendo pirateavel a rede. Se eles se comunicam da pra entrar.


não se é fechada....
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Quasar

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Re.: EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Resposta #3 Online: 25 de Outubro de 2005, 12:26:30 »
Exato, se a bagaça tiver uma interface de rede é provável que ele possa ser hakeado.

Mas para quem estiver numa guerra o negócio vai ser útil sem dúvida, uma vantagem estratégica enorme.

O problema de alterar as ordens ou u cancelar uma missão não é problema, note que o projeto é de um sistema autônomo mas não isolado, as decisões que o robô toma são acmopanhada por operadores, que podem intervir.
"Assim como são as pessoas, são as criaturas" -  Didi Mocó

Offline Felius

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Re.: EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Resposta #4 Online: 25 de Outubro de 2005, 18:09:06 »
Se operadores podem intervir, o sistema pode ser hackeado. Imagina só a guerra sendo virada por um nerd de oculos fundo de garrafa de 21 anos com problemas com mulheres.
A menos é claro que a rede não seja sem fio e eles espalhem milhões de quilometros de fios pra conectar os robos. Alem disso se ele é totalmente fechado não se comunicaria. Ele tem que deixar passar as radiações da comunicação. Sendo assim da pra detectar. Sim, da uma enorme vantagem, mas é um grande risco. Eu não confiaria num exército de robos exceto se eles realmente tivessem inteligencia (como robo de filme).
"The patient refused an autopsy."


Offline Felius

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Re.: EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Resposta #6 Online: 25 de Outubro de 2005, 21:06:11 »
"The patient refused an autopsy."

Offline Quasar

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Re: Re.: EUA criam robos soldados sem controle humano.
« Resposta #7 Online: 26 de Outubro de 2005, 13:30:42 »
Citação de: Felipe
Se operadores podem intervir, o sistema pode ser hackeado. Imagina só a guerra sendo virada por um nerd de oculos fundo de garrafa de 21 anos com problemas com mulheres.
A menos é claro que a rede não seja sem fio e eles espalhem milhões de quilometros de fios pra conectar os robos. Alem disso se ele é totalmente fechado não se comunicaria. Ele tem que deixar passar as radiações da comunicação. Sendo assim da pra detectar. Sim, da uma enorme vantagem, mas é um grande risco. Eu não confiaria num exército de robos exceto se eles realmente tivessem inteligencia (como robo de filme).


É por aí, os caras vão ter que inventar um sistema de encipação de dados forte e ao mesmo tempo leve.

Ahh e claro, não usar Windows nos robôs . .  :twisted:
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