Autor Tópico: O Design Inteligente e seus representantes no Brasil  (Lida 948 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Huxley

  • Nível 18
  • *
  • Mensagens: 519
O Design Inteligente e seus representantes no Brasil
« Online: 03 de Novembro de 2005, 13:59:30 »
Um artigo de meses atrás, mas que desmascarou bem o Enézio, e o seu "não somos criacionistas".


JC e-mail 2727, de 16 de Março de 2005.  
  O Design Inteligente e seus representantes no Brasil, artigo de Julio Cesar Pieczarka  
   
Apontar as falhas da teoria da evolução é importante e necessário e é isso que faz a ciência avançar. Mas esta é uma atitude de debate, que implica em honestidade intelectual. É muito diferente de apontar as falhas sob um ponto de vista dogmático, atribuindo a qualquer discussão interna ou falta de explicação o poder de destruir todo o conjunto

Julio Cesar Pieczarka é pesquisador da UFPA. Artigo enviado pelo autor ao ‘JC e-mail’:

Depois de tantos anos, o debate Evolução x Criacionismo retornou. É uma discussão de grande importância pois não trata-se de um debate científico puro e simples (o que por si só já é de grande significado), mas sim de uma discussão de caráter político.

No momento, o que está em jogo é o ensino de nível médio, para onde os grupos criacionistas politicamente organizados apontam seus esforços. A idéia é solapar o ensino da evolução, tida por eles como materialista e, portanto, nefasta.

Se concretizado este ataque, o futuro científico de nosso país será prejudicado. Neste sentido, quanto mais a sociedade estiver informada sobre o que se discute, melhor.

Conhecimento é poder e somente através do conhecimento poderão ser tomadas medidas adequadas para a melhor formação das futuras gerações, uma responsabilidade de todos nós.

A posição de alguns grupos está bem definida, mas não de todos. Neste sentido, enviei ao ‘JC e-mail’ 2708 (17/2/05) um artigo expondo aspectos do grupo que defende o Design Inteligente (DI), os quais se propõem como teoria científica alternativa à Teoria Evolutiva.

O fiz para demonstrar que trata-se na verdade de uma tentativa disfarçada de introduzir o criacionismo no ensino médio. No JC e-mail 2717 (2/3/05) os defensores do DI se manifestaram, com diversos temas sendo abordados e explicitados do ponto de vista deles.

Deste modo acredito que é necessário aproveitar a ocasião e aprofundar ainda mais a discussão de alguns tópicos. Não é um debate, mas sim a exposição de idéias de modo a tornar mais claro o que está de fato ocorrendo, objetivando a tomada de posição das pessoas em geral.

Cabe ao leitor chegar às suas próprias conclusões. O autor do artigo defensor do DI é o Sr. Enézio E. de Almeida Filho. De acordo com ele mesmo, o Sr. Enézio tem um grau de Master of Arts in Biblical Studies, pelo Dallas Theological Seminary (http://www.dts.edu/).

Ele também é o Coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente, portanto acredito que se alguém no Brasil pode falar em nome do DI, este alguém é ele.

Gostaria então de discutir alguns tópicos que me parecem importantes e correlacioná-los ao final com aquilo que já conhecemos de discussões anteriores.

1) Sobre Design Inteligente e Criacionismo

Creio que não há mais dúvidas sobre o aspecto criacionista do DI. Esta idéia está embutida no seu próprio conceito. A proposta é a de que o design existe na natureza, levando inevitavelmente à idéia do designer.

O termo me parece inapropriado, pois existe um equivalente a ‘designer’ em língua portuguesa, que é ‘projetista’. Mesmo esta palavra, porém, não me parece própria, pois um projetista obviamente projeta. A proposta do DI é mais ampla: os seres não foram apenas projetados, eles foram construídos de acordo com o projeto.

Quem projeta e constrói está criando algo. Portanto o termo correto em português seria ‘Criador’ e teríamos a proposta do Criador Inteligente, muito mais adequada à idéia original.

Mas pelos motivos que expus anteriormente, este termo é impraticável para os defensores do DI, que precisam negar veementemente sua vinculação com o Criacionismo para adquirir (supostamente) um caráter científico e justificar sua inclusão no ensino médio. O que me chamou a atenção na mensagem do Sr. Enézio foi que ele, certamente sem perceber, confirmou o caráter criacionista de sua proposta.

Para quem leu o texto dele tal afirmativa pode parecer descabida, pois ele negou enfaticamente este caráter criacionista. Uma leitura atenta, porém, mostra mais do que parece a princípio. Ele começa negando o criacionismo presente na sua proposta, afirmando serem acusações de ultradarwinistas ortodoxos radicais, interessados em polarizar a discussão Ciência X Religião.

Mas seus argumentos são frágeis. Ele afirma que diversas proposições distinguem o Criacionismo do DI. É preciso considerarmos que existem diversos grupos criacionistas com diversas proposições, desde os grupos mais radicais, como o da Terra Jovem (assim chamados por não admitirem que a Terra tenha mais de 6000 anos), até grupos que aceitam a microevolução, mas não a macroevolução.

O Sr. Enézio foi buscar justamente as proposições dos criacionistas mais radicais (Terra Jovem). Perto das propostas deles, qualquer um soa razoável!

Mas as proposições do DI não perdem seu caráter criacionista só por causa disso. Os motivos já foram explicados anteriormente.

Ele também diz que seu grupo não está interessado na identidade do designer e isso é apresentado como uma vantagem, pois mostra um aspecto restrito e limitado de sua proposição, o que lhe conferiria um caráter científico (curiosamente, quando se trata do DI estas lacunas lhe parecem como qualidades científicas; mas lacunas na Teoria Evolutiva são vistas como defeitos que invalidam a mesma!).

Para minha surpresa ele afirma ainda que Pieczarcka impõe condição epistemológica sine qua non e in extremis para a TDI ser levada a sério, cientifica e filosoficamente: deve dizer quem é o projetista que falseia a teoria da seleção natural.

Jamais fiz tal solicitação, até porque ela é desnecessária. Creio que ele se confundiu, atribuindo a mim argumentação de outra pessoa. É irrelevante se eles se interessam pela identidade do designer, pois a atribuição do design a um ser sobrenatural, no seu sentido de ser estranho a mundo natural que conhecemos, automaticamente introduz um elemento de complexidade adicional desnecessário (mas veja a página http://www.logoshp.hpg.ig.com.br/doubts.html onde o Sr. Enézio traduz um texto de Thomas Woodward, professor adjunto na Faculdade Trinity da Flórida, o qual supõe que à medida que a evidência apontando para uma ‘inteligência criativa’ operando no universo se acumula, e o número de céticos darwinianos cresce, mais cientistas estão abertamente considerando a possibilidade que esta inteligência já tenha se comunicado com a humanidade. Os cristãos agora têm a oportunidade em demonstrar para eles [os cientistas] a riqueza da evidência apologética que identifica aquela inteligência como sendo o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.?).

Porém, quando tratamos do tema ‘The Wedge’ é que o Sr. Enézio admite ser criacionista. Para quem não lembra, ‘The Wedge’ era um documento interno do instituto criacionista Discovery Institute’s Center for Science and Culture (CSC) que vazou para a internet em 2000.

Neste documento o CSC demonstrava preocupação com o que eles entendiam como um avanço do materialismo (Freud,. Marx e Darwin) sobre a cultura ocidental, destruindo a noção de que o homem foi feito à imagem de Deus.

Para combater isso eles decidiram construir uma alternativa, chamada Design Inteligente. O documento estabelecia um plano estratégico:

1) Pesquisa, Redação e Publicação;

2) Publicidade e Formação de Opinião;

3) Confrontação Cultural e Renovação. A primeira e segunda fases falharam, então parece que estamos na terceira! O Sr. Enézio tenta minimizar a importância do documento, chamando-o de ‘lenda urbana’ e ‘icone de ultradarwinistas’ (estranho comentário de quem é o representante do grupo ‘The Wedge’ aqui no Brasil, e que envia relatórios à matriz americana; pelo menos é o que consta na pagina http://www.arn.org/docs/wedge/mh_wedge_020613.htm do site Access Research Network). Então ele apresenta em sua defesa o documento The Wedge Document: So What?? do Discovery Institute.

Aparentemente, o vazamento de ‘The Wedge’ levantou acusações do instituto estar tentando implantar uma teocracia nos EUA. Eles negam esta acusação, mas confirmam todo o resto, detalhando ainda mais o caráter criacionista do DI.

Ao colocar este documento em sua defesa, o Sr. Enézio assume ele como verdadeiro. Além disso, ele afirma que ‘entendemos que a Weltanschauung do materialismo científico é falsa. Suas teorias (Darwinismo, Freudianismo e Marxismo) são demonstravelmente falsas e tiveram conseqüências culturais deletérias e devastadoras à humanidade’.

O que estas três teorias tem em comum? Nada, a não ser o fato de buscarem explicações no mundo que nos cerca, sem lançar mão de uma explicação sobrenatural. Ou seja, são ‘materialistas’ (‘atéias’) e este é seu crime. Mais claro que isso, impossível.

Assim, não vejo necessidade de voltar a este tema, uma vez que o próprio Coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente o admite.

2) Sobre Complexidade Irredutível e Complexidade Especificada

Não é verdade que o conceito de Complexidade Irredutível de Behe não foi refutado. Várias críticas existem na internet, por exemplo.
http://www.philoonline.org/library/shanks_4_1.htm
http://www.btinternet.com/~clare.stevens/behenot.htm
http://www.simonyi.ox.ac.uk/dawkins/WorldOfDawkins-archive/Catalano/box/behe.shtml
http://www.talkorigins.org/faqs/behe.html
biomed.brown.edu/Faculty/M/Miller/Behe.html
http://www.cbs.dtu.dk/staff/dave/Behe.html
http://www.bostonreview.net/br21.6/orr.html

Acusar elas de estarem postadas em sites ultradarwinistas é ridículo. As respostas postadas por Behe a seus críticos e indicadas pelo Sr. Enézio em seu artigo estão no site do Discovery Institute, o mesmo do documento The Wedge (vide acima).

Se fossemos considerar isso, teríamos que ignorar as respostas de Behe também, por estarem em um site criacionista. De todo modo destaco ‘Of Mousetraps and Men: Behe on Biochemistry. Niall Shanks Department of Philosophy Department of Biological Sciences and Karl H. Joplin Department of Biological Sciences East Tennessee State University Johnson City, TN 37614, USA’ (http://www.etsu.edu/philos/faculty/NIALL/Mousetraps.and.Men.htm)

As críticas apresentadas esgotam totalmente as propostas de Behe. De acordo com Pennock, R.T., 2003 (Creationism and Intelligent Design. Annual Review of Genomics and Human Genetics 4: 143-163) Behe concede que precisa revisar suas propostas e expressa a esperança de reparar os erros em um futuro artigo, que até agora não aconteceu.

Fiquei bastante surpreso quanto ao comentário de a Complexidade Especificada de Dembski ser ignorada por mim, uma vez que o assunto está discutido no meu artigo anterior.

O problema é a falta de conhecimento da Teoria Evolutiva por seus críticos (vide item ‘Sobre o conhecimento da Ciência? abaixo). Eles tem uma visão simplista e supõe que a evolução se daria ‘ao acaso’ devido às mutações.

Uma vez que a seleção natural nada mais é que a interface entre o indivíduo e o meio ambiente, um processo de pressão constante em um determinado sentido leva ao acúmulo de características favoráveis.

Cada novo passo parte do anterior e o aperfeiçoa. Assim, a seleção tanto gera complexidade como traz em si o conceito de especificação, pois as estruturas foram selecionadas em função das necessidades de sobrevivência específicas daquela espécie.

Os artefatos humanos são criados racionalmente e são complexos e especificados, mas é tolice imaginar que e especificidade encontrada no mundo natural signifique automaticamente planejamento consciente.

Para que não se possa dizer que ninguém se ocupa de Dembski, listo as seguintes críticas:

Pennock RT. 1999. Tower of Babel: The Evidence Against the New Creationism. Cambridge, MA: MIT Press. 429 pp.
Pennock RT. 2001. The wizards of ID: reply to Dembski. In: Pennock RT, ed. 2001.
Intelligent Design Creationism and Its Critics: Philosophical,Theological and Scientific Perspectives. Cambridge, MA: MIT Press, pp. 645 – 67 Orr HA. 2002. No free lunch: Why specified complexity cannot be purchased without intelligence. Boston Rev. 27. bostonreview.mit.edu/BR27.3/orr.html
Pennock RT. 2002. Mystery science theater: the case of the secret agent. Nat. Hist. 111(3):77
Shallit J. 2002.William Dembski, no free lunch. Biosystems 66:93-99 Godfrey-Smith P. 2001.
Information and the argument from design. In: Pennock RT, ed. 2001.
Intelligent Design Creationism and Its Critics:
Philosophical,Theological and Scientific Perspectives. Cambridge, MA: MIT Press, pp. 575?96
Van Till HJ. 2002. E. coli at the No Free Lunchroom: Bacterial Flagella and Dembski?s Case for Intelligent Design.
http://www.aaas.org/spp/dser/evolution/perspectives/vantillecoli.pdf
Van Till HJ. 2002. Howard Van Till?s response to William Dembski?s remarks Naturalisms argument from invincible ignorance. American Association for the Advancement of Science, Dialogue on Science, Ethics, and Religion. http://www.aaas.org/spp/dser/evolution/perspectives/vantillresponse.pdf

Não creio que qualquer citação acima caia na classificação de ‘site ultradarwinista’.

Por fim, às etapas da suficiência epistêmica do DI como teoria científica expostas pelo Sr. Enézio desabam como um castelo de cartas se observarmos que tudo gira em torno da afirmativa de que ‘Da nossa compreensão do mundo, altos níveis de ICE (Informação Complexa Especificada) sempre são produtos de design inteligente’, a qual se trata de opinião pessoal e não de fato.

3) Sobre evolução no Ensino Médio e o conhecimento da Ciência

Entender o pensamento científico é fundamental no mundo atual. Assim, é triste perceber que o ensino anterior à Universidade não costuma (salvo exceções) apresentar este modo de pensar aos estudantes. As concepções prévias dos alunos sobre Evolução mostraram-se bastante distanciadas da concepção atualmente aceita pela Ciência, na medida em que aquelas são marcadas pela atribuição de causalidade, finalidade e direção ao processo evolutivo.

Percebemos, também, que tais concepções são decorrentes de uma visão simplista e antropomórfica dos processos e fenômenos naturais. (...) notamos, ainda, que as palavras associadas à descrição do processo evolutivo como adaptação, seleção e a própria Evolução, são freqüentemente utilizadas no cotidiano com conotações diversas daquelas adotadas pela Ciência? (Chaves, S.N. ‘Evolução de idéias e idéias de evolução: A Evolução dos seres vivos na ótica de aluno e professor de Biologia’. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 1993).

Não apenas a teoria da evolução, mas a ciência em geral é apresentada de modo dogmático, como se suas teorias fossem verdades absolutas. Nada mais longe da realidade: a religião é o domínio das certezas; a ciência é o domínio das dúvidas.

O fato de haver dúvidas em uma teoria, de haver debates internos sobre diversos de seus aspectos ou sua inabilidade inerente de explicar tudo não necessariamente invalidam a mesma.

Questionar sempre, este é o mote do cientista, mas questionar com honestidade intelectual, apoiando uma teoria se os fatos a confirmam, mesmo que ela contrarie convicções ou interesses pessoais.

A inabilidade de entender o pensamento científico está presente em muitas pessoas. É óbvio da mensagem do Sr. Enézio, por exemplo, que ele é uma delas.

Uma vez definido seu interesse em combater a evolução, nem um século e meio de experiências e observações são o suficiente para convencê-lo. Ao invés de fatos, ele usa retórica.

Muitas vezes parece apostar na ignorância do leitor com relação ao tema tratado, fazendo afirmações facilmente demonstráveis como falsas (por exemplo, para contrapor sua afirmativa de que ‘na literatura especializada ninguém refutou a tese de Behe’, basta ir na internet em um site de busca e teclar ‘Behe’).

É evidente que ignora grande parte da teoria evolutiva (o que faz sentido, pois não está interessado em discuti-la e sim apenas difamá-la). As suas mensagens são iguais e sempre fazem as mesmas afirmativas, independente de quantas vezes forem demonstradas como falsas.

Dentro de dois meses estará de volta com os mesmos argumentos. O modo de pensar e argumentar é claro: é um pensamento dogmático, onde debates internos da teoria são vistos como fraqueza; onde se exige que a teoria explique tudo em qualquer circunstância, considerando-a descartada se não puder fazê-lo.

É o argumento de ignorância: se você não explica, você está errado e minha proposta está certa (mesmo que eu também não explique ou o faça de modo não científico).

Uma postura inútil do ponto de vista de um debate científico, mas muito útil como estratégia de marketing junto a pessoas que tem pouco contato com a ciência.

Tal atitude vem confirmar aquilo que enfatizei em outra mensagem: inútil debater com alguém que não se interessa em ouvir e sim está apenas cumprindo seu dever para com um grupo de pessoas que compartilham a mesma crença.

O Sr. Enézio é criacionista do grupo 01 (ideologicamente motivado, com organização política e que vê na teoria da evolução uma religião rival ao seu fundamentalismo cristão).

Ele simplesmente busca espaço na mídia. Acredito que, como ele, muitas pessoas passam pelo ensino médio vendo a ciência (incluída a teoria evolutiva) como algo quase religioso, ao invés de ser vista como uma teoria com suas qualidades e defeitos.

O problema não está na teoria evolutiva, mas no modo como está sendo ensinada. É preciso aprofundar e ampliar o conhecimento da teoria evolutiva, melhorando também a compreensão da natureza do pensamento científico; é preciso evitar misturar ciência e religião, de modo a manter sempre em perspectivas os fatos biológicos sobre os quais as conclusões são obtidas.

Esse é o melhor caminho para melhorar o nível de informação científica da população e a tomada de decisões no futuro. Neste sentido, concordo com o Sr. Enézio de que o ensino de evolução no ensino médio é deficiente. Mas a solução que aponto, obviamente, é a oposta a dele, pois a solução não passa pela adoção de pseudociências, o que somente agravaria a situação.

4) Conclusões

O DI é efetivamente uma corrente criacionista. Qualquer pessoa que tenha interesse bastante no tema e gaste alguns minutos em um site de buscas da internet perceberá isso. As proposições do DI não se sustentam, não possuindo embasamento em fatos. Portanto, seu discurso se limita a criticar a teoria evolutiva.

Isso não é o suficiente para dar apoio ao DI, pois seus argumentos são ‘argumentos de ignorância’, ou seja, supõem que o fato da teoria evolutiva não explicar um fato automaticamente valida o DI (que também não explica ou o faz atribuindo a explicação a um Criador, o que não pode ser testado).

Apontar as falhas da teoria da evolução é importante e necessário e é isso que faz a ciência avançar. Mas esta é uma atitude de debate, que implica em honestidade intelectual.

É muito diferente de apontar as falhas sob um ponto de vista dogmático, atribuindo a qualquer discussão interna ou falta de explicação o poder de destruir todo o conjunto.

É obvio que neste último caso não se está debatendo de fato e sim buscando publicidade para converter seguidores na grande massa de pessoas que ignoram o que é o pensamento científico.

Quando Copérnico propôs que a Terra girava ao redor do Sol e não o contrário, ocorreu uma intensa reação contrária. Com o tempo as pessoas perceberam que era possível conciliar sua fé e os fatos da vida. Do mesmo modo, a teoria evolutiva se baseia em fatos. Toda e qualquer interpretação metafísica que se faça sobre ela está fora de seu escopo, tornando-se matéria pessoal.

Assim, há quem veja nela apoio para seu ateísmo e há quem veja como mostra da grandiosidade de Deus. Algumas pessoas não conseguem digerir esta realidade e entram em conflito. Buscam destruir a teoria evolutiva pois entendem que ela se opõe às suas crenças pessoais.

O conflito, porém, não está na evolução. O conflito está em seus corações e é lá que eles devem buscar a solução.
"A coisa mais importante da vida é saber o que é importante". Otto Milo

Meu blog: http://biologiaevolutiva.blogspot.com

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!