Muitos de nós ateus, questionamos os teístas cristãos sobre a existência do Mal já que deus teoricamente é bom e poderoso.Muitas respostas são dadas, a mais intrigante para mim,seria a de Sto Agostinho que recentemente foi divulgado na forma de spam por e-mails.Resumindo, o argumento é que o Mal é apenas a ausência de Bem.
O raciocínio de Sto Agostinho é de que existe um deus criador, que cria ( faz ser),o Mal para Agostinho é um não-ser, assim deus não teria criado o Mal, levanta então a hipótese do livre-arbítrio para explicar o Mal.
A questão de um deus criador já é por si duvidosa, porém o foco é o raciocínio usado por Agostinho. Como é possível não-ser e existir?É sobre essa questão que tentarei refutar o argumento.
Creio que Agostinho distingue ser de existir,senão seria de fato uma contradição.Isso me faz lembrar da existência na Matemática dos conjuntos vazios ou seja com nenhum membro, não por acaso pelos exemplos do misterioso spam ,eu faço a analogia, mesmo que se dê ausência de algo(movimento ou ondas-partículas de luz ou matéria), ainda identificamos como ser ou é.Poderia tentar refutar o argumento mostrando que a identifição "ser" nem sempre é legítima ou indicadora de existência, sendo nesses casos falsa, e de origem psicológica.Resolvi escolher outro tipo de argumentação que explora as consequências desse raciocínio.
A primeira consequência, é a de que se considerarmos o Mal apenas a ausência do Bem, concluíremos que o Mal é nada ou melhor , sem qualquer distinção ou característica,já que ser ausência de algo não garante qualidades, nem é uma qualidade impressionante, já que tudo é pouco a ausência de outro.Se temos um conjunto A com os membros a, b ,c ou A=[a,b,c] , um conjunto com a ausência de A - apenas essa ausência- seria B=[ ], um conjunto vazio.Trazendo para a realidade prática, o que poderia identificar com Mal se ela não possui nenhuma característica ? Tal qual uma palavra que não representa nada é um conjunto vazio.Para aqueles que insistem em dizer ser possível uma identificação já que é possível a identificação do conjunto vazio, desafio estes, a identificarem o conjunto vazio específico...não há, pois todos eles são iguais. Assim generalize e verá quanta estupidez(Oh o escuro é Mal, o frio é Mal ou o vácuo é Mal e tudo aquilo que é semelhante a um conjunto vazio).Os mais espertos dirão "ora identifico pelo vazio", exato, porém o vazio é comum a qualquer "vazio".Temos a última contra-argumentação "ora um vazio em relação a A ou a B" , porém não altera a semelhança dos vazios,parece que isso é uma saída retórica(???), vazia.
A segunda consequência(ficou óbvia), os conjuntos vazios são comuns mudando apenas a denominação de A para D ou etc...Diria, a ausência é unversalmente igual.
Tenho ainda outra proposta para os defensores do argumento, a criação ex-nihilo dessas qualidades.Ao ausentar [a,b,c]do conjunto A, forma-se o conjunto B com [f,g,h], porém isso leva a questão: Quem criou o conjunto B ou g,h,f? Fica claro a resposta,não havendo restrições senão a de apenas criar( fazer o ser ou fazer ser)*, a resposta é deus
* O Mal não pode criar a si mesmo antes de sua existência, então descarto a hipótese de seres malignos