Autor Tópico: Boato de arrastão causa corre-corre no Rio  (Lida 963 vezes)

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Offline Südenbauer

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Boato de arrastão causa corre-corre no Rio
« Online: 16 de Novembro de 2005, 20:21:35 »
Tumulto se estendeu por 3 km, de Ipanema ao Leblon; discussão entre banhista e bombeiro causou confusão, diz a polícia[/size]

Boato de arrastão causa corre-corre no Rio

RAQUEL ABRANTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Em feriado de praias lotadas no Rio de Janeiro, os cariocas se assustaram no início da tarde de ontem com tumulto e correria nas areias do Arpoador, em Ipanema (zona sul). Com medo de um suposto arrastão, houve correria de banhistas e o tumulto se estendeu até o posto 11, no Leblon, a três quilômetros de distância.

Uma banhista relatou ter visto o furto de uma bolsa, mas a maioria dos presentes ouvidos pela Folha disseram ter corrido sem saber o que estava acontecendo, por temer um arrastão.

Segundo a polícia, houve uma discussão entre um bombeiro e um banhista, que usava indevidamente um boné da corporação. "Eles se desentenderam e o bombeiro estava fardado. Por isso, os freqüentadores da praia acharam que poderia acontecer coisa pior", afirmou o tenente Carlos Henrique Barrim, do 23º Batalhão de Polícia Militar (Ipanema). O bombeiro e o banhista não foram detidos ou identificados.

Pessoas que viram o tumulto afirmaram que não havia policiamento no Arpoador durante a correria. Cerca de dez minutos após a confusão, chegaram quatro carros da PM, e um helicóptero passou a sobrevoar as praias.

"Saíram uns quatro ou cinco garotos de dentro d'água correndo e gritando "arrastão, arrastão!". As pessoas se assustaram e saíram correndo", disse Luiz Alves Bezerra, 49, que trabalha no quiosque na entrada do Arpoador.
A estudante Juliana Vasconcelos, 16, disse ter visto um menino pegando a bolsa de uma mulher que estava a areia. "Ela saiu correndo e aí todo mundo saiu junto. Foi tudo muito rápido; deve ter durado uns cinco minutos."

O tenente Cláudio Cares, também do 23º BPM, disse que houve apenas um princípio de tumulto. "Não foi constatado nenhum furto ou agressão. A praia estava muito cheia, o que é uma situação difícil de ser administrada", declarou o tenente, ressaltando que havia policiamento no local antes da chegada dos freqüentadores.

A professora Luane Fragoso, 29, estava no Leblon quando o tumulto chegou lá. "Quando vi as pessoas correndo, resolvi vir para o Arpoador. Nem sabia que isso tinha acontecido aqui", contou.
Cristiane Faria, estudante de 22 anos, estava deitada na areia quando começou a movimentação das pessoas. "Disseram que foi uma briga, mas parecia um arrastão. Por isso, saí correndo também", afirmou.</div


Fonte: Folha On-line

Offline Diego

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Re.: Boato de arrastão causa corre-corre no Rio
« Resposta #1 Online: 16 de Novembro de 2005, 20:25:11 »
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O tenente Cláudio Cares, também do 23º BPM, disse que houve apenas um princípio de tumulto


hehehe, só pode ta de brincadeira né!
deu 3 km de pessoas correndo!

Nigh†mare

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Re.: Boato de arrastão causa corre-corre no Rio
« Resposta #2 Online: 16 de Novembro de 2005, 21:10:51 »
Pensei que eles já estivessem acostumados...

Offline Rodion

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Re.: Boato de arrastão causa corre-corre no Rio
« Resposta #3 Online: 16 de Novembro de 2005, 21:12:55 »
putz, eu queria ter visto  :lol:
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline n/a

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Re.: Boato de arrastão causa corre-corre no Rio
« Resposta #4 Online: 16 de Novembro de 2005, 21:35:06 »
Hahaha. Me lembrou daquele texto do Drummond.

Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:

- Isto é um assalto!

Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram.

Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?

- Um assalto! Um assalto! - a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.

Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?

Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!

O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:

- No que você vai a fim de ver o assalto, eles assaltam sua caixa.

Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.

Outros ônibus pararam, a rua entupiu.

- Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.

- É uma mulher que chefia o bando!

- Já sei. A tal dondoca loura.

- A loura assalta em São Paulo. Aqui é a morena.

- Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.

- Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!

- Vai ver que está caçando é marido.

- Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!

- Sangue nada, tomate.

- Na confusão circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia jóias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.

Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção: quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pêlo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:

- Pega! Pega! Correu pra lá!

- Olha ela ali!

- Eles entraram na kombi ali adiante!

- É um mascarado! Não, são dois mascarados!

Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço, uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?

- Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!

Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:

- É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!


A vida imita a arte.  :D

http://www.quemtemsedevenha.com.br/assalto!.htm

 

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