Autor Tópico: ONU não pratica investimento responsável.  (Lida 450 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Pregador

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.056
  • Sexo: Masculino
  • "Veritas vos Liberabit".
ONU não pratica investimento responsável.
« Online: 21 de Novembro de 2005, 16:49:50 »
Citar
Valor Econômico, 21 de novembro de 2005

ONU não pratica o investimento responsável

As Nações Unidas, que pres­sionam empresas de todo o mundo a cumprirem regras tra­balhistas, antipoluição e outras metas de responsabilidade so­cial corporativa, ignora com fre­qüência esses padrões quando se trata de investir os US$ 29 bi­lhões do fundo de pensão de seus próprios funcionários.


Uma cópia da carteira de in­vestimentos do órgão revela pe­lo menos 12 companhias que não seguem os princípios de procedimentos corporativos da ONU, de acordo com grupos de defesa de direitos e gerentes de fundos de pensão que analisa­ram o portfólio de quase 400 empresas. Gestores de fundos que levam em conta questões de responsabilidade social disse­ram rejeitar ativos dessas em­presas em suas carteiras.


Uma delas é a mineradora bri­tânica Rio Tinto, terceira maior do mundo, na qual a ONU possui um investimento de US$ 22 milhões. A ONU passou os últimos oito anos articulando o fim de uma guerra civil na Papua-Nova Guiné, iniciada por queixas sobre a po­luição provocada por uma mina de cobre da Rio Tinto na ilha de Bougainville. A empresa não quis se pronunciar sobre o assunto.


"Há muitas empresas nesta lis­ta que não cumprem nosso crité­rio", observou Julie Gorte, direto­ra de análise social do Calvert Group, de Bethesda, Maryland, o maior administrador, nos EUA, de um fundo mútuo exclusiva­mente voltado a investimentos em empresas com responsabili­dade social. "Se eles tiverem al­gum tipo de monitoração, é ínfi­mo e não envolve critérios como direitos dos povos indígenas, di­reitos humanos, integridade e se­gurança de produtos".


O indicado pelo Departamen­to de Estado dos EUA para princi­pal cargo de gestão na ONU, Ch­ristopher Burnham, um ex-exe­cutivo de banco de investimen­tos, destacou que a carteira do fundo de pensão não é adminis­trada de "uma forma muito dife­rente da de um banco". A ONU contratará uma consultoria no próximo ano para analisar sua estratégia e avaliar até se novos critérios de investimentos deve­rão ser determinados, afirma.


Burnham disse que, embora ele "leve em conta" as práticas traba­lhistas e ambientais das empresas, a "responsabilidade principal" do órgão é "ganhar o maior retomo com o menor risco" para os 142.245 participantes e beneficiá­rios do fundo de pensão.


As práticas de gestão da ONU es­tão sob maior fiscalização atual­mente, na esteira das investigações que revelaram evidências de cor­rupção generalizada no programa de auxílio ao Iraque. Líderes mun­diais estão pressionando para que a ONU passe a prestar mais contas.


O secretário-geral da ONU, Ko­fi Annan, que em seus quase nove anos no cargo encorajou o estrei­tamento dos laços entre a insti­tuição e o mundo corporativo, criou em 2000 um programa pa­ra incentivar empresas a adotar dez princípios "universais" sobre questões ambientais, trabalhis­tas, de direitos humanos e de combate à corrupção. Mais de 2,4 mil CEOs de empresas de todo o mundo concordaram em adotar e promover as metas da ONU.


O fato de a organização igno­rar esses princípios em seus in­vestimentos mina sua credibili­dade, segundo a advogada e ex­juíza Karen Burstein, que agora trabalha como consultora das Nações Unidas. "A ONU está em uma posição intelectualmente complicada, pedindo práticas que a própria instituição não cumpre integralmente", disse.


Gorte, da Calvert, também ques­tionou os investimentos da ONU na rede varejista Wal-Mart, maior do mundo, baseada no processo . que acusa a empresa de negar in­tervalos para alimentação a 115 mil funcionários. A ONU investiu US$183 milhões na rede.


O diretor do Greenpeace para questões de aquecimento glo­bal, Kert Davies, condena o, in­vestimento de US$ 275 milhões na Exxon, maior petrolífera mundial de capital aberto. A empresa vem combatendo o Acordo de Kyoto, o tratado da ONU para reduções obrigatórias nos volumes de emissão de ga­ses estufa. "É, no mínimo, irôni­co que uma empresa trabalhan­do ativamente contra um dos principais acordos da ONU te­nha pesados investimentos dos funcionários da ONU."


Outras duas empresas na car­teira - a mineradora Anglo American, de Londres, segunda maior do mundo, e a Fortis, companhia financeira líder na Bélgica - estiveram envolvidas com grupos rebeldes no Congo que estavam roubando diaman­tes, ouro e outros recursos mine­rais do país, de acordo com in­forme de 2002 elaborado por uma comissão da ONU que ava­liava sanções ao país.


Além disso, a Anglo American informou em fevereiro ter pago US$ 8 mil a um grupo rebelde sob sanções do Conselho de Segurança da ONU em troca de segurança em uma de suas instalações no Congo. A ONU mantém quase 17 mil sol­dados no Congo para debelar os rebeldes a quem acusa de tentar desestabilizar e roubar o país.


A Anglo American e a Fortis en­viaram cartas à comissão da ONU em 2003 negando as acusações. A mineradora confirmou em comu­nicado por e-mail que teve "encon­tros inevitáveis" com o grupo re­belde e que apenas pagou dinhei­ro porque houve "extorsão".


Gestores de fundos e defenso­res de direitos de responsabili­dade social ainda questionaram a inclusão da Archer Daniels Mi­dland (ADM), Newmont Mining e Phelps Dodge, apontando vio­lações de padrões éticos, traba­lhistas e ambientais internacio­nalmente aceitos. A mineradora de cobre Phelps Dodge, de Phoe­nix, segunda maior mundo, pa­gou multas de US$ 1,4 milhão no ano passado acusada pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA de ter despejado ilegal­mente mil toneladas de dióxido sulfúrico nas instalações de uma mina no Arizona.


A empresa sustenta que adqui­riu a mina no Arizona depois de as infrações terem ocorrido.


A ADM, de Decatur, Illinois, pagou US$ 400 milhões no ano passado para chegar a um acor­do sobre o processo de clientes que acusavam a empresa, maior processadora mundial de grãos, de conspiração para manipular preços do xarope de milho.


A Newmont, de Denver, está sendo julgada na Indonésia, acusada de poluir os mares com arsênico e mercúrio. A empresa, maior mineradora mundial de ouro, não retornou os pedidos de entrevista.


Georg Kell, que é o diretor do secretariado da ONU que pro­move o investimento responsá­vel, observou que a organização não pode tomar decisões de in­vestimentos baseada em acusa­ções e processos contra empre­sas e que precisa levar em conta as sensibilidades dos governos de seus 191 países-membros.


"O tabaco, por exemplo, é um meio de subsistência em muitos países em desenvolvimento", disse. "Muitos fundos de investi­mentos socialmente responsá­veis são baseados em orienta­ções éticas guiadas culturalmen­te." Kell diz que algumas das em­presas que os grupos de defesa questionam desenvolveram po­líticas para resolver pontos pro­blemáticos em relação aos prin­cípios das Nações Unidas.



Quando o assunto é a necessidade de levantar fundos, dane-se a responsabilidade social, os danos ambientais etc. Esse é o problema destes discursos sociais. Muito bons na teoria, mas na prática, quase inviáveis.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline n/a

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.699
Re.: ONU não pratica investimento responsável.
« Resposta #1 Online: 21 de Novembro de 2005, 20:32:26 »
E a lista de empresas é grande, hein...

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!