Autor Tópico: Lula dá mais dinheiro ao MST do que em toda era FHC.  (Lida 652 vezes)

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Lula dá mais dinheiro ao MST do que em toda era FHC.
« Online: 22 de Novembro de 2005, 15:04:47 »
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O Estado de São Paulo, 22 de novembro de 2005

Lula dá para MST quase o dobro da verba da era FHC

De janeiro de 2003 a outubro deste ano repasses foram de R$ 26 mi; em oito anos de FH foram R$ 15 mi

Desde que chegou ao poder, há menos de 3 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já repassou mais dinheiro para as instituições ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST) do que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, ao longo de 8 anos. De janeiro de 2003 a outubro deste ano, o total dos repasses de recursos para as instituições chegou a R$ 26 milhões. Durante as duas gestões de Fernando Henrique, somaram R$ 15 milhões.


Uma vez que o MST não tem face legal, o dinheiro é repassado por meio de convênios às principais entidades ligadas ao movimento - Associação Nacional de Cooperativas Agrícolas (Anca), Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária (Concrab) e Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa (Iterra). Já chega a 14 o número de órgãos governamentais que mantêm convênios com o MST.


Estas informações estão contidas no relatório final da CPI da Terra, apresentado ontem pelo deputado João Alfredo (PSOL-CE). O texto - um calhamaço de 774 páginas, com observações que remetem ao período das sesmarias - deve ser discutido hoje no plenário da comissão.


Ao contrário do que pretendiam outros parlamentares, ligados a grupos ruralistas, o relator não dá muito destaque no texto à questão do repasse de verbas para o MST, nem às irregularidades que teriam sido encontradas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na administração dos convênios. Segundo João Alfredo, o relatório do TCU ainda é preliminar e não justifica medidas contra as instituições ligadas aos sem-terra.


O relator também destaca em seu texto que, enquanto estas instituições do MST receberam R$ 41,7 milhões entre 1995 e 2005, as cinco principais entidades de âmbito nacional que representam os ruralistas receberam R$ 1 bilhão - no mesmo período de dez anos. O TCU também teria encontrado irregularidades nos convênios celebrados com as entidades ruralistas, assinala João Alfredo.


O texto do relator defende de maneira intransigente a necessidade de uma ampla reforma agrária no País e os movimentos e organizações que lutam pela redistribuição de terras. Elogia o MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ao mesmo tempo em que critica os 'conservadores' que se opõem à reforma. Ataca particularmente a Sociedade Rural Brasileira (SRB) - uma das mais tradicionais entidades de representação dos proprietários rurais do País.


Acredita-se que o debate do relatório será tenso. O presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), já anunciou que deverá pedir vistas, com o objetivo de destacar as irregularidades encontradas nos convênios celebrados com o MST. Outros parlamentares ligados aos ruralistas, que são maioria na comissão, também deverão atacar partes do documento.


VIÉS IDEOLÓGICO


João Alfredo, que era filiado ao PT e atuava como advogado dos sem-terra no Ceará, disse ontem em entrevista ao Estado que a bancada ruralista tenta desvirtuar o principal objetivo da CPI, que seria analisar a situação fundiária no País, avaliar as causas da violência no campo e apontar saídas. 'O debate que se instalou na comissão não é de oposição versus governo, mas sim um debate ideológico, de classes, de diferentes visões da sociedade, entre os que defendem e os que se opõem à reforma agrária', disse. 'Eu não tenho dúvidas de que a alta concentração de terras nas mãos de poucos é a principal causa da violência que encontramos no campo. A paz só virá com a ampla, massiva e verdadeira reforma agrária.' Os convênios realizados com entidades ligadas ao MST, na opinião dele, contribuem para o avanço da reforma.
Roldão Arruda

"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

 

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