Polícia prende estudantes de medicina por fraudar vestibulares22/11/2005 - 20h52PAULO PEIXOTOda
Agência Folha, em Belo Horizonte
Três estudantes de medicina de universidades federais do Nordeste foram presos em flagrante no domingo (20), em Montes Claros (MG), acusados de tentar fraudar o vestibular de medicina da Funorte (Faculdades Unidas do Norte de Minas).
Contratados para fazer provas para candidatos inscritos no vestibular, eles foram descobertos por causa do teste de segurança por impressões digitais.
Foram presos uma estudante do quinto período de medicina da UFB (Universidade Federal da Paraíba) e dois estudantes do terceiro período de medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará). A polícia suspeita que eles foram contratados por um agenciador que integra uma rede de fraudadores com atuação no país.
O advogado dos estudantes, Jefferson Maria de Souza, disse não acreditar nessa versão. Ele afirmou que os três fizeram "uma besteira, uma bobagem, por causa de R$ 1.500, R$ 2.000", sendo que "não precisavam disso".
Na tarde desta terça-feira, Souza entrou com pedido de liberdade provisória. Ele disse que os estudantes estão arrependidos e, por causa de um "deslize", não merecem ficar na cadeia.
Funorte
O presidente da instituição privada de ensino, Ruy Muniz, disse que o sistema de segurança foi implantado pela primeira vez neste ano para os candidatos dos cursos de medicina e enfermagem por causa do grande número de inscritos (cerca de 1.300). Optou-se, então, por colher, na folha de respostas, a assinatura e a impressão digital do candidato.
Um fiscal na sala onde o exame era realizado fazia a conferência com o xerox da carteira de identidade do candidato entregue no ato da inscrição. Havendo discrepância, o fiscal encaminhava as digitais para um perito fazer o exame de dactiloscopia. Um dos suspeitos foi flagrado assim.
Uma estudante suspeita ficou nervosa ao ter que colocar a sua digital na folha de respostas da prova, pediu para ir ao banheiro e não retornou. Segundo Muniz, ela foi vista pulando a grade do prédio da faculdade. A polícia foi acionada, localizando a moça em um hotel da cidade. Também em um hotel foi preso o terceiro suspeito.
O delegado Renato Luiz Pena disse que os estudantes se negaram a prestar esclarecimentos na delegacia, usando do direito de falar apenas perante o juiz. Haveria mais dois estudantes que conseguiram fugir. A polícia tenta identificá-los, assim como o agenciador.
Os três candidatos que seriam beneficiados já foram identificados. Um foi preso em flagrante, e os outros dois, já identificados, ficaram de se apresentar hoje à polícia. Segundo o delegado, os candidatos podem ter pago até R$ 30 mil para serem beneficiados.
Todos eles responderão por formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e uso de documento falso. A Funorte não anulou as provas.
Folha Online