Autor Tópico: Venezuela no Mercosul  (Lida 1194 vezes)

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Offline Claudio Loredo

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Venezuela no Mercosul
« Online: 24 de Novembro de 2005, 09:16:09 »
Reunidos, Kirchner e Chávez tratam da ampliação do bloco

Fonte: http://agenciacartamaior.uol.com.br//agencia.asp?coluna=reportagens&id=3738

Marco Aurélio Weissheimer - Agência Carta Maior em 21/11/2005

Presidentes Kirchner e Chávez estreitam relações político-econômicas e querem acelerar ingresso da Venezuela no Mercosul. País de Chávez pode comprar novo lote de títulos da dívida argentina. Tema preocupa Estados Unidos, pois venezuelano estaria competindo com o FMI na América do Sul.



Os presidentes da Argentina, Nestor Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, realizaram uma reunião de trabalho nesta segunda-feira (21), em Caracas, para aprofundar as alianças econômicas e políticas entre os dois países e acelerar o ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercosul. Atualmente, o bloco sul-americano tem Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai como membros plenos e Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador e Venezuela como associados.

A visita de Kirchner a Venezuela adquiriu um significado político especial após a Cúpula das Américas, realizada na cidade de Mar del Plata, onde os presidentes da Argentina e da Venezuela discordaram publicamente dos Estados Unidos sobre a proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Kirchner colocou-se ao lado de Chávez nas críticas duras à Alca, defendendo também a integração de toda a América Latina em um bloco político e econômico.

Kirchner e Chávez discutiram passos concretos para acelerar essa integração. Entre eles, destaca-se a construção de um gasoduto entre os dois países, projeto que interessa muito ao governo argentino. A obra teria uma extensão de 6 mil quilômetros, com um custo em torno de US$ 10 bilhões. Os dois presidentes também discutiram a assinatura de acordos para o abastecimento de petróleo venezuelano para a Argentina durante o período crítico das colheitas e a participação de empresas argentinas na recuperação da central hidroelétrica venezuelana de Macagua, com um investimento previsto de US$ 223 milhões de dólares.

A balança comercial entre os dois países superou, em 2004, a casa dos US$ 500 milhões e, neste ano, deve chegar a US$ 1 bilhão. Outra medida que estreitou as relações entre Kirchner e Chávez foi a decisão do governo venezuelano de comprar títulos da dívida argentina por US$ 950 milhões. E essa operação pode se repetir.

Os bônus Kirchner
Funcionários do governo argentino afirmaram que Kirchner conversaria com Chávez para que a Venezuela adquirisse mais US$ 3 bilhões de títulos da dívida argentina nos próximos meses. Com esse dinheiro, Kirchner poderia pagar uma substancial parte da dívida de US$ 5 bilhões que a Argentina possui com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que vence até 2007, ano em que conclui seu mandato presidencial. Deste modo, o presidente argentino ficaria numa posição mais forte para negociar e conquistar uma maior autonomia junto ao Fundo.

Chávez, que apelidou esses títulos de “Bônus Kirchner”, vem dizendo que eles são mais confiáveis do que os títulos do Tesouro de “Mister Danger” (Senhor Perigo), o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. A aproximação entre os dois países reforça a posição de Chávez que defende a constituição de uma Aliança Bolivariana das Américas (Alba), como alternativa à Alca.

O ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, disse que o ingresso pleno da Venezuela no Mercosul tem um conteúdo político singularmente importante uma vez que incorpora grande volume em matéria energética ao bloco sul-americano. A Venezuela, junto com a Bolívia, acrescentou o ministro, é a base energética de que necessita o Mercosul para ter um futuro absolutamente livre de qualquer ameaça. “Já temos a potência industrial que é o Brasil e a força agropecuária da Argentina. A inclusão da Venezuela dará ao bloco um horizonte ilimitado”, destacou a autoridade do governo argentino.

Na mesma direção, o chanceler venezuelano, Ali Rodriguez, afirmou que seu país é um grande produtor de energia e a Argentina um grande produtor de alimentos, o que está de acordo com a política de “complementariedade e cooperação” buscada pelo governo Chávez.

EUA acompanham encontro com “muita atenção”
Segundo informações do jornal Clarín, da Argentina, a viagem de Kirchner a Venezuela está sendo acompanhada com “muita atenção” pelo Departamento de Estado dos EUA, pelo Tesouro norte-americano e também pelo FMI. Todo esse interesse prende-se ao fato de que a Venezuela tornou-se um “tema espinhoso” para a política doméstica dos EUA. Chávez, fortalecido pelo dinheiro do petróleo, passou a competir na região com o FMI, comprando títulos da dívida de países vizinhos.

Dois funcionários do governo norte-americano manifestaram ao jornal argentino sua decepção sobre a atuação de Kirchner na Cúpula das Américas. Teriam lamentado fundamentalmente “a maneira pela qual Kirchner se esforçou mais para contentar seus eleitores do que para buscar um consenso para a declaração final da cúpula”. Oficialmente, o Departamento do Estado não se manifestou, cabendo ao presidente do México, Vincent Fox, expressar esse descontentamento.

Nas reuniões fechadas, a Casa Branca manifestou a Kirchner seu desacordo com a política da Argentina em relação a Cuba e com a recusa em conceder imunidade aos soldados norte-americanos. Ainda segundo informações do diário argentino, antes da Cúpula de Mar del Plata, os EUA apostavam que Kirchner poderia ajudar a “conter” Chávez na América Latina. Quebraram a cara e saíram silenciosamente preocupados da Argentina.

Agora, o encontro com Chávez e os novos acordos firmados entre os dois países podem romper esse silêncio em relação a Kirchner. Nos EUA, a ultra-direita republicana e a comunidade cubano-americana vem pressionando o governo a endurecer sua posição em relação a Chávez. A aproximação entre o líder venezuelano e Fidel Castro causa pesadelos nestes setores. Agora, a aproximação de Kirchner com Chávez está deixando-os sem dormir.
Claudio Loredo

Offline Pregador

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Venezuela no Mercosul
« Resposta #1 Online: 24 de Novembro de 2005, 11:34:16 »
O Brasil podia se aproveitar do presidente maluco da Venezuela e sua ultra mega vontade de criar um bloco econômico e conseguir comprar petróleo a preços mais baixos.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Roberto

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Venezuela no Mercosul
« Resposta #2 Online: 25 de Novembro de 2005, 11:33:38 »
Os bônus da dívida argentina são mais confiáveis que o do Tesouro dos EUA?  :shock:
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline 3libras

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Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #3 Online: 25 de Novembro de 2005, 22:05:02 »
é pra quem ja convidou a áfrica do sul pra fazer parte do bloco, venezuela é só fichinha!!!
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Offline Claudio Loredo

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #4 Online: 27 de Novembro de 2005, 14:34:00 »
Citação de: 3libras
é pra quem ja convidou a áfrica do sul pra fazer parte do bloco, venezuela é só fichinha!!!


Eu não sabia que a Africa do Sul havia sido convidada para fazer parte do Mercosul. Interessante, gostaria até de saber mais a respeito.

Acho que será ótimo para o Brasil ter este país como componente do Bloco ou pelo menos parceiro privilegiado, como são hoje Chile e Bolivia.

A Africa do Sul não fica tão longe assim do Brasil e eles possuem um nível econômico semelhante ao nosso e provavelmente possuem muitos bens de trocas interessantes para nós. Além de terem uma identidade cultural parecida com a nossa que somos descendentes de africanos.

Eu não conhecia esta idéia, mas a apóio porque os países pobres  e em desenvolvimento devem se auxiliar mutuamente.
Claudio Loredo

Offline n/a

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #5 Online: 27 de Novembro de 2005, 19:50:51 »
Citação de: Claudio Loredo
Citação de: 3libras
é pra quem ja convidou a áfrica do sul pra fazer parte do bloco, venezuela é só fichinha!!!


Eu não sabia que a Africa do Sul havia sido convidada para fazer parte do Mercosul. Interessante, gostaria até de saber mais a respeito.

Acho que será ótimo para o Brasil ter este país como componente do Bloco ou pelo menos parceiro privilegiado, como são hoje Chile e Bolivia.

A Africa do Sul não fica tão longe assim do Brasil e eles possuem um nível econômico semelhante ao nosso e provavelmente possuem muitos bens de trocas interessantes para nós. Além de terem uma identidade cultural parecida com a nossa que somos descendentes de africanos.

Eu não conhecia esta idéia, mas a apóio porque os países pobres  e em desenvolvimento devem se auxiliar mutuamente.


Nós somos descendentes de africanos?  :o

Offline Südenbauer

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Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #6 Online: 27 de Novembro de 2005, 21:23:48 »
Ele quis dizer que grande parte de nossa população é afrodescendente. Não quis generalizar...

Offline 3libras

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #7 Online: 27 de Novembro de 2005, 21:41:32 »
Citação de: Claudio Loredo
Citação de: 3libras
é pra quem ja convidou a áfrica do sul pra fazer parte do bloco, venezuela é só fichinha!!!


Eu não sabia que a Africa do Sul havia sido convidada para fazer parte do Mercosul. Interessante, gostaria até de saber mais a respeito.

Acho que será ótimo para o Brasil ter este país como componente do Bloco ou pelo menos parceiro privilegiado, como são hoje Chile e Bolivia.

A Africa do Sul não fica tão longe assim do Brasil e eles possuem um nível econômico semelhante ao nosso e provavelmente possuem muitos bens de trocas interessantes para nós. Além de terem uma identidade cultural parecida com a nossa que somos descendentes de africanos.

Eu não conhecia esta idéia, mas a apóio porque os países pobres  e em desenvolvimento devem se auxiliar mutuamente.


chegou a ser cogitado nos tempos do FHC (primeiro mandato ainda se não me engano). mas o resto do mercosul não gostou da idéia.
e realmente só o brasil e em menor escala o uruguai tem alguma relação direta com a África.
antes da áfrica do sul eu preferiria angola e moçambique, aliás eu não entendo por que o brasil não investe para dominar economicamente angola, eles tem grandes reservas de petróleo em aguas profundas e usam tecnologia sueca muito mais cara qeu a brasileira e menos eficaz...
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Offline n/a

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #8 Online: 27 de Novembro de 2005, 21:56:04 »
Citação de: Fernando
Ele quis dizer que grande parte de nossa população é afrodescendente. Não quis generalizar...


E parte eurodescendente, e parte "asiadescendente"... Isso não quer dizer nada.

Offline Südenbauer

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #9 Online: 27 de Novembro de 2005, 22:40:14 »
Citação de: Ricardo M
Citação de: Fernando
Ele quis dizer que grande parte de nossa população é afrodescendente. Não quis generalizar...


E parte eurodescendente, e parte "asiadescendente"... Isso não quer dizer nada.

Quer dizer que, no contexto que ele colocou, compartilhamos  heranças culturais.

Offline n/a

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Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #10 Online: 27 de Novembro de 2005, 22:42:37 »
Assim como compartilhamos com os europeus e asiáticos, Fernando. Aliás, nossa cultura é dezenas de vezes mais européia do que africana.

Offline Rodion

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Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #11 Online: 27 de Novembro de 2005, 23:28:24 »
nossas instituições, isso acho mais importante...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Claudio Loredo

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #12 Online: 28 de Novembro de 2005, 14:16:00 »
Citação de: Fernando
Ele quis dizer que grande parte de nossa população é afrodescendente. Não quis generalizar...


Sim, foi exatamente isto que quis dizer. Ou seja, temos afinidades culturais com a Africa do Sul. O que facilita a integração dos dois países.
Claudio Loredo

Offline Claudio Loredo

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Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #13 Online: 28 de Novembro de 2005, 14:21:42 »
Tanto a Africa do Sul, como a Venenzuela, já participam de outros blocos econômicos.

A Venezuela participa do Bloco da Comunidade Andina que reúne: Bolívia, Equador, Colômbia, Peru e Venenzuela. Provavelmente o Bloco Andino e o Mercosul devem se unir e formar um só bloco econômico que pretende reunir todos os países latino americanos.

Já a Africa do Sul participa de outro bloco econômico, o SADC, que reúne quatorze países do sul da Africa, dentre os quais Angola e Moçambique.

É interessante para o Mercosul, especialmente o Brasil, realizar uma maior integração com o SADC.
Claudio Loredo

Offline Südenbauer

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Re: Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #14 Online: 28 de Novembro de 2005, 17:20:32 »
Citação de: Ricardo M
Assim como compartilhamos com os europeus e asiáticos, Fernando. Aliás, nossa cultura é dezenas de vezes mais européia do que africana.

Mas e daí? Não vejo onde tudo isso desmerece o que ele escreveu...


 :?

Offline n/a

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Re.: Venezuela no Mercosul
« Resposta #15 Online: 29 de Novembro de 2005, 00:37:29 »
Bom, isso não importa muito também. Deixemos para lá.  :wink:

Offline Unknown

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Re: Venezuela no Mercosul
« Resposta #16 Online: 16 de Dezembro de 2009, 20:00:39 »
E o congresso finalmente aprovou...
Citação de: [url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/10/091028_venezuelamercosulqanda_ac.shtml]BBC Brasil[/url]
Entenda o que muda com a Venezuela no Mercosul

O Senado brasileiro aprovou, nesta terça-feira, o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. A decisão ocorre depois de meses de discussões entre parlamentares governistas e de oposição.

Com a aprovação do Senado, o ingresso efetivo do país no bloco passa a depender apenas do Congresso paraguaio, que esperava a decisão do Brasil para votar.

O protocolo foi assinado em 2006 e deve ser aprovado por todos os integrantes para que o país se torne um membro integral do bloco. Argentina e Uruguai já ratificaram o ingresso da Venezuela no Mercosul.

Abaixo, a BBC Brasil responde a algumas perguntas sobre os impactos da entrada da Venezuela no Mercosul.

Que impacto a entrada da Venezuela no Mercosul deverá ter no bloco e nas relações com outros países?

Setores contrários à entrada da Venezuela no Mercosul afirmam que o governo do presidente Hugo Chávez deixa a desejar em relação ao respeito aos princípios democráticos e que a adesão de seu país pode ser prejudicial ao bloco.

De acordo com analistas consultados pela BBC Brasil, o estilo "personalista" de Chávez pode ser motivo de temor em alguns países da região.

"É um tipo de governo que, de alguma forma, traz outro comportamento para dentro do Mercosul", diz Sônia de Carmago, professora da PUC-Rio. Segundo ela, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma atuação "agregadora" em política externa, o presidente venezuelano é mais intempestivo e cultiva um "nacionalismo exacerbado".

José Alexandre Hage, professor de Relações Internacionais da Trevisan Escola de Negócios, questiona ainda como o bloco irá agir diante de problemas que a Venezuela tradicionalmente tem, como os conflitos com a Colômbia.

"Se a Venezuela entra no Mercosul, de certa forma estamos corroborando os problemas dela. E a rivalidade que a Venezuela tem com a Colômbia, por exemplo? Como fica o bloco?", questiona.

O discurso antiamericano do presidente da Venezuela também é visto por alguns como um problema, e há o temor de que possa prejudicar as relações do bloco com os Estados Unidos. "Uma alta dose de Chávez no Mercosul pode aumentar uma ideologização antiamericana", diz Hage.

Há ainda o temor de que a presença da Venezuela prejudique as negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

No entanto, o argumento dos defensores do ingresso da Venezuela no Mercosul é o de que não se pode impedir a entrada do povo venezuelano no bloco devido à atual circunstância política e que deixar o governo Chávez isolado seria pior.

"O problema não é a Venezuela, todo mundo quer que a Venezuela faça parte do Mercosul. O problema é o governo Chávez", diz Georges Landau, conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

A Venezuela deve se beneficiar da integração comercial com o Mercosul. De acordo com alguns analistas, também o bloco teria benefícios com o ingresso do país.

"Do ponto de vista de se criar um bloco político mais coeso, a entrada da Venezuela pode ajudar. De certa forma, os países que compõem o Mercosul são muito parecidos na essência, com governos de centro-esquerda, com traços de um certo nacionalismo. O Chávez é um pouco mais denso nesse nacionalismo, isso pode dar ao bloco um pouco mais de consistência", afirma Hage.

O ingresso da Venezuela no Mercosul pode aumentar o poder de influência de Hugo Chávez na região?

Alguns analistas afirmam que o ingresso da Venezuela no Mercosul dará a Chávez mais poder de influência na região. O país, que já integra a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), ganharia um palco importante.

"Aumenta o grau de projeção de Chávez, tem muito mais espaço de articulação", diz Hage. "Ganharia um palco muito melhor que Unasul e Alba, que são expectativas, enquanto o Mercosul, apesar da crise, realmente existe."

Como os venezuelanos veem a adesão do país ao bloco?

Um dos principais opositores de Chávez, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, esteve no Brasil em outubro e defendeu a aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. O líder opositor disse que o povo venezuelano não pode ser punido com o isolamento por causa do governo Chávez.

Além disso, há a expectativa de que, com a entrada da Venezuela, aumente o poder de pressão do Mercosul sobre o governo Chávez, para que cumpra pré-requisitos democráticos. Em uma audiência no Senado, Ledezma disse que a adesão da Venezuela ao Mercosul seria uma chance de "enquadrar" Chávez.

O Protocolo de Ushuaia, parte do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, afirma que "a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração" do bloco. Em caso de não cumprimento das cláusulas democráticas, um país pode sofrer suspensão.

"A Venezuela é uma democracia em termos formais, mas tem uma forma de governo muito autoritária", diz Sonia de Camargo.

No entanto, alguns analistas afirmam que os resultados práticos desse tipo de pressão por parte do Mercosul podem ficar aquém do esperado. "Não há mecanismos para isso, porque o Mercosul é muito pouco institucionalizado", diz Hage.

Apesar das limitações, alguns defensores do ingresso da Venezuela no Mercosul afirmam que é melhor ter o país no bloco, atendendo a algumas regras, do que independente e sem controle.

Qual o impacto econômico da adesão da Venezuela ao Mercosul?

No ano passado, a balança comercial do Brasil com a Venezuela alcançou US$ 5,7 bilhões, com superávit de US$ 4,6 bilhões para o Brasil.

Desde 2007, o Brasil passou a ser o segundo sócio comercial do país, ficando atrás somente dos Estados Unidos, principal consumidor do petróleo venezuelano.

A Venezuela importa 70% do que consome, a maior parte da Colômbia e dos Estados Unidos. Defensores afirmam que o ingresso do país no Mercosul traria vantagens econômicas e fortaleceria o PIB do bloco. Também estenderia o bloco para o norte da América do Sul, com influência na região caribenha e benefícios para os Estados da região norte do Brasil.

Para fazer parte do Mercosul, a Venezuela tem de cumprir critérios, entre eles a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), vigente no comércio do bloco. Críticos afirmam que a Venezuela ainda não cumpriu esses critérios e não aceitou o tratado de tarifas comuns com terceiros países.

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

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