Concorrência predatória?por João Luiz Mauad em 25 de novembro de 2005
Resumo: Nada mais falso que a surrada máxima esquerdista, segundo a qual o objetivo do capitalismo é proteger os interesses dos capitalistas. No verdadeiro capitalismo, o grande beneficiado é o consumidor.
© 2005 MidiaSemMascara.org
A retórica anticapitalista, aproveitando-se da obscena estupidez das massas, costuma nivelar a competição econômica, inerente e necessária ao sistema de livre mercado, à competição predatória subsistente no reino animal, descrita por Charles Darwin quando formulou a sua "Teoria da Seleção Natural". O primeiro a desmontar, peça por peça, esse insidioso sofisma foi Ludwig Von Mises, mostrando que as duas situações são completa e rigorosamente distintas. Segundo o austríaco, enquanto as espécies animais competem por meios de sobrevivência fornecidos exclusivamente pela natureza, cuja quantidade não podem aumentar, o homem, em virtude de sua razão, tem a capacidade de incrementar a provisão de tudo quanto a sua sobrevivência e bem estar dependam.
Diferentemente dos leões das savanas africanas, que brigam entre si por uma quantidade limitada de presas, utilizando-se para tanto dos seus sentidos, suas garras e suas poderosas mandíbulas, os empresários, numa economia livre, competem por uma quantidade limitada de dinheiro nas mãos dos consumidores, oferecendo a esses os melhores e mais baratos produtos que as suas mentes e o seu trabalho podem conceber. Trata-se, assim, de uma competição pela geração positiva de riqueza (nova e adicional), onde inexiste, a longo prazo, perdedores, mas somente ganhadores.
A verdadeira competição capitalista, que, sublinhe-se, só floresce em toda a sua plenitude num ambiente sem restrições à atividade econômica privada e dentro de um sistema formal que defenda de maneira intransigente o direito à propriedade e o respeito aos contratos, não é outra coisa senão o esforço que fazem empresas e indivíduos para conseguir os favores de seus clientes. Esses esforços, por serem dirigidos no sentido de satisfazer os desejos dos outros, trazem como resultado menores preços e melhor qualidade de produtos e serviços, além de estimular o progresso tecnológico ao fomentar enfoques científicos alternativos para os problemas industriais. Em síntese, a competição capitalista, cujo principal elemento propulsor é a busca incessante pelo lucro, transforma os consumidores em senhores e os empresários em servidores.
Os especialistas em desinformação e seus acólitos gostam de repetir que quando há concorrência os pequenos desaparecem, absorvidos pelos grandes. Ignoram que a competição propicia a especialização, com as empresas menores competindo com as maiores por "nichos" específicos, no interior dos quais possam prosperar. Talvez o melhor exemplo disso seja as pequenas lanchonetes, que competem (com relativo sucesso) com as grandes cadeias de "fast-food".
Um exemplo brasileiro clássico das vantagens da concorrência está no setor da telefonia móvel. Ninguém discute o fato de que todas as empresas que operam hoje no mercado brasileiro têm um propósito muito bem definido, que é o de ganhar dinheiro para os seus acionistas através dos serviços que prestam. É certo, também, que qualquer uma delas, caso operasse num mercado monopolista, não hesitaria um segundo antes de arbitrar preços tão altos quanto fosse possível, sem qualquer preocupação com a qualidade serviços, tal qual ocorria no tempo em que só havia a famigerada Telebrás e suas estrambóticas subsidiárias. Entretanto, com o advento da livre concorrência naquele setor, há poucos anos, as coisas começaram a mudar, para deleite dos consumidores. As ofertas de novos planos, cada vez mais em conta, tornaram-se freqüentes. O serviço ficou accessível para todas as classes sociais e hoje é raríssimo, pelo menos no meio urbano, alguém que não ande com um telefone celular no bolso. Os preços são sempre menores e a qualidade melhora dia após dia. A competição pelo nosso dinheiro é feroz. Cada nova companhia que se instala no mercado melhora a oferta de benefícios para o usuário, seja disponibilizando tecnologias alternativas ou simplesmente barateando os serviços já existentes. Nunca se falou tanto ao telefone e pagou-se tão pouco por isso.
Talvez a alguns surpreenda saber que uma boa parte dos empresários detesta a competição e, por extensão, o livre mercado, razão pela qual nos acostumamos a vê-los, rotineiramente, ao redor dos políticos e burocratas, para que os protejam daquilo que eles próprios apelidaram de "concorrência predatória". Esse empresariado covarde sabe que é precisamente o governo o único que pode colocar em risco a magia da livre concorrência e impedir os seus efeitos benéficos sobre os consumidores e a economia como um todo. Isto ocorre sempre que políticos e burocratas atuam discricionariamente para favorecer alguns em detrimento de muitos, seja sob a égide da proteção ao produto nacional, da preservação dos empregos ou a que título for. Já dizia o presidente Reagan: "a melhor política industrial de um governo é não ter nenhuma política industrial". Sábias palavras.
A ingerência dos governos nos mercados é um erro cruel, que provoca graves prejuízos à economia de qualquer país. É por isso que o melhor que podem fazer os governantes sérios e realmente comprometidos com o desenvolvimento é manterem-se à margem das disputas entre empresas. Sua interferência será bem vinda apenas quando for para estimular a competição.
É preciso, portanto, desmistificar a surrada máxima esquerdista, repetida amiúde pelos adoradores do Leviatã, segundo a qual o objetivo do capitalismo é proteger os interesses dos capitalistas. Nada mais falso. No verdadeiro capitalismo, o grande beneficiado é o consumidor.
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4335[/list:u]