Autor Tópico: Concorrência predatória  (Lida 2166 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Rhyan

  • Visitante
Concorrência predatória
« Online: 26 de Novembro de 2005, 10:18:55 »
    Concorrência predatória?
    por João Luiz Mauad em 25 de novembro de 2005

    Resumo: Nada mais falso que a surrada máxima esquerdista, segundo a qual o objetivo do capitalismo é proteger os interesses dos capitalistas. No verdadeiro capitalismo, o grande beneficiado é o consumidor.

    © 2005 MidiaSemMascara.org


    A retórica anticapitalista, aproveitando-se da obscena estupidez das massas, costuma nivelar a competição econômica, inerente e necessária ao sistema de livre mercado, à competição predatória subsistente no reino animal, descrita por Charles Darwin quando formulou a sua "Teoria da Seleção Natural".  O primeiro a desmontar, peça por peça, esse insidioso sofisma foi Ludwig Von Mises, mostrando que as duas situações são completa e rigorosamente distintas.  Segundo o austríaco, enquanto as espécies animais competem por meios de sobrevivência fornecidos exclusivamente pela natureza, cuja quantidade não podem aumentar, o homem, em virtude de sua razão, tem a capacidade de incrementar a provisão de tudo quanto a sua sobrevivência e bem estar dependam.

    Diferentemente dos leões das savanas africanas, que brigam entre si por uma quantidade limitada de presas, utilizando-se para tanto dos seus sentidos, suas garras e suas poderosas mandíbulas, os empresários, numa economia livre, competem por uma quantidade limitada de dinheiro nas mãos dos consumidores, oferecendo a esses os melhores e mais baratos produtos que as suas mentes e o seu trabalho podem conceber.  Trata-se, assim, de uma competição pela geração positiva de riqueza (nova e adicional), onde inexiste, a longo prazo, perdedores, mas somente ganhadores.

    A verdadeira competição capitalista, que, sublinhe-se, só floresce em toda a sua plenitude num ambiente sem restrições à atividade econômica privada e dentro de um sistema formal que defenda de maneira intransigente o direito à propriedade e o respeito aos contratos, não é outra coisa senão o esforço que fazem empresas e indivíduos para conseguir os favores de seus clientes.  Esses esforços, por serem dirigidos no sentido de satisfazer os desejos dos outros, trazem como resultado menores preços e melhor qualidade de produtos e serviços, além de estimular o progresso tecnológico ao fomentar enfoques científicos alternativos para os problemas industriais. Em síntese, a competição capitalista, cujo principal elemento propulsor é a busca incessante pelo lucro, transforma os consumidores em senhores e os empresários em servidores.

    Os especialistas em desinformação e seus acólitos gostam de repetir que quando há concorrência os pequenos desaparecem, absorvidos pelos grandes.  Ignoram que a competição propicia a especialização, com as empresas menores competindo com as maiores por "nichos" específicos, no interior dos quais possam prosperar.  Talvez o melhor exemplo disso seja as pequenas lanchonetes, que competem (com relativo sucesso) com as grandes cadeias de "fast-food".

    Um exemplo brasileiro clássico das vantagens da concorrência está no setor da telefonia móvel. Ninguém discute o fato de que todas as empresas que operam hoje no mercado brasileiro têm um propósito muito bem definido, que é o de ganhar dinheiro para os seus acionistas através dos serviços que prestam. É certo, também, que qualquer uma delas, caso operasse num mercado monopolista, não hesitaria um segundo antes de arbitrar preços tão altos quanto fosse possível, sem qualquer preocupação com a qualidade serviços, tal qual ocorria no tempo em que só havia a famigerada Telebrás e suas estrambóticas subsidiárias. Entretanto, com o advento da livre concorrência naquele setor, há poucos anos, as coisas começaram a mudar, para deleite dos consumidores.  As ofertas de novos planos, cada vez mais em conta, tornaram-se freqüentes.  O serviço ficou accessível para todas as classes sociais e hoje é raríssimo, pelo menos no meio urbano, alguém que não ande com um telefone celular no bolso. Os preços são sempre menores e a qualidade melhora dia após dia.  A competição pelo nosso dinheiro é feroz.  Cada nova companhia que se instala no mercado melhora a oferta de benefícios para o usuário, seja disponibilizando tecnologias alternativas ou simplesmente barateando os serviços já existentes.  Nunca se falou tanto ao telefone e pagou-se tão pouco por isso.

    Talvez a alguns surpreenda saber que uma boa parte dos empresários detesta a competição e, por extensão, o livre mercado, razão pela qual nos acostumamos a vê-los, rotineiramente, ao redor dos políticos e burocratas, para que os protejam daquilo que eles próprios apelidaram de "concorrência predatória".  Esse empresariado covarde sabe que é precisamente o governo o único que pode colocar em risco a magia da livre concorrência e impedir os seus efeitos benéficos sobre os consumidores e a economia como um todo.  Isto ocorre sempre que políticos e burocratas atuam discricionariamente para favorecer alguns em detrimento de muitos, seja sob a égide da proteção ao produto nacional, da preservação dos empregos ou a que título for.  Já dizia o presidente Reagan: "a melhor política industrial de um governo é não ter nenhuma política industrial". Sábias palavras.

    A ingerência dos governos nos mercados é um erro cruel, que provoca graves prejuízos à economia de qualquer país.  É por isso que o melhor que podem fazer os governantes sérios e realmente comprometidos com o desenvolvimento é manterem-se à margem das disputas entre empresas.  Sua interferência será bem vinda apenas quando for para estimular a competição.

    É preciso, portanto, desmistificar a surrada máxima esquerdista, repetida amiúde pelos adoradores do Leviatã, segundo a qual o objetivo do capitalismo é proteger os interesses dos capitalistas.  Nada mais falso. No verdadeiro capitalismo, o grande beneficiado é o consumidor.
    http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4335
    [/list:u]

    Offline Luis Dantas

    • Nível Máximo
    • *
    • Mensagens: 15.195
    • Sexo: Masculino
    • Morituri Delendi
      • DantasWiki
    Re.: Concorrência predatória
    « Resposta #1 Online: 26 de Novembro de 2005, 10:26:16 »
    Concordo parcialmente.  A esquerda tende a resvalar na paranóia, sim, mas há coisas que tem de ser regulamentadas por um órgão governamental.  Considerações ecológicas e de saúde, por exemplo.

    Outra coisa, que muitos não vão querer aceitar, é que não dá para manter crescimento econômico indefinidamente.  Uma hora os recusos naturais simplesmente se esgotam.
    Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
    The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

    Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

    Offline Rodion

    • Nível Máximo
    • *
    • Mensagens: 9.872
    Re: Re.: Concorrência predatória
    « Resposta #2 Online: 26 de Novembro de 2005, 12:55:09 »
    Citação de: Luis Dantas
    Concordo parcialmente.  A esquerda tende a resvalar na paranóia, sim, mas há coisas que tem de ser regulamentadas por um órgão governamental.  Considerações ecológicas e de saúde, por exemplo.

    Outra coisa, que muitos não vão querer aceitar, é que não dá para manter crescimento econômico indefinidamente.  Uma hora os recusos naturais simplesmente se esgotam.


    ou não. não subestime o avanço tecnológico  :)
    a retórica é bonita, mas concordo parcialmente, também. vejo muitas virtudes no livre comércio e na ausência da pentelhação estatal, mas estado mínimo é diferente de estado nenhum. se puderem ser cortados impostos e ações desnecessárias, ótimo (muito ajuda quem não atrapalha). mas também sempre há exceções... sem as considerar, corremos o risco de ser dogmáticos.

    e o que eu digo... o brasil precisa de menos estado e mais governo  :)
    "Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

    Rhyan

    • Visitante
    Re: Re.: Concorrência predatória
    « Resposta #3 Online: 26 de Novembro de 2005, 18:10:49 »
    Citação de: Luis Dantas
    Concordo parcialmente.  A esquerda tende a resvalar na paranóia, sim, mas há coisas que tem de ser regulamentadas por um órgão governamental.  Considerações ecológicas e de saúde, por exemplo.

    Concordo e não imagino como poderia ser diferente.

    Citação de: Luis Dantas
    Outra coisa, que muitos não vão querer aceitar, é que não dá para manter crescimento econômico indefinidamente.  Uma hora os recusos naturais simplesmente se esgotam.

    Não sei. Acho que a criatividade humana e sua tecnologia podem reduzir bastante esse problema. E lembre que há alguns recursos naturais inesgotáveis.


    Citação de: bruno
    a retórica é bonita, mas concordo parcialmente, também. vejo muitas virtudes no livre comércio e na ausência da pentelhação estatal, mas estado mínimo é diferente de estado nenhum. se puderem ser cortados impostos e ações desnecessárias, ótimo (muito ajuda quem não atrapalha). mas também sempre há exceções... sem as considerar, corremos o risco de ser dogmáticos.

    e o que eu digo... o brasil precisa de menos estado e mais governo

    O autor do texto defendeu uma política de estado reduzido e não um anarco-capitalismo. Ou vc quis dizer que as vezes o Estado pode intervir positivamente na economia?

    Offline Rodion

    • Nível Máximo
    • *
    • Mensagens: 9.872
    Re.: Concorrência predatória
    « Resposta #4 Online: 26 de Novembro de 2005, 23:17:55 »
    Citar
    O autor do texto defendeu uma política de estado reduzido e não um anarco-capitalismo. Ou vc quis dizer que as vezes o Estado pode intervir positivamente na economia?

    sim. não considero erros todas as intervenções estatais.
    "Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

    Offline Luis Dantas

    • Nível Máximo
    • *
    • Mensagens: 15.195
    • Sexo: Masculino
    • Morituri Delendi
      • DantasWiki
    Re.: Concorrência predatória
    « Resposta #5 Online: 27 de Novembro de 2005, 02:20:32 »
    Respondendo aos dois: eu não vejo como simples avanço tecnológico possa contornar os fatos de que o ser humano tem se tornado tão consumista, exigindo tantos recursos simultaneamente, muitos dos quais não apenas são esgotáveis como ainda por cima tem sido consumidos a níveis nunca praticados antes.

    Além do mais, o planeta é finito, a população e muitas formas de consumo tem aumentado avassaladoramente.
    Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
    The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

    Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

    Offline Zibs

    • Nível 21
    • *
    • Mensagens: 727
    Re.: Concorrência predatória
    « Resposta #6 Online: 27 de Novembro de 2005, 05:14:45 »
    Eu concordo parcialmente tambem.O capitalismo, tanto do ponto de vista do fabricante/produtor, como consumidor, se resume/embasa, na essencia, a um aspecto da personalidade humana nao muito controlavel: a ambicao.Se por um lado este característico pode propiciar inovacoes tecnologicas e benesses à vida humana, por outro, quando do exagero desmesurado e acarretador da falta de escrúpulos, o colapso do sistema sob as mais demasiadas formas: ambiental, social, "cultural", etc, gerando-se distorcoes que afetam um processo sustentavel de progresso - equilibrio.
    A unica diferenca entre consumidor/produtor, no tocante à analise da ambicao, é que o consumidor pode optar ou nao por ser ambicioso(e geralmente é), ja o produtor a ambicao é uma necessidade, sob pena de ser "engolido" por um maior.É o jargao: fique maior primeiro e a todo custo antes que leve o seu posto..

    Quanto aos colapsos,

    Ambiental nao preciso citar referencias...
    Social idem, diante da desigualdade sob a otica mundial - e que nao acredito na possibilidade de nivelacao se o turbo-capitalismo continuar caminhando do jeito que ta.
    Cultural, no exemplo mais classico, esta no apego a valores superficiais em detrimento de funcionais: troco minha bmw por uma mercedez ou um porshe, e coisas do tipo que vemos por ai...é a industria das futilidades...

    Os valores filosoficos inquebrantaveis, como a liberdade, fraternidade, e igualdade, ate agora nao parece prosperar neste tipo de sistema...
    A verdade, em sua essencia, se manifesta sob diferentes roupagens.Sabedoria é comunica-la usando-se da veste do seu interlocutor.

     

    Do NOT follow this link or you will be banned from the site!