Agora a pouco, bateu um sr. na minha porta.
Boa aparência, muito humilde, bom vocabulário.
Contou-me que está indo para Niterói (R.J), vindo de praia grande. Ele transmitia humildade e simplicidade em suas palavras.
Em sua antiga bicicleta, uma mala grande.
Mostrou algumas roupas, uma garrafa de água e um pacote de biscoitos. Mostrou também o endereço dos parentes em Niterói.
Pretende chegar ao Rio em cerca de 3 dias.
Com dificuldades financeiras, está indo para a casa da família.Contou que trabalhava em uma mercearia, mas esta fechou. Ficou 2 meses procurando emprego até que sua família o chamou para morar com eles.
- Esse país é um absurdo. Tudo é muito caro. Preciso viajar e não tenho dinnheiro para ir de ônibus.E roubar eu não roubaria sob hipótese alguma. Então, vou de bicicleta...
Este sr. veio do litoral até aqui, São José, boa parte do percurso empurrando a bicicleta.
Enfim, perguntou se eu tinha algum calçado velho, para poder pedalar melhor até o Rio. Tinha pedido em várias casas, e ninguém quis ajudar. Estava usando um par de sapatos realmente velho.
Dei um par de tênis relativamente velho, mas em bom estado.
Desejei-o boa viagem e cautela com os carros.
Quando o vi tomando o caminho da Dutra, me lembrei como é complicado viver em um país aonde 56 milhões de pessoas vivem com menos de 150 reais por mês.