Autor Tópico: Quando o Sol bater na janela do seu quarto  (Lida 1009 vezes)

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Offline Südenbauer

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Online: 08 de Dezembro de 2005, 14:02:04 »
Quando o Sol bater na janela do seu quarto[/size]

Por Salvador Nogueira

Quando eu era pequeno, vivia transtornado com a idéia de que a Terra fosse ser destruída em mais uns 5 ou 6 bilhões de anos. Mesmo sabendo que naquele futuro longínquo nem os meus descendentes mais remotos poderiam sofrer com as conseqüências, aquilo me incomodava. Com o tempo, no entanto, fui aceitando que é assim que as coisas são; o Sol, hoje benevolente, não pode ser responsabilizado pelo que vai acontecer. É a sua natureza.

Estrelas, como o Sol, são imensas bolas de gás compostas principalmente por hidrogênio. Em seu núcleo, devido à violenta pressão, esses átomos de hidrogênio começam a colar uns nos outros, no processo de fusão nuclear. É essa energia produzida de fora para dentro que compensa a gravidade do gigantesco objeto (de dentro para fora) e mantém o Sol estável, com o mesmo tamanho e capaz de brilhar.

Claro, a quantidade de hidrogênio no centro solar é finita. Quando acaba, o núcleo volta a ser contraído até que a pressão leve os átomos de hélio (resultantes da fusão do hidrogênio) a serem também fundidos. A energia liberada é maior, e as camadas externas do Sol acabam se expandindo. A estrela se agiganta e fica mais fria --o calor está mais "diluído" em seu interior, que cresceu. Por isso, ela fica vermelha (basta olhar uma chama de vela para entender: a região vermelha da chama é a mais fria, a azul é a mais quente, e entre as duas encontramos a amarela).

Quando o Sol for essa gigante vermelha, daqui a uns 5 ou 6 bilhões de anos, seu tamanho atingirá a órbita da Terra. Ou seja, os três primeiros planetas do Sistema Solar estarão dentro da estrela e, portanto, serão desintegrados. É o fim da história.

Claro, vale aplicar uma pitada de sal cósmica à catástrofe: 6.000.000.000 anos é muuuuito tempo. A espécie humana só existe há uns 180 mil anos. É improvável que estejamos por aqui para testemunhar a destruição da Terra.

Mas e se a desgraça viesse em 1 bilhão de anos apenas?

É o que sugerem os cientistas norte-americanos Peter Ward e Donald Brownlee, autores de "The Life and Death of Planet Earth" (Vida e morte do planeta Terra), livro ainda não-publicado no Brasil. Eles apontam que o Sol, embora ainda esteja em seu estado "normal" (ou seja, convertendo hidrogênio em hélio), aumenta gradualmente sua atividade. Esquenta. E, em 1 bilhão de anos, o aumento de temperatura será suficiente para fazer evaporar toda a água na superfície da Terra. Sem água, sem vida. O mundo inteiro seria esterilizado, como fazemos ao ferver água no fogão de casa.

O que Ward e Brownlee querem dizer com seu livro é que não só vivemos num planeta especial mas também vivemos numa época especial --o período em que nosso planeta é habitável. Não vai durar para sempre. E, do ponto de vista da vida, o fato de restar "apenas" 1 bilhão de anos indica que os melhores anos certamente já se foram. Estima-se que as primeiras formas de vida tenham surgido ao redor de 4 bilhões de anos atrás. Se a vida como um todo vivesse cem anos, poderíamos dizer que ela já está chegando agora aos 80. (Uma senhora idosa, sem dúvida.)

Como ser humano, eu não gosto dessa idéia. Como forma de vida, menos ainda. Quero mais tempo. E aí é que dá gosto ser uma criatura inteligente, capaz de apreender as leis da física e, com isso, manipulá-las. "Não contavam com minha astúcia!", já dizia o Polegar Vermelho. Ou melhor, três astrônomos americanos que parecem ter a resposta para salvar a Terra. Basta que a troquemos de órbita, ora bolas!

Hoje em dia, é um sofrimento empurrar até um simples foguete para uma órbita além da Terra no Sistema Solar --embora façamos isso com razoável sucesso e regularidade. Imagine só empurrar um planeta inteiro até lá! Então como diabos Donald Korycansky, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, Gregory Laughlin, do Centro de Pesquisa Ames da Nasa, e Fred Adams, da Universidade de Michigan, pretendem executar essa façanha?

A idéia é dar uma de Robin Hood cósmico, roubando energia de alguns astros e transferindo-a para a pobre Terra. O segredo para fazer isso seria desviar algum astro distante, como um cometa, para as imediações terrestres. Ao passar de raspão pelo planeta, ele seria atraído gravitacionalmente e, portanto, acelerado (o mesmo efeito que ajuda naves espaciais a chegarem aos confins do Sistema Solar depois de uma passagem de raspão pelo planeta Júpiter, no chamado efeito estilingue). O que ninguém costuma levar em conta é que o efeito é mútuo: enquanto o cometa, que é menor, acaba sendo muito mais acelerado pela força gravitacional, a Terra seria apenas ligeiramente empurrada na direção contrária --ampliando de leve sua órbita ao redor do Sol. (Sim, cada espaçonave que passa por Júpiter traz aquele gigante gasoso para mais perto de nós, ainda que o efeito seja negligenciável, considerando os tamanhos da sonda e do planeta em questão.)

Segundo Korycansky, Laughlin e Adams, seria preciso realizar esse procedimento a cada 6.000 anos aproximadamente, para aos poucos "erguer" a órbita terrestre e evitar a fritura do planeta em 1 bilhão de anos. Claro, a longo prazo, isso também evitaria que ele fosse consumido dentro do Sol quando ele se convertesse numa gigante vermelha.

Nesta fase final, mesmo salva, a Terra seria inabitável --muito perto de sua estrela para evitar a esterilização. Mas estou certo de que, se os humanos conseguirem manter um esforço contínuo de salvação do planeta com uma intervenção a cada 6.000 anos, eles também serão capazes de estabelecer colônias em outros mundos; com o tempo, possivelmente até mesmo ao redor de outras estrelas.

Depois que o pior passar, e o Sol se retrair numa anã branca (quando for incapaz de fazer fusão com qualquer elemento químico, a gravidade tomará conta e fará com que ele encolha a um tamanho muito pequeno), a Terra ainda estará por aqui, como um mundo gélido e sem vida. Ainda assim, terá os resquícios do berço de uma civilização que transcendeu o tempo de vida de seu próprio planeta.

Daqui a vários bilhões de anos, haverá muito trabalho para as expedições arqueológicas humanas à Terra. A despeito de toda a sabedoria e de todo o poder adquiridos, e dos éons transcorridos, o homem prosseguirá em sua eterna busca, à procura de respostas sobre suas próprias origens.

Offline Felius

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Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #1 Online: 09 de Dezembro de 2005, 14:37:01 »
Com sorte em meio bilhão de anos nós ja teremos tecnologia para mover a terra toda, se não mover todos os seres humanos. Isto é se nós não nos destruirmos primeiro.
"The patient refused an autopsy."

Offline Sky Kunde

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #2 Online: 09 de Dezembro de 2005, 16:07:55 »
Há! Mais uns meros 200 anos e seremos virtualmente inextingüíveis  8-)
"Vaidade de vaidades; tudo é vaidade" - Eclesiastes 01:02

O Pensador

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #3 Online: 09 de Dezembro de 2005, 17:30:25 »
Se conseguirmos transferir nossa consciência para chips de computador,
armazenando-a na memória virtual,talvez possamos renascer em um tubo de ensaio,uma fertilizaçâo em vitro ou outro método parecido.Embora eu nâo acredite que isso seja possível,é uma teoria interessante.

Agora,nunca evitaremos a extinçâo da Terra :cry: .Para sobreviver teríamos que habitar em outro planeta de características semelhantes.

Offline Diego

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Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #4 Online: 09 de Dezembro de 2005, 19:22:29 »
Pra que tanto trabalho?
deixa o sol "comer" a terra e pronto.

E eu acho que em no maximo 500 anos estaremos extintos mesmo.

O Pensador

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #5 Online: 09 de Dezembro de 2005, 20:07:44 »
Se tanto...

Nigh†mare

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Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #6 Online: 09 de Dezembro de 2005, 21:31:11 »
Gostei do texto... É difícil conjecturar... Se por um lado temos potencial para colonizar o Universo; por outrol, continuamos antecipando o colapso da vida neste planeta...

Offline Hugo

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Re: Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #7 Online: 09 de Dezembro de 2005, 21:56:27 »
Citação de: Felipe
Com sorte em meio bilhão de anos nós ja teremos tecnologia para mover a terra toda, se não mover todos os seres humanos. Isto é se nós não nos destruirmos primeiro.


E essa tecnologia será que não é finita???
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Hugo

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #8 Online: 09 de Dezembro de 2005, 21:58:46 »
Citação de: Sky Kunde
Há! Mais uns meros 200 anos e seremos virtualmente inextingüíveis  8-)


Prá que?????

A morte é que dá sentido a vida... (Nietzsche)
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Felius

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #9 Online: 11 de Dezembro de 2005, 19:39:39 »
Citação de: O Pensador
Se conseguirmos transferir nossa consciência para chips de computador,
armazenando-a na memória virtual,talvez possamos renascer em um tubo de ensaio,uma fertilizaçâo em vitro ou outro método parecido.Embora eu nâo acredite que isso seja possível,é uma teoria interessante.

Agora,nunca evitaremos a extinçâo da Terra :cry: .Para sobreviver teríamos que habitar em outro planeta de características semelhantes.


Quanto a transferir a conciencia. Como não acredito em alma, seria como me matar e colocar uma copia de mim depois. Para terceiros não fara diferença, mas para mim não vou ser o EU, e sim alguem com memorias, personalidade e caracteristicas iguas as minhas.

De qualquer forma, se nós não nos matarmos deve dar pra sair daqui sim.
E hugo mesmo com a tecnologia finita, dava pra fazer uma nave colonia auto sustentavel que em inumeras gerações levariam os seres humanos para outros planetas. Colocando um sistema que seja capaz de terraformar um planeta com algumas diferenças, poderiamos tentar inumeras outras estrelas. Faça umas 100 dessas naves, coloque 100.000 pessoas ou até mais em cada uma, e mande para outros planetas. Na nave eles iram se reproduzir as crianças serão ensinadas, etc. e tal.

Aprimorando um pouco a tecnlogia de suporte de vida, de combustivel, e de geração de energia, que temos alguns prototipos de alguns de nova geração, como um prototipo de fusão a frio, que eu li numa veja a um tempo. (ou caso não se incomode em demorar muito nem precisa da de combustivel, é só dar uma acelereadinha e esperar MUITAS gerações.) ja poderiamos fazer naves dessas, casos houvesse interesse e os governos colaborassem.
"The patient refused an autopsy."

Offline Zibs

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Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #10 Online: 11 de Dezembro de 2005, 21:43:35 »
Citar
Mais uns meros 200 anos e seremos virtualmente inextingüíveis

 :wink:
A verdade, em sua essencia, se manifesta sob diferentes roupagens.Sabedoria é comunica-la usando-se da veste do seu interlocutor.

O Pensador

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Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #11 Online: 12 de Dezembro de 2005, 16:05:08 »
Citação de: Felipe
Citação de: O Pensador
Se conseguirmos transferir nossa consciência para chips de computador,
armazenando-a na memória virtual,talvez possamos renascer em um tubo de ensaio,uma fertilizaçâo em vitro ou outro método parecido.Embora eu nâo acredite que isso seja possível,é uma teoria interessante.

Agora,nunca evitaremos a extinçâo da Terra :cry: .Para sobreviver teríamos que habitar em outro planeta de características semelhantes.


Quanto a transferir a conciencia. Como não acredito em alma, seria como me matar e colocar uma copia de mim depois. Para terceiros não fara diferença, mas para mim não vou ser o EU, e sim alguem com memorias, personalidade e caracteristicas iguas as minhas.

De qualquer forma, se nós não nos matarmos deve dar pra sair daqui sim.
E hugo mesmo com a tecnologia finita, dava pra fazer uma nave colonia auto sustentavel que em inumeras gerações levariam os seres humanos para outros planetas. Colocando um sistema que seja capaz de terraformar um planeta com algumas diferenças, poderiamos tentar inumeras outras estrelas. Faça umas 100 dessas naves, coloque 100.000 pessoas ou até mais em cada uma, e mande para outros planetas. Na nave eles iram se reproduzir as crianças serão ensinadas, etc. e tal.

Aprimorando um pouco a tecnlogia de suporte de vida, de combustivel, e de geração de energia, que temos alguns prototipos de alguns de nova geração, como um prototipo de fusão a frio, que eu li numa veja a um tempo. (ou caso não se incomode em demorar muito nem precisa da de combustivel, é só dar uma acelereadinha e esperar MUITAS gerações.) ja poderiamos fazer naves dessas, casos houvesse interesse e os governos colaborassem.


Teoria interessante esta a da nave..


Com relaçâo à transaferência de consciência,o processo seria literalmente transferir suas emoçôes,idéias,aspiraçôes e sensaçôes para um sistema dotado de tecnologia avançada,e portanto nâo imagino que haverá um transtorno de identidade.Assim como mudar o visual e a aparência física nâo causa necessariamente um trauma psico-emocional ou um distúrbio de personalidade.

Offline Felius

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Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #12 Online: 12 de Dezembro de 2005, 21:16:54 »
Não, o problema não é com disturbios, somente que não serei o EU, como me conheço hoje, e sim um clone identico com todas minhas memorias, habilidades, conhecimentos, etc. mas não tera a mesma consciencia. Do meu ponto de vista, eu para todos os efeitos terei morrido.
Do ponto de vista das outras pesoas, não tem diferença.
Do ponto de vista do clone, tambem não ha diferença.

Seria como eu te copiar, seu corpo e sua mente, e depois matar o original. Não sera você e sim alguem identico a você.
"The patient refused an autopsy."

O Pensador

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Re: Re.: Quando o Sol bater na janela do seu quarto
« Resposta #13 Online: 12 de Dezembro de 2005, 22:49:35 »
Citação de: Felipe
Não, o problema não é com disturbios, somente que não serei o EU, como me conheço hoje, e sim um clone identico com todas minhas memorias, habilidades, conhecimentos, etc. mas não tera a mesma consciencia. Do meu ponto de vista, eu para todos os efeitos terei morrido.
Do ponto de vista das outras pesoas, não tem diferença.
Do ponto de vista do clone, tambem não ha diferença.

Seria como eu te copiar, seu corpo e sua mente, e depois matar o original. Não sera você e sim alguem identico a você.


Hi,foi mal..Entendi errado :) .

Bem,segundo este ponto de vista,a experiência nâo poderia ser descrita como um sono?A situaçâo nâo seria basicamente como dormir e acordar sem ter consciência de tempo e espaço?Porque se for assim um ser humano pode ser criogenizado por um século que para ele terá sido como se um dia tivesse passado.Pode ser que eu esteja viajando agora,mas eu penso assim...

 

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