Autor Tópico: Demorou...  (Lida 2234 vezes)

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Offline Roberto

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Demorou...
« Online: 16 de Dezembro de 2005, 09:37:48 »
... pro Olavo de Carvalho subir nas tamancas por causa dos artigos do Janer Cristaldo.

Citação de: Olavo de Carvalho - http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4402

Sobre os últimos artigos de Janer Cristaldo
por Olavo de Carvalho em 16 de dezembro de 2005

Resumo: Janer Cristaldo deveria entender que Deus não é uma versão ampliada de Luís Inácio Lula da Silva.

© 2005 MidiaSemMascara.org


Revoltado contra Deus, Janer Cristaldo sente a compulsão irreprimível de bater nos que O amam. Primeiro pegou os cristãos, agora os judeus. Numa época marcada pela perseguição anti-cristã generalizada e pelo inquietante ressurgimento do anti-semitismo, não se pode dizer que ele esteja em descompasso com a moda. Apenas lamento que ele a venha desfilar no Mídia Sem Máscara, cujo espaço se destina a finalidades mais relevantes e não deveria ser desperdiçado com futilidades odientas. Não vou vetar a publicação dos seus artigos, mas não posso deixar de observar que eles ultimamente não têm pé nem cabeça. Contrastam de maneira patética com as coisas espetaculares que ele escreveu, em outras épocas, contra o indigenismo fake, na Folha de S. Paulo, ou contra o socialismo proxeneta, no seu livro memorável "O Paraíso Sexual-Democrata".


Cristaldo perdeu a forma justamente no momento em que decidiu dar um upgrade impossível na sua seleção de assuntos, passando dos temas terrestres aos celestes sem ter para isso nem mesmo asas de galinha.


Ele lê a Bíblia ou Maimônides com uma incompreensão malévola que só se distingue da burrice completa porque esta é geralmente involuntária. Entre as várias interpretações possíveis, ele escolhe a mais imbecil e faz dela a essência das tradições religiosas milenares que deseja esculhambar, aparentemente sem notar que com isso esculhamba apenas a si próprio.


Se me perguntarem por que ele adotou esse método tão projetivo quanto um teste de Roschasch, direi que não tenho explicação, apenas uma vaga suspeita. Bem sucedido nas suas críticas ao sr. Luís Inácio Lula da Silva, ele presumiu que poderia obter resultados igualmente vantajosos em polêmicas anti-Deus. Mas não creio que a hipótese de Deus ser apenas um Lula crescidinho seja compartilhada por muitos dos nossos leitores. Excetuada essa hipótese, o Altíssimo não está ao alcance de pancadas que poderiam ser letais para a sua suposta miniatura presidencial. O máximo que Cristaldo consegue é fazê-las respingar sobre os humildes seguidores de Cristo e de Moisés, que semana sim, semana não, têm de agüentar mais uma enxurrada de insultos gratuitos, sem sentir aliás o mínimo desejo de respondê-los porque, a rigor, todo nonsense é irrespondível.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Alenônimo

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Re.: Demorou...
« Resposta #1 Online: 16 de Dezembro de 2005, 18:42:32 »
Olavão não muda nunca! Mas fiquei curioso agora para ler os artigos de Janer Cristaldo agora. Tens links? ;)
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Marcelo Terra

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Demorou...
« Resposta #2 Online: 16 de Dezembro de 2005, 18:48:01 »
Onde esse ASNO conseguiu enxergar uma "época marcada pela perseguição anti-cristã generalizada"? Em que mundinho delirante ele vive?

Offline Rodion

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Re.: Demorou...
« Resposta #3 Online: 16 de Dezembro de 2005, 19:11:26 »
cristaldo.blogspot.com

tem lá a resposta de um leitor. e eu também mandei um email de apoio ao janer... disse que olavo precisa aprender a criticar idéias, não pessoas. bad habits die hard, eh?
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Felius

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Re.: Demorou...
« Resposta #4 Online: 17 de Dezembro de 2005, 17:22:43 »
Marcelo, é que um ateu militante pra ele ja deve ser perseguição anti-cristã generalizada.
"The patient refused an autopsy."

Offline Rodion

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Re: Re.: Demorou...
« Resposta #5 Online: 17 de Dezembro de 2005, 17:25:43 »
Citação de: Alenônimo
Olavão não muda nunca! Mas fiquei curioso agora para ler os artigos de Janer Cristaldo agora. Tens links? ;)


cristaldo.blogspot.com

este texto do olavo foi uma resposta a uma série de textos do cristaldo. o último dele foi esse:

SOBRE MAIMÔNIDES


Vivo em Higienópolis, bairro judeu, cujos costumes e rituais me soam bastante estranhos. Aos sábados, quando chove, senhores e senhoras elegantes se cobrem com capinhas vagabundas de plástico, dessas que se compra a cinco reais nas bancas de revista. Casais nunca se dão as mãos. Em um determinado dia do ano, homens engravatados e bem postos não usam sapatos, apenas tênis. Aos poucos, comecei a descobrir as firulas da ortodoxia judaica. Usam capas no sábado, porque no sábado um judeu não pode portar um guarda-chuva. A rigor, não pode nem apertar um botão de elevador. O que faz com que apartamentos de primeiro andar sejam muito valorizados. Há inclusive no bairro um prédio com um elevador casher: aos sábados, ele pára em todos os andares sem que nenhum botão precise ser acionado.

Judeu não dá a mão a uma mulher porque ela pode estar impura, isto é, menstruada. Neste sentido, no ano passado, quando ainda prefeita, Marta Suplicy pagou uma gafe monumental. Num encontro com rabinos, foi logo estendendo a mão. Que restou inútil, balançando no ar. Henry Sobel, mais diplomático, ousou responder ao gesto da pustulenta. Quanto ao uso de tênis, ocorre no Yom Kipur, quando um judeu não pode usar sapatos de couro.

Com essa moda de espalhar vacas em fibra de vidro pela cidade, uma delas esteve plantada frente à praça Buenos Aires, tendo no corpo o desenho dos cortes casher da carne. Olhando-a mais detidamente, vi que nela não existiam filé nem picanha. Consultei amiga entendida nesta estranha gastronomia, que rejeita o melhor do boi. Não pode, me disse ela. São carnes que ficam perto do nervo ciático. Como palavra puxa palavra, fiquei sabendo ainda que judeu não come crustáceos. Nada de lagosta, camarão, ostras ou mexilhões. Nem mesmo polvos. Vá lá se entender por quê. À ortodoxia, o bem bom sempre soa como pecaminoso.

Vivendo e aprendendo. Estes senhores hebreus, que parecem tão modernos e civilizados, no fundo não se distinguem muito, em suas práticas, de seus primos muçulmanos e obsoletos. Enfim, para entender a estirpe, consultei amiga judia. Que me recomendou ler Maimônides, um dos rabinos e teóricos mais prestigiados da história do judaísmo. Médico sefardita, conhecido entre os muçulmanos como Abu Imram Musa ben Maimun Ibn Abdala, Maimônides nasceu em Córdoba, em 1135 e morreu em 1204. Também conhecido como Rambam, escreveu vários ensaios, médicos e religiosos, desde um Tratado sobre as hemorróidas até o que é considerado sua obra maior, o Guia dos Perplexos. Mas um de seus livros me atraiu de cara: Os 613 mandamentos. Só o título já intriga. Se lembrar dez já é às vezes difícil para muito cristão, imagine lembrar 613. São 248 preceitos positivos e 365 negativos. Suponho que o judeu temente ao Enaltecido deve andar sempre com um no bolso, para consultar o que pode ou não pode fazer.

Colho algumas pérolas entre as 365, para deleite dos leitores goyin. Começo pelos preceitos positivos.

185 - Destruir todo tipo de idolatria na terra de Israel

Por este preceito somos ordenados a destruir todo tipo de idolatria e seus templos por todas as maneiras possíveis de destruição e aniquilação: quebrar, queimar, demolir e rasgar, usando, para cada objeto, o meio apropriado para que a destruição seja feita o mais completa e rapidamente possível, pois a intenção é que não reste nem traço dele. Isso está expresso em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "Certamente destruíreis dos lugares" (Deuteronômio, 12:2), em "Mas assim fareis com elas: seus altares derrubareis etc." (Ibid. 7:5) e novamente em "Porém seus altares derrubareis" (Êxodo, 34:13).

186 - A lei da Cidade Apóstata

Por este preceito somos ordenados a matar todos os habitantes de uma Cidade Apóstata e a queimá-la com tudo que houver nela. Esta é a Lei da Cidade Apóstata, e ela está expressa em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "E queimarás no fogo, a cidade e todo o seu despojo, inteiramente" (Deuteronômio, 13:17). As normas deste preceito estão explicadas no Tratado Sanhedrin.

187 - A guerra contra as Sete Nações hereges

Por este preceito somos ordenados a exterminar as Sete Nações que habitavam a terra de Canaã, porque eles constituíram a raiz e primeiro fundamento da idolatria. Este preceito está expresso em Suas palavras, Enaltecido seja Ele, "Mas destrui-los-ás". (Deuteronômio 20:17). Está explicado em vários textos que o objetivo disso era evitar que imitássemos sua heresia. Há vários trechos nas Escrituras que nos incitam e insistem veementemente para que os exterminemos, e a guerra contra eles é obrigatória.

190 - A lei da guerra não obrigatória

Por este preceito somos ordenados quanto a guerras não obrigatórias contra nações. Caso entremos em guerra contra eles, somos obrigados a fazer um acordo com eles para poupar suas vidas se eles fizerem as pazes conosco e nos entregarem suas terras, e nesse caso eles deverão nos pagar tributos e ser nossos súditos. Este preceito está expresso em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "Te será tributário ou te servirá" (Deuteronômio 20:11). A esse respeito, diz o Sifrei: "Se eles disserem 'nós concordamos com os tributos mas recusamos a servidão', ou 'concordamos com a servidão, mas nos recusamos a pagar os tributos', não devemos concordar: eles devem aceitar as duas condições" (...) Contudo, se eles não fizerem a paz conosco, somos ordenados a matar toda a população masculina, jovens e velhos, e a tomar tudo que lhes pertence, inclusive suas mulheres. Este preceito está expresso em Suas palavras, enaltecido seja Ele.

235 - A lei sobre o escravo cananeu

Por este preceito somos ordenados quanto à lei sobre um escravo cananeu; ela diz que ele deve ser escravo para sempre e que não pode adquirir sua liberdade a não ser por causa de um dente ou um olho (se o dono do escravo lhe causar a perda de um dente ou de um olho), ou por causa de qualquer outro órgão do corpo que não torne a crescer, de acordo com a interpretação tradicional. Este preceito está expresso em Suas palavras "Perpetuamente vos farei servir deles" (Levítico 25:46) e, "E quando ferir um homem o olho de seu escravo etc." (Êxodo 21:26).

Vejamos alguns preceitos negativos.

49 - Não poupar a vida de um homem das Sete Nações Idólatras

Por esta proibição somos proibidos de poupar a vida de qualquer homem que pertença a uma das Sete Nações para evitar que eles corrompam as pessoas e as levem para o caminho errôneo da idolatria. Esta proibição está expressa em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "Não deixarás com vida todo que tiver alma" (Deuteronômio, 20:16). Matá-los constitui um preceito positivo, como explicamos ao tratar do preceito positivo 187.

Todo aquele que transgredir esta proibição, deixando de matar todo aquele que ele poderia ter morto estará infringindo um preceito negativo.

257 - Não utilizar um servo hebreu para executar tarefas degradantes

Por esta proibição somos proibidos de utilizar um escravo hebreu para executar tarefas domésticas degradantes, como as que são executadas pelos escravos cananeus. Ela está expressa em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "Não o farás servir com serviço de escravo" (Levítico 25:39).

Curiosamente, mais adiante lemos:

289 - Não matar um ser humano

Por esta proibição somos proibidos de matar-nos uns aos outros. Ela está expressa em Suas Palavra "Não matarás" (Êxodo 20:13), e todo aquele que violar este preceito negativo será decapitado. O Enaltecido diz: "Do meu altar o tirarás, para que morra" (Ibid., 21:14)

O sábio rabino parecia ser curto de memória. Vejamos outro preceito, logo adiante:

310 - Não deixar viver um feiticeiro

Por esta proibição somos proibidos de permitir que um feiticeiro viva. Ela está expressa em Suas palavras "Feiticeira não deixarás viver" (Êxodo 22:17). Permiti-lo é quebrar um preceito negativo, e não somente um preceito positivo, como no caso de perdoar um malfeitor que esteja sujeito à morte por sentença judicial.

E por aí vai. Grande humanista, o santo e sábio Maimônides. Que o Enaltecido o tenha em sua glória. Verdade que não é muito original. Estes preceitos sanguinolentos emanam dos livros da Tora, sempre citada pelo magnânimo rabino. E depois os judeus se queixam de ser uma raça perseguida.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Südenbauer

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Re.: Demorou...
« Resposta #6 Online: 18 de Dezembro de 2005, 16:52:06 »
Esse Janer também é um babaca, apesar de possuir bastantes textos bons.

Offline Sky Kunde

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Re.: Demorou...
« Resposta #7 Online: 18 de Dezembro de 2005, 17:40:22 »
Coisa ridícula essas observâncias da "lei", não?
"Vaidade de vaidades; tudo é vaidade" - Eclesiastes 01:02

Offline Roberto

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Demorou...
« Resposta #8 Online: 10 de Janeiro de 2006, 09:41:22 »
Citação de: Janer Cristaldo - http://cristaldo.blogspot.com

A interlocutores e leitores

Senhores Avraham Zajac, André Cardon, Sérgio Kalmus, senhora Marcella Becker e rabinos do Colel Iavne; meu caro Olavo de Carvalho; leitores que me escrevem dos Estados Unidos, Israel e Brasil:


Honrado por receber resposta de tão ilustres interlocutores e de  tão digno colegiado. Espanta-me, no entanto, ser considerado anti-semita. Logo eu, que já fui considerado sionista por condenar Arafat e a intifada, por condenar as pretensões árabes a Jerusalém e por defender, em meus artigos sobre o Oriente Médio, a política de Israel. Em 1989, fui o único jornalista gaúcho a protestar contra o estande da OLP na 2ª Bienal do Livro no Rio de Janeiro. O estande da OLP – entidade que nada tem a ver com livros e muito tem a ver com fuzis e metralhadoras – tinha mais posters e camisetas de Arafat do que livros, e mantinha um vídeo reproduzindo permanentemente cenas da intifada. O mesmo estande esteve na Bienal do Livro de São Paulo, no ano anterior, e não vi jornalista algum falar em anti-semitismo.


Não é justo, senhores, desqualificar-me com a pecha de anti-semita. Ao longo de minha vida errante, cultivei e ainda cultivo não poucas amigas e amigos judeus, pelos quais tenho grande apreço. Diga-se de passagem, admiro duas características na comunidade judia: são pessoas sempre cultas e não fazem proselitismo. Há ainda dois ou três meses, em uma entrevista no Orkut, eu declarava:

A recente retirada dos judeus dos territórios ocupados é uma rara demonstração de bom senso de Israel. Mas de pouco ou nada servirá para conter o ódio muçulmano. Os muçulmanos fundamentalistas têm por objetivo o fim de Israel e jamais cederão em seus propósitos.O muro que ora está sendo construído me parece ser, infelizmente, outra solução sensata. Tampouco vai resolver o problema, já que os dois povos estão profundamente entremesclados, mas impede em parte os ataques terroristas.
Uma pergunta se impõe: porque os vizinhos árabes, de área bem mais extensa que Israel, não oferecem território aos palestinos? Os palestinos lembram um pouco o MST. Eles não querem apenas terra, querem o poder. Terras, os palestinos já as têm. Por que continuam na miséria? Por que não conseguem a prosperidade de Israel?
Há ódios eternos. Eu suponho que daqui a mil anos os muçulmanos ainda estarão em guerra com Israel. É difícil encarar uma democracia triunfante – a única do Oriente Médio – no pátio do vizinho. Os árabes teriam de chegar ao século XXI para se pensar em algum tipo de paz permanente. Mas eles correm com 400 anos de atraso.


Em 2002, Marilene Felinto, então cronista da Folha de São Paulo, glorificou as palestinas terroristas que se explodiam em Israel: “As mulheres-bombas muçulmanas são a glorificação do suicídio pelo estoicismo, pelo auto-sacrifício - elas agem no intuito de que a justa defesa do bem público prevaleça sobre o direito do agressor ao corpo e à vida”. O único jornalista brasileiro a denunciar a cumplicidade da colunista com o terror fui eu.

Em meu artigo, “Terror explode Ventres”, publicado em 05/04/2002, escrevi: “Gerar mortes, ao longo da história, sempre foi ofício masculino. Gerar vida, por natureza e definição, é atributo feminino. Os terroristas palestinos, em sua insânia, passaram a usar ventres como bombas. Até aí, nada de espantar. Terror não tem ética nem limites. O que causa espécie, em um jornal que se pretende defensor dos direitos humanos, é ouvir uma jornalista glorificando o terror. Logo agora que o terror passou a explodir mulheres”.

Isso sem falar no artigo citado pelos senhores e publicado no De Olho na Mídia, onde manifesto minha condenação ao terrorismo palestino que fustiga Israel. Causa espécie a meus interlocutores que o mesmo articulista que escreveu “Mídia canoniza Nobel terrorista”, a propósito de Arafat, tenha escrito a crônica “Sobre Maimônides”. Posso assegurar-lhes, senhores, que o articulista é o mesmo. Continua condenando o terrorismo de Arafat, ao mesmo tempo em que não aceita as proposições de Maimônides. Ou da Torá, como quisermos.


Deixo os ataques pessoais de lado e vou ao cerne da questão, os hábitos da comunidade judaica de Higienópolis e os preceitos de Maimônides. Escrevem meus contestadores: “O articulista do Mídia critica os judeus por não apertarem botões aos sábados, e por andarem de capas de chuva “vagabundas”, ao invés de guarda-chuvas. Se sente incomodado por eles não darem mãos a mulheres em público e por andarem de tênis no dia mais santo judaico, o Dia do Perdão, o Yom Kipur”. (...) “Agora são apontados e menosprezados por usarem ‘capas de chuva vagabundas’ e ‘tênis em lugar de sapato’”


Ora, em momento algum critiquei os judeus por não apertarem botões nem declarei sentir-me incomodado por não darem as mãos às suas mulheres. Em momento algum menosprezei alguém por usas capas de chuva ou tênis. Tênis é calçado que uso quase diariamente. Como cidadão do Ocidente, apenas manifestei minha estranheza em relação a tais comportamentos (por exemplo, usar tênis com terno e gravata), e nada mais que isso. Considerei-os obsoletos, e não me parece que considerar obsoletas determinadas práticas possa constituir anti-semitismo. Considero estratégia mesquinha colocar palavras ou intenções na boca de um interlocutor para melhor atacá-lo.


“Um homem, mesmo tendo 100% de certeza de que uma mulher não está menstruada – escrevem meus  contestadores – e ainda que seja sua esposa; mesmo assim, pelas leis mais estritas judaicas, não pode cumprimentá-la em público. E porque? Por questão de recato. Para preservar carinhos e troca de afagos para os momentos íntimos e particulares com a sua amada”.


Ora, não vejo nenhuma falta ao recato em dar a mão a uma mulher. Assim fosse, todos os cristãos deste país seriam despudorados irremediáveis. Meus interlocutores parecem não ter lido a Torá. Lá está, em Levítico 15:19-24: “E mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo da sua carne for de cor sangüínea, sete dias ficará separada na sua impureza; e todo aquele que tocar nela será impuro até a tarde. E tudo sobre o que se deitar na sua impureza será impuro, e tudo sobre o que ela se sentar será impuro. E todo que tocar no seu leito, lavará suas vestes, se banhará em água e será impuro até a tarde. E quem tocar sobre o leito ou sobre o objeto em que ela está sentada, tocando neles, será impuro até a tarde. E se um homem deitar com ela, a sua impureza passará sobre ele, e ficará impuro sete dias; e toda cama em que  ele se deitar, se fará impura”. Ora, para mim, cidadão ocidental e vivendo neste século, soa muito estranho considerar impura uma mulher em seus dias de menstruação.


Como não quero estender-me em uma discussão que já se arrasta por demasiado tempo, vou ater-me apenas a dois tópicos mais. Segundo meus interlocutores, não mencionei que a “cidade apóstata era um local onde o assassinato e o roubo eram institucionalizados, e onde 100% dos habitantes eram idólatras, que faziam sacrifícios humanos, de crianças e virgens para seus deuses?”. Logo após afirmam: “o Talmud  diz que nunca houve uma cidade apóstata no mundo, onde 100% das pessoas eram idólatras, ficando o preceito válido apenas como norma dissuasória, e não para aplicação na prática”. Assim sendo, o preceito 186 era ocioso e não precisava ter sido escrito.


Para concluir, meus interlocutores afirmam: “Curioso é notar, que na verdade, os ataques do articulista não são contra o rabino, como ele faz parecer. São contra a bíblia em si, já que tudo que Maimônides fez foi compilar estas leis”. Bingo! Descobriram a América. Ora, desde meus 17 anos venho expondo minhas objeções à Bíblia e, neste nosso mundo ocidental, por enquanto pelo menos, não é crime tecer críticas à Bíblia. Afinal, não vivemos em sociedades como a islâmica, onde a menor crítica ao Corão é respondida com uma fatwa. E já que da Bíblia se trata, quero transcrever este momento que encontro em minha Torá, em Deut. 7:1-5: "Quando te levar o Eterno, teu Deus, à terra à qual tu vais para herdá-la, e lançar fora muitas nações de diante de ti: o Hiteu, o Guirgasheu, o Emoreu, o Cananeu, o Periseu, o Hiveu e Jebuseu - sete nações numerosas e mais fortes do que tu -, e as dará o Eterno, teu Deus, diante de ti e tu as ferirás; tu as destruirás totalmente, não farás aliança alguma com elas e não lhes darás pousada na terra. (...) Mas assim fareis com elas: seus altares derrubareis, suas Matsevot quebrareis, suas árvores idolatradas cortareis e seus ídolos queimareis no fogo".


Minha pergunta: por que destruir as cidades dos heteus, dos gergeseus, dos amorreus, dos cananeus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus? Por que derrubar seus altares, quebrar suas Matsevot, cortar suas árvores idolatradas e queimar seus ídolos?


Há alguma diferença entre este propósito e as declarações do presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, do dia 26 de outubro passado: “O Estado sionista ocupante de Jerusalém deve ser varrido do mapa”? Pelas mesmas razões que não aceito os propósitos de Ahmadinejad não posso aceitar estas prescrições da Torá.


Last but not least, em seu último artigo, Olavo de Carvalho escreve: “nós aqui assumimos a plena responsabilidade moral do que publicamos, e não nos sentimos isentos de culpa pelo que Janer Cristaldo escreveu. Ao contrário, assumimos essa culpa”. Ora, caro editor, não precisa assumir. Ao pé de cada artigo do MSM está escrito: “Os artigos publicados com assinaturas no MSM são de responsabilidade exclusiva de seus autores”.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

 

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