Autor Tópico: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo  (Lida 1907 vezes)

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Offline Donatello

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Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Online: 19 de Dezembro de 2005, 09:55:15 »
CARTA CAPITAL
Crônica  Busca:


DE BONNER PARA HOMER
O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão
do Jornal Nacional
Por Laurindo Lalo Leal Filho*

Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da
mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta
matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.


Perfil.
Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e
bebendo cerveja
Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais
assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil,
dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.

Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do
funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no
Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por
terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora
juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no
meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.

A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa
um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida
de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se
tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático
"bom-dia", Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que
identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional.
Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas
e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi
apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos
Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em
todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo
rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.

A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome
mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson.
"Essa o Homer não vai entender", diz Bonner, com convicção, antes de rifar
uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não
compreenderia.


Pauta.
Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar
Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos ?
atender ao Homer ?, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na
cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis
por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada
numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e
Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o
JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa
conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os
professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto
pelos visitantes.

Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas
"praças" (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são
analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o
Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas,
mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o
chefe.

A primeira reportagem oferecida pela "praça" de Nova York trata da venda de
óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da
Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da
"oferta" jornalística informa que a empresa venezuelana, "que tem 14 mil
postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de
combustível" para serem "vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40%
mais baixos do que os praticados no mercado americano". Uma notícia de
impacto social e político.

O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a
posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que
considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.

Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um
argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida
pela "praça" de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a
soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do
editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. "Esse juiz é
um louco", chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que
levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação
dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento
que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.


Notícia.
A decisão do juiz Livingsthon Machado, de soltar presos, é considerada
coisa de "louco"
Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês ? matéria
oferecida por São Paulo ?, o comentário gira em torno dos prejuízos
causados ao órgão. "Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho
e, sem perícia, continuam onerando o INSS", ouve-se. E sobre os grevistas?
Nada.

De Brasília é oferecida uma reportagem sobre "a importância do superávit
fiscal para reduzir a dívida pública". Um dos visitantes, o professor
Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos
cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no
noticiário global.

Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística,
com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se
diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a
passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam
em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves
mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do
Ibope.

E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela
noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem
transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva
duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo
juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano
foi para o limbo.

Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac ? o centro de
produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em
Jacarepaguá ? os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao
Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares
constrangidos.

* Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da
USP



RESPOSTA DO BONNER PUBLICADA NO SITE http://www.bluebus.com.br/show.php?p=1&id=65619
Noticiario da Manha © Todos os direitos reservados

'Homer é 1 trabalhador e pai de familia', responde Bonner 08:30 Bom dia. Recebemos do editor do Jornal Nacional, Wliiam Bonner, atraves da assessoria de imprensa da TV Globo, o texto que publicamos abaixo e que refere o noticiario de ontem do Blue Bus, lista de notas no final. 06/12 Blue Bus

"No dia 23 de novembro, recebemos, no JN, a visita de professores universitários. Eles assistiram a uma reuniao matinal, em que se esboça uma previsao da ediçao daquele dia. E me ouviram fazer algumas consideraçoes sobre nosso trabalho. Em palestras que ministro a estudantes que nos visitam todas as semanas, faço o mesmo. Nestas ocasioes, sempre abordo, por exemplo, a necessidade de sermos rigorosamente claros no que escrevemos para o público. Brasileiros de todos os níveis sociais, dos mais diferentes graus de escolaridade. E o didatismo que buscamos para o público de menor escolaridade nao deve aborrecer os que estudaram mais. Neste desafio, como exemplo do que seria o público médio nessa gama imensa, às vezes cito o personagem Lineu, de A Grande Família. Às vezes, Homer, de Os Simpsons. Nos dois casos, refiro-me a pais de família, trabalhadores, protetores, conservadores, sem curso superior, que assistem à TV depois da jornada de trabalho. No fim do dia, cansados, querem se informar sobre os fatos mais relevantes do dia de maneira clara e objetiva. Este é o Homer de que falo".

"Mas o Professor Laurindo tem uma visao diferente de Homer. Em vez do trabalhador (numa usina nuclear), o acadêmico o vê como um preguiçoso. Em vez do chefe de família, o Professor Laurindo o vê como um comedor de biscoitos. Esta imagem nao é a que tenho, nao é a disponível, num texto bem-humorado, no site oficial da série Os Simpsons, que faz graça do personagem, mas registra que Homer é 'um marido devotado e que, apesar de poucas fraquezas, ama a sua família e é capaz de tudo para provar isso, mesmo que isso signifique se fazer passar por tolo'...".

"Nao sei para quantos professores e estudantes citei Homer, ou Lineu, como exemplo. Mas jamais tive informaçao de que alguém guardasse imagem tao preconceituosa, tao negativa do personagem do desenho. Como profissional, como defensor da nossa imensa responsabilidade social, sinto-me profundamente envergonhado de me ver na obrigaçao de explicar isso. Como trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer, reconheço humildemente meu fracasso no desafio de ser claro e objetivo para todos os meus interlocutores daquela manha".

Assina William Bonner

Offline Rodion

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #1 Online: 19 de Dezembro de 2005, 18:33:23 »
e a resposta...
Meio Homer, Meio Lineu
Sobre a necessidade de ser claro

William Bonner (*)

No dia 23 de novembro, recebemos, no JN, a visita de professores universitários. Eles assistiram a uma reunião matinal, em que se esboça uma previsão da edição daquele dia. E me ouviram fazer algumas considerações sobre nosso trabalho.

Em palestras que ministro a estudantes que nos visitam todas as semanas, faço o mesmo.

Nestas ocasiões, sempre abordo, por exemplo, a necessidade de sermos rigorosamente claros no que escrevemos para o público. Brasileiros de todos os níveis sociais, dos mais diferentes graus de escolaridade. E o didatismo que buscamos para o público de menor escolaridade não deve aborrecer os que estudaram mais. Neste desafio, como exemplo do que seria o público médio nessa gama imensa, às vezes cito o personagem Lineu, de A Grande Família. Às vezes, Homer, de Os Simpsons. Nos dois casos, refiro-me a pais de família, trabalhadores, protetores, conservadores, sem curso superior, que assistem à TV depois da jornada de trabalho. No fim do dia, cansados, querem se informar sobre os fatos mais relevantes do dia de maneira clara e objetiva. Este é o Homer de que falo.

Mas o professor Laurindo tem uma visão diferente de Homer. Em vez do trabalhador (numa usina nuclear), o acadêmico o vê como um preguiçoso. Em vez do chefe de família, o professor Laurindo o vê como um comedor de biscoitos. Esta imagem não é a que tenho – não é a disponível, num texto bem-humorado, no site oficial da série Os Simpsons, que faz graça do personagem, mas registra que Homer é “um marido devotado e que, apesar de poucas fraquezas, ama a sua família e é capaz de tudo para provar isso, mesmo que isso signifique se fazer passar por tolo”.

Não sei para quantos professores e estudantes citei Homer, ou Lineu, como exemplo. Mas jamais tive informação de que alguém guardasse imagem tão preconceituosa, tão negativa do personagem do desenho.

Como profissional, como defensor da nossa imensa responsabilidade social, sinto-me profundamente envergonhado de me ver na obrigação de explicar isso. Como trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer, reconheço humildemente meu fracasso no desafio de ser claro e objetivo para todos os meus interlocutores daquela manhã.

(*) Jornalista, editor-chefe do Jornal Nacional
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Rodion

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #2 Online: 19 de Dezembro de 2005, 18:48:00 »
e comentários...
 

William Bonner, Homer Simpson e um certo Laurindo
Por Reinaldo Azevedo

Eu nunca tinha ouvido falar de um certo Laurindo Lalo Leal Filho. Descobri que ele existe porque um amigo me recomendou que lesse um texto assinado pelo jornalista William Bonner (este mais conhecido, suponho, do que o presidente Lula), publicado no site Observatório da Imprensa. O editor-chefe do Jornal Nacional escreveu uma pequena crônica bem-humorada (clique aqui) como resposta a uma covardia de que foi vítima, assinada justamente por aquele senhor, que se apresenta como “sociólogo, jornalista e professor da Escola de Comunicações e Artes da USP”, a famosa ECA. O texto do aliterado fora publicado, originalmente, na revista Carta Capital. E, por isso, eu ignorava o ataque. Sou assinante de Tendências e Debates, a revista do PT, mas não sou leitor da Carta. O Observatório reproduz o artigo (clique aqui) em que ele critica Bonner.

Antes que continue, a síntese do que se passou: a Rede Globo convidou alguns professores para conhecer o funcionamento do Jornal Nacional, no que cometeu um erro (falo disso mais adiante). Os “especialistas” eram, assim, como um Big Brother da academia assistindo à farra da imprensa burguesa. Laurindo relata uma reunião de pauta de Bonner com sua equipe. O editor-chefe do JN tem uma metáfora (quem sabe uma metonímia) para designar o homem comum, aquele que não é especialista nos assuntos que ditam o cardápio de política e economia: “Homer Simpson”. E, segundo relata Laurindo, ao derrubar uma reportagem, Bonner comenta às vezes: “Essa o Homer não vai entender”. Com isso, depreende-se, descartaria matérias mais complexas.

Para Laurindo, Homer é a síntese do pateta ignorante, que fica escarrapachado no sofá, a comer rosquinhas e a beber cerveja. Bonner tem outra leitura da personagem, com a qual compartilho, diga-se. Não conheço quem tenha pelo simpático pai de família a repulsa demonstrada pelo “sociólogo-professor-jornalista”. Ao contrário: há até uma relação de carinho com aquele homem meio simplório. Laurindo não cai nessa. É muito sabichão. Está imbuído da tarefa de levar luz à estupidez. Ele tem a pior impressão do marido de Marge, que não escapa de sua fúria iluminista. Olha para ele com um misto de nojo e desdém. Homer encarnaria a tolice, o nivelamento por baixo, o cretinismo. E Bonner, segundo se depreende do texto tão malvado quanto mal escrito de Laurindo, faria, então, o Jornal Nacional para essa gente vulgar. O editor-chefe de um dos noticiários mais vistos do mundo seria, assim, um cavaleiro do obscurantismo.

O “professor-sociólogo-jornalista” escreve mal pra chuchu. Fazendo uma pesquisa na internet, descobri que o texto publicado em Carta Capital não é exceção, é regra. Ele não sabe nem pontuar frases, e tudo piora muito quando elas se encadeiam em períodos longos. É tão cru que cheguei a supor que se tratasse de um professorzinho boboca, quase imberbe, tentando se afirmar com ataques à Rede Globo. Mas o bodum ideológico me advertia de que poderia ser um daqueles casos patéticos em que um velho fala e se comporta com a irresponsabilidade de um jovem. Se, neste, certa graça compensa a ignorância e a inexperiência, naquele, a maturidade torna ainda mais ridícula a leviandade. Deu a segunda. E uma leviandade dolosa porque duplamente covarde.

O ataque a Bonner é covarde, em primeiro lugar, porque o tal Laurindo, em momento nenhum, evidencia que a sua crítica é tão-somente ideológica, jamais técnica. Ele omite dos leitores que está submetendo as escolhas do editor-chefe do Jornal Nacional ao corredor polonês de uma agenda ditada pela esquerda. Não! Ele finge um olhar clínico, especializado e isento, como se sua análise fosse o resultado de umas tantas evidências colhidas da árvore da vida. E, em segundo lugar, observe-se: não segue a ética mínima da prática jornalística. O objeto de sua fúria não é ouvido. Ao contrário, Laurindo estava preparando uma armadilha para Bonner. Poderão dizer que faço com ele o que ele fez com o outro. E também sem avisar. Não estou reportando seu ambiente de trabalho. Ele só me interessa como sintoma de uma doença do pensamento. Leiam o seu texto, em que relata a troca de olhares, superiormente “constrangida”, com seus pares de academia.

Constrangida por quê? Até parece que o ambiente universitário respira uma ética superior e mais sábia. O texto de Laurindo prova que não. Os estudantes que saem da universidade provam que não. A pobreza conceitual, prática e teórica dos currículos dos cursos de jornalismo (ou rádio e televisão) prova que não. Fico cá pensando na sua excitação mesquinha, escrava, rancorosa, vingativa, ressentida: “Ah, peguei o homem do Jornal Nacional!”. Nessas horas, evoco sempre a criada Juliana do romance O Primo Basílio, de Eça de Queiroz. Ela é, para mim, o emblema do horror: é má, é burra, é feia, é pusilânime, é dissimulada. Mas se acha apenas uma injustiçada pelo destino e pela soberba alheia.

Laurindo, me informa a internet (pesquisem), é também um militante de ONG. Está empenhado na defesa de uma certa rede pública de TV e se coloca como um gerente de conteúdo dos meios de comunicação. Não sei quem lhe conferiu esse papel de juiz da atuação alheia, mas é assim que ele se sente. Fala em nome da “qualidade” da programação, embora a sua vocação seja mesmo para censor. Se preciso, para provar as suas teses, não hesita em fraudar os fatos. Dou um exemplo.

Escreve o aliterado Laurindo Lalo Leal ao relatar uma passagem da rotina no JN: “A primeira reportagem oferecida pela ‘praça’ de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da ‘oferta’ jornalística informa que a empresa venezuelana, ‘que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível’ para serem ‘vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano’. Uma notícia de impacto social e político. O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.”

Escolhas, ideologias
Com discordâncias que não são pequenas — mas, reitero, discordâncias ditadas por minhas escolhas ideológicas, políticas, intelectuais, éticas, por meus preconceitos também! —, acho Bonner um ótimo jornalista, e seu trabalho no JN me parece muito competente. Já discordei dele e escrevi a respeito. Crítica clara, sem pegadinha. Meus critérios estão sempre à mostra. Não sou Laurindo, mas sou leal. Acho o jornalismo brasileiro excessivamente condescendente com as esquerdas, especialmente em tempos de PT no poder. Mais do que esquerdismo, ele está contaminado pelo petismo, que é a fase senil do comunismo. Nem o Jornal Nacional escapa da minha crítica.

Pode parecer ridícula a minha afirmação de que a Rede Globo, ainda o Satã da esquerda bocó, está cercada de esquerdismo por todos os lados. Mas está. E não seria difícil prová-lo. Não raro, nem se trata de promoção industriada de valores, mas de uma maré influente. Há, por exemplo, “pobres” demais no JN de Bonner. O que quero dizer com isso? Exemplares do “povo”, volta e meia, aparecem em reportagens especiais, com a exaltação de seu saber natural e telúrico. Acho isso um porre. Por qualquer incrível razão que não sei identificar, pobre, quando a televisão aparece, canta, dança ou faz artesanato.

São escolhas que eu não faria. Se eu editasse o JN, provavelmente cortaria essas matérias, derrubaria a audiência do jornal e levaria um pé no traseiro. Justificado. Isso quer dizer que se deva fazer o programa sempre de olho no Ibope? Não! Quer dizer que ele é um dado importante da equação. Dali vem o pão que garante a festa. É, sim, preciso pensar no Homer Simpson, não naquele idiota de Laurindo, mas naquele cuja definição William Bonner adotou para si mesmo: “trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer”.

“O”, aquele meu leitor implacável que não aceita ser identificado, escreveu-me: “Nessa polêmica entre William Bonner e os professores da USP, inclino-me a desapoiar os dois lados: os professores da USP, para quem o Jornal Nacional deve ser (tal qual, provavelmente, as aulas que ministram...) um ‘instrumento de transformação social’; Bonner, responsável por esse Frankenstein que todos os dias seleciona as notícias que mais profundamente tocam a alma religiosa e conservadora de 100 milhões de brasileiros para travesti-las com roupagem ‘politicamente correta’. Bonner já pagou seu tributo aos professores da USP (e à intelligentsia nativa): deu ao JN um sotaque de esquerda. É pouco, para eles. De posse da estética, agora querem a ética. Bonner nunca fará o que pedem, pois, ao contrário dos professores da USP, conhece o público do JN, sabe que ele não é de esquerda. Ao encerrar a polêmica, porém, produziu uma verdadeira pérola de ironia. Dirigindo-se a professores de jornalismo que, por definição, devem conhecer a diferença entre uma metonímia e um projeto político, ‘desculpou-se’: ‘Eu, como trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer, reconheço humildemente meu fracasso no desafio de ser claro e objetivo para todos os meus interlocutores’. Como diria Millôr Fernandes, ‘grande alegria de um homem inteligente é se fazer de idiota diante de um idiota que se faz de inteligente’.”

Como sempre, “O” não perdoa, desnuda. Posso não concordar inteiramente com o teor do seu e-mail, mas se trata de uma pérola da síntese. Concordo com ele que o JN ganhou uma inflexão à esquerda nos últimos anos e que abriga aspectos do pensamento politicamente correto. Se é uma imposição de quem fala, todos os dias, a muitos milhões de brasileiros, isso, para mim, não está claro. Acho que não. E, é fato, a esquerda acha pouco. Vejam lá: Laurindo considera uma notícia de “impacto social e político” que “uma empresa venezuelana” (sic) venda óleo de calefação a preços mais baratos em Massachusetts. Não toma nem o cuidado de informar o leitor que se trata da PDVSA, a estatal de petróleo venezuelana. Em lugar de Bonner, talvez eu tivesse levado a matéria ao ar, mas não ao gosto do “professor-sociólogo-jornalista”. Dispensaria à notícia o tratamento de uma das pantomimas de Chávez, que eu chamaria de protoditador vagabundo, que mata os venezuelanos de fome, desemprego e falta de futuro, mas usa o combustível farto em seu país para fazer proselitismo nos EUA.

Se eu fosse Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Rede Globo e profissional de primeiro time, a esta altura, estaria satisfeito, gozando a sensação do dever cumprido. Laurindo, um esquerdista com, desconfio, simpatias por Hugo Chávez (como quase toda a esquerda brasileira), considera que o Jornal Nacional emburrece a nação. Eu, que não sou de esquerda (esta diz que sou de direita, um xingamento para eles, não para mim), ao contrário, acho que a emissora escorrega, e não apenas no JN, na metafísica influente do esquerdismo. Entre os supostos extremos, o principal noticiário televisivo do país pode continuar a fazer o seu trabalho, com a competência técnica habitual — o que é sempre um fator a mais de irritação para a patrulha comuno-stalinista.
Diferenças
Não, eu não me quero o positivo ou o negativo de Laurindo. Eu não uso o truque vagabundo de me dizer um observador ou um especialista isento e neutro. Não sou nem uma coisa nem outra. Não troco “olhares constrangidos” com as donas Marocas da reputação alheia. Os meus critérios estão claros: no “meu JN”, invasor de terra seria tratado como alguém que esbulha a legalidade e merece é cana; no “meu JN”, a miséria jamais seria pretexto para a violência (porque não acredito nisso e acho a tese mentirosa); no “meu JN”, rap, funk e outras escatologias (nos dois sentidos) seriam considerados o que são: fundo musical do crime organizado, e não “manifestação da cultura popular”; no “meu JN”, a cobertura de uma invasão da propriedade alheia iria até o fim: o sujeito foi preso, conforme pede a lei, ou o Estado foi lá passar a mão na sua cabeça? Vai ver é por isso, entre outras tantas diferenças — e o talento não é a menor delas —, que é Kamel o diretor-executivo de jornalismo da Globo, e não eu; que é Bonner o editor-chefe do JN, e não eu. A diferença de talento, bem entendido, seria dispensável dizer (mas não quero ruído), conta a favor deles e contra mim.

E a diferença vai mais longe. A minha crítica, inclusive ao professor Laurindo — e também ao JN —, é, como se vê, escancaradamente ideológica, mas não no sentido perturbado do termo, que lhe empresta o marxismo cretino. Segundo este, “ideologia” se resume às “mentiras” que a burguesia conta para enganar o povo. Como seria um mal de mão única, eles, os comunas, julgam que não produzem nada além de verdades ontológicas. As minhas “verdades” são nada além de escolhas: econômicas, políticas, morais, éticas. Se o pensamento estivesse minimamente organizado no Brasil, eu estaria entre aqueles que, na Europa ou nos EUA, são considerados “conservadores”? Acho que sim. Da “direita democrática” talvez. Embora, por exemplo, o meu apreço (a falta dele) à política econômica de Antonio Palocci me afaste de alguns outros que se querem meus parceiros em determinados valores. Kamel e Bonner, se lerem este texto, saberão que, à diferença de Laurindo, eu não julgo portar “a verdade”. Isso é tão-somente uma leitura do mundo: parcial, precária, imperfeita, como a de qualquer um. E há ainda outra coisa importante: não dou aula a ninguém. Não transformo num ministério as minhas parcialidades.

Compreendo, mesmo quando não concordo com as escolhas, que um noticiário como o Jornal Nacional ou uma revista como a Veja tenham de fazer certas escolhas que atendem também às exigências do telespectador ou do leitor médios. Isso não significa que não possam contribuir de forma definitiva para o aprimoramento da democracia ou das liberdades públicas. Ao contrário. Ambos têm tido um comportamento na crise que me parece absolutamente correto. Mesmo quando não exaltam as virtudes generosas de Hugo Chávez com os EUA...
Climão
Falei aqui de um climão que toma conta do jornalismo, que tange as cordas do esquerdismo chinfrim. Na GloboNews, há pouco, a garota de 13 anos que participou do incêndio deliberado do ônibus da linha 350 — que matou cinco pessoas e feriu gravemente outras 14 — concedeu uma entrevista. Foi tratada como uma vítima das circunstâncias, uma besta-fera hobbesiana (ou pré-hobbesiana) a quem faltaram educação, escola, atenção do Estado. Logo, ela faz o quê? Frita as pessoas num ônibus, ora essa, como desdobramento natural da sua história triste.

A moral subjacente é a de que os culpados somos todos nós. Supõe-se que uma pessoa de 14 anos, por causa da miséria, é completamente desprovida do senso do certo e do errado. Ou, infere-se, ela não faria o que fez. É um misto de precariedade sociológica, precariedade teológica e resquícios de sub-Rousseau: “Perdoai-os, Pai, eles não sabem o que fazem porque são muito carentes; vieram puros ao mundo e foram corrompidos pela sociedade”. Pouco se falou das vítimas da assassina de 14 anos. Estamos é sendo convidados a nos comover com os protagonistas do terror.

Muda-se o canal. No SBT Brasil, fala um dos promotores que denunciaram cinco diretores da Daslu, a loja de roupas dos ricos e famosos do Brasil. Ele não teve dúvida. À moda de um Robespierre dos Trópicos (ou um Saint-Just, a julgar pelos cabelos cuidadosamente longos), decretou: “Acabou a fase de punir apenas os pobres; agora, os nobres, os patrícios, também vão para a cadeia”. Que coisa! Ele poderia ter explicado por que foi oferecida a denúncia. Preferiu fazer um discurso, que foi ao ar, em que a Justiça se transforma em mero instrumento de sua particular versão da luta de classes — que está mais para um arranca-rabo. Deve ter falado outras coisas, mas aquele era o pedaço mais saboroso. Prestemos atenção ao “agora” de sua fala. O que ele quer dizer? A qual tempo, exatamente, ele se refere? Parece ser um tempo que não é histórico, mas político. Neste mesmo jornal, já vi uma invasão do MST a uma propriedade privada ser meticulosamente acompanhada, desde o planejamento à execução. Os miseráveis que servem de massa de manobra a um movimento político expunham a sua falta de dentes e de sorte. O crime estava social e moralmente justificado.

O julgamento dos assassinos da freira Doroty Stang, também nas TVs de hoje, mobilizam o mundo. É justo. Luiz Pereira da Silva, o policial capturado, torturado e assassinado num assentamento do MST, em Pernambuco, já virou o húmus onde viceja a mistificação. Não era um homem-causa. Não é um mártir do reino da justiça das esquerdas, aquele construído sobre uma impressionante montanha de cadáveres, de que Hugo Chávez, o do óleo barato, é a versão pateticamente atualizada.

Laurindo certamente acha que isso ainda é muito pouco. Ele pertence a ONGs e grupos empenhados em conferir “função social” ao jornalismo de rádio e TV e em monitorar o conteúdo da programação, já que a radiodifusão, no país, é uma concessão pública. Como ele se quer o representante desse “público”, embora uma representação auto-outorgada, não hesita em fazer a sua crítica como se habitasse o promontório da independência. Uma vez que o jornalismo foi cedendo à patrulha esquerdista — em parte porque a maioria dos jornalistas é petista, mão-de-obra que Laurindo, suponho, ajude a reproduzir e a repor com suas aulas —, os policiais de consciência querem mais. Já seqüestraram o debate. Agora, ficam cobrando sucessivos resgates.

E olhem que já lhes são dadas coisas aos montes. Enquanto escrevo, a TV noticia que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a defender, nesta quinta, o fim de Israel. Há dois dias, caiu um avião em Teerã. Morreram ao menos 115 pessoas. O noticiário do mundo inteiro, também o brasileiro, na TV ou nos jornais, observa que o embargo americano impede o Irã de repor peças de suas aeronaves. Está explicado. Quando ocorre um acidente aéreo em Teerã, a responsabilidade, claro, é de Washington. Quando dois aviões derrubam as Torres Gêmeas em Nova York, a culpa também é de Washington. Sabem como é: o unilateralismo bushiano maltrata humanistas da qualidade de Ahmadinejad... O antiamericanismo é a doença fúngica do esquerdismo.
Chega!
Já fui longe. Acho que o JN e William Bonner foram vítimas de uma trapaça intelectual, ideológica, jornalística e política. Se a minha solidariedade valesse de alguma coisa, aqui estaria. As pessoas têm o direito de falar e escrever, como faço, o que lhes der na telha — respondendo, é claro, pelo que falam e escrevem. Mas atacar pelas costas é vedado ao bom guerreiro. Foi o que Laurindo fez. De certo modo, a Rede Globo paga o preço — um preço ridículo, é verdade (eu sou um dos únicos que dão bola para a academia no Brasil) — do flerte com os adversários.

Cada um faça o que quiser de sua empresa. Não sei que diabos os acadêmicos foram fazer na Globo ou o que tinham a ensinar aos jornalistas. Nos debates de que tenho participado ou nas palestras que tenho conferido em universidades, percebo que a maioria dos estudantes considera os meios de comunicação “inimigos do povo” e uma fábrica de falsidades a serviço do capital. Quem lhes ensina isso são seus professores, dublês de mestres e militantes políticos. Chamam “técnica” o que não passa de juízo de valor e ideologia rombuda. A maioria dos que ensinam é incapaz de fazer um lead inteligível. Como se vê, até a gramática e a sintaxe lhes são claramente hostis. Ademais, boa parte jamais botou os pés numa redação.

Não sou do tipo avesso à teoria, não. Muito ao contrário. Gosto dela. Naqueles encontros a que aludi, costumo fazer referência a alguns clássicos do pensamento político, social, econômico, nomes muito citados em discursos na sala de aula. A maioria amarela e não vai além do clichê e dos livros (agora Google) de citações. Quem se opõe contenta-se em me chamar de “reacionário”. Posso ser. Mas li o que boa parte diz ter lido. Trata-se de gente que evita o debate com a sua ignorância olimpicamente superior. Quero, sim, o concurso dos acadêmicos. Que nos ajudem a fazer jornais melhores, revistas melhores, sites melhores, jornalismo de TV melhor. Mas é preciso ter honestidade intelectual.

Arremato aplaudindo, também eu, a sutileza da resposta de Bonner. É isso, meu caro: você superestimou parte da platéia que estava ali para vigiá-lo. Supôs que ela tivesse, ao menos, o nível de entendimento de Homer Simpson. E, de fato, tratava-se de um Dino da Silva Sauro. Bonner, está provado, faz muito bem em não superestimar a inteligência alheia.

[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
Publicado em 8 de dezembro de 2005.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Rodion

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #3 Online: 19 de Dezembro de 2005, 18:50:06 »
e o que acho..
bom, nada de escandalizante no texto inicial, por mais que laurindo queira fazer parecer. fora o homer, que bonner explicou, tem algo aqui de alguém não suspeitava? como disse RA no texto acima,
Citar
Os “especialistas” eram, assim, como um Big Brother da academia assistindo à farra da imprensa burguesa.

era o que devia acontecer mesmo ...  :roll:
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Offline uiliníli

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #4 Online: 19 de Dezembro de 2005, 18:59:24 »
Essa desculpa do Bonner não convence nem ao próprio Homer Simpson original, afinal ao cuidar para elaborar uma notícia que o "Homer" padrão possa entender com certeza não é o Homer que ama sua família que interessa, ou será que ser trabalhador e pai de família protetor altera seu domínio da linguagem? O Bonner deve pensar que somos mesmo muito idiotas para aceitar uma retratação dessas.

Offline n/a

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #5 Online: 19 de Dezembro de 2005, 19:02:26 »
Tinha que ser da Carta Capital... Hehehe.

Também não vi nada demais no que Bonner falou. E o texto inicial, lamentável.

E não é só no Brasil. Nos EUA o perfil do telespectador não deve ser muito diferente, por exemplo.

Offline uiliníli

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #6 Online: 19 de Dezembro de 2005, 19:07:27 »
Eu também não me surpreendi com esse perfil do telespectador padrão, mas a resposta do Bonner é mais lamentável ainda.

Offline Rodion

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Re: Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #7 Online: 19 de Dezembro de 2005, 19:41:16 »
Citação de: Gabriel dCF
Eu também não me surpreendi com esse perfil do telespectador padrão, mas a resposta do Bonner é mais lamentável ainda.


e que outro personagem você escolheria, para designar o telespectador médio?
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Offline uiliníli

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #8 Online: 19 de Dezembro de 2005, 19:44:19 »
Você não me entendeu. Eu disse que não me surpreendi pelo telespectador médio ser comparado ao Homer Simpson, mas que a tentativa do Willian Bonner de esclarecer que na verdade ele não quis dizer o que ficou aparente na reportagem da Carta Capital é ridícula. A emenda ficou pior que o soneto.

Offline Hrrr

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #9 Online: 19 de Dezembro de 2005, 22:08:37 »
coincidencia, eu tambem tranquei essa joça e nao penso em voltar de jeito nenhum
so num te dou outra pq

Offline n/a

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #10 Online: 19 de Dezembro de 2005, 22:09:52 »
Por que tanto ódio ao jornalismo, amiguinhos?

Offline Luis Brudna

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #11 Online: 20 de Dezembro de 2005, 01:45:40 »
Jornalismo eh uma area dificil de conseguir um bom salario. Mesmo trabalhando em um bom jornal, os salarios nao sao muito atraentes.

Offline Marcelo Terra

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #12 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:05:06 »
Citar
E não é só no Brasil. Nos EUA o perfil do telespectador não deve ser muito diferente, por exemplo.


Nos EUA o espectador médio É o Homer, oras! 8-)

Offline Marcelo Terra

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #13 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:21:45 »
E o Bonner e Reinaldo enxerido NÃO SABEM NADA DE OS SIMPSONS!!!!

"Mas o Professor Laurindo tem uma visao diferente de Homer. Em vez do trabalhador (numa usina nuclear), o acadêmico o vê como um preguiçoso."

Só alguém que não sabe nada da série diria que o Homer é um trabalhador...

"Em vez do chefe de família, o Professor Laurindo o vê como um comedor de biscoitos."

Só alguém que não sabe nada da série diria que o Homer é um chefe de família... Coitada da Margie...

"Esta imagem nao é a que tenho, nao é a disponível, num texto bem-humorado, no site oficial da série Os Simpsons, que faz graça do personagem, mas registra que Homer é 'um marido devotado e que, apesar de poucas fraquezas, ama a sua família e é capaz de tudo para provar isso, mesmo que isso signifique se fazer passar por tolo'...". "

O site não deve ter passado pela equipe de criação então... Pra dizer que o Homer tem POUCAS fraquezas...

Offline Marcelo Terra

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #14 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:26:11 »
E só pra deixar registrado:

O Homer É preguiçoso, irresponsável, egoísta, tende a cometer atos desonestos, tem dificuldades de demonstrar afeto para a família e de perceber seus anseios e necessidades. Ele é um estereótipo de muitos dos principais defeitos dos chefes de família nos EUA em uma pessoa só. A sua "aversão ao raciocício" (tá, é burrice mesmo) é lendária e explorada em vários episódios. E vem me dizer que ele se passa por tolo? Eu, hein...

Offline Rodion

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #15 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:30:36 »
ora. não que eu assista simpsons todo dia, mas o homer tem seu lado nobre. em alguns episódios fica evidente que, apesar das tentativas de estrangulamento, ele ama sua família. e muitos são os episódios em que ele tem de tomar esporro do senhor burns.

aliás, nada mais natural identificar o pai de família médio com o homer, já que homer foi construído logo em cima deste perfil padrão. estou errado?
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Offline Marcelo Terra

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Re: Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #16 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:38:38 »
Citação de: bruno
ora. não que eu assista simpsons todo dia, mas o homer tem seu lado nobre. em alguns episódios fica evidente que, apesar das tentativas de estrangulamento, ele ama sua família. e muitos são os episódios em que ele tem de tomar esporro do senhor burns.


Eu não disse que ele não ama a família. Citei os defeitos dele, se eu achasse que ele não ama a família, embora do jeito dele, com certeza eu teria mencionado isso. Mas ele tem sérios problemas no relacionamento com a família e como eu mesmo citei "tem dificuldade em demonstrar afeto" acho que isso deixa claro que ele tem afeto pela família embora tenha dificuldades de demonstrar.

Citar
aliás, nada mais natural identificar o pai de família médio com o homer, já que homer foi construído logo em cima deste perfil padrão. estou errado?


Não, está certo. Foi o que eu disse: "Ele é um estereótipo de muitos dos principais defeitos dos chefes de família nos EUA em uma pessoa só."

Offline Rodion

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #17 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:42:28 »
sim, sim, mas então ele talvez seja egoísta e tenha todas suas desvirtudes, afinal, é um personagem cômico. mas não dá pra sabermos a visão que bonner tem dele. o homer de cada um é um só  :lol:
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Offline Marcelo Terra

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #18 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:51:36 »
Sinto muito Bruno, o Bonner NÃO SABE NADA DE OS SIMPSONS. E isso ficou mais do que claro no que ele disse, sinto muito.

Mas isso não é uma crítica, ele não é obrigado a saber nada do assunto, assim como o uso que ele faz do Homer é interno do trabalho e ninguém tem nada a ver com isso. Agora, a crítica do professor procede, o JN é superficial por que é planejado para um espectador que está esperando exatamente isso. E o Bonner está certo em planejar o JN para esse público, em desculpem dizer, "de baixo nível". Ele é pago pra isso e se ele fizesse um jornal elitizado e inacessível a esse grande público perderia a audiência e o emprego. E é claro que ele não adimitiria publicamente isso. Acho que o professor está certo na crítica mas errado em não perceber, seja por ideologia ou não, que o produto JN não poderia ser produzido de outro jeito.

Já o tal do Reinaldo é um idiota que fez um texto IMENSO só pra aparecer. E não falo mais sobre ele. Dane-se.

Offline Rodion

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #19 Online: 20 de Dezembro de 2005, 11:02:13 »
hahaha
mas o que eu gosto no reinaldo é a forma de manejar o português. ele o faz com muita habilidade, torna a leitura até prazerosa. mas segue a linha do francis, então muita gente não gosta.

e de fato, se pensarmos bem; há lá os nichos de mercado. alguém precisa informar essa massa, e quem quiser achar algo com mais 'sustança' pode procurar nos veículos especializados. por isso não vejo muito sentido na eterna crítica contra a 'mídia burguesa'... ora, quem quiser, que leia carta capital. aliás, se quiser gastar menos, que pegue dois reais e vá para um ciber café, e vá ler o observatório da imprensa ou o site da caros amigos. e mesmo os jornais impressos oferecem algo mais profundo. eu, pelo menos, não vejo jornal na tv. atualmente tem veículo de informação pra todos os gostos, credos e ideologias.
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Offline Roberto

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Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #20 Online: 20 de Dezembro de 2005, 11:25:09 »
Faltou ao Daniel (Reynaldo) explicar porque trancou Jornalismo. Seria porque se recusa a escrever para os Homers?
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Zibss

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #21 Online: 20 de Dezembro de 2005, 13:13:26 »
Eu faço faculdade de jornalismo, adoro meu curso e não vou trancar, tá? |(

Offline Südenbauer

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Re: Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #22 Online: 20 de Dezembro de 2005, 13:25:24 »
Citação de: Mr.Hammond
Eu faço faculdade de jornalismo, adoro meu curso e não vou trancar, tá? |(

E a UNIVAP é uma droga.

Offline n/a

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Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #23 Online: 21 de Dezembro de 2005, 00:05:52 »
:lol:

Acho que o Bonner até conhece o Homer, a resposta dele ao tal professor que ficou meio "falsa".

Atheist

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Re: Re.: Das razões pelas quais tranquei Jornalismo
« Resposta #24 Online: 21 de Dezembro de 2005, 00:19:15 »
Citação de: Ricardo M
Por que tanto ódio ao jornalismo, amiguinhos?


Eu adoro jornalistas!!!

Viram o último "código genético" desvendado??? Do mamute...

Enviei um email para a Folha, mandei o jornalista deles dar uma lida num livro de genética básico, para saber a diferença entre código genético e sequência de DNA.

Para quê criacionistas, se temos jornalistas???

 

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