Autor Tópico: Liberalismo Selvagem  (Lida 952 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Rodion

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.872
Liberalismo Selvagem
« Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:27:50 »
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4412
Liberalismo selvagem?
por Sérgio Pereira em 20 de dezembro de 2005


Certa vez, eu estava conversando com um professor da minha faculdade sobre o liberalismo quando, de repente, ele proferiu a seguinte pérola: “Em minha opinião, o Estado mínimo não passa de uma transferência de problema, pois se trata de um sistema em que o Estado transfere ao mercado funções que este, historicamente, jamais conseguiu resolver. É o caso dos presídios privatizados, que registram um índice baixíssimo de recuperação.” O ilustre professor só se esqueceu de que se um presidiário não consegue se reintegrar à sociedade, isso se deve à sua índole criminosa, e não à privatização. Transferir a culpa da não-recuperação da maioria dos presidiários à privatização é algo que demonstra uma degeneração cognitiva em estágio avançado, praticamente terminal. Os partidários deste tipo de pensamento argumentam que o liberalismo é a faceta mais cruel do capitalismo selvagem, pois se trata de um sistema que, segundo eles, deixa o cidadão ao Deus-dará da luta pela sobrevivência, à mercê de um sistema econômico que distribui desigualmente a riqueza e as oportunidades de geração de renda. No entanto, como dizia Winston Churchill: “Por outro lado, o socialismo distribui igualmente a miséria.”

 

Este artigo não tem como objetivo condenar apenas o socialismo, mas também criticar ferozmente a faceta verdadeiramente selvagem do capitalismo: o capitalismo de Estado. Tendo o Muro de Berlim sido derrubado (e não caído, como os socialistas costumam falar) em 1989, com muita vontade pelos alemães das duas Berlins, a conspiração socialista internacional percebeu que o socialismo absoluto é absolutamente insustentável. Assim sendo, a esquerda global logo tratou de arranjar um substituto à altura do socialismo real: o capitalismo estatal, um sistema realmente perverso e selvagem em que os direitos individuais e naturais, tais como a liberdade e a propriedade, são brutalmente relativizados.

 

Um bom exemplo do capitalismo de Estado aplicado pela conspiração socialista no Terceiro Mundo foram as privatizações do governo FHC. O detalhe perverso deste quadro não são as privatizações em si, mas as condições em que elas foram realizadas e o panorama institucional em que elas estão inseridas. Traduzindo o que estou falando para um nível de compreensão mais coloquial, significa dizer que não adianta nada privatizar estatais sem flexibilizar a legislação trabalhista brasileira, que faz com que as grandes empresas sejam literalmente obrigadas a possuir departamentos inteiros de suas estruturas destinados a lidar com o Leviatã trabalhista brasileiro, um verdadeiro e dantesco inferno de encargos e leis que elevam questões fundamentais como a saudável atividade empresarial a níveis impeditivos de burocracia estatal para coisas que, em outros países, mesmo do próprio Terceiro Mundo, são simples, tais como abrir e fechar uma empresa e contratar e demitir um funcionário.

 

Embrulham-me o estômago certos diálogos entabulados em churrascadas a que sou convidado, nas quais muitas pessoas, verdadeiros inocentes úteis a serviço da conspiração socialista internacional, argumentam a urgente necessidade de um Estado de regime socialista para “combater as desigualdades sociais”, mas estes desinformados não percebem que a cada litro de cerveja e a cada garfada de picanha e lingüiça que eles deglutem, estes devoram o equivalente a uma semana de refeições de uma família pobre.

Enfim, é necessário que as autoridades e os inocentes úteis (e os inúteis, também) despertem para a realidade de que o capitalismo estatal é o verdadeiro capitalismo selvagem, um sistema tão perverso e cerceador de direitos individuais e naturais quanto o pior dos regimes socialistas. O liberalismo, por sua vez, não é a solução ideal para todos os problemas sociais, mas, pelo menos, nós liberais, estamos longe de lutar por utopias. Somos sim, ferrenhos defensores dos direitos naturais e entendemos que só o mercado, livre, é claro, pode corrigir as distorções criadas e impostas pelo Estado, respeitando a propriedade e promovendo a liberdade das escolhas individuais num ambiente institucional de confiança mútua, cumprimento dos contratos sociais e concorrência livre e meritocrática.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Rodion

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.872
Re.: Liberalismo Selvagem
« Resposta #1 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:28:04 »
ok. e comentei no meu blog que ninguém visita :)

Simpatizo com o pensamento liberal(ou libertário, como preferirem). Como bom patriota, queria que alguns aspectos dele predominassem no Brasil, que alguns valores fossem cultivados pela população. Na impossibilidade disso, esforço-me para que pelo menos a qualidade do debate público melhore. Que os dogmas e maniqueísmos caiam (de esquerda, de direita ou até de cima); que deixem de pensar que o FMI é um artifício dos países ricos para nos subordinar, de pensar que privatizar é ser entreguista ou que há uma conspiração gramsciana em curso. Quero que arte de bem debater, acima de tudo honestamente e com inteligência, ganhe mais espaço.
O mídia sem máscara às vezes publica bons textos, geralmente dos mesmos autores. Gosto, por exemplo, de Janer Cristaldo ou Rodrigo Constantino, ainda que haja discordâncias. Mas quero comentar aqui um texto que faz parte, na minha opinião, do pior do MSM. É o tipo de texto esquizofrênico, com tremenda falta de bom senso e nada aberto a debate. O link é esse: http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4412

"Certa vez, eu estava conversando com um professor da minha faculdade sobre o liberalismo quando, de repente, ele proferiu a seguinte pérola: “Em minha opinião, o Estado mínimo não passa de uma transferência de problema, pois se trata de um sistema em que o Estado transfere ao mercado funções que este, historicamente, jamais conseguiu resolver. É o caso dos presídios privatizados, que registram um índice baixíssimo de recuperação.” O ilustre professor só se esqueceu de que se um presidiário não consegue se reintegrar à sociedade, isso se deve à sua índole criminosa, e não à privatização. Transferir a culpa da não-recuperação da maioria dos presidiários à privatização é algo que demonstra uma degeneração cognitiva em estágio avançado, praticamente terminal. Os partidários deste tipo de pensamento argumentam que o liberalismo é a faceta mais cruel do capitalismo selvagem, pois se trata de um sistema que, segundo eles, deixa o cidadão ao Deus-dará da luta pela sobrevivência, à mercê de um sistema econômico que distribui desigualmente a riqueza e as oportunidades de geração de renda. No entanto, como dizia Winston Churchill: “Por outro lado, o socialismo distribui igualmente a miséria.”

Sérgio Pereira começou mal. Não é esta falta de prudência que vai convencer mentes indecisas do ideário liberal, ou mesmo torná-las simpáticas a um ponto de vista adverso. É o tipo de texto que só tem efeito nos 'já convertidos'. Começou mal primeiro por ser áspero e raivoso ("(..) é algo que demonstra uma degeneração cognitiva em estágio avançado(..)"). Partiu de um juízo de valor("o que determina a reabilitação do preso é sua índole"). Ora, se em presídios estatais a taxa de reabilitação é mais alta do que em presídios privados, o que pode-se subentender pela afirmação do professor mesmo sem dados em mãos, então já não é uma questão de índole, é?

"Um bom exemplo do capitalismo de Estado aplicado pela conspiração socialista no Terceiro Mundo foram as privatizações do governo FHC. O detalhe perverso deste quadro não são as privatizações em si, mas as condições em que elas foram realizadas e o panorama institucional em que elas estão inseridas. Traduzindo o que estou falando para um nível de compreensão mais coloquial, significa dizer que não adianta nada privatizar estatais sem flexibilizar a legislação trabalhista brasileira, que faz com que as grandes empresas sejam literalmente obrigadas a possuir departamentos inteiros de suas estruturas destinados a lidar com o Leviatã trabalhista brasileiro, um verdadeiro e dantesco inferno de encargos e leis que elevam questões fundamentais como a saudável atividade empresarial a níveis impeditivos de burocracia estatal para coisas que, em outros países, mesmo do próprio Terceiro Mundo, são simples, tais como abrir e fechar uma empresa e contratar e demitir um funcionário."

Começa esquizofrênico, falando de batatas, e termina falando de tomates. Então o problema das privatizações são as... condições trabalhistas?

"Embrulham-me o estômago certos diálogos entabulados em churrascadas a que sou convidado, nas quais muitas pessoas, verdadeiros inocentes úteis a serviço da conspiração socialista internacional, argumentam a urgente necessidade de um Estado de regime socialista para “combater as desigualdades sociais”, mas estes desinformados não percebem que a cada litro de cerveja e a cada garfada de picanha e lingüiça que eles deglutem, estes devoram o equivalente a uma semana de refeições de uma família pobre."

Uma crítica fora do lugar cercada por esquizofrenia.. É uma afirmação cínica do mesmo tipo de "você é uma contradição; comunista mas navega pela internet". Ora, se você, leitor, fosse comunista, saberia que não adiantaria renunciar a seus bens e dividir com meia dúzia de miseráveis, já que milhões ainda estariam por ser salvos. E ainda, com o objetivo de fazer a revolução em mente, usaria de todos os meios possíveis, internet inclusa.

"Enfim, é necessário que as autoridades e os inocentes úteis (e os inúteis, também) despertem para a realidade de que o capitalismo estatal é o verdadeiro capitalismo selvagem, um sistema tão perverso e cerceador de direitos individuais e naturais quanto o pior dos regimes socialistas. O liberalismo, por sua vez, não é a solução ideal para todos os problemas sociais, mas, pelo menos, nós liberais, estamos longe de lutar por utopias. Somos sim, ferrenhos defensores dos direitos naturais e entendemos que só o mercado, livre, é claro, pode corrigir as distorções criadas e impostas pelo Estado, respeitando a propriedade e promovendo a liberdade das escolhas individuais num ambiente institucional de confiança mútua, cumprimento dos contratos sociais e concorrência livre e meritocrática."

Tá, uma conclusão que não tem muito a ver com o resto do texto. Primeiro, o problema dos presídios estatizados é a 'má índole' dos criminosos. Depois, o problema das privatizações é a legislação trabalhista. Uma crítica a quem come churrasco e fala contra a desigualdade social, e um desabafo sem muita relação com o resto do texto. Tudo, claro, regado a muitos escárnios e muita prepotência.

Sinceramente, reacionários, quem querem convencer com textos que não querem convencer? Outro dia comento um de esquerda.

http://cafebr.blogspot.com/
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Roberto

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.021
Liberalismo Selvagem
« Resposta #2 Online: 20 de Dezembro de 2005, 10:46:07 »
Bruno, sua predileção pelo Cristaldo e pelo Constantino não tem muito a ver com o fato deles serem ateus, tem?  :wink:
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Rodion

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.872
Liberalismo Selvagem
« Resposta #3 Online: 20 de Dezembro de 2005, 11:01:47 »
Citação de: Roberto
Bruno, sua predileção pelo Cristaldo e pelo Constantino não tem muito a ver com o fato deles serem ateus, tem?  :wink:


talvez um pouco. mas o constantino faz pouco tempo que eu sei que é ateu. mas é mais por fugirem do 'mau tipo do msm', usarem mesmo alguma argumentação, desprendimento de alguns dogmas típicos e evitarem aquela mania do olavo de mal debater, usando de muitos ad hominens e muita prepotência. o legal do constantino é que ele sempre põe dados. do cristaldo sou leitor há mais tempo, desde suas crônicas.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!