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Humanos colonizaram norte da Europa há 700 mil anos
« Online: 22 de Dezembro de 2005, 15:48:21 »
Humanos colonizaram norte da Europa há 700 mil anos[/size]

Os primeiros homens colonizaram o norte da Europa há cerca de 700 mil anos, uns 200 mil anos antes do que se pensava previamente, acreditam arqueólogos britânicos. A descoberta reescreverá a odisséia do Homo erectus, ancestral do homem moderno, que se aventurou fora da África e se espalhou na direção norte rumo à Eurásia.
Segundo a cronologia corrente, estes humanos colonizaram o sul do Cáucaso cerca de 1,8 milhão de anos atrás, quando se aventuraram rumo ao oeste ao longo do Mediterrâneo, atingindo a Espanha e a Itália cerca de 800 mil anos atrás. Mas até agora se acreditava que o frio intenso de uma prolongada Era Glacial teria impedido a mobilização destes pioneiros da Idade da Pedra rumo ao norte por centenas de milhares de anos.

A evidência mais remota de assentamento humano ao norte dos Alpes e nos Pirineus data de cerca de meio milhão de anos atrás, graças a descobertas em Mauer, na Alemanha, e em Boxgrove, no sul da Inglaterra. Esta hipótese agora foi derrubada por descobertas extraordinárias feitas durante a escavação de desfiladeiros costeiros em Suffolk, um condado no leste da Inglaterra.

Cerca de 700 mil anos atrás, a Grã-Bretanha estava ligada à Europa continental por uma "ponte de terra" que se espalhava para onde hoje é o Canal da Mancha. Suffolk e o condado vizinho de Norfolk foram áreas de terra baixa através das quais rios lentos serpenteavam, depositando uma espessa camada de lama e areia.

A bacia do Mar do Norte eventualmente baixava e a costa rasa de East Anglia emergia, expondo sua camada sedimentar, denominada ''Cromer Forest-bed Formation''. Geólogos vitorianos foram os primeiros a descobri-la, identificando um tesouro de fósseis de mamíferos, moluscos, besouros, frutos e sementes extintos.

Cerca de um século e meio depois, a equipe dirigida por Anthony Stuart e Simon Parfitt, da University College, consideram estas descobertas um grande passo futuro. Em um artigo que será publicado na edição de quinta-feira da revista científica britânica Nature, os cientistas registraram a descoberta de 32 artefatos de sílex, recuperados em Pakefield, Suffolk. Os artefatos são lâminas afiadas, algumas com mais de 20 mm de comprimento, que foram lascadas de pedaços maiores de sílex preto enquanto os humanos produziam ferramentas, acreditam.

Trabalhando em condições difíceis, na maré baixa, os pesquisadores também encontraram uma série de fósseis de plantas e insetos, inclusive espécies que não poderiam ter sobrevivido ao frio intenso. Com base nestas espécies, os cientistas calculam que em julho, o mês mais quente, as temperaturas estariam entre 18 e 23º C, enquanto em janeiro e fevereiro, os meses mais frios, a temperatura média estaria entre seis graus negativos e 4ºC. Em outras palavras, o clima estava temperado.

Os fósseis sugerem que o local, na época, compreendia um rio sinuoso, um pântano e uma área de pasto que teriam servido de alimento para bisões, leões, lobos e mamutes, entre outros animais. "A área alagada teria fornecido um meio ambiente rico para os primeiros humanos, com uma variedade ampla de recursos animais e vegetais", destacou o jornal.

"Um atrativo a mais, em uma região onde sílex de boa qualidade é escasso, foi o rio cheio de cascalhos ricos de sílex, que forneceram a matéria-prima para a confecção de ferramentas", acrescentou. Em um comentário, também publicado pela Nature, Wil Roebroeks, arqueólogo da Universidade de Leiden, na Holanda, disse que "Parfitt e seus colegas encontraram o ouro da Idade da Pedra".

"Evidentemente os primeiros humanos vasculhavam as margens destes rios junto com hipopótamos, rinocerontes e elefantes. Eles o fizeram durante um período interglacial quente e muito mais cedo do que se supunha até agora, pelo menos nesta parte da Europa", acrescentou. O que aconteceu com estes colonizadores continua sendo um mistério, embora eles possam ter morrido ou deixado o local quando a próxima Era do Gelo apareceu.

O Homo erectus viveu entre dois milhões de anos e 400 mil anos atrás e evidências anteriores demonstraram que este hominídeo era capaz de usar ferramentas e provavelmente de controlar o fogo. Ele é considerado o precursor do Homo sapiens, o homem moderno, cuja origem também remonta à África. Esta emergência ocorreu cerca de 200 mil anos atrás e levou a uma conquista global que foi, da mesma forma, impossibilitada por um clima mais quente.


Fonte: Terra Notícias

 

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