Autor Tópico: A política de direita no Brasil  (Lida 1439 vezes)

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ukrainian

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A política de direita no Brasil
« Online: 03 de Janeiro de 2006, 00:25:43 »
Caio Navarro de Toledo  - Outubro 2005

Uma singularidade do pensamento político contemporâneo – influenciado pelo chamado pós-modernismo – consiste na recorrente negação da validade da distinção entre esquerda x direita. Embora estas noções não tenham o rigor de conceitos teóricos, nem por isso devem ser dispensadas na medida em que podem balizar posições ideológicas e distinguir os interlocutores no debate político. Não sendo noções científicas, não deixam de ter um valor operacional ou pragmático. Como sagazmente observou o paraibano Suassuna, aquele que, enfaticamente, proclama o anacronismo das noções de esquerda e direita “normalmente é de direita”... Assim, duas observações iniciais podem ser feitas: no plano simbólico, a crítica de esquerda tem sido bem-sucedida, pois à palavra “direita”, hoje, são associados sentidos e conotações negativos. Por sua vez, no Brasil, nem o mais radical ideólogo ou político reacionário admite ser de direita.

Ao longo da história republicana brasileira, o pensamento de esquerda nunca desempenhou um papel relevante na definição das políticas de governo, não teve preponderância nas instituições estatais nem alcançou hegemonia no interior da chamada sociedade civil. No entanto, é indubitável que valores e ideais, típicos da tradição de esquerda, conquistaram um lugar importante no debate político contemporâneo. Neste sentido, pode-se afirmar que, no plano retórico, nenhum político de direita declara, abertamente, ser contrário à democracia política; de outro lado, em seus retóricos discursos, esses políticos se manifestam contra as mazelas da fome, da miséria e do desemprego, bem como não deixam de reconhecer o aprofundamento das desigualdades sociais no país. Assim, o ideal da justiça social e o valor das liberdades democráticas – bandeiras históricas das lutas populares e de esquerda em todo o mundo – não são, formalmente, ignorados pelo discurso da direita política brasileira.

No entanto, como o insuspeito filósofo liberal Bobbio reconhece, a ação política de direita nunca privilegia a realização de reformas sociais (visando a uma sociedade mais igualitária) e pouco faz para a expansão das liberdades políticas (na busca de uma democracia política mais consistente e menos formalista). Por sua vez, na oposição a governos progressistas (reformistas, não necessariamente de esquerda ou socialistas), os políticos e os ideólogos de direita – no Brasil e no conjunto da América Latina – defendem o status quo (a propriedade privada é “sagrada” e “inviolável”), opõem-se radicalmente à ampliação dos direitos sociais e à realização de mudanças socioeconômicas, repudiam a ativa participação dos movimentos sociais na cena política (as massas populares são consideradas ignaras, “infantis” ou “perigosas”, devendo, pois, serem tuteladas ou reprimidas), contestam as políticas (econômica e de relações internacionais) que buscam a soberania nacional ou uma menor dependência em relação às nações e Estados capitalistas hegemônicos, etc. Diante das iniciativas de governos reformistas (pejorativamente acusados de “populistas”), a direita civil promove maciças campanhas ideológicas – financiadas pelo capital nacional e estrangeiro – visando à desestabilização de legítimos governos constitucionais e, no limite, como “vivandeiras de quartel”, apelam para o golpe de Estado para defender a ordem capitalista e “salvar a democracia”.

De forma sintética e sumária, examinemos alguns momentos de nossa história política. Durante a breve vigência da Carta constitucional de 1946, o golpe de Estado sempre rondou a democracia brasileira, instituída com a queda do Estado Novo (1937-1945). Os porta-vozes civis do golpismo foram lideranças importantes de partidos de direita ou centro-direita, com amplo destaque para a União Democrática Nacional, partido cujos candidatos eram sempre derrotados nas eleições presidenciais. Tentativas golpistas (em 1954, 1955, 1956 e 1961) prepararam o cenário de 1964. O golpe civil-militar foi um movimento reacionário contra a realização das reformas sociais – entre as quais se destacava a reforma agrária – que interessavam a amplas parcelas da sociedade brasileira e uma ação contra a emergência de uma democracia política com uma maior e ativa participação popular.

Em abril de 1964, a direita civil e militar se instalou no poder de Estado. De imediato, os partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais populares, entidades de intelectuais, artistas, jornalistas, estudantes, etc. – de orientação progressista (reformista, socialista, nacionalista, humanista cristã, etc.) – foram severamente reprimidos ou extintos. Em 1968, o AI-5 radicalizou a natureza reacionária e conservadora do golpe de 64, com o apoio de significativos segmentos da sociedade brasileira.

Certamente, o país – em virtude de conjunturas econômicas internacionais favoráveis – não deixou de alcançar, nesses momentos, altas taxas de crescimento econômico enquanto empresas estatais foram criadas ou fortalecidas, companhias multinacionais ampliaram seus investimentos no país, as exportações foram diversificadas e ampliadas, etc. A política econômica dos militares, sob a direção da tecnoburocracia civil, consolidou o capitalismo associado-dependente inaugurado no governo JK. Por sua vez, os trabalhadores sofreram um permanente arrocho salarial, o desemprego cresceu após o chamado “milagre”, e os serviços de saúde, educação, saneamento, transporte, etc., em todo o país, foram altamente comprometidos. O país se endividou crescentemente comprometendo a soberania nacional. Nesse contexto, um general-presidente cunhou uma ambivalente frase: “a economia vai bem, mas o povo vai mal”.

Durante mais de 20 anos a direita foi dominante sem, contudo, alcançar a hegemonia política e cultural no interior da sociedade; a chamada “modernização conservadora” foi imposta sem a adesão das massas populares e dos trabalhadores. Enquanto nos tempos de Goulart buscava-se reformar o capitalismo, sob a direção dos militares e da direita civil chegamos a um autêntico “capitalismo selvagem” pois os direitos sociais foram sacrificados e as liberdades políticas reprimidas.

Na luta pela redemocratização, foram criadas e alimentadas as melhores expectativas de que – alcançada a democracia política – as mudanças socioeconômicas reivindicadas permitiriam um desenvolvimento econômico menos dependente em relação ao imperialismo bem como a atenuação das desigualdades sociais e regionais e a conquista da soberania nacional. A “redemocratização pelo alto”, com Sarney na chefia da “Nova República”, avançou em termos de liberdades políticas (a reforma partidária garantiu a presença de comunistas e socialdemocratas na cena política, greves se sucederam com participação das centrais sindicais recém-criadas, o processo constituinte teve ampla participação dos movimentos sociais populares, a censura aos meios de comunicação foi praticamente extinta, etc.). Tutelado pelos militares, o governo Sarney não se empenhou com as bandeiras reformistas do antigo MDB, inclinando-se gradativamente para a direita com o apoio decisivo do ultrafisiológico Centrão. A crise social se agravou (com a inflação alcançando o inédito índice de 80 % ao mês) sem que a democracia política alcançada ensejasse qualquer mudança social significativa para os trabalhadores e as camadas populares. O rotundo fracasso social do governo Sarney pavimentou a vitória de um aventureiro na primeira eleição direta para a presidência da República após o regime militar.

A partir de Collor, a ideologia neoliberal começou a orientar políticas de governos e foi incorporada por partidos políticos, movimentos sociais, meios de comunicação, intelectualidade, etc.; inclusive por aqueles setores que, na luta pela redemocratização, defendiam bandeiras reformistas. Fundamentado em pensadores conservadores (entre eles, Hayek, Mises, Friedman, Buchanan), que nunca esconderam suas simpatias por regimes de direita, o modelo econômico neoliberal aportará tardiamente no Brasil. Será no governo FHC que a política econômica neoliberal dará seus mais significativos passos no país. As prescrições do chamado “Consenso de Washington”, do FMI e do Banco Mundial serão dogmas e práticas efetivas da política econômica do governo do PSDB-PFL. Privatizações de empresas e serviços públicos, desregulamentação das relações de trabalho, abertura comercial e financeira ao capital internacional e ampla política de redução de gastos sociais foram aplicadas com o propósito de levar o país à sua “modernidade”.

Em 2002, um operário vinculado a um partido situado à esquerda do espectro político, foi eleito presidente da República. Embora a plataforma do candidato da aliança PT/PCdoB/PTB/PP/PL se apresentasse de forma mais moderada em relação às campanhas anteriores – como se evidenciou com  a “Carta aos Brasileiros” de junho de 2002 –, o eleitorado apoiou maciçamente Lula da Silva pois acreditava que seu governo promoveria mudanças sociais e econômicas importantes no país. Quase três anos decorridos, o governo Lula frustrou amplamente os setores progressistas e de esquerda na medida em que adotou, em suas linhas mestras, um modelo econômico que, nos oito anos do governo FHC, agravou ainda mais as condições de vida dos trabalhadores e das camadas populares.

A política econômica comandada por Palocci e Meirelles, as alianças políticas à direita e os simbolismos conservadores reabilitados revelam que o governo Lula – tal como ocorreu em outros países da América Latina – longe está de realizar os valores e os ideais defendidos pela tradição de esquerda. Ao invés de privilegiar e fortalecer as demandas dos trabalhadores, a política econômica atual continua sendo eficaz para a manutenção dos interesses das classes dominantes, sobretudo dos setores financeiros e daqueles voltados para a exportação. A política econômica do governo Lula representa, sem meias palavras, uma capitulação diante dos conservadorismos econômico, político e ideológico hoje dominantes no mundo.

Lembremo-nos que foi o próprio presidente da República quem tomou a iniciativa de livrar-se da “acusação” de ser de esquerda. Em resposta a uma jornalista, fez questão de tranqüilizar possíveis críticos de seu governo: “eu nunca fui de esquerda”. Supondo estar acima de (supostas) vazias e ultrapassadas rotulações, o governante não deixou, assim, de se enredar na armadilha da direita...

Por ocasião da crise política, aberta com as denúncias de corrupção no PT e no executivo, pode-se perceber com clareza como relevantes agentes políticos, em função de seus interesses de classe, se comportaram em relação ao governo Lula. É incontestável que os partidos de oposição (de centro-direita e direita, tais como o PSDB e o PFL) e o “núcleo duro” da mídia conservadora procuraram tirar proveitos político-eleitorais da crise; a estratégia foi a de debilitar o PT e a candidatura de Lula em 2006. Mas, em contrapartida, esses mesmos setores preservaram a figura do presidente, posto que descartaram, in limine,  a hipótese da abertura de um processo visando seu impedimento legal. Igualmente, as direções do PSDB e do PFL foram decididamente contrárias às convocações do Ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central para deporem na CPI dos Correios. O objetivo dessa operação foi um só: a economia não deveria ser “contaminada” pela crise política. O conjunto da direita política brasileira (na qual se destacam lideranças como Sarney, FHC, ACM, Bornhausen, Delfim Netto, Maciel, Maia, Maluf, etc.), a grande mídia (Rede Globo, Veja, Época, O Globo, O Estado, etc.), os setores empresariais (capital financeiro, industrial, comercial, etc.) e os organismos internacionais (FMI, Banco Mundial) agiram em uníssono para evitar possíveis “turbulências de mercado”...

O conservadorismo, reacionarismo, elitismo e xenofobismo do pensamento de direita são, freqüentemente, obstáculos para se alcançar uma lúcida consciência da realidade social. No entanto, ao apoiar e aplaudir com entusiasmo a política econômica neoliberal de Lula/Palocci, a direita revela que nunca tem lhe faltado consciência de classe.

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Caio Navarro de Toledo é professor de Ciência Política da Unicamp e diretor associado do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx), IFCH/Unicamp.

Offline Roberto

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A política de direita no Brasil
« Resposta #1 Online: 03 de Janeiro de 2006, 09:26:04 »
O que é ser "de direita"? E o que é ser "de esquerda"? Fiz estas perguntas várias vezes, e tudo o que me foi dito (pelo Perseus) foi para fazer o testezinho boboca do PoliticalCompass. Tudo bem, diz o rapaz aí que não são "noções científicas". Beleza, mas como é que eu reconheço, então, um fdp "de direita" e um santo "de esquerda"?

Outra coisa: democracia é um "valor de esquerda"? Por que então os regimes de esquerda por excelência (os dos países socialistas) a suprimiram por completo? Tiranos avessos à democracia como Lênin, Stálin e Mao eram "de direita"? Ou democracia não é bem isso que eu acho que seja democracia: na verdade democracia = ditadura e ditadura = democracia?

Tantas questões, pouquíssimas respostas...
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Rodion

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #2 Online: 03 de Janeiro de 2006, 12:27:04 »
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Não sendo noções científicas, não deixam de ter um valor operacional ou pragmático. Como sagazmente observou o paraibano Suassuna, aquele que, enfaticamente, proclama o anacronismo das noções de esquerda e direita “normalmente é de direita”...


ou seja, ou você é de esquerda ou de direita, não existe meio termo. prefiro não ser tão binário, mesmo sendo ainda acusado de ser de direita exatamente por isso....
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Kao

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Re: A política de direita no Brasil
« Resposta #3 Online: 05 de Janeiro de 2006, 21:37:13 »
Citação de: Caio Navarro de Toledo
Uma singularidade do pensamento político contemporâneo – influenciado pelo chamado pós-modernismo – consiste na recorrente negação da validade da distinção entre esquerda x direita.


Prefiro abrir mão da ideologia em nome do pensamento racional, ao invés de pensar em esquerda x direita, é melhor ver se a proposta é boa ou não.

Citação de: Caio Navarro de Toledo
Como sagazmente observou o paraibano Suassuna, aquele que, enfaticamente, proclama o anacronismo das noções de esquerda e direita “normalmente é de direita”...


Como observou sagazmente o Kao, quem insiste nessa classificação é de esquerda. hehehehheheheh....  

Citação de: Caio Navarro de Toledo
a crítica de esquerda tem sido bem-sucedida, pois à palavra “direita”, hoje, são associados sentidos e conotações negativos. Por sua vez, no Brasil, nem o mais radical ideólogo ou político reacionário admite ser de direita.



Realmente o patrulhamento ideológico dessa turma é bem eficaz mesmo.

Citação de: Caio Navarro de Toledo
Ao longo da história republicana brasileira, o pensamento de esquerda nunca desempenhou um papel relevante na definição das políticas de governo, não teve preponderância nas instituições estatais nem alcançou hegemonia no interior da chamada sociedade civil.


O cara está maluco, a "esquerda" domina tudo  no mundo acadêmico, a política econômica sempre foi de esquerda, com estatais, reservas de mercado, etc. é só ver a nossa Constituição.


Citação de: Caio Navarro de Toledo
no plano retórico, nenhum político de direita declara, abertamente, ser contrário à democracia política



Os liberais sempre defenderam a democracia enquanto a assim chamada  esquerda sempre apoiou a ditadura de Fidel e agora defende Hugo
Chavez.


Citação de: Caio Navarro de Toledo
O conservadorismo, reacionarismo, elitismo e xenofobismo do pensamento de direita são, freqüentemente, obstáculos para se alcançar uma lúcida consciência da realidade social.



A falta de senso da realidade de certos políticos esquerdistas
é um do fatores que impedem a adoção de um política realista e racional para combater nossos problemas.

Citação de: Caio Navarro de Toledo
No entanto, ao apoiar e aplaudir com entusiasmo a política econômica neoliberal de Lula/Palocci, a direita revela que nunca tem lhe faltado consciência de classe.




O cara acha que um governo que tem a carga tributária de 37% do pib é
neoliberal :shock:  :shock:  :shock:  :shock:  :shock:

Melhor nem imaginar o tipo de política econômica que esse pessoal defende.

Offline Rodion

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #4 Online: 05 de Janeiro de 2006, 21:42:50 »
o 'neoliberalismo' do lula a que ele se refere diz respeito à política de austeridade fiscal do governo, imagino. mas não é bem culpa de lula ter essa carga tributária, quem a deixou aí foi fhc, outro neoliberal. enfim, só porque ele falou da política 'neoliberal' do governo lula, só pra dizer o que acabei de ver no jornal: o ministro das minas e energia não entende 'por que' o preço do álcool subiu tanto e quer fazer um acordo com os usineiros pra fixar o preço em um real o litro. não sei que governo neoliberal não entende fundamentos básicos de economia (aumento de preço pela demanda) ou mesmo quer tentar fixar preços e desrespeitar as leis do mercado.
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Offline Kao

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Re: Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #5 Online: 05 de Janeiro de 2006, 22:40:37 »
A necessidade de combater o deficit público independe de ideologia, já que a economia possui certas leis que precisam ser obedecidas e não dependem de escolha ideológica.

O que me deixa com raiva desse pessoal é a total falta de senso de realidade, chamam de "neoliberal" coisas que são medidas de óbvia necessidade.

Acabar com o déficit público é uma necessidade, agora decidir se será feito com ênfase no corte de gastos ou no aumento de impostos é outra história.

O exemplo que você citou do álcool é corretíssimo, se o governo fosse neoliberal ele deixaria o preço flutuar através do mercado.

Com a moda de carros flexíveis, o preço do álcool tende a se estabilizar por volta de 70% do preço da gasolina, se estiver muito abaixo disso, todo mundo vai abastecer com álcool e a cotação dele vai subir, se estiver muito acima disso, todo mundo vai abastecer com gasolina e o preço  vai baixar.



Citação de: bruno
o 'neoliberalismo' do lula a que ele se refere diz respeito à política de austeridade fiscal do governo, imagino. mas não é bem culpa de lula ter essa carga tributária, quem a deixou aí foi fhc, outro neoliberal. enfim, só porque ele falou da política 'neoliberal' do governo lula, só pra dizer o que acabei de ver no jornal: o ministro das minas e energia não entende 'por que' o preço do álcool subiu tanto e quer fazer um acordo com os usineiros pra fixar o preço em um real o litro. não sei que governo neoliberal não entende fundamentos básicos de economia (aumento de preço pela demanda) ou mesmo quer tentar fixar preços e desrespeitar as leis do mercado.

Nigh†mare

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A política de direita no Brasil
« Resposta #6 Online: 05 de Janeiro de 2006, 23:01:17 »
Citação de: Roberto
O que é ser "de direita"?

Em tese, direitistas são os conservadores; os favoráveis à manutenção do sistema como está, sem grandes reformas; combine conservadorismo a capitalismo, e terá a Direita Política.


Citação de: Roberto
E o que é ser "de esquerda"?

Esquerdistas são os socialistas...

É claro, isso não existe no Brasil (talvez nem exista mais em lugar algum): a única posição política que hoje em dia impera é a manutenção do poder mascarada em falsos discursos...


Citação de: Roberto
Fiz estas perguntas várias vezes, e tudo o que me foi dito (pelo Perseus) foi para fazer o testezinho boboca do PoliticalCompass. Tudo bem, diz o rapaz aí que não são "noções científicas". Beleza, mas como é que eu reconheço, então, um fdp "de direita" e um santo "de esquerda"?

Os de direita querem ver o pobre subir na vida para o pobre poder comprar mais e deixar os ricos mais ricos; os de esquerda querem sempre ver o rico menos rico para o pobre se sentir mais próximo deles, e estão sempre falando sobre o orgulho de ser pobre.


Citação de: Roberto
Outra coisa: democracia é um "valor de esquerda"? Por que então os regimes de esquerda por excelência (os dos países socialistas) a suprimiram por completo? Tiranos avessos à democracia como Lênin, Stálin e Mao eram "de direita"? Ou democracia não é bem isso que eu acho que seja democracia: na verdade democracia = ditadura e ditadura = democracia?

Democracia é um ideal universal de igualdade, incompatível com soberania individual; ninguém que está no poder gosta muito dessa idéia.

ukrainian

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« Resposta #7 Online: 05 de Janeiro de 2006, 23:05:47 »
Citação de: Roberto
O que é ser "de direita"? E o que é ser "de esquerda"? Fiz estas perguntas várias vezes, e tudo o que me foi dito (pelo Perseus) foi para fazer o testezinho boboca do PoliticalCompass. Tudo bem, diz o rapaz aí que não são "noções científicas". Beleza, mas como é que eu reconheço, então, um fdp "de direita" e um santo "de esquerda"?


Eu sou da mesma opinião do supracitado Norberto Bobbio: podemos distinguir a direita da esquerda, afirmando que o pensamento direitista segue a idéia de que as desigualdades (tanto políticas quanto sociais) são naturais, portanto, normais. O pensamento de esquerda, pelo contrário, diz que as desigualdades entre as pessoas possuem suas causas, que podem (e devem) ser combatidas.

Citação de: Roberto

Outra coisa: democracia é um "valor de esquerda"? Por que então os regimes de esquerda por excelência (os dos países socialistas) a suprimiram por completo? Tiranos avessos à democracia como Lênin, Stálin e Mao eram "de direita"? Ou democracia não é bem isso que eu acho que seja democracia: na verdade democracia = ditadura e ditadura = democracia?


Sim, a igualdade política (democracia) é um valor progressista, logo, de esquerda. Quanto a Lenin e sua opinião em relação a democracia, basta ler um pouco para perceber a mentira escondida em sua afirmação acima.

E Franco, Pinochet, Castello Branco, Médici, Duvalier, Idi Amin, Fulgencio Batista, et al? Eram "de esquerda"?


Citação de: Roberto

Tantas questões, pouquíssimas respostas...


Pois é...

ukrainian

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« Resposta #8 Online: 05 de Janeiro de 2006, 23:18:25 »
Citação de: Nigh†mare

Citação de: Roberto
E o que é ser "de esquerda"?

Esquerdistas são os socialistas...



Não necessariamente. Esquerdistas hoje, na maioria, são capitalistas. Inclusive, esse é o erro mais frequentemente cometido atualmente, confundir esquerdismo capitalista com socialismo. Esquerdistas capitalistas defendem um capitalismo "social", uma aberração do modelo clássico, originalmente baseado no jus naturalis. Socialistas defendem o socialismo, o internacionalismo da classe proletária, a coletivização dos meios de produção e a progressão ao comunismo.

Offline Rodion

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #9 Online: 05 de Janeiro de 2006, 23:52:55 »
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Em tese, direitistas são os conservadores; os favoráveis à manutenção do sistema como está, sem grandes reformas; combine conservadorismo a capitalismo, e terá a Direita Política.


aí que tá; se o olavo fosse o chefe supremo da nação, mudaria tudo.

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Eu sou da mesma opinião do supracitado Norberto Bobbio: podemos distinguir a direita da esquerda, afirmando que o pensamento direitista segue a idéia de que as desigualdades (tanto políticas quanto sociais) são naturais, portanto, normais. O pensamento de esquerda, pelo contrário, diz que as desigualdades entre as pessoas possuem suas causas, que podem (e devem) ser combatidas.

o meu pensamento é de que não importa a desigualdade, contanto que os que estejam na base da pirâmide possam viver em boas condições. o resto, aí é cada um saber lidar com sua inveja...

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Sim, a igualdade política (democracia) é um valor progressista, logo, de esquerda. Quanto a Lenin e sua opinião em relação a democracia, basta ler um pouco para perceber a mentira escondida em sua afirmação acima.

E Franco, Pinochet, Castello Branco, Médici, Duvalier, Idi Amin, Fulgencio Batista, et al? Eram "de esquerda"?

como lenin, na retórica acredito que fossem todos democratas....
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Offline Rodion

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #10 Online: 06 de Janeiro de 2006, 00:01:26 »
sobre o texto, ukrainian..
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It is sheer mockery of the working and exploited people to speak of pure democracy, of democracy in general, of equality, freedom and universal rights when the workers and all working people are ill-fed, ill-clad, ruined and worn out, not only as a result of capitalist wage slavery, but as a consequence of four years of predatory war, while the capitalists and profiteers remain in possession of the "property" usurped by them and the "ready-made" apparatus of state power.

eu acho interessante notar que, na europa, as reindivicações dos marxistas de outrora foram todas cumpridas, ou a maior parte. isto é, sem ditadura do proletariado, sem revolução ou sangue, sem confisco de bens.

Citar
The dictatorship of the proletariat alone can emancipate humanity from the oppression of capital, from the lies, falsehood and hypocrisy of bourgeois democracy — democracy  for the rich  — and establish democracy  for the poor,  that is, make the blessings of democracy  really  accessible to the workers and poor peasants, whereas now (even in the most democratic —  bourgeois  — republic) the blessings of democracy are,  in fact,  inaccessible to the vast majority of working people.

o sufrágio hoje é universal. o que falar contra a democracia contemporânea? a democracia brasileira é dos ricos, dos pobres, ou de todos? o que pode ser feito para melhorá-la? precisamos de uma ditadura do proletariado?

Citar
Take, for example, freedom of assembly and freedom of the press. The Scheidemanns and Kautskys, the Austerlitzes and Renners assure the workers that the present elections to the Constituent Assembly in Germany and Austria are "democratic". That is a lie.  In practice  the capitalists, the exploiters, the landowners and the profiteers own 9/10 of the best meeting halls, and 9/10 of the stocks of newsprint, printing presses, etc..

o mesmo argumento é repetido hoje por chauís da vida. o que a moça deve entender, no entanto, é que liberdade de expressão e acesso aos meios de comunicação são coisas diferentes.
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Offline uiliníli

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #11 Online: 06 de Janeiro de 2006, 00:06:47 »
Porém a Europa enfrenta crise. Altas taxas de desemprego, déficits previdenciários excessivos, baixas taxas de crescimento nos países líderes... E os excessos dos welfare states do pós guerra têm sua parcela de culpa. Os EUA são um modelo de capitalismo muito mais sustentável a longo prazo do que o modelo europeu.

Offline n/a

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #12 Online: 06 de Janeiro de 2006, 01:07:40 »
Sim. Na inserção do imigrantes nas comunidades nacionais pode-se observar isso: o crescimento econômico e o fornecimento de educação fez os que foram para os EUA no século passado terem possibilidade de, hoje, integrar as partes altas da "pirâmide". Já na Europa, especialmente na França, o assistencialismo do Estado - já grande demais - a esses fez com que eles tivessem o básico que recebem, mas que não conseguissem se integrar por próprios méritos e evoluir além da ajuda governamental, devido às dificuldades da economia em gerar novos postos, por exemplo.

Offline Roberto

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A política de direita no Brasil
« Resposta #13 Online: 06 de Janeiro de 2006, 09:26:57 »
Citação de: ukrainian
Eu sou da mesma opinião do supracitado Norberto Bobbio: podemos distinguir a direita da esquerda, afirmando que o pensamento direitista segue a idéia de que as desigualdades (tanto políticas quanto sociais) são naturais, portanto, normais. O pensamento de esquerda, pelo contrário, diz que as desigualdades entre as pessoas possuem suas causas, que podem (e devem) ser combatidas.


Ok, você e Bobbio distinguem direita e esquerda desta forma (estou confiando no que você diz do Bobbio, já que conheço pouco, quase nada, a obra do pensador italiano). O Nightmare já pensa de forma um pouco diferente da sua, basta ler a resposta dele acima. Não obstante, pelo que você diz, parece que Bobbio levou em conta as significações originais dos termos "direita" e "esquerda" legadas pelos revolucionários franceses.

Citação de: ukrainian
Sim, a igualdade política (democracia) é um valor progressista, logo, de esquerda. Quanto a Lenin e sua opinião em relação a democracia, basta ler um pouco para perceber a mentira escondida em sua afirmação acima.


Uai, agora a distinção direita e esquerda é entre progressismo e conservadorismo? A igualdade dos homens perante o Estado, perante a lei, está consagrada em todas as constituições liberais, como a dos EUA. Teriam sido Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, liberais, de esquerda?

Quanto a Lênin, quem o elegeu presidente da Rússia? E que igualdade política seu governo implantou?
 
Citação de: ukrainian
E Franco, Pinochet, Castello Branco, Médici, Duvalier, Idi Amin, Fulgencio Batista, et al? Eram "de esquerda"?


Sei lá. Que tenho eu a ver com eles?
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Rodion

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #14 Online: 06 de Janeiro de 2006, 11:41:08 »
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Uai, agora a distinção direita e esquerda é entre progressismo e conservadorismo? A igualdade dos homens perante o Estado, perante a lei, está consagrada em todas as constituições liberais, como a dos EUA. Teriam sido Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, liberais, de esquerda?


posso estar enganado, mas o termo 'liberal' ainda é bem visto. deve ter sido por isso que inventaram o 'neoliberal'....
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Offline Marcelo Terra

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Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #15 Online: 06 de Janeiro de 2006, 12:37:56 »
Como podemos ver as definições de esquerda e direita são completamente inúteis.

Offline Roberto

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Re: Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #16 Online: 06 de Janeiro de 2006, 13:14:00 »
Citação de: Marcelo Terra
Como podemos ver as definições de esquerda e direita são completamente inúteis.


Não são bem definições (ou pelo menos, deixaram de sê-lo há muito tempo), são antes noções que vão sendo formadas sem muito rigor lógico. Só assim se coloca no mesmo saco, ou melhor, aplica-se o mesmo rótulo ao nazismo, uma forma de totalitarismo, e o anarco-capitalismo de Rothbard, duas correntes que não guardam absolutamente nenhum ponto de convergência uma com a outra que não o anti-comunismo.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline uiliníli

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Re: Re.: A política de direita no Brasil
« Resposta #17 Online: 06 de Janeiro de 2006, 17:14:02 »
Citação de: bruno
posso estar enganado, mas o termo 'liberal' ainda é bem visto. deve ter sido por isso que inventaram o 'neoliberal'....


Nos EUA é que não bem visto, pois a mesma palavra costumava ser usada antigamente como sinônimo de "libertino". Apesar de o uso da palavra liberal nesse contexto estar caindo em desuso, lembre-se que os EUA é o país do politicamente correto. Eles implicam até com o ism de homosexualism...

 

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