Autor Tópico: A escola dos bilionários  (Lida 777 vezes)

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Offline Roberto

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A escola dos bilionários
« Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:16:23 »
Citação de: JC e-mail 2932, de 09 de Janeiro de 2006.
 
  A escola dos bilionários, artigo de Gilberto Dimenstein  
   
Ao contrário do que imaginam nossos políticos, educação dá votos

Gilberto Dimenstein é jornalista voltado para questões educacionais. Artigo publicado na “Folha de SP”:

Um grupo de bilionários americanos coletou até o final do ano passado cerca de R$ 1 bilhão apenas para ser aplicado na melhoria das escolas públicas da cidade de Nova York, cujo orçamento anual só para a educação é de R$ 35 bilhões.

Isso é mais do que o dobro de todo o Orçamento da Prefeitura de SP. Essa comparação mostra dramaticamente a fragilidade brasileira como nação.

Boa parte de recursos extras coletados de indivíduos e empresas para a educação pública dos nova-iorquinos foi drenada para experiências educacionais.

Com esse fundo, pretende-se estimular, por exemplo, a criação de pequenas escolas (muitos acreditam, e estão certos, que unidades menores ajudam mais os alunos de famílias pobres).

Pretende-se também estimular as chamadas "charters schools", que são escolas públicas geridas com autonomia pela comunidade, mediante a fixação de metas, cujos resultados têm sido, nos últimos anos, estimulantes.

Parte do dinheiro é usado apenas para lançar um centro específico para a formação de diretores escolares, um investimento que tem se revelado de alto retorno.

Ao justificarem por que estão ajudando as escolas públicas, os doadores explicam, entre outras razões, que se preocupam com o futuro da cidade em que vivem, da qual depende a qualidade de seus trabalhadores para se manter competitiva.

Notem que todos os alunos estudam em período integral (o custo mensal por aluno é de R$ 1.200) e muitos deles recebem algum tipo de apoio além do período regular escolar.

Isso sem contar as infindáveis alternativas educacionais em museus, teatros, centros esportivos, centros de saúde, fora da escola.

O dinheiro alavancado dos bilionários nova-iorquinos reflete uma visão sobre a importância do capital humano na geração de riquezas e o engajamento das elites em sua própria comunidade.

Mas reflete também um político. No caso, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg -ele próprio integrante do clube de bilionários e contumaz doador-, que fez da educação a prioridade das prioridades de sua gestão.

Ele disse o seguinte: "Quero ser julgado pelo desempenho escolar dos alunos".

Sinceramente, não consigo perceber nada mais contemporâneo do que esse tipo de gesto, por assumir a percepção de como se forma a riqueza na era do conhecimento e como transformá-la em política pública.

A partir dessa prioridade, foram criados ou intensificados os mais diferentes programas, como aumentar o número de aulas de arte nas escolas, treinar mais os professores, desenvolver um centro apenas para educar diretores de escolas.

Lançaram-se medidas para aprimorar a transparência gerencial das escolas, o que acabou por atrair os doadores privados interessados em saber como seu dinheiro está sendo usado.

O resultado é o seguinte: Bloomberg se reelegeu (sua aprovação está acima dos 70%) e já ensaia um movimento, ainda incipiente, para lhe dar um terceiro mandato, o que exigiria mudar a legislação eleitoral.

O que mostra que, ao contrário do que imaginam nossos políticos, educação dá votos.

Por trás desse movimento educacional, há mais um dado que merece a atenção: a cidade é tratada como uma nação. Bloomberg afirma que só quer ser prefeito de Nova York e que não tem outra aspiração.

Comparemos com SP, nossa maior cidade, em que o prefeito só tem um ano de mandato e só se fala nele como candidato à Presidência; enquanto o vereador mais votado, em seu primeiro mandato, é candidato a governador.


O resultado em Nova York se vê literalmente nas ruas – o crime não pára de cair há 12 anos.

Em 2005, foram cometidos 534 assassinatos, um patamar que não se via desde 1963, gerando um círculo virtuoso de estímulo aos negócios e à geração de empregos, que, por sua vez, acabam por ajudar a combater a violência. Aumenta cada vez mais o número de turistas.

Se quiser, caro leitor, entender esses números, nem é necessário ir tão longe.

Apontado como a região mais violenta do mundo, o Jardim Ângela, em SP, derrubou o nível de homicídios integrando políticas públicas com a comunidade, num exemplo de engenharia social.

Ali também a escola, encarada como um centro de convivência, exerce papel fundamental contra a selvageria. Nisso reside um olhar para o micro, não só para o macro.
(Folha de SP, 8/1)
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline n/a

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #1 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:22:28 »
Admirável. Mas, ainda assim, costuma-se dizer que a educação pública americana fica muito atrás da européia.

Offline Rodion

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #2 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:40:28 »
não sei. os americanos são mais pragmáticos. a frança nunca viu tamanho número de analfabetos funcionais como hoje...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Roberto

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Re: Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #3 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:40:44 »
Citação de: Ricardo M
Admirável. Mas, ainda assim, costuma-se dizer que a educação pública americana fica muito atrás da européia.


Na média, é bem possível que sim. Lembre-se que EUA não são apenas New York  :wink: Tem também Mississipi, Alabama, Missouri...
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline uiliníli

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #4 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:45:01 »
A questão é que o Serra não tem escolha, a não ser ser cotado para a presidência da república, pois o Brasil tem um problema urgentíssimo para reslover: tirar Lula de lá, o mais rápido possível sem deixar o Garotinho entrar! Não fosse por essa terrível falta de opção daria para seguir o exemplo de Nova Iorque.

Offline n/a

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #5 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:45:06 »
Sim, mas ainda assim. Naqueles rankings da educação no mundo, olimpíadas mundiais com os melhores alunos, etc, sempre os EUA estão muito mal para um país desse porte. Vou procurar algo no Google...

Offline uiliníli

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #6 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:46:24 »
Finlândia e Coréia do Sul é que têm os melhores indicadores. Mas apesar de os EUA não serem os melhores em educação, eles não são como o Brasil, que é pior em um dos quesitos (leitura, acho) e segundo pior em outro entre 30 nações.

Offline n/a

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #7 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:48:53 »
Mas o Brasil é o Brasil, né?  :P

Offline Rodion

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #8 Online: 09 de Janeiro de 2006, 16:54:21 »
é bom lembrar também que o problema nem sempre reside somente em dinheiro, mas também em métodos.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline uiliníli

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Re.: A escola dos bilionários
« Resposta #9 Online: 09 de Janeiro de 2006, 17:43:03 »
Engraçado como os pedagogos brasileiros toda hora tem um método diferente que nunca dá certo. Em vez de copiar quem faz direito preferimos fazer errado do modo mais original.

 

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