Videomaker, eu acho que este texto deveria ser posto em um tópico novo para não fugir do tema original deste tópico, que é a aposta de Pascal, mesmo o Hendrik tendo colocado Papai Noel na história.
Agora, quanto ao texto em questão:
A invocação ao dragão invisível na garagem vem do livro de Carl Sagan "O Mundo Assombrado pelos Demônios" e nada mais é do que uma alegoria para ilustrar como os teístas, pseudocientistas e/ou místicos invertem o ônus da prova quando tratam do sobrenatural. Quando alguém afirma que existem fantasmas assombrando a sua mansão, não se espera que quem duvida seja obrigado a provar que essa afirmação é falsa, pois em ciência a obrigação de demonstrar a veracidade, isto é, o ônus da prova, é de quem faz a alegação.
Voltando ao dragão, na alegoria de Sagan, uma pessoa de muito boa vontade vai até a tal garagem e não vê nenhum dragão, ao que seu amigo lhe responde que o dragão é invisível. O cético então sugere espalhar farinha pelo chão da garagem para eles poderem ver as pegadas do dragão enquanto anda, mas o seu amigo diz que isso não vai adiantar, pois o dragão flutua. E por aí vai, com o cético sugerindo mais e mais experimentos e o crédulo inventando mais e mais motivos para o teste não funcionar, e eis que temos um dragão invisível, flutuante, incorpóreo, atérmico... (igualzinho a Deus, espíritos, demônios...)
A pergunta que não quer calar é como o dono da garagem sabe que há um dragão lá se ele é indetectável por todos os métodos experimentais propostos? É por esse motivo que a responsabilidade de provar a existência do dragão é dele, e não do cético; é o equivalente científico a se perguntar "Como você sabe que há um dragão em sua garagem?"
Uso típico : “ Claro que não posso provar que Deus, espíritos, ovnis, fenômenos paranormais ou realidades metafísicas não existem, mas também não me podem provar que um dragão unicórnio cor-de-rosa invisível também não existe.”
Dentro desse uso o argumento é perfeito. Geralmente ele terá sido empregado para responder a uma afirmação de que o cético não pode provar que o X não existe: é claro que ele não pode provar, ele não sabe como o teísta sabe que X existe! Se soubesse ele também acreditaria em X.
Ao comparar X com algo que obviamente foi inventado pelo cético na hora, digamos, um abacaxi voador laranja invisível que dança ula e solta raios laser pela coroa, ele não está dizendo que X é necessariamente inventado, mas que tem provas tão concretas quanto o abacaxi voador invisível.
1) O maior problema deste argumento é a realidade que as pessoas realmente viveram não é a mesma que os céticos deliberadamente satirizam!
Aí está a questão! Como o cético pode saber se os crentes realmente viveram tal experiência? Achar que viveu uma experiência não é a mesma coisa que tê-la vivido de fato. Pessoas mentem, se enganam e não raro confundem sonhos ou fantasias com a realidade.
2) O que uma pessoa sinceramente crê NÃO é o mesmo quando uma pessoa deliberadamente inventa. Uma vez que os céticos que usam este argumento não acreditam em unicórnios cor-de-rosa invisíveis, não tem sentido e é inconsistente compará-lo com pessoas que genuinamente crêem e vivem determinada experiência, como Deus, espíritos ou percepção extra-sensorial. Claro que só porque uma pessoa crê genuinamente não significa que seja verdade, mas comparar uma pessoa honesta a uma fraude deliberada não é uma comparação válida.
O objetivo não é fazer uma comparação válida, pelo contrário, o objetivo é fazer uma comparação ridícula para que o interlocutor possa descobrir sozinho onde está o seu próprio erro.
3) Se tal como as experiências paranormais, psíquicas, religiosas e espirituais, existissem milhões de pessoas inteligentes e credíveis que afirmasses ter visto ou estado com unicórnios cor-de-rosa invisíveis ou com dragões na garagem, então a comparação tinha algum mérito. Mas não existem, por isso esta comparação não tem mérito.
Não é porque um bilhão de moscas comem cocô que você vai ter que experimentar também. Este argumento é uma falácia
ad numerum. Sem contar que existem centenas ou até milhares de religiões diferentes no mundo com pessoas inteligentes e credíveis que crêem sinceramente em seus preceitos, portanto já que não podem estar todos certos ao mesmo tempo só uma crença sincera não vale nada.
4) A diferença significativa entre viver Deus, o divino ou o místico e o exemplo inventado do unicórnio é que embora existam milhares de pessoas honestas, sãs e inteligentes que tiveram a primeira experiência que mais tarde revelaram efeitos que alteraram as suas vidas, o mesmo não pode ser dito sobre os unicórnios cor-de-rosa invisíveis.
Essas tais experiências com Deus são extremamente subjetivas, a pessoa a interpreta como quiser. O que os céticos exigem são experiências objetivas e concretas que possam ser experimentadas por gente de qualquer cultura e de qualquer religião.
5) Só porque algo é improvável não a põe automaticamente na mesma categoria de tudo o resto que é improvável. Por exemplo, não posso provar o que é que comi ontem ao jantar ou que pensei. Sem testemunhas, eu não posso provar que vi televisão ou a minha pontuação no vídeo game. Mas tal não significa que essa situação esteja na mesma categoria de todas as histórias inventadas nos livros de ficção da livraria.
Essas aí são triviais. Mas até hoje ninguém demonstrou que religião, misticismo e psi deveriam estar fora da prateleira de ficção.
A conclusão é a de que embora seja verdade que ninguém pode fazer prova de o unicórnio não existe, as provas para provar Deus, espíritos e fenômenos psíquicos, embora na sua maior parte anedóticas, são muito mais vastas, mais relevantes e mais sinceras do que afirmar a existência de unicórnios e outros exemplo inventados deliberadamente pelos céticos.
Não é porque não acreditamos sinceramente no Unicórnio Rosa Invisível que ele não existe
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