Nave New Horizons, da Nasa, é 1ª a explorar planeta mais distante do Sistema Solar; chegada é prevista para 2015
Sonda decola para visita inédita a Plutão
DA REDAÇÃO
Deve partir hoje para o espaço a sonda New Horizons, rumo ao único planeta do Sistema Solar ainda não visitado por um artefato humano: Plutão. Para os responsáveis pela missão robótica, não tem muita importância o fato de que Plutão nem seja considerado um planeta por alguns astrônomos -a New Horizons vai ser a primeira a investigar em detalhes a região mais distante e misteriosa dos domínios do Sol.
"Longo prazo" é a expressão-chave para definir a missão. Se tudo der certo, ela parte por volta das 16h30 da tarde (horário de Brasília), e só chega a seu destino em 2015, depois de pegar carona na gravidade de Júpiter no ano que vem. A nave, mais ou menos do tamanho de um piano de cauda, deve sobrevoar tanto o nono planeta quando seu satélite Caronte (o qual, para alguns, é um planeta-companheiro e não um satélite, devido ao seu tamanho).
Depois disso, dependendo de como as coisas caminharem, a New Horizons pode se encaminhar para outros objetos do cinturão de Kuiper, a região de pedregulhos congelados que cerca as fronteiras do Sistema Solar. Tudo indica que Plutão e Caronte são só mais dois no meio de uma multidão de corpos celestes parecidos nessa área.
E, tal como os cometas, o cinturão de Kuiper parece guardar registros quase intactos da época em que o Sistema Solar estava apenas se formando.
Além da empolgação por parte dos cientistas da Nasa, que sofreram para conseguir a aprovação da sonda de US$ 700 milhões pelo governo dos EUA, duas senhoras idosas também comemoram a jornada. Uma é a britânica Venetia Burney Phair, 87, que sugeriu o nome de Plutão para o planeta descoberto pelo astrônomo americano Clyde Tombaugh em 1930.
"Só espero que nada dê errado", disse ela ao site especializado Space.com. Outra é Patricia Tombaugh, 93, viúva do cientista. "Eles finalmente estão indo! Eu não acredito!", exclamou. Ela deve acompanhar o lançamento junto com a família, na Flórida.
Os cientistas da missão têm dupla razão para comemorar. Primeiro, a New Horizons quase não saiu do papel, devido a ameaças de corte de verba pela Nasa. "Um administrador pode não querer investir tanto numa missão cujos resultados só virão após o fim de sua gestão", disse à Folha o astrônomo William Grundy, do Observatório Lowell.
Depois, a sonda deverá responder a várias questões sobre o planeta mais estranho do Sistema Solar. "Não sabemos nem o raio de Plutão exatamente. E, sem essa informação, não dá para estimar a densidade e descobrir do que ele é feito", disse Grundy.
O sobrevôo também deve ajudar a revelar a composição do cinturão de Kuiper, afirmou Grundy. "Olhando para as marcas de impacto na superfície de Plutão deverá ser possível saber que tipo de objeto causou os impactos."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1701200601.htm