Medo da sexualidade leva ao terrorismo islâmico, afirma Salman RushdieQuarta, 18 de janeiro de 2006, 12h01 O Ocidente não compreendeu ainda que, em grande parte, o terrorismo tem suas raízes no medo dos homens em relação à liberdade sexual feminina, afirmou o escritor britânico Salman Rushdie em entrevista à revista alemã Stern.
Rushdie disse que em seu último romance, "Shalimar the Clown", trata sobre a profunda ansiedade que se observa entre os homens islâmicos a respeito da liberdade sexual feminina e a ameaça de perder a honra.
"A visão do mundo cristão ocidental trata dos problemas da culpa e da salvação, um conceito completamente sem importância no Oriente, porque não há pecado original, nem salvação", afirmou.
"Em compensação, se concede grande importância à honra. Considero que isso é problemático. Mas o fato é que se subestima quantos islamita tentam restabelecer a honra perdida consciente ou inconscientemente".
Sobre por que questiona esses temas em seu novo romance, no contexto de um triângulo amoroso, Rushdie disse que "tem muito a ver com o medo sexual das mulheres".
Rushdie, de 58 anos, afirmou que, em grande parte, a cólera contra o Ocidente é causada por esta ruptura nestas questões sexuais.
"Isso se deve ao fato de que as sociedades ocidentais não põem um véu sobre suas mulheres. Porque não desativam seu perigo potencial".
O escritor britânico nascido na Índia vive em Nova York com sua quarta mulher, Padma Lakshmi. Ele se viu obrigado a se esconder depois que o ex-líder espiritual do Irã, aiatolá Ruhollah Khomeini, lançou uma fátua contra ele 1989, ordenando que fosse executado pelas blasfêmias de seu famoso romance "Versos satânicos".
AFPTerra