Seu conceito está equivocado, pois a definição de agnosticismo proposta por David Hume é sim uma posição "em cima do muro", conforme você gosta de chamar. É uma clara posição de quem não tem certeza sobre a existência ou não de algum deus. No entanto, não é minha posição, pois meu agnosticismo é filosófico de concepção mais antiga, quando o termo "agnosticismo" nem existia ainda. Nem seria correto eu me chamar de agnóstico, já que não tenho dúvida sobre a inexistência ou existência de deuses. Apenas citei esse agnosticismo de Hume como exemplo de uma posição de dúvida, e como normalmente ele é mais utilizado. Eu também já cansei de discutir sobre isso.
Não quero falar sobre isso, já falei o bastante já em outros tópicos por aqui e pela net. Só digo que não me baseio em Hume, baseio-me tão somente no sentido etmológico, que aproxima-se muito mais de Huxley, que foi quem cunhou o termo originalmente.
Pode discordar, mas esta é a definição que melhor corresponde ao teísmo praticado pelos teístas hoje: o teísmo cristão e mulçumano, apenas para citar os principais. Não adianta querer inventar novos significados que não terão sentido pragmático. O teísmo da maioria das pessoas é esse que eu citei e, portanto, denota inutilidade prática dizer: "ah, para mim teísmo é outra coisa etc". Os teístas, mesmo sob a abrangente óptica religiosa, crêem num deus pessoal que se importa com o mundo e essa crença é inequívoca. Em suma: quem tem dúvida disso não é teísta, exceto na concepção de teísmo que você inventou.
Esse é exatamente o problema da sua defin ição, você imagina um teísta típico e tenta ver os comportamentos que ele possui, quando o correto seria o contrário, para definir-se um teísta deve-se observar quais comportamentos caracterizam o teísmo, ou seja, quais comportamenteos são absolutamente necessários para se considerar alguém teísta. Você tão somente inverteu a ordem de análise, o que a torna bem mais enviesada para o comportamento de um ou outro determinado grupo previamente caracterizado como teísta.
Essa confusão vem principalmente do fato de que o termo "teísmo" é frequentemente mal empregado, designando apenas pessoas cristãs ou mulçumanas, quase que um sinônimo de religiões abraâmicas (espiritismo incluso). Isso vem da confusão com o deísmo e o agnosticismo, muitas vezes, ao perguntar a posição de uma pessoa, ela nos diz "deísta" ou "agnóstica", sem se dar conta que isso necessáriamente não a exclui de ser teísta.
A definição de teísmo que eu uso na realidade eu tirei da definição de ateísmo. Como a definição de ateísmo é quase que o único consenso em debates do tipo, então achei que uma base nisso seria mais sólida. Então, partindo do princípio que o prefixo
a indica negação, ausência ou oposição, então ateísta seria o exato contrário de teísta. Portanto uma definiçào equivalente, mas contrária para o teísta seria: "aquele que acredita em deus(es)". E ponto. Navalha de Occam na definição, quanto mais simples e com menos termos, melhor.
Não há nenhum problema em se ter dúvida. Seria desnecessário explicar isso, mas a dúvida faz parte do raciocínio humano e é plenamente natural e normal ter dúvida acerca de várias coisas, inclusive sobre a (in)existência de algum deus. Até hoje não foi comprovado através de qualquer estudo que ter dúvida é prejudicial a saúde ou ao raciocínio lógico, sob todos seus aspectos. Então não entendo porque você considera um problema em existir uma posição entre o ateísmo e o teísmo.
Nào considero problema uma pessoa possuir dúvidas, muito pelo contrário, acho excelente ela ter dúvidas, quanto mais dúvidas melhor. Só que ficar feliz em ficar com essas dúvidas e se acomodar com isso que é o comportamento que eu repudio. As dúvidas existem para serem sanadas, permanecer com a dúvida por comodismo é pior do que não ter dúvida nenhuma, chega a ser quase tão ruim quanto o dogmatismo, pois a pessoa tem noção das falhas das suas idéias, mas acomoda-se com elas e não faz nada sobre isso, seria como aquele vizinho chato do prédio que só reclama dos outros, mas não paga condomínio...
O problema de criar-se uma posição sobra a dúvida entre o teísmo e o ateísmo em especial é basicamente as condições de contorno: ao invés de uma transição entre dois estados, teríamos duas transições, de ateu pra agnóstico e de agnóstico para teísta, complicaria consideravelmente a análise, além de deturpar completamente o sentido de agnosticismo, que é completamente diferente disso. E todos esses problemas seriam apenas para que as pessoas com dúvidas possam falar que são "agnósticas" ou algo do tipo ao invés de simplismente dizer que estão em "dúvida e pronto, acabou". Parece que dizer que está em dúvida não é algo muito "bonito", tem que inventar uma "posição" para isso...
Obs.1: Fazendo uma crítica à sua analogia, da mesma forma que não existem somente ateísmo e teísmo, também não existem copos totalmente vazios e copos plenamente cheios: também existem copos com água pela metade.
Na minha analogia e definição, eu não defini teísmo como um copo cheio de água, defini como um como
com água, já que a-teísta seria um como sem-água, ou a-água. Tente ler de novo a analogia.
Obs.2: Fazendo uma crítica ao seu raciocínio você favorece o lado da balança para o teísmo, ou seja, se alguém tem um pouco de dúvida é teísta. O ateu, seguindo seu raciocínio, deve ter certeza absoluta da inexistência de deus(es).
Lógico que do ponto de vista prático posições absolutas não existem, sempre há uma margem de erro, já que a própia objetividade da realidade é questionável. O que um ateu faz e observar o copo com umas 3 gotas de água e diz que pra ele, 3 gotas é nada, logo o copo está sem água (exemplo). Um cara na dúvida acha que 3 gotas não '
e o suficiente para dizer que está ceio nem vazio, não entra dentro da margem de nenhuma posição, enquanto o teísta acha 3 gotas suficiente para dizer que o copo é um cópo d'água. Sempre que houver enunciados sobre o mundo físico, há margem de erros.
Nem tudo na lógica é dualismo. Refaço a pergunta: qual é o problema real em existir a posição do agnosticismo(no conceito cunhado literalmente por David Hume) e se declarar pertencente a ele?
Já enunciei anteriormente, complca a análise, as definições sobre dois temas distintos a troco de nada muito útil, muito pelo contrário, até reprovável.
Agora está mais explicado. Trata-se então de uma crença pessoal sua.
Fique livre para discordar o quanto quizer, só explicite os motivos disso. Esse meu comentário foi mais um adendo, pode ser ignorado sem prejuíso para a discussão, serve apenas para ressaltar que um dos principais motivos dessa definição de agnosticismo é o medo da dúvida e de buscar uma posição, e o comodismo em pessoa.
Sendo um pouco redundante, entenda que é normal ter dúvida sobre vários assuntos e coisas, e isso muitas vezes é saudável. Nem sempre é bom ter certeza sobre tudo. Inclusive, não temos nem o dever de ter certeza sobre tudo e assumir posições dualistas. Sua frase"as pessoas tem que aprender a assumir posições e arcar com as conseqüências delas como adultos" foi infeliz porque ela soa um tanto "ingenuamente moralista", pois é lógico que temos que arcar com as conseqüências dos nossos atos e isso não entra no mérito do dualismo. Não obstante, eu ainda poderia inferir que um agnóstico[alguém que tem dúvida acerca de existência de deus(es)] deve assumir a conseqüência dessa posição. Não há motivos para considerá-la responsavelmente diferente do teísmo ou do ateísmo. A validade dessa inferência é a mesma.
Mas eu nunca disse que uma pessoa não pode nunca ter dúvidas, mutito pelo contrário, acho elas fundamentais, mas toda dúvida deve ser temporária ou ao menos ser tratada como tal, a humanidade só avança a medida que as dúvidas recuam, tá certo que o recuo de uma dúvida gera umas duas mais, mas elas devem ser as próximas a serem atacadas, assim que a humanidade progride. Se sou moralista, não foi a minha intensão, foi apenas um desabafo de ver tantas pessoas acomodadas com a m#$%@ de mundo em que vivemos, apesar de reclamarem bastante.
Ainda digo que seu discurso, de modo geral, me soa muito "cristão", no sentido depreciativo da palavra: certeza sobre tudo deve ser obrigatória e as pessoas tem que arcar com as conseqüências de assumir posições dualistas.
Não é o dualismo, em muitos casos, pra não dizer a maioria, há uma enorme variedade de posições a serem tomadas. Só que a própia definição do termo "ateu" que cria esse dualismo nesse caso. A certeza não deve ser obrigatória, deve ser um objetivo, nào como certeza, mas como conhecimento, na realidade não é o aumento da certeza que importa, mas a redução da dúvida.
Geralmente quem assume certeza sobre um monte de coisas são os religiosos. Não há mal algum em ter o julgamento suspenso acerca de alguns assuntos. Ainda não entendo para que manter um pensamento lógico tão dualista.
Se o seu julgamento está suspenso sobre um assunto, voc6e tem o julgamento suspenso sobra um assunto, e ponto, não tem uqe inventar uma posição sobre isso, mesmo porque como que alguém com o julgamento suspenso pode ter uma posição? Lembre-se que a neutralidade não é uma opinião no meio de dois extremos, mas opinião nenhuma, zero é diferente de conjunto vazio.
[off-topic]Não é com todos que gasto tanto tempo assim para elaborar uma mensagem: é porque sua argumentação, apesar de algumas observações e críticas que eu fiz, faz jus.
He he he, muito obrigado... 8) a recíproca é verdadeira...