Cinema Trashpor Rodrigo Constantino em 30 de janeiro de 2006
Resumo: No Brasil, em estilo semelhante ao francês, são os produtores que buscam satisfação nos filmes, sem muita preocupação com o público.
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"Não é porque existem destilarias que as pessoas bebem uísque; é porque as pessoas bebem uísque que existem destilarias."
(Mises)
O cineasta José Mojica, vulgo Zé do Caixão, foi um dos escolhidos para o recebimento de financiamento público para longas-metragens, dentro de projeto do Ministério da Cultura. Há mais de 40 anos fazendo filmes trash, sempre com baixo orçamento, Mojica irá contar agora com razoável verba para seu filme A Encarnação do Demônio. O ministro pop-star, Gilberto Gil, comemora. O dinheiro dos pagadores de impostos, eufemisticamente chamados de "contribuintes", vai para o lixo. Mas isso é só um detalhe, que ninguém liga...
Muitos reclamam que Hollywood domina a indústria do cinema. Falam que os filmes americanos são "empurrados" para os consumidores, pela montanha de dinheiro gasta pelos estúdios. Mentira. A relação é inversa. Hollywood tem tanto dinheiro assim para gastar com filmes justamente porque agrada os consumidores. Cada novo filme é uma espécie de project finance, um empreendimento próprio. São milhares de alternativas, todos disputando a verba privada de financiamento. E a lógica vigente é a do livre mercado, onde o cliente final que seleciona os vencedores. Quem agrada o público, conhece o sucesso. E por isso vemos todo tipo de filme sendo produzido lá, para a satisfação de inúmeros nichos de mercado.
Já no Brasil, em estilo semelhante ao francês, são os produtores que buscam satisfação nos filmes, sem muita preocupação com o público. Ora, esta é a receita certa para o fracasso de bilheteria, e a concomitante verba minguada. Resta apelar para o "paizão", o Estado. Assim, o dinheiro do público é usado na marra para o financiamento justamente de filmes que o público não quer. Para piorar a situação, o governo ainda cria as "cotas de tela", uma reserva de mercado, impondo determinado número de dias mínimos para a exposição dos filmes nacionais. É a mesma "lógica" da fatídica Lei da Informática, onde, para "proteger" a indústria nacional, os consumidores são obrigados a comprar gato por lebre.
Esse absurdo todo, essa completa falta de respeito com o consumidor e pagador de impostos, é feito em nome da "cultura nacional". Com tal escusa,
até Tati Quebra-Barraco, a cantora de funk, já foi se apresentar na Europa com dinheiro público. Só estava faltando bancar o Zé do Caixão mesmo...[/list:u]
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4531Grifo meu!