Políticos fumam maconha em frente ao Parlamento Italiano Roma, 7 fev (EFE).- Um grupo de políticos italianos de
centro-esquerda protestou hoje de forma inusitada contra uma lei que
colocaria todos os tipos de droga no mesmo patamar, os deputados
fumaram um cigarro de maconha em frente à Câmara de Deputados.
Embora a Câmara ainda não tenha dado seu voto formal, o que deve
acontecer ainda hoje, a aprovação da medida está garantida após o
governo conseguir um voto de confiança, derrubando todas as emendas
apresentadas.
Segundo a lei, seria estabelecida uma relação única de
substâncias entorpecentes, sem distinções entre drogas como heroína,
haxixe, maconha, cocaína ou ecstasy.
Os partidos de centro-esquerda expressaram a sua insatisfação com
a medida se unindo a 200 pessoas do movimento contrário à proibição
em frente ao Parlamento Italiano, para fumar um cigarro de maconha
em protesto.
Paolo Cento, coordenador do partido Federação dos Verdes, fumou o
cigarro de maconha, passando de mão em mão a outros cinco deputados
de centro-esquerda.
Houve também protesto durante a votação no Parlamento. A
coligação entre os deputados dos Verdes e o Partido Refundação
Comunista protestaram com cartazes nos quais se podia ler: "Vamos
enrolar a Lei sobre droga de Fini - Ministro Italiano de Relações
Exteriores e vice-premier - e fumemos".
Já os deputados da coalizão de centro-direita, favoráveis à Lei
antidrogas, gritavam "vergonha" para os políticos opositores que
colocaram os cartazes.
De acordo com a nova lei, as penas serão de seis a 20 anos de
prisão e as multas poderão chegar a 260 euros para "quem cultiva,
produz, fabrica, extrai, refina, transporta, vende, oferece, cede,
compra ou está em posse de drogas, a não ser que seja para uso
estritamente pessoal".
No entanto, os deputados não chegaram a um acordo sobre a
quantidade limite para uso pessoal. O Ministério da Saúde será
encarregado de fixar a quantidade que diferenciará o uso pessoal do
comércio.
Quando a posse da droga for inferior ao limite pré-estabelecido,
poderão ser aplicadas punições administrativas, como a suspensão de
licenças como a carteira de motorista, o passaporte e a permissão de
residência para não comunitários.
A lei permite que o juiz decida se um caso é de consumo ou de
venda, considerando elementos como os limites de quantidade de uso.
Para acelerar a aprovação da nova regra, a lei sobre drogas foi
incluída numa emenda do decreto que regula certos aspectos das
Olimpíadas de Inverno de Turim. A medida foi criticada pela
oposição.
O coordenador dos Verdes explicou que a partir de amanhã fumar
pode levar até mesmo para a prisão, ou, em outros casos, a punição
como o cancelamento da licença de motorista.
Por isso, os Verdes e o Refundação Comunista querem que, caso a
centro-esquerda vença as eleições de nove de abril, como prevêem as
pesquisas, o novo Governo anule a lei.
O senador Giovanni Russo, do Refundação Comunista, criticou o
fato de em apenas dez dias, o Governo e a maioria "ter decidido que
poucos cigarros de maconha valham vinte anos prisão, enquanto não é
proibido atirar em um ladrão mesmo que a própria vida não esteja em
perigo".
O senador fazia referência a uma lei recentemente aprovada que
autoriza o livre uso de armas de fogo em casos autodefesa em
propriedades privadas e em locais de trabalho, enquanto invalida o
princípio de que a resposta deve ser proporcional ao ataque.
Respondendo pela Aliança Nacional, coalizão do Governo, o
deputado Luca Belotti, que propôs a lei, disse que "a lei antidrogas
é um procedimento indispensável e obrigatório para o respeito da
dignidade do homem e do valor da vida".
"Dessa forma o Governo italiano deu uma resposta clara e firme ao
problema da droga e da toxicomania", encerrou o deputado.
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