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Onde estão as badaladas?
Sino da Igreja Martin Luther parou de bater para não incomodar vizinho
ISABELA KIESEL
BLUMENAU -Às vésperas de comemorar as Bodas de Ouro na Igreja Martin Luther, Paróquia Itoupava Seca, Adele Régis, 73 anos, chora ao dizer que não terá o som dos sinos anunciando sua entrada na igreja. Assim como ela, moradores da região estão entristecidos com o silêncio na igreja. Pela primeira vez, após 40 anos das badaladas chamando a atenção para os cultos, funerais, batismos e casamentos, os quatro sinos não dão mais sinal de vida desde o dia 10 de janeiro. Uma reclamação de um vizinho incomodado com o barulho no ano passado, levou o caso ao Ministério Público e a igreja a suspender os badalos.
- Quem vai anunciar a minha entrada na igreja agora? Escutei a vida toda os sinos tocando e quando é uma data especial para mim eles estão em silêncio - disse Adele, que comemora no sábado, com a voz embargada.
Seis medições feitas pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema) a partir de maio de 2005, constataram que o barulho superou os 60 decibéis permitidos por lei. De acordo com Jorge Mueller, presidente da Faema, os laudos indicaram média de 87 decibéis. O tempo de barulho chegou a ser diminuído de 3 minutos para 1 min 30 segundos, mas não adiantou. Cumprindo termo de ajustamento de conduta e depois de ser autuada em R$ 2 mil, a igreja tem prazo até dia 14 de fevereiro para se adaptar a legislação, caso contrário, está sujeita a multa diária de R$ 400 se colocar os sinos em atuação.
De acordo com o pastor Hugo Solano Westphal, a Paróquia está buscando uma solução para diminuir o barulho, mas ainda não tem previsão da volta dos sinos.
- Por questões técnicas ainda não conseguimos nos ajustar. Já chamamos algumas empresas para fazer testes. Mas diminuir a velocidade ou encapar o pêndulo, por exemplo, ainda não adiantou - explicou o pastor.
Embora o quarteto de sinos permaneça visível no alto da torre da Igreja, se sente a calmaria presente no local. Tocando uma média de 88 minutos mensais, conforme cálculo do pastor, agora os badalos não anunciam mais cultos, casamentos, batismos, funerais. Cerca de 600 assinaturas foram recolhidas de moradores indignados em um abaixo-assinado desde a parada dos sinos.
- A população está triste. Os sinos têm uma história muito forte na vida dos cristãos - lamenta Westphal.
A aposentada Edeltrud Duwe, que mora há menos de cem metros da torre, confirma o barulho alto provocado pelos sinos, mas dizia não se incomodar.
- Eu já estava acostumada. Agora sinto falta.
Sem querer ser identificado, o autor da denúncia diz que sua intenção não é silenciar os sinos, e sim conseguir que se reduza o barulho. Já sentindo o protesto da comunidade, ele avisa que sua única vontade é encontrar sossego, poder conversar ao telefone ou assistir televisão tranqüilamente, sem o barulho forte dos badalos.
- Se baixarem o barulho está ótimo. Não me incomodo mais - justifica.
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