Autor Tópico: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho  (Lida 3490 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Karl Rove

  • Visitante
A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Online: 16 de Fevereiro de 2006, 12:29:40 »
A tragédia do estudante sério no Brasil

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12 de fevereiro de 2006

 

Toda semana, recebo dezenas de cartas de estudantes que, em busca de alguma formação intelectual, encontraram nas universidades que freqüentam apenas propaganda comunista rasteira, porca, subginasiana.

Não são, como em geral imaginam, vítimas de puras circunstâncias políticas imediatas. Gemem sob uma montanha de fatores adversos à inteligência humana, que foram se acumulando no mundo, e não só no Brasil, ao longo das últimas décadas. Se a primeira metade do século XX trouxe um florescimento intelectual incomum, a segunda foi uma devastação geral como raramente se viu na História. A queda foi tão profunda que já não se pode medi-la. Num panorama inteiramente dominado por charlatães caricatos como Noam Chomsky, Richard Dawkins, Edward Said, Jacques Derrida, Julia Kristeva, a época em que floresceram quase que simultaneamente Edmund Husserl, Karl Jaspers, Louis Lavelle, Alfred North Whitehead, Benedetto Croce, Jan Huizinga, Arnold Toynbee – e na literatura T. S. Eliot, W. B. Yeats, Ezra Pound, Thomas Mann, Franz Kafka, Jacob Wassermann, Robert Musil, Hermann Broch, Heimito von Doderer – já se tornou invisível, inalcançável à imaginação dos nossos contemporâneos. Toda comparação é entre alguma coisa e alguma outra coisa. Não se pode comparar tudo com nada.

Isso não quer dizer que as fontes do conhecimento tenham secado. Pensadores de grande envergadura – um Eric Voegelin, um Bernard Lonergan, um Xavier Zubiri – sobreviveram à debacle dos anos 60 e continuaram atuantes, o primeiro até 1985, o segundo até 1984, o terceiro até 1983. Mas seus ensinamentos são ainda a posse exclusiva de círculos seletos. Não entram na corrente geral das idéias, nem poderiam entrar sem sujar-se, sem transformar-se em matéria de discussões idiotas como vem acontecendo, graças à ascensão política de alguns de seus discípulos, com o infeliz Leo Strauss.

Pois a desgraça se deu justamente na “corrente geral”. O fim da II Guerra Mundial trouxe uma prodigiosa reorganização das bases sociais e econômicas da vida intelectual no mundo. Novas instituições, novas redes de comunicação, novos mecanismos de estocagem e distribuição das informações acadêmicas, novos públicos e, sobretudo, a ampliação inaudita do apoio estatal e privado à cultura e a formação dos grandes organismos internacionais como a ONU e a Unesco. Tudo isso veio junto com o descrédito do marxismo soviético e a profunda mutação interna da militância esquerdista internacional, a essa altura já plenamente imbuída das duas lições aprendidas da Escola de Frankfurt e de Georg Lukacs (mas também, mais discretamente, de Martin Heidegger): (1) a luta essencial não era propriamente contra o capitalismo, mas contra “a civilização ocidental”; (2) o agente principal do processo era a classe dos intelectuais.

Nessas condições, o crescimento fabuloso dos meios de atuação veio junto com o esforço multilateral de apropriação desses meios por parte de grupos militantes bem pouco interessados em “compreender o mundo” mas totalmente devotados a “transformá-lo”. A redução drástica da atividade intelectual ao ativismo político foi a conseqüência desejada e planejada dessa operação, realizada em escala mundial a partir dos anos 60.

Não que o fenômeno fosse totalmente desconhecido antes disso. Um vasto ensaio geral já vinha sendo realizado nos EUA desde a década de 30 pelo menos, através das grandes fundações “não lucrativas” que descobriram seu poder de orientar e manipular a seu belprazer a atividade intelectual, científica e educacional mediante a simples seleção ideologicamente orientada dos destinatários de suas verbas bilionárias.

Em 1954, uma comissão de investigações do Congresso americano já havia descoberto que fundações como Rockefeller, Carnegie e Ford exerciam controle indevido sobre as universidades, as instituições de pesquisa e a cultura em geral, orientando-as num sentido francamente anti-americano, anticristão e até anticapitalista. (Não me perguntem pela milésima vez com que interesse os grandes capitalistas podem agir contra o capitalismo. A explicação está resumida em http://www.olavodecarvalho.org /semana/040617jt.htm e http://www.olavodecarvalho.org /textos/debate_usp_4.htm .) Inevitavelmente, a influência exercida por essas organizações não consistiu só em introduzir uma determinada cor política na produção cultural, mas em alterá-la e corrompê-la até às raízes, subordinando aos objetivos políticos e publicitários visados todas as exigências de honestidade, veracidade e rigor. Sem essa interferência, fraudes cabeludas como o Relatório Kinsey ou a pseudo-antropologia de Margaret Mead jamais teriam conseguido impor-se ao meio acadêmico e à mídia cultural como produtos respeitáveis de uma atividade científica normal.

A comissão foi alvo de ataques virulentos de toda a grande mídia, e seu trabalho acabou por ser esquecido, mas ele ainda é uma das melhores fontes de consulta sobre a instrumentalização política da cultura (v. René Wormser, Foundations, Their Power and Influence , New York, Devin-Adair, 1958 – vocês podem comprá-lo pelo site www.bookfinder.com ). Na verdade, sem ele não se pode compreender nada do que se passou em seguida, pois o que se passou foi que o experimento tentado em escala americana foi ampliado para o mundo todo: a apropriação dos meios de ação cultural pelas organizações militantes e o sacrifício integral da inteligência humana no altar da “vontade de poder” simplesmente se globalizaram.

Recursos incalculavelmente vastos, que poderiam ter sido utilizados para o progresso do conhecimento e a melhoria da condição de vida da espécie humana foram assim desperdiçados para sustentar a guerra geral da estupidez militante contra a “civilização ocidental” que havia gerado esses mesmos recursos.

Embora esse processo seja de alcance mundial, é claro que o seu peso se fez sentir mais densamente em países novos do Terceiro Mundo, onde as criações das épocas anteriores não tinham sido assimiladas com muita profundidade e as raízes da civilização podiam ser mais facilmente cortadas. No Brasil, da década de 60 em diante, os progressos da barbárie foram talvez mais rápidos do que em qualquer outro lugar, destruindo com espantosa facilidade as sementes de cultura que, embora frágeis, vinham dando alguns frutos promissores. A comparação impossível entre as duas épocas, que mencionei acima, é ainda mais impossível no caso brasileiro. Na década de 50, tínhamos, vivos e atuantes, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Àlvaro Lins, Augusto Meyer, Otto Maria Carpeaux, Mário Ferreira dos Santos, Vicente Ferreira da Silva, Herberto Sales, Cornélio Penna, Gustavo Corção, Nelson Rodrigues, Lúcio Cardoso, Heitor Villa-Lobos, Augusto Frederico Schmidt, a lista não acaba mais. Hoje, quem representa na mídia a imagem da “cultura brasileira”? Paulo Coelho, Luís Fernando Veríssimo, Gilberto Gil, Arnaldo Jabor, Emir Sader, Frei Betto e Leonardo Boff. Perto desses, Chomsky é Aristóteles. É o grau mais alto pelo qual se medem. Chamar isso de crise, ou mesmo de decadência, é de um otimismo delirante. A cultura brasileira tornou-se a caricatura de uma palhaçada. É uma coisa oca, besta, disforme, doente, incalculavemente irrisória.

A inteligência, ao contrário do dinheiro ou da saúde, tem esta peculiaridade: quanto mais você a perde, menos dá pela falta dela. O homem inteligente, afeito a estudos pesados, logo acha que emburreceu quando, cansado, nervoso ou mal dormido, sente dificuldade em compreender algo. Aquele que nunca entendeu grande coisa se acha perfeitamente normal quando entende menos ainda, pois esqueceu o pouco que entendia e já não tem como comparar. Uma das coisas que me deliciam, que me levam ao êxtase quando contemplo o Brasil de hoje, é o ar de seriedade com que as pessoas discutem e pretendem sanar os males econômicos, políticos e administrativos do Brasil, sem ligar a mínima para a destruição da cultura, como se a inteligencia prática subsistisse incólume ao emburrecimento geral, como se inteligência fosse um adorno a ser acrescentado ao sucesso depois de resolvidos todos os problemas ou como se a inépcia absoluta não fosse de maneira alguma um obstáculo à conquista da felicidade geral. A prova mais evidente da insensibilidade torpe é o sujeito já nem sentir saudade da consciência que teve um dia.

Mas não, a inteligência nacional não acabou no dia em que os nossos estudantes tiraram o último lugar numa avaliação entre alunos do curso secundário de 32 países: acabou logo em seguida, quando o ministro da Educação disse que o resultado poderia ter sido pior.

Num sentido mais profundo do que o ministro imaginava, poderia mesmo. Na eleição seguinte, o país colocou na presidência um carreirista enriquecido, de terno Armani e unhas polidas, que, por orgulhar-se de jamais ler livros, foi proclamado um símbolo da autenticidade popular. A imagem era falsa, grotesca e insultuosa, mas ninguém percebeu. Se existe um grau abaixo do grotesco, porém, ele foi atingido logo em seguida, quando o escritor Raymundo Faoro, quanto mais bobo mais celebrado nas esquerdas como inteligência luminosa, sugeriu o nome do então presidenciável para ocupar uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Perto disso, tirar o último lugar num teste chegava a ser meritório.

Se o desespero dos estudantes que me escrevem viesse só da situação política, haveria esperança de saná-lo por meio da ação política. Mas a ação política é um subproduto da cultura e, no estado em que as coisas estão, nenhuma ação política inteligente, ao menos em escala federal, é previsível nas próximas duas ou três gerações. Nas próximas eleições, por exemplo, o país terá de optar novamente entre PT e PSDB, isto é, os dois filhotes monstruosos gerados no ventre da USP, a mãe da esterilidade nacional, ou como bem a sintetizou o poeta Bruno Tolentino, a “p... que não pariu”. Sim, a política brasileira virou uma imensa assembléia de estudantes da USP, com o Partido Comunista de um lado, a Ação Popular de outro, num torneio de arrogância, presunção, hipocrisia, sadismo mental, mendacidade ilimitada e estupidez sem fim. A USP levou meio século para chegar ao poder, e ainda não parou de gerar pseudo-intelectuais ambiciosos, ávidos de mandar, sedentos de ministérios. Sua obra de destruição está longe de haver-se completado.

Da política nada de bom se pode esperar num prazo humanamente suportável. Uma ação cultural de grande escala – a fundação de uma autêntica instituição de ensino superior, para contrabalançar a desgraça uspiana – também não é nada provável, dada a omissão das chamadas “elites”, sempre de rabo entre as pernas, oscilando entre lamber mais um pouco os pés da canalha petista ou apegar-se ao primeiro zesserra que apareça.

Ao estudante que consiga ainda vislumbrar o que é vida intelectual e faça dela o objetivo de sua existência, restam dois caminhos: o exílio, que pode levar ao lugar errado (a miséria brasileira nasce em Paris), e o isolamento, que pode levar os mais fracos a um desespero ainda mais profundo do que aquele em que se encontram.

A única solução viável, que enxergo, é a formação de pequenos grupos solidários, firmemente decididos a obter uma formação intelectual sólida, de início sem nenhum reconhecimento oficial ou acadêmico, mas forçando mais tarde a obtenção desse reconhecimento mediante prova de superioridade acachapante. Já não leciono no Brasil, mas a experiência mostrou que muito aluno meu, com alguns anos de aulas e bastante estudo em casa, já está pronto para dar de dez a zero, não digo em alunos, mas em professores da USP do calibrinho de Demétrio Magnoli e Emir Sader, o que, bem feitas as contas, é até luta desigual, é até covardia.

O processo é trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo acadêmico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de três idiomas pelo menos, estudar muito Aristóteles, muito Platão, muito Tomás de Aquino, muito Leibniz, Schelling e Husserl, absorver o quanto possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do século XX, conhecer muito bem a história comparada de duas ou três civilizações, absorver os clássicos da teologia e da mística de pelo menos três religiões, e então, só então, ler Marx, Nietzsche, Foucault. Se depois desse regime você ainda se impressionar com esses três, é porque é burro mesmo e eu nada posso fazer por você.

Mas o ambiente universitário brasileiro de hoje é tão baixo, tão torpe, que só de a gente apresentar essa lista – o mínimo requerido para uma formação séria de filósofo ou erudito –, o pessoal já arregala os olhos de susto. Na verdade, o estudante brasileiro não lê nada, só resumo e orelha, além de Emir Sader e da dupla Betto & Boff, que não valem o resumo de uma orelha. É tudo farsa, chanchada, pose. Não há quem não saiba disso e não há quem não acabe se acomodando a essa situação como se fosse natural e inevitável. A abjeção intelectual deste país é sem fim.


fonte: http://www.olavodecarvalho.org/semana/060213dc.htm

Offline Rodion

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.872
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #1 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 15:57:01 »
Citar
Mas o ambiente universitário brasileiro de hoje é tão baixo, tão torpe, que só de a gente apresentar essa lista – o mínimo requerido para uma formação séria de filósofo ou erudito –, o pessoal já arregala os olhos de susto. Na verdade, o estudante brasileiro não lê nada, só resumo e orelha, além de Emir Sader e da dupla Betto & Boff, que não valem o resumo de uma orelha. É tudo farsa, chanchada, pose. Não há quem não saiba disso e não há quem não acabe se acomodando a essa situação como se fosse natural e inevitável. A abjeção intelectual deste país é sem fim.

não é mentira... muitas vezes tenho a impressão de que muita gente, no curso superior mesmo, só tem esse conhecimento pasteurizado...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Perseus

  • Nível 22
  • *
  • Mensagens: 895
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #2 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 18:51:19 »
Deveríamos sim é ler Olavo de Carvalho na faculdade.
"Send me money, send me green
Heaven you will meet
Make a contribution
and you'll get a better seat

Bow to Leper Messiah"

Rhyan

  • Visitante
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #3 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 20:01:49 »
Ele tem algum motivo pra criticar o Dawkins?

O Olava fala algumas verdades que não são vista na grande mídia, mesmo que exagere muito e seja um carola esquisofrênico.

Offline Dodo

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.304
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #4 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 21:56:02 »
Ele tem algum motivo pra criticar o Dawkins?

O Olava fala algumas verdades que não são vista na grande mídia, mesmo que exagere muito e seja um carola esquisofrênico.

O unico motivo para ele criticar o Dawkins é o fato do mesmo defender a evolução e uma total ausência de designios divinos na criação do mundo.
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Karl Rove

  • Visitante
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #5 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 22:05:08 »
Na verdade, sua contenda com Dawkins vem de uma declaração do biólogo de que o mundo seria melhor sem religiões.

Apesar de considerar o darwinismo matéria-prima para as grandes abominações ideológicas, ele deixa isso claro diversas vezes, ele não defende o criacionismo ou o DI em nenhum momento, ou pelo menos não no material que publica.

O debate evoluçãoXcriacionismo é pontuado de falácias e embustes por ambos os lados, e Richard Dawkins exagera em muitos pontos. Mas discordo que seja um charlatão.

Contudo, isso só reflete a superficialidade de seus detratores. Ao longo do texto, ele só menciona Richard Dawkins de relance na lista de fraudes intelectuais da segunda metade do século, e vocês tomam esse simples ponto polêmico por todo o argumento, que é muito mais amplo.

Como o Poindexter disse no RV, isso só confirma a natureza do brasileiro de leitor de orelhas, ou seja, confirma o que Olavo expõe nesse texto.

Offline Zibss

  • Nível 28
  • *
  • Mensagens: 1.482
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #6 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 22:33:01 »
O olavismo é uma religião.

Karl Rove

  • Visitante
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #7 Online: 16 de Fevereiro de 2006, 22:54:52 »
Taí o Niels que não deixa o Olavo de Carvalho mentir.

Aliás, seria bom deixar a oposição falar a vontade, sem intervir, pois os melhores argumentos favoráveis ao texto saem exatamente da boca dos capacitados detratores do mesmo.

Rhyan

  • Visitante
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #8 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 08:20:07 »
Na verdade, sua contenda com Dawkins vem de uma declaração do biólogo de que o mundo seria melhor sem religiões.
Só por ter dito essa verdade óbvia?
Apesar de considerar o darwinismo matéria-prima para as grandes abominações ideológicas, ele deixa isso claro diversas vezes, ele não defende o criacionismo ou o DI em nenhum momento, ou pelo menos não no material que publica.
Bom, o darwinismo foi distorcido pelos nazistas e pelos comunistas. Não é culpa da TE.
O debate evoluçãoXcriacionismo é pontuado de falácias e embustes por ambos os lados, e Richard Dawkins exagera em muitos pontos. Mas discordo que seja um charlatão.
Quais seriam as falacias evolucionistas que vc se refere?
Contudo, isso só reflete a superficialidade de seus detratores. Ao longo do texto, ele só menciona Richard Dawkins de relance na lista de fraudes intelectuais da segunda metade do século, e vocês tomam esse simples ponto polêmico por todo o argumento, que é muito mais amplo.
Não, eu gostei do texto tirando a crítica em cima de Dawkins e a frase sobre a moral judaico-cristã. É que me chamou atenção ele criticar um cientista conhecido no meio ateísta, só isso.
Como o Poindexter disse no RV, isso só confirma a natureza do brasileiro de leitor de orelhas, ou seja, confirma o que Olavo expõe nesse texto.
Não exagere.

Offline Roberto

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.021
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #9 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 11:04:05 »
Na verdade, sua contenda com Dawkins vem de uma declaração do biólogo de que o mundo seria melhor sem religiões.

No que Dawkins está errado. Gostemos ou não, as muletas metafísicas, que dão algum sentido "maior" pra vida, são necessárias pra maioria das pessoas. Como diz um autor de que gosto, ateísmo é pra fortes de espírito. Ser ateu quando jovem não é vantagem nenhuma, é até algo fácil. Ser ateu com 70, 80 anos, por outro lado, é digno de nota.

Citar
Apesar de considerar o darwinismo matéria-prima para as grandes abominações ideológicas (...)

No que o Olavo de Carvalho está errado. As "abominações" ideológicas existiriam indpendentemente do darwinismo, pois não derivam dele. Quando muito, buscam no darwinismo elementos "legitimadores", cientificamente falando, mas que qualquer pessoa percebe na hora que são extrapolações indevidas.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Perseus

  • Nível 22
  • *
  • Mensagens: 895
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #10 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 13:03:21 »
O dia que um panaquinha como o Olavo, que acha que Astrologia é cultura (e da boa) ter cacife para criticar um cara do nível do Richard Dawkins, eu vou cavar uma cova e me enfiar nela.

O Dawkins, ao contrário do Onabitcho pé no breque, sabe escrever, divulga cultura útil (extremamente útil), e tem a capacidade que poucos tem, de transmitir conteúdos difíceis de maneira simples e clara para qualquer leigo.



Tanto é que até os criacionistas conseguem entender o que o cara escreve.
"Send me money, send me green
Heaven you will meet
Make a contribution
and you'll get a better seat

Bow to Leper Messiah"

Offline Guinevere

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.861
  • Sexo: Feminino
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #11 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 13:06:13 »
acha que Astrologia é cultura (e da boa)
Astrologia *é* cultura. Ela só não presta. :lol:


Offline Perseus

  • Nível 22
  • *
  • Mensagens: 895
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #12 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 13:15:45 »
Onabitcho acha que é cultura e da boa.
"Send me money, send me green
Heaven you will meet
Make a contribution
and you'll get a better seat

Bow to Leper Messiah"

Offline Hold the Door

  • Editores
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.656
  • Sexo: Masculino
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #13 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 14:57:24 »
Apesar de considerar o darwinismo matéria-prima para as grandes abominações ideológicas, ele deixa isso claro diversas vezes, ele não defende o criacionismo ou o DI em nenhum momento, ou pelo menos não no material que publica.
Pode não defender diretamente, mas insiste em colocar os dois em pé de igualdade ao taxá-los de mitos. No fundo não passa de uma variação de um dos argumentos criacionistas, aquele que diz que ambos, criacionismo e T.E., são apenas teorias, portanto têm o mesmo valor enquanto ciência.
 
O debate evoluçãoXcriacionismo é pontuado de falácias e embustes por ambos os lados, e Richard Dawkins exagera em muitos pontos. Mas discordo que seja um charlatão.
E quais são as falácias e embustes do lado evolucionista?
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Dodo

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.304
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #14 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 15:29:23 »
Como o Poindexter disse no RV, isso só confirma a natureza do brasileiro de leitor de orelhas, ou seja, confirma o que Olavo expõe nesse texto.

Bom, a mim o resto do texto não difere em nada do que ele já escreveu em outras ocasiões, porém chamar Dawkins de charlatão caricato apenas porque não concorda com suas idéias me parece um pouco exagerado. A propósito o Olavo de Carvalho já defendeu sim a criação:

http://www.olavodecarvalho.org/semana/041225fsp.htm

Já que você le muito mais que os outros aqui do fórum eu já li Os Sertões inteiro e não somente as cinco primeiras páginas. *

* Vcs do fórum não precisam se perguntar o que isso significa


« Última modificação: 17 de Fevereiro de 2006, 15:32:09 por Dodo »
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Karl Rove

  • Visitante
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #15 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 15:35:21 »
Se me perguntarem, não considero o criacionismo ciência, nem nenhum tipo de Design Inteligente, e concordo com o algoritmo darwinista como base para a explicação da diversidade biológica na Terra, ou mesmo das transformações pelas quais passam as idéias, conforme proposta do próprio Richard Dawkins.

Não considero o homem uma fraude, e discordo do Olavo de Carvalho com relação a isso. Só não o coloco no mesmo pedestal que muitos membros de fóruns ateus o põem. Vejo que ele dedica muito do seu tempo a essa questão, e desfere muitos ataques à religião, expediente que já rendeu muitos banhos de sangue nas experiências comunistas do passado, além de servir à implantação de ideologias torpes de relativismo moral.

Fraudes evolucionistas podem ser encontradas em qualquer site criacionista por aí, e como em qualquer ramo da ciência, haverá sempre cientistas precipitados, inescrupulosos e desonestos, além, é claro, dos equívocos naturais, que por vezes, passam ignorados. Falácias são ainda mais abundantes, como denegrir a imagem dos oponentes nos debates, ou colocar uma discussão num âmbito religioso ao qual ela não pertence a princípio.

Sinceramente, acho que muito desse debate é extendido por conta dessas faltas por parte de evolucionistas. E que não se deve jamais criar nenhum tipo de cruzada científica anti-religiosa, ou uma imposição do laicismo sobre a democracia. Se membros de uma comunidade querem que seus filhos recebam educação religiosa, ao invés de científica, não vejo a necessidade de envolvimento de cientistas-pop nisso.

Além é claro, do clássico declive escorregadio, do qual eu mesmo já utilizei, confesso, quando debatia contra criacionistas, de que uma aceitação local do criacionismo levaria a uma era negra de perseguição da ciência em todos os níveis, e do retorno do obscurantismo medieval. Teoria paranóica freqüente nos textos de Dawkins e correligionários.

Creio na liberdade de crença e de opção educacional para filhos. Dawkins acha que os pais não tem o direito de transmitir suas 'crenças obscuras' para crianças inocentes, que devem optar sozinhas no que vão crer. Mas alguém terá de passar ideologias para as crianças, e sinceramente, ainda acredito que os pais possam fazer isso de maneira muito melhor do que o Estado, e suas arbitrariedades.

Por mais que Richard Dawkins seja um homem bem-intencionado, acredito sinceramente que seja, e um cientista reconhecido e competente, quando se envereda por fora daquela que é a sua área, geralmente fala diversas bobagens. Acho que é nesse âmbito que Olavo de Carvalho o considera uma fraude intelectual. Além é claro, do ateísmo panfletário, outro ponto que Olavo deve repudiar na figura de Dawkins. E convenhamos, o ateísmo panfletário não difere muito das religiões combatidas, apenas muda as cosmogonias adoradas e se recobre de uma aura de cientificidade e racionalismo, que não raras vezes são desmentidos pela incompetência intelectual dos seus defensores (não me refiro ao Dawkins aqui).

Até porque, julgar a produção científica do etólogo creio que seja algo fora do alcance do filósofo, pois requereria uma formação na área de biologia, que acredito que ele não tenha.

Mas acho que essa discussão foge ao tema proposto pelo tópico, e se os afetados defensores do famoso cientista citado pelo autor puderem fazer o tremendo esforço de ignorar esse trecho, e concentrarem seus esforços argumentativos no verdadeiro conteúdo do texto, estariam contribuindo muito mais. Não pretendo me extender muito nessa área, já que, além de não ser do meu interesse discutir o tema, meu conhecimento é deveras rudimentar para poder acrescentar alguma coisa diferento do que já é conhecimento comum de todos que já participaram desse tipo de debate.
« Última modificação: 17 de Fevereiro de 2006, 15:43:19 por Karl Rove »

Offline Hugo

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 1.917
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #16 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 17:36:02 »

Não sei por que eu acho que o Olavo é um tipo de Nietzsche ao contrário... totalmente ao contrário...

Posso até estar deturpando a imagem do Nietzsche...
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Nina

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.805
  • Sexo: Feminino
    • Biociência.org
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #17 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 18:10:15 »
Fraudes evolucionistas podem ser encontradas em qualquer site criacionista por aí, e como em qualquer ramo da ciência, haverá sempre cientistas precipitados, inescrupulosos e desonestos, além, é claro, dos equívocos naturais, que por vezes, passam ignorados. Falácias são ainda mais abundantes, como denegrir a imagem dos oponentes nos debates, ou colocar uma discussão num âmbito religioso ao qual ela não pertence a princípio.

Curioso alguém com seu discernimento procurar saber dos erros (corrigidos) da ciência em meios que deturpam dados legítimos, como sites criacionistas. Não é preciso sair do meio científico pra analisar seus erros. Ela é auto-corretiva!

Além do mais, algumas da fraudes forjadas propositalmente tiveram a participação de teístas como padres ou não-cientistas, como advogados. Exploradores de final de semana não agem com o rigor científico, nem mesmo se preocupam com isso.

Mesmo sabendo que você já sabe tudo o que lembrei aqui, acho que não se justifica corroborar que sites criacionistas mostrem fraudes científicas de maneira justa ou correta.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Marcelo Terra

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.126
  • Sexo: Masculino
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #18 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 22:45:47 »

Não sei por que eu acho que o Olavo é um tipo de Nietzsche ao contrário... totalmente ao contrário...

Posso até estar deturpando a imagem do Nietzsche...

Hugo, me desculpe mas acho que seria conveniente você saber o porquê.

Karl Rove

  • Visitante
Re: A tragédia do estudante sério no Brasil - por Olavo de Carvalho
« Resposta #19 Online: 18 de Fevereiro de 2006, 00:56:20 »
Fraudes evolucionistas podem ser encontradas em qualquer site criacionista por aí, e como em qualquer ramo da ciência, haverá sempre cientistas precipitados, inescrupulosos e desonestos, além, é claro, dos equívocos naturais, que por vezes, passam ignorados. Falácias são ainda mais abundantes, como denegrir a imagem dos oponentes nos debates, ou colocar uma discussão num âmbito religioso ao qual ela não pertence a princípio.

Curioso alguém com seu discernimento procurar saber dos erros (corrigidos) da ciência em meios que deturpam dados legítimos, como sites criacionistas. Não é preciso sair do meio científico pra analisar seus erros. Ela é auto-corretiva!

Além do mais, algumas da fraudes forjadas propositalmente tiveram a participação de teístas como padres ou não-cientistas, como advogados. Exploradores de final de semana não agem com o rigor científico, nem mesmo se preocupam com isso.

Mesmo sabendo que você já sabe tudo o que lembrei aqui, acho que não se justifica corroborar que sites criacionistas mostrem fraudes científicas de maneira justa ou correta.

Concordo com você, Nina.

Na verdade, apenas cito os sites criacionistas pois é do interesse deles apontar e reunir as fraudes dos evolucionistas, mas em nenhum momento disse que foram eles que primeiramente verificaram as fraudes, ou mesmo que tiveram participação na sua correção.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!