Steely Dan - Aja.
Já faz um tempo que esse disco é meu favorito, ou um dos. Junto com The Royal Scam, da mesma banda.
https://www.youtube.com/v/O0gK66B6ifI"Aja é uma obra complexa, diversa, extremamente elegante e sofisticada. É o tipo de disco que fica na cabeça por dias depois que você o escuta pela primeira vez. Liricamente falando, é fantástico, apesar de ser extremamente depressivo. É como se Fagen tivesse trocado a ironia e o sarcasmo dos discos anteriores por melancolia, apesar das suas tiradas sarcásticas ainda aparecerem, mesmo que de forma mais sutil.
Para concretizar suas composições, Becker e Fagen reuniram um grupo absurdo de músicos de sessão, incluindo os guitarristas Larry Carlton, Jay Graydon e Lee Ritenour, os baixistas Chuck Rainey e Leland Sklar, os tecladistas Victor Feldman e Michal Omartian, os bateristas Bernard Purdie, Steve Gadd e Jim Keltner, o saxofonista Wayne Shorter entre inúmeros outros.
O disco começa com a canção “Black Cow”, um relaxante misto de smooth jazz e R&B. Uma calma introdução que conta a história de um sujeito que vê sua mulher rodeada de amantes num bar suburbano. O clima melancólico é realçado pelas backing vocals durante o refrão e o solo de sax no final é excelente e bem divertido, o que entra em contraste direto com o tema lírico da música.
A grande tour-de-force do álbum é a faixa-título, que vem logo em seqüência. “Aja” é, na falta de um termo melhor para descrever, uma música DO CARALHO. A música é uma suíte de jazz, que integra temas orientais e latinos. O início é calmo, cantado, com um clima quase místico realçado pela letra que forma mais imagens do que um sentido concreto. Após isso, a parte instrumental começa, e all hell breaks loose. Primeiramente, um misto de salsa e música oriental, permeada pelo trabalho de guitarra de Larry Carlton e depois, um monstruoso solo de saxofone de Wayne Shorter, acompanhado por uma das levadas mais complexas já vistas na bateria, cortesia de Steve Gadd. Depois da apoteose instrumental, a música volta ao tema cantado, e termina com mais uma levada de Gadd, fechando com chave de ouro uma das canções mais bem trabalhadas e bonitas já vistas.
O disco segue com “Deacon Blues”, uma música que conta a história de um alcoólatra suicida, que busca consolo transando com mulheres aleatórias durante a noite. É uma canção triste e longa com um arranjo de metais excelente, e as guitarras de Lee Ritenour e de Dean Parks formam um acompanhamento perfeito.
“Peg” é, como descreveu a Rolling Stone, uma peça de uma comédia musical absurda, que fala sobre um sujeito com uma paixão platônica por uma modelo. A harmonia vocal de Michael McDonald no refrão realça ainda mais o clima cômico da música, e o excelente solo de guitarra de Jay Graydon é um dos poucos momentos de puro rock do disco.
Depois de “Peg” vem “Home At Last”, outra peça interessantíssima. O groove de Bernard Purdie na bateria (o lendário Purdie Shuffle) dá a pulsação para uma versão moderna da Odisséia, de Homero. O arranjo de metais, somado ao piano de Victor Feldman e o expressivo vocal de Fagen são realmente marcantes, e o solo de Walter Becker é um dos pouquíssimos momentos em que ele realmente brilha na guitarra.
“I Got The News” tem a dúbia distinção de ser a música mais fraca do disco, mas mesmo assim é muito boa. “I Got The News” é quase uma tentativa de criar uma faixa de disco-music com uma pitada de jazz, cheia de inuendos na letra, o que prova que Becker e Fagen não estavam tão isolados, no final das contas. Outro destaque desta canção é, novamente, o trabalho vocal de Michael McDonald nas harmonias, e um outro solo de Becker.
O disco termina com “Josie”, a única música do disco em que Fagen exercita toda a sua ironia e seu sarcasmo, contando a história de um grupo de jovens arruaceiros, que faz merda enquanto uma amiga (ou uma dorga, manolo) chamada Josie não chega. A música é um jazz-rock grooveado (com uma excelente aparição de uma lenda da bateria, Jim Keltner), e com um tema e um refrão memoráveis.
Com Aja, o Steely Dan realmente atingiu o ápice, tanto artístico quanto comercial, devido ao sucesso de “Peg”, “Deacon Blues” e “Josie” nas rádios. Apesar de hoje ser um disco esquecido, praticamente, Aja é uma obra essencial para as pessoas com bom gosto musical.
Bom, pissoas, muito obrigado pelos seus tempos gastos nesta leitura e aguardem o próximo artigo, que estará no ar em breve (aceito sugestões de tema :p)."
FZapp, eu te sumono a dar sua opinião sobre o disco.
Demais foristas que apreciem também estão convidados.
