ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo
Metade do lucro total das empresas de capital aberto está nas mãos de meia dúzia de grupos privados.
Levantamento com dados constantes do sistema da consultoria Economática mostra que as seis primeiras colocadas no ranking geral, entre 64 companhias avaliadas, são donas de R$ 10,5 bilhões do lucro geral --ou quase 50% dos R$ 21,5 bilhões.
Essa concentração do capital no caixa de poucos grupos é interpretada de diferentes formas pelos especialistas.
O dado mostra, por exemplo, que o país ainda tem um grupo seleto de empresas que fazem parte da "turma do R$ 1 bilhão" --grupos privados que conseguem lucrar acima desse patamar psicológico e histórico.
Fazem parte dessa lista as companhias Gerdau, Telesp Operacional, Arcelor, AmBev e Aracruz. São empresas com acesso fácil ao capital no exterior (utilizado para investimentos) e que pagam taxas de juros bem mais baixas que as cobradas pelos bancos no país.
Essas companhias já fornecem seus produtos para grandes mercados e conseguem competir com líderes mundiais.
Elas também importam tecnologia de ponta, que passa a incorporar o parque fabril brasileiro. Tem mais: elas trazem divisas para o Brasil, engordando a balança comercial.
Muitos com menos
Além disso, essa constatação revela como está pulverizada a distribuição do lucro no Brasil.
Há dezenas de companhias de grande porte que faturam alguns poucos milhões. Algumas delas são companhias abertas de baixa liquidez (com ações pouco negociadas) no mercado.
No entanto, o número de grupos que registram resultados negativos é bem pequeno.
Entre as 64 companhias analisadas, três fecharam o ano passado no vermelho. Em 2004, para essa mesma base de análise, sete empresas haviam terminado o período com perdas.
Clube do bilhão
Quanto à receita, existem hoje 45 companhias que já faturam mais de R$ 1 bilhão ao ano entre as 64 empresas abertas que já publicaram os seus balanços até o momento.
Esse número, entretanto, praticamente não tem mudado. Em 2003 e 2004, entre as 64 empresas analisadas, 46 conseguiam atingir ou superar a marca de R$ 1 bilhão em receita líquida.
No grupo dos vários bilhões, no entanto, o quórum é menor. Novamente, apenas sete companhias têm faturamento que varia de R$ 10 bilhões a pouco mais de R$ 20 bilhões anuais.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105580.shtml