Autor Tópico: Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda  (Lida 1425 vezes)

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Offline Carlos Capuchinho

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Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Online: 09 de Março de 2006, 12:47:58 »
Jornal da Tarde, 08 de Março

Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda

Das 3 mil mulheres que procuram ONG da Zona Leste que assiste vítimas de
violência, 90% são evangélicas agredidas física ou verbalmente pelos maridos
- que, na igreja, são exemplos de bondade
MARINÊS CAMPOS


Quem vê Antonio na rua, Bíblia debaixo do braço, roupa social, jeito de
gente boa, já imagina: "O sujeito é crente." Na igreja, então, o homem é um
exemplo de bondade. É calmo, freqüenta o curso para se tornar obreiro
(quando se formar, dará aula na escola dominical), vira anjo ao cruzar a
porta do templo. "Faz pregações maravilhosas", diz a mulher, Joana, 39 anos,
casada há 15 com Antonio. "Ele fala sobre a paz e como todos devem amar seus
inimigos."

Só que Antonio, manso como uma ovelha do rebanho do Senhor ao lado de seus
"irmãozinhos", se transforma em bicho bravo quando está sozinho com a
família. Dentro de casa, diz palavrões, agride a mulher. "Ele já me agarrou
pelo cabelo e me jogou em cima da cama", conta Joana. "Também atirou um
frasco de xampu na minha cabeça. Não sei por que age assim."

Como Joana, outras evangélicas, com saias longas, cabelos e mágoa pesando
sobre os ombros, também não entendem a mudança de seus homens quando eles
põem os pés fora da igreja e brandem as mãos dentro de casa. E, cansadas de
não achar refúgio na paz de seus templos - elas preferem não divulgar o nome
das igrejas que freqüentam -, encontraram abrigo na Casa de Isabel, uma ONG
da Zona Leste que, em parceria com a Prefeitura e o Estado, oferece
assistência psicológica e jurídica a mulheres, crianças e adolescentes
vítimas de violência.

A romaria de evangélicas à Casa de Isabel está assustando a pesquisadora da
área da violência e presidente da entidade Sônia Regina Maurelli
. A ONG
atende 3 mil mulheres por mês. "Posso afirmar que 90% são freqüentadoras
assíduas de igrejas evangélicas
", diz a pesquisadora. "Me surpreende é ver
as mulheres submetidas à doutrina das igrejas. Ser submissa não é tolerar
espancamento."

Analisando suas estatísticas, Sônia observa que grande parte das igrejas não
oferece aos fiéis um trabalho de aconselhamento. "Se existisse, esta casa
não estaria tão cheia. Acredito que essas mulheres estão nos procurando
porque estão lendo e se informando mais." Joana, a mulher de Antonio, admite
que as portas da Casa de Isabel foram as únicas que se abriram para
socorrê-la: "Procurei a pastora da minha igreja e ela me falou que problema
como o meu tinha de ser resolvido entre marido e mulher."

A palavra-chave citada pelas evangélicas ouvidas pelo JT foi "submissão" -
além de Joana, Lurdes, 33 anos, e Ana, 54, concordaram em falar sobre o que
acontece dentro de suas casas. Joana diz: "Quando reclamo com o Antonio, ele
fala de um versículo bíblico: 'Mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos'.
Só que a Bíblia não fala para a gente ser escrava deles."

Ana, 33 anos de casada, convive com o marido que esqueceu os ensinamentos
sobre respeito e harmonia: "Não tenho nenhum carinho. Só palavrões. A
agressão verbal às vezes é pior que tapa. Um tapa você revida, mas a mágoa
nada pode tirar." Muitas vezes, Ana pensou em separação, mas desistiu: "Ele
me xinga. Depois fica mansinho e lava a louça para mim."

Joana também fica dividida entre deixar Antonio, por causa das agressões, e
a culpa que sente por não se considerar uma boa dona de casa. "Não sei
arrumar um guarda-roupa tão impecável como minha mãe", conta. "Detesto
passar roupa e ele só usa camisa social."

Casada há 9 anos, Lurdes, até pouco tempo atrás, ia com o marido à igreja.
Hoje, depois de uma decepção, ele parou de freqüentar o templo: " Viu uns
'irmãos' da igreja bebendo num bar e ficou revoltado. Não me bate, mas me
humilha e diz todo tipo de palavrões."

A vida de Lurdes se tornou mais difícil depois que, meses atrás, foi vítima
de estupro. "Começou a dizer que, se fui atacada, é porque dei bola para o
estuprador. Eu não exponho meu corpo. Mas meu marido não teve compreensão.
Vive dizendo: 'Você não é uma mulher direita'. Não posso contar com ninguém
na igreja porque lá me dizem: 'Ninguém precisa de psicólogo. Aqui, o
psicólogo é Jesus'."
“A idéia de que Deus é um gigante barbudo de pele branca sentado no céu é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que regem o Universo, então claramente existe um Deus. Só que Ele é emocionalmente frustrante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade!”
Carl Sagan

Offline Washington

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #1 Online: 09 de Março de 2006, 13:36:15 »
Isso não me surpreende, conheço um bucado de religiosos, católico, crentes, espíritas que agem assim. Inclusive um amigo que ha muito tempo que não o vejo, por que parei de beber, que era crente e vivia falando de deus isso, deus aquilo, mas também vivia falando em matar, chamavam ele pelas costas de doidinho.

Como é que uma religião que diz pregar paz, as pessoas agem tão agressivamentes.

Offline Oceanos

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #2 Online: 09 de Março de 2006, 13:38:18 »
A vida de Lurdes se tornou mais difícil depois que, meses atrás, foi vítima
de estupro. "Começou a dizer que, se fui atacada, é porque dei bola para o
estuprador. Eu não exponho meu corpo. Mas meu marido não teve compreensão.
Vive dizendo: 'Você não é uma mulher direita'. Não posso contar com ninguém
na igreja porque lá me dizem: 'Ninguém precisa de psicólogo. Aqui, o
psicólogo é Jesus'."

Como algum homem pode ser assim? Eu não meço o que faria se visse um homem falar assim com uma mulher, diante dessa circunstância.


Offline Oceanos

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #3 Online: 09 de Março de 2006, 13:39:56 »
Como é que uma religião que diz pregar paz, as pessoas agem tão agressivamentes.
O problema é que o método 'tapar o sol com a peneira' acaba fazendo isso acontecer. Uma pessoa vai com problemas para a igreja, e lá dizem pra ele ignorar, que está tudo curado. Nisso ele pensa que está bem. Pensa.

Offline Washington

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #4 Online: 09 de Março de 2006, 13:55:03 »
Um dizimo bem gordo, é tudo é perdoado. :D

Offline Pregador

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #5 Online: 09 de Março de 2006, 17:00:00 »
Isso tudo não deixa de ser um problema da doutrina cristã. muitos homens se acham legitimados a agir assim por pensarem ter respaldo bíblico. Quase toda igreja evangélica enfatiza a todo tempo que a mulher deve se submeter ao marido. Quando assisto a um casamento evangélico eu fico com pena das noivas que tem de ouvir no sermão do pastor que o homem é a cabeça do casamento e a ele deve ela se submeter. Gasta-se uns 30 minutos enfatizando a submissão da mulher e uns dois para passar as obrigações do marido. E ainda, existem milhares de evangélicas, como sinceramente não sei.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Hrrr

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #6 Online: 09 de Março de 2006, 17:17:24 »
religiao eh controle, amon
so num te dou outra pq

rizk

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Re: agredidas em nome de deus...
« Resposta #7 Online: 09 de Março de 2006, 19:36:42 »
Taí uma coisa legal, ir auxiliar nesta casa de Isabel. Endereço: Rua Cachoeira Alta, 181 - Itaim Paulista..

Offline Quasar

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Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Resposta #8 Online: 10 de Março de 2006, 16:08:49 »
Um exemplo de como os evangélicos respeitam a mulher seguindo os ensinamentos de Jesus.

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Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda

Das 3 mil mulheres que procuram ONG da Zona Leste que assiste vítimas de violência, 90% são evangélicas agredidas física ou verbalmente pelos maridos - que, na igreja, são exemplos de bondade

MARINÊS CAMPOS

Quem vê Antonio na rua, Bíblia debaixo do braço, roupa social, jeito de gente boa, já imagina: "O sujeito é crente." Na igreja, então, o homem é um exemplo de bondade. É calmo, freqüenta o curso para se tornar obreiro (quando se formar, dará aula na escola dominical), vira anjo ao cruzar a porta do templo. "Faz pregações maravilhosas", diz a mulher, Joana, 39 anos, casada há 15 com Antonio. "Ele fala sobre a paz e como todos devem amar seus inimigos."

Só que Antonio, manso como uma ovelha do rebanho do Senhor ao lado de seus "irmãozinhos", se transforma em bicho bravo quando está sozinho com a família. Dentro de casa, diz palavrões, agride a mulher. "Ele já me agarrou pelo cabelo e me jogou em cima da cama", conta Joana. "Também atirou um frasco de xampu na minha cabeça. Não sei por que age assim."

Como Joana, outras evangélicas, com saias longas, cabelos e mágoa pesando sobre os ombros, também não entendem a mudança de seus homens quando eles põem os pés fora da igreja e brandem as mãos dentro de casa. E, cansadas de não achar refúgio na paz de seus templos - elas preferem não divulgar o nome das igrejas que freqüentam -, encontraram abrigo na Casa de Isabel, uma ONG da Zona Leste que, em parceria com a Prefeitura e o Estado, oferece assistência psicológica e jurídica a mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência.

A romaria de evangélicas à Casa de Isabel está assustando a pesquisadora da área da violência e presidente da entidade Sônia Regina Maurelli. A ONG atende 3 mil mulheres por mês. "Posso afirmar que 90% são freqüentadoras assíduas de igrejas evangélicas", diz a pesquisadora. "Me surpreende é ver as mulheres submetidas à doutrina das igrejas. Ser submissa não é tolerar espancamento."

Analisando suas estatísticas, Sônia observa que grande parte das igrejas não oferece aos fiéis um trabalho de aconselhamento. "Se existisse, esta casa não estaria tão cheia. Acredito que essas mulheres estão nos procurando porque estão lendo e se informando mais." Joana, a mulher de Antonio, admite que as portas da Casa de Isabel foram as únicas que se abriram para socorrê-la: "Procurei a pastora da minha igreja e ela me falou que problema como o meu tinha de ser resolvido entre marido e mulher."

A palavra-chave citada pelas evangélicas ouvidas pelo JT foi "submissão" - além de Joana, Lurdes, 33 anos, e Ana, 54, concordaram em falar sobre o que acontece dentro de suas casas. Joana diz: "Quando reclamo com o Antonio, ele fala de um versículo bíblico: 'Mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos'. Só que a Bíblia não fala para a gente ser escrava deles."

Ana, 33 anos de casada, convive com o marido que esqueceu os ensinamentos sobre respeito e harmonia: "Não tenho nenhum carinho. Só palavrões. A agressão verbal às vezes é pior que tapa. Um tapa você revida, mas a mágoa nada pode tirar." Muitas vezes, Ana pensou em separação, mas desistiu: "Ele me xinga. Depois fica mansinho e lava a louça para mim."

Joana também fica dividida entre deixar Antonio, por causa das agressões, e a culpa que sente por não se considerar uma boa dona de casa. "Não sei arrumar um guarda-roupa tão impecável como minha mãe", conta. "Detesto passar roupa e ele só usa camisa social."

Casada há 9 anos, Lurdes, até pouco tempo atrás, ia com o marido à igreja. Hoje, depois de uma decepção, ele parou de freqüentar o templo: " Viu uns 'irmãos' da igreja bebendo num bar e ficou revoltado. Não me bate, mas me humilha e diz todo tipo de palavrões."

A vida de Lurdes se tornou mais difícil depois que, meses atrás, foi vítima de estupro. "Começou a dizer que, se fui atacada, é porque dei bola para o estuprador. Eu não exponho meu corpo. Mas meu marido não teve compreensão. Vive dizendo: 'Você não é uma mulher direita'. Não posso contar com ninguém na igreja porque lá me dizem: 'Ninguém precisa de psicólogo. Aqui, o psicólogo é Jesus'."

Fonte:http://www.jt.com.br/editorias/2006/03/08/ger36218.xml
"Assim como são as pessoas, são as criaturas" -  Didi Mocó

Offline Guinevere

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Re: Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Resposta #9 Online: 10 de Março de 2006, 16:10:31 »
Foi postado já... moderação? Podem fundir os tópicos?

EDITADO: obrigada.
« Última modificação: 10 de Março de 2006, 16:49:51 por Guinevere »

Offline n/a

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Re: Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Resposta #10 Online: 10 de Março de 2006, 16:37:26 »
Tópicos unidos.

rizk

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Re: Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Resposta #11 Online: 10 de Março de 2006, 21:01:17 »
Esse título é enganador. Eles não batem na mulher em nome de Deus, é mais que eles encontram fundamento bíblico para fazê-lo, assim como encontra-se fundamento bíblico pra tudo nesta vida, das coisas mais nobres às mais filhas da puta.

Assim como se encontra fundamento ideológico pra tudo no universo e além, aliás.

O que complica é que cristão gosta de pagar de ético.

Atheist

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Re: Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Resposta #12 Online: 11 de Março de 2006, 11:21:48 »
E se por acaso chegarem a exagerar, é simples: foi coisa do demônio! Uma simples oração (e uma gorda contribuição, como foi dito antes) e tudo fica perdoado.

Offline Messiah

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Re: Agredidas em nome de Deus, elas pedem ajuda
« Resposta #13 Online: 11 de Março de 2006, 20:20:08 »
Que coisa horrível.
Violência domiciliar, estupro, igrejas evangélicas... males que hão de cessar.

 

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