Autor Tópico: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.  (Lida 820 vezes)

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Offline Pregador

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Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Online: 25 de Março de 2006, 20:27:39 »
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Folha de São Paulo

Ministro de Hidrocarbonetos diz que país é tratado como semicolônia; decreto para "nacionalizar" gás sai em 21 dias

Pela 1ª vez, governo Morales ataca Brasil

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

Acabou a lua-de-mel entre o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva e a Bolívia de Evo Morales. Depois de semanas de retórica amistosa entre os dois países, o ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Andrés Solíz, criticou duramente ontem a Petrobras e o governo brasileiro e previu "as piores coisas que se pode imaginar" nas negociações sobre mudanças nos contratos de venda de gás com a Argentina e o Brasil -acusado de tratar a Bolívia como uma "semicolônia".
"Quero que o país seja sensível ao que se avizinha. A primeira disputa será negociar aumento de preços com a Argentina e com o Brasil. Todos são maravilhosamente amigos até que se toquem seus bolsos e se diga que é preciso aumentar o preço. Aí vêm as piores coisas que se pode imaginar", disse Solíz, durante entrevista coletiva em La Paz.
"Vai ser fácil negociar com o Brasil? Eu respondo: vai ser muito complicado. Porque não somente é preciso ver o Brasil como Petrobras. Temos a presença geopolítica do Brasil na Bolívia. O governo brasileiro está acostumado a pressionar em diferentes temas para obter seus objetivos."
Solíz, tido como um dos ministro mais radicais do governo Morales e opositor histórico do gasoduto Brasil-Bolívia, disse que as negociações partem de "uma base muito dura com o Brasil": "Estão nos vendo sempre com uma espécie de semicolônia. Isso vai ser levado à mesa de negociações."
"Claro, uma característica do Brasil e da Argentina é que nos oferecem tudo para o futuro, mas para agora, pagarão "preço solidário". Nós, como base de negociação, queremos juntar a negociação atual com as promessas que nos foram faladas. E essas promessas têm de ter uma cronologia. Não como fez o Brasil, que, em 1996, nos ofereceu 24 das 49 termelétricas que seriam construídas com o uso do gás boliviano", acusou Solíz.
Sem perder o fôlego, o ministro Solíz acusou o Brasil de mentir sobre as negociações com a Venezuela sobre a construção de um gasoduto: "Ah, o Brasil não necessita de gás boliviano, já tem o projeto da Venezuela, que vai vender gás a preço solidário de US$ 1", falou, em tom irônico. " [O preço] Foi desmentido pelo próprio governo venezuelano."
"E tem mais coisas. O diretor-geral de hidrocarbonetos conversou ontem com o diretor da empresa GTB, Gás TransBoliviano, encarregada de exportar gás ao Brasil. E praticamente já tem tudo para que as exportações de gás aumentem de 30 milhões de metros cúbicos para 68 milhões de metros cúbicos por dia. Se o Brasil pretende iniciar conversações para aumentar o volume, primeiro vamos revisar preços", afirmou Solíz.

"Nacionalização"
As declarações ocorrem na semana em que o governo anunciou que regulamentará em até três semanas o que vem chamando de "nacionalização" da exploração do gás natural e do petróleo. Na prática, o decreto será uma regulamentação da nova Lei de Hidrocarbonetos, aprovada em maio do ano passado.
Em nota divulgada nesta semana, Solíz voltou a descartar qualquer forma de expropriação. "Os pilares da nacionalização dos hidrocarbonetos são a participação do Estado em toda a cadeia produtiva dos hidrocarbonetos, o exercício da propriedade sobre os hidrocarbonetos, a fixação de preços internos, volumes de produção e o destino que terão os hidrocarbonetos para a sua exportação", afirma o ministro.
A proximidade do decreto produziu uma nota em tom de preocupação da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, que reúne as principais empresas do setor, entre as quais a Petrobras.
"Esperamos que o processo ocorra sem chegar a uma expropriação que possa perturbar o desenvolvimento antecipado da indústria diante das possibilidades de negócios de gás, que precisam se concretizar tanto pelas exigências do país como pela demanda dos mercados vizinhos", diz a nota, publicada anteontem.
Ontem, Solíz adiantou alguns pontos da negociação: diz que quer vender "a menor quantidade possível de gás natural" para forçar a industrialização dentro da Bolívia, cobrar do Brasil um "prêmio" pelo "extraordinário valor ecológico" do gás e participar dos lucros obtidos na comercialização final do produto, dentro dos países compradores.
Ao longo de cerca de dez minutos falando sobre o Brasil -a entrevista foi repassada por sua assessoria-, o ministro relatou até uma ameaça territorial, ao citar "a presença de brasileiros em enorme quantidade no Departamento de Pando [Amazônia], o que nos faz preocupar por nossa segurança geopolítica".
Sobre a Petrobras, Solíz acusou a empresa brasileira de pagar mal funcionários bolivianos. "Um trabalhador que trabalha para a Petrobras, por ter terminado seu trabalho nos campos da Petrobras, recebe 1.200 bolivianos. Pelo mesmo trabalho, outra empresa petroleira lhe paga 5.000 bolivianos. Espero que o país entenda o que significa trabalhar a 50ºC de calor sob a vigilância de um capataz brasileiro", relatou.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Barata Tenno

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Re: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Resposta #1 Online: 26 de Março de 2006, 04:07:36 »
Isso me lembra a critica dos brasileiros aos americanos........
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Tarcísio

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Re: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Resposta #2 Online: 26 de Março de 2006, 11:55:41 »
Por que não podemos assimilar a Bolívia? No Brasil a cultura inter-estados só tem a mesma lígua, só iria mudar isso anexando a Bolívia, afinal das contas o que queria o Bolivar?

Offline Rodion

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Re: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Resposta #3 Online: 29 de Março de 2006, 01:05:51 »
brasileños go home!
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Offline Luis Dantas

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Re: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Resposta #4 Online: 02 de Abril de 2006, 06:44:23 »
Interessante pacas essa declaração... quem sabe ajuda os brasileiros a perceber a imaturidade das críticas que frequentemente se faz aos Estados Unidos?

Eu queria que esse ministro explicasse por que esses trabalhadores que ganham tão mal não se demitem e procuram outro trabalho.  Essa mentalidade de que o empregador é que deve ser sensível e solidário é muito ingênua.

E como de hábito, não faltou um lembrete da "preocupação com as fronteiras", e na falta de evidências de colonialismo, apela-se para a acusação de "semicolonialismo", o que para mim parece com um pedido de que não peçam tais evidências mas aceitem a queixa...
« Última modificação: 02 de Abril de 2006, 06:46:13 por Luis Dantas »
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Pregador

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Re: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Resposta #5 Online: 03 de Abril de 2006, 09:51:20 »
A Petrobras deveria levar a Bolívia para a Arbitragem internacional, porquanto está previsto no contrato de concessáo e obrigá-los a respeitar o contrato que assinaram, simples. Depois, simplesmente desmonta o aparato lá, e vai embora. Como eles viverao sem investimento externo e sem ter quem refine o petróleo e o gás, já que eles nao detém a tecnologia (interrogacao) obs pc sem configuracao de teclado.
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Offline Roberto

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Re: Ministro boliviano diz que Brasil trata a Bolívia como semicolônia.
« Resposta #6 Online: 03 de Abril de 2006, 11:21:35 »
Eu queria que esse ministro explicasse por que esses trabalhadores que ganham tão mal não se demitem e procuram outro trabalho.  Essa mentalidade de que o empregador é que deve ser sensível e solidário é muito ingênua.

Não se demitem porque ganham da Petrobrás bem mais do que ganhariam em qualquer outro trabalho na Bolívia.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

 

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