Autor Tópico: Indios do Brasil....  (Lida 2875 vezes)

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Offline Rina

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Indios do Brasil....
« Online: 01 de Abril de 2006, 22:54:04 »
Dia 19 de Abril é o dia do Indio. O que pensam sobre a situação do indio no Brasil?....vejam o texto a seguir...


Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estimava-se que havia por aqui cerca de 6 milhões de índios.

Nos anos 50, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena brasileira estava entre 68.000 e 100.000 habitantes.

Passados os tempos de matança, escravismo e catequização forçada, atualmente há cerca de 280.000 índios no Brasil.

Contando os que vivem em centros urbanos, a população indígena ultrapassa os 300.000. No total, quase 12% do território nacional pertence aos índios.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Atualmente existem apenas 180. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes têm menos de 200 pessoas..

Hoje em dia, o que parecia impossível está acontecendo: o número de índios no Brasil e na Amazônia está aumentando cada vez mais. A taxa de crescimento da população indígena é de 3,5% ao ano, superando a média nacional, que é de 1,3%.

Em melhores condições de vida, alguns índios recuperaram a sua auto-estima, reintroduziram os antigos rituais e aprenderam novas técnicas, como pescar com anzol.

Muitos já voltaram para a mata fechada, com uma grande quantidade de crianças indígenas. "O fenômeno é semelhante ao 'baby boom' do pós-guerra, em que as populações, depois da matança geral, tendem a recuperar as perdas reproduzindo-se mais rapidamente", diz a antropóloga Marta Azevedo, responsável por uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos em População da Universidade de Campinas.

Com terras garantidas e população crescente, pode parecer que a situação dos índios se encontra agora sob controle. Mas não! O maior desafio da atualidade é manter viva sua riqueza cultural.
" O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.”
http://cantinhodarina.blogspot.com/

Offline Südenbauer

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #1 Online: 02 de Abril de 2006, 05:29:09 »
Ainda existem?

Offline Sr. Alguém

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #2 Online: 02 de Maio de 2006, 16:50:32 »
  Sou descendente de índios por parte de minhas duas avós.
  Acho que para preservar as línguas indigenas é indispensável uma grámatica das mesmas.É impossivel preservar um idioma apenas oralmente.A cada geração novas mudanças vão se acumulando.
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Aronax

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #3 Online: 07 de Agosto de 2011, 13:28:17 »
No Acre, Funai suspeita de matança de índios isolados por paramilitares peruanos
Altino Machado às 11:20 am
 

Índios isolados fotografados em 2008

Paramilitares peruanos que invadiram o território brasileiro, armados com fuzis e metralhadoras, na fronteira com o Acre, realizaram “correrias”, isto é, fizeram matança organizada de índios isolados, de acordo com o chefe da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Fundação Nacional do Índio (Funai), Carlos Travassos, que se encontra na base da Frente de Proteção Etnoambiental, no igarapé Xinane.

Cercado com outros quatro funcionários da Funai, Travassos usou a internet para enviar mensagem em que conta que a equipe localizou um novo acampamento usado pelos paramilitares peruanos. O coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental, Artur Meirelles, e os mateiros Chicão e Marreta, encontram uma mala com cascas de cartuchos roubados da base da Funai.

- Pegaram a mala e trouxeram para cá. Dentro da mala estava um pedaço de flecha dos isolados. Esses caras fizeram correria de índios isolados, como estava suspeitando, temos agora uma prova cabal - relatou Carlos Travassos.


Travassos disse que é necessário interrogar o mais rápido possível o português Joaquim Antonio Custodio Fadista, que foi preso na sexta-feira (5) pela Polícia Federal na base da Funai e levado para Rio Branco, a capital do Acre.

Fadista já havia sido detido em março pela equipe da Frente de Proteção Etnoambiental por tráfico internacional de droga. Foi entregue à Polícia Federal e extraditado, mas voltou para a região com mais homens.

- Estamos agora mais do que nunca preocupados com a situação dos isolados. Esta situação pode ser um dos maiores golpes já visto nos trabalhos de proteção dos índios isolados das últimas décadas. Uma catástrofe da nossa sociedade. Genocídio. Estamos indignados - afirma.

Segundo Travassos, no final da tarde de sábado um grupo da etnia ashnaninka chegou na base da Funai. Eles ouviram a equipe da Funai no rádio e subiram para levar outras armas da Frente de Proteção Etnoambiental, além de um motor de barco que estava na Aldeia Simpatia.

- Também viram rastros frescos mais embaixo do rio, de três pessoas. Amanhã [domingo] eles voltarão para a aldeia. Pelo menos temos mais armas por aqui agora. Precisaremos fazer novo sobrevoo para constatar a integridade dos isolados ou pelo menos das malocas deles. Essa noticia veio para nos arrebentar.
http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2011/08/07/no-acre-funai-suspeita-de-matanca-de-indios-isolados-por-paramilitares-peruanos/
Uma verdade ou um ser podem ser vistos de vários pontos, porém a verdade e o ser estão acima de pontos de vista.

Offline Geotecton

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #4 Online: 07 de Agosto de 2011, 16:33:37 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.
Foto USGS

Offline romeu7

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #5 Online: 15 de Agosto de 2011, 04:55:09 »
Eh uma pena q haja tao poucos descendentes hoje em dia e menos ainda índios. Simplesmente triste.

Quanto a documentacao, o problema grande é q tem/tinham inúmeras línguas indígenas no brasil e um estudo/documentacao de todas seria muito custoso e, como sabemos, o Governo só faz coisas onde eles possam levar vantagem de alguma forma.
Pra isso acontecer, só mesmo se fizermos algum tipo de manisfestacao. Caso contrario, as tribos q acabarem levaram junto sua cultura e língua.

Offline Sergiomgbr

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #6 Online: 15 de Agosto de 2011, 15:26:51 »
Eh uma pena q haja tao poucos descendentes hoje em dia e menos ainda índios. Simplesmente triste.

Quanto a documentacao, o problema grande é q tem/tinham inúmeras línguas indígenas no brasil e um estudo/documentacao de todas seria muito custoso e, como sabemos, o Governo só faz coisas onde eles possam levar vantagem de alguma forma.
Pra isso acontecer, só mesmo se fizermos algum tipo de manisfestacao. Caso contrario, as tribos q acabarem levaram junto sua cultura e língua.
Uma coisa que é muito patética é um grupo com interesse em benesses concedidas a grupos indígenas se fazer passar por tais quando se vê nitidamente que o máximo que podem ter de índios é a nudez na hora de tomar banho ( e olhe lá)!
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Derfel

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #7 Online: 15 de Agosto de 2011, 15:57:56 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.

Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais. Genocídio, com certeza. Mas, por quê? Qual o motivo para a matança?

Offline Geotecton

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #8 Online: 15 de Agosto de 2011, 16:32:07 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.
Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais.
[...]

Quando ocorre uma violação da fronteira o problema é de soberania, independentemente dos transgressores serem membros regulares de uma força de outro Estado ou não.
Foto USGS

Offline Derfel

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #9 Online: 15 de Agosto de 2011, 16:41:13 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.
Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais.
[...]

Quando ocorre uma violação da fronteira o problema é de soberania, independentemente dos transgressores serem membros regulares de uma força de outro Estado ou não.
Então os EUA possuem um grande problema de soberania...

Offline Geotecton

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #10 Online: 15 de Agosto de 2011, 17:10:23 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.
Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais.
[...]

Quando ocorre uma violação da fronteira o problema é de soberania, independentemente dos transgressores serem membros regulares de uma força de outro Estado ou não.
Então os EUA possuem um grande problema de soberania...

Em termos.

No que tange à transgressão de sua fronteira, não há dúvida. Mas no que diz respeito a uma ameaça à integridade física do EUA, certamente que não.
Foto USGS

Offline Aronax

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #11 Online: 15 de Agosto de 2011, 17:37:53 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.

Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais. Genocídio, com certeza. Mas, por quê? Qual o motivo para a matança?
Se forem narcotraficantes pode ser uma limpeza para segurança de operações....
Uma verdade ou um ser podem ser vistos de vários pontos, porém a verdade e o ser estão acima de pontos de vista.

Offline Derfel

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #12 Online: 15 de Agosto de 2011, 17:50:36 »
E nem o Brasil.

Offline Derfel

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #13 Online: 15 de Agosto de 2011, 17:57:07 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.

Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais. Genocídio, com certeza. Mas, por quê? Qual o motivo para a matança?
Se forem narcotraficantes pode ser uma limpeza para segurança de operações....
Mas no território brasileiro e com índios sem contato com o exterior?

Offline Aronax

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #14 Online: 15 de Agosto de 2011, 19:08:05 »
São dois problemas: O genocídio e o desrespeito à soberania nacional.

Se fosse um grupo militar peruano então sim, seria um problema com a soberania nacional. Como são paramilitares sem relação (imagino) com o governo peruano, então é um crime realizado por imigrantes ilegais. Genocídio, com certeza. Mas, por quê? Qual o motivo para a matança?
Se forem narcotraficantes pode ser uma limpeza para segurança de operações....
Mas no território brasileiro e com índios sem contato com o exterior?
Se foram atacados....foram contactados.....eles podem ser entraves para ações na area.....obvio!
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Offline Derfel

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #15 Online: 15 de Agosto de 2011, 19:34:50 »
não sei, não...

Offline Geotecton

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #16 Online: 15 de Agosto de 2011, 22:07:30 »
E nem o Brasil.

Mas continua sendo uma violação da soberania. :)
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Offline Eremita

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #17 Online: 19 de Agosto de 2011, 01:51:04 »
E nem o Brasil.

Mas continua sendo uma violação da soberania. :)
É uma violação de soberania, mas acho que o que o Derfel quer dizer que não é uma violação vinda do Estado peruano, e sim de indivíduos.
Latebra optima insania est.

Offline Geotecton

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #18 Online: 19 de Agosto de 2011, 08:40:23 »
E nem o Brasil.
Mas continua sendo uma violação da soberania. :)
É uma violação de soberania, mas acho que o que o Derfel quer dizer que não é uma violação vinda do Estado peruano, e sim de indivíduos.

Posso estar enganado (o 1985 ou o Diegojaf podem confirmar) mas qualquer violação de fronteira caracteriza uma transgressão da soberania e a responsabilidade é do Estado que permitiu isto, independentemente dele ter sido o responsável.
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Offline Eremita

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Re: Indios do Brasil....
« Resposta #19 Online: 19 de Agosto de 2011, 22:54:27 »
Geo, aí entra o mesmíssimo caso de México e EUA...

Tentando conciliar o que você diz com o que Derfel e eu dizemos: talvez seja transgressão, e seja mesmo responsabilidade do México, mas os EUA não estão nem aí?

Já no caso de Peru e Brasil... bom, houveram mortes.
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Offline JJ

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Re:Indios do Brasil....
« Resposta #20 Online: 14 de Setembro de 2017, 11:30:03 »
Cintas-largas, garimpeiros e o Massacre do Paralelo 11

Por Ulisses Capozzoli em 20/04/2004 na edição 273


Duas semanas após o conflito entre cintas-largas e garimpeiros no interior da reserva indígena Roosevelt, no Rondônia, os jornais ainda não foram capazes de oferecer uma inteligibilidade mínima ao caso.


No primeiro momento, a cobertura foi feita por telefone, estendendo para as profundezas da floresta o antijornalismo praticado nas áreas urbanas. Para dissimular a superficialidade da cobertura recorre-se a mapas, gráficos e a retrospectos dos últimos meses. É o que fez a Folha de S. Paulo na edição de segunda-feira (19 de abril, ironicamente o Dia do Índio), ao registrar que ‘em agosto de 2003 os índios reativaram o garimpo e não permitem a entrada de ‘brancos’. Querem, agora, que o governo legalize a extração’.


O Estado de S. Paulo recuou um pouco mais no tempo. Foi até 1999 para dizer que nesse ano ‘foi descoberta a maior jazida de diamantes do Brasil’. No ano seguinte os caciques começaram a cobrar dos garimpeiros para acesso à reserva. Em 2001 os garimpeiros invadiram a região e com isso intensificaram os conflitos. Em 2004 a Funai e os índios expulsaram cerca de 4.500 garimpeiros da reserva e, no dia 7/4, 100 cintas-largas emboscaram 150 garimpeiros e mataram 29. Como a Folha, o Estadão também publicou uma arte indicativa da reserva, entre o norte do Mato Grosso e o sul de Rondônia.


O Brasil é o país que abriga o maior número de grupos indígenas isolados (pelo menos 40) da sociedade exterior. Apenas esse dado justificaria uma maior atenção da mídia para o que representa uma riqueza antropológica que não pode ser avaliada em unidades monetárias, mas em diversidade cultural.


Preservação, não aculturação


A oeste das quatro áreas indígenas dos cintas-largas (área indígena Aripuanã, Parque Aripuanã, área indígena Roosevelt e área indígena Serra Morena) existem pelo menos dois grupos isolados, (área indígena Igarapé Omerê e área indígena Mossaco).


E existem pelo menos meia dúzia de razões para explicar a negligência da cobertura da mídia envolvendo os choques intermináveis entre índios e ‘brancos’, terminologia que denuncia uma interpretação tosca, influenciada pelos faroestes de John Wayne.


Um deles deve-se ao fato de publishers e seus comandados, diretores e secretários de redação, serem completamente analfabetos em assuntos indígenas, o que sugere um desconhecimento do Brasil profundo e a possibilidade de estarem, neste momento, amplificando essa ignorância entre os leitores.


Outra razão está relacionada a um conceito acalentado por Cândido Rondon nos primeiros tempos (1910) do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), precursor da atual Fundação Nacional do Índio (Funai).


Rondon acreditou, nesses primeiros tempos, num processo de assimilação cultural. Mas reformulou seu pensamento e com isso alimentou metodologicamente os irmãos Villas Boas, que preservaram pelo menos 15 etnias indígenas, abrigando esses povos na reserva indígena do Xingu.


Crime chocante


Rondon, ele próprio descendente dos terenas do Mato Grosso, repeliu sua formação positivista ao se dar conta de que integrar o índio à sociedade nacional equivalia pura e simplesmente a um assassinato cultural. Ainda assim, durante o governo militar, os generais se esforçaram para materializar o que lhes pareceu uma solução ideal.


A quarta de uma série de razões possíveis para explicar a negligência da mídia em relação às questões indígenas, como se fossem acidentes pontuais (e não a manifestação de um processo que reflete contradições no núcleo do poder político nacional, velho de 500 anos) é simplesmente a recusa em investir em reportagem. Afinal, a redação só gera despesas. Seria possível acrescentar aqui uma série de outras razões, mas isso não é o mais relevante neste momento.


O fato mais significativo, para permitir alguma contextualização histórica e uma interpretação possível neste choque mais recente entre cintas-largas e garimpeiros não foi mencionado até agora por nenhum jornal. Trata-se de um crime com um conteúdo de violência que chocou o mundo e ficou internacionalmente conhecido como Massacre do Paralelo 11.


Comida e arsênico


Esse assassinato em massa de cintas-largas foi cometido por pistoleiros a soldo de empresários sem nenhum escrúpulo, com cobertura de funcionários oficiais, entre eles o próprio diretor do SPI, o major da Aeronáutica Luiz Vinhas Neves, em meados dos anos 60. Neves foi demitido ao fim de uma investigação ordenada pelo então ministro do Interior, o general Albuquerque Lima, baseado num relatório oficial de 5.115 páginas distribuído ao longo de 21 volumes.


O relatório, produzido por uma comissão criada para estudar o caso, afastou 200 funcionários do SPI, indiciou 134, incluindo dois ex-ministros, dois generais, um tenente-coronel e dois majores. Dos acusados, 38 foram demitidos a bem do serviço público e 17 presos, entre eles Vinhas Neves.


O Massacre do Paralelo 11, como foi definido pela imprensa da época, incluiu do roubo ao estupro, passando por grilagem, assassinato, suborno, tortura e outros comportamentos que chocaram Albuquerque Lima e os membros da comissão investigativa.


Nessa época, os choques já estavam se concentrando no Mato Grosso, estado que se abria para a fronteira agrícola, ainda que, na Bahia, também ocorressem crimes odientos. Fazendeiros e políticos, em ações combinadas, liquidaram duas comunidades pataxós espalhando, propositadamente, o vírus da varíola, estratégia convencional na luta pela posse da terra no Brasil, como foi exaustivamente denunciado por Darcy Ribeiro.


Para liquidar os beiços-de-pau (tapaiúnas, do tronco lingüístico jê) no Mato Grosso, um povo que já foi numeroso e hoje não chega a uma população de 100 pessoas, fazendeiros, com a ajuda de funcionários do SPI, presentearam os índios com alimentos misturados a arsênico, veneno letal. Em algumas aldeias aviões atiraram brinquedos contaminados com vírus de gripe, sarampo e varíola, a última delas uma doença agora erradicada do planeta.


Missões e desconfiança


Mas o pior de todos esses acontecimentos trágicos foi o Massacre do Paralelo 11, recuperado pelo depoimento de um dos participantes, o seringueiro Ataíde Pereira dos Santos. O relato a seguir resultou do levantamento feito pela comissão organizada para investigar o caso. Ataíde falando:


– Minha tarefa era só matar o chefe dos cintas-largas. O índio estava isolado e era o único que não trabalhava, encostado a uma pedra, parecendo fiscalizar os outros. Aí Chico Luiz me disse: ‘Segura o capitão deles que eu acabo com o resto’. O Chico Luiz me escalou porque confiava na minha pontaria. O ‘Boliviano’ [membro do grupo de ataque] tinha uma winchester, mas eu nunca errei com meu velho mosquetão – relatou o seringueiro.


Naquele dia, os atacantes dos cintas-largas estavam na margem oposta do Aripuanã, afluente do Madeira que atravessa a reserva indígena. Era um grupo de seis homens capazes de se deslocar na floresta com a habilidade de um índio. Chico Luiz era o chefe do grupo, que estava a serviço de Antonio Mascarenhas de Junqueira, seringalista respeitado em Mato Grosso, conhecido pela prática de assassinar índios. O grupo havia deixado o seringal, na confluência dos rios Juinamirin e Juruena, subindo por este último até Águas Bravas, onde o Juruena revolto não permite a navegação. Penetraram na selva e a partir daí receberam apoio aéreo de um Cessna que lançava, periodicamente, alimentos e munição.


O grupo atingiu a maloca dos cintas-largas à noite, com armas engatilhadas e sem fazer fogo capaz de denunciar sua presença. Nem um cigarro foi fumado durante toda a espera, quando se falou pouco e a sussurros.


Ao amanhecer, com os cintas-largas deixando seus abrigos, os homens estavam prontos do outro lado do rio:


– Eu quase dormi na pontaria, mas quando apertei o gatilho o índio caiu – relatou Ataíde. Mas ele mesmo ficaria horrorizado com as cenas que se seguiram. Chico Luiz portava uma metralhadora e os demais winchester-44 (‘papo-amarelo’), arma de alto poder de fogo, além de pistolas 38. Os índios não tinham como se defender sob a fuzilaria deflagrada pelo disparo de Ataíde, mas o grupo só atravessou o rio quando se deu conta de que todos estavam mortos.


A surpresa, que desconcertou Ataíde e os outros, foi a presença de uma índia levando pela mão uma criança com idade estimada posteriormente em 5 anos. Ela nem correu. Estava sem forças. Apenas chorava, o que, no relato de Ataíde, irritou Chico Luiz:


– É preciso matar todas essas pragas – berrou ele para o resto do grupo.


Ataíde disse ter tentado contemporizar:


– Não faz mais judiação, Chico. Os cintas-largas vão querer se vingar. E os padres também não vão gostar disso – argumentou, referindo-se a missionários da ordem Consolata, que trabalhavam com os índios.


– A gente pode ficar com a mulher. Ela é nova e bonita e se você não quiser a gente leva de presente pro Amorim – acrescentou Ataíde, referindo-se ao chefe do grupo que não estava presente, mas gostava de violentar índias.

– Quem quiser mulher que venha buscar mulher no mato – berrou de volta Chico Luiz.


Então, o pistoleiro agarrou a mulher, prendeu-a com uma corda numa árvore, de cabeça para baixo e, com um único golpe de facão, quase abriu seu corpo ao meio. A criança já estava morta, com um tiro na cabeça. Em poucos minutos a habilidade macabra do pistoleiro esquartejou o corpo da mulher enquanto os outros ateavam fogo à maloca minutos antes tranqüila e cheia de vida.


Ataíde relatou à comissão que pensou em alvejar Chico Luiz pelas costas, mas se acovardou e permaneceu quieto:


– Todos nós pensamos que ele havia ficado louco, mas ele continuou dando as ordens e mandou que atirássemos os corpos no rio. O ataque não durou mais que uma hora, rememorou Ataíde, ‘porque o Sol ainda não estava a pino quando partimos’.


Cada um dos assassinos deveria receber um pagamento de 50 mil cruzeiros, mas Junqueira, o patrão, recusou o pagamento sob pretexto de que não queria mais aquele tipo de ação por ser muito caro. A estratégia mais barata seria bombardear as aldeias com dinamite, usando avião. Inconformado com a recusa do fazendeiro, Ataíde resolveu vingar-se e relatar o crime com justificativas:


– A gente mata porque, às vezes, fica até seis meses no mato e acaba virando bicho. Os cintas-largas estão sentados em cima de grandes jazidas de cassiterita, a terra deles dá boa planta e tem muito mogno. Eles escolhem a melhor terra e não querem sair de lá. É preciso usar a força.


O Massacre do Paralelo 11 foi o fim do SPI criado em 1910 pelo marechal Cândido Mariano Rondon. O SPI foi substituído pela Funai, em 1967, mas boa parte dos funcionários corruptos do antigo órgão foi mantida. Novas violências seriam cometidas nos anos 70 e uma delas ainda está para ser devidamente contada: o massacre dos waimiris-atroaris (na versão dos velhos eles foram atacados com bombardeios e veneno atirados de aviões) durante a construção da BR-0174, que liga Manaus a Boa Vista, capital de Roraima.


É nesse contexto que deve ser localizada a decisão de se enviar para contato com os waimiris-atroaris, em meados dos anos 70, a missão chefiada pelo padre católico italiano Giovanni Calleri, que foi inteiramente dizimada, à exceção de uma controvertida personagem: o mateiro e aventureiro Álvaro Paulo da Silva. Nesse quadro também se encaixam as denúncias que já haviam motivado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em 1968, envolvendo a presença de falsos missionários da Missão Evangélica na Amazônia (Meva) e seu apoio aéreo, a Asas do Socorro, relacionado à mineração e ao contrabando de minérios, inclusive para uso nuclear. A desconfiança em relação aos evangélicos das Novas Tribos fez com que se decidisse por um padre católico no contato com os waimiris-atroaris.


Repórteres passivos


Esses movimentos, nunca devidamente esclarecidos à sociedade brasileira, estão intimamente relacionados aos esforços frustrados do almirante Álvaro Alberto, criador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1951, de trocar recursos minerais por conhecimento científico para a exploração da energia nuclear no Brasil.


Estão relacionados, também, às pressões das últimas semanas feitas pelos Estados Unidos envolvendo o processo de enriquecimento de urânio, em Resende, no Rio de Janeiro. Tudo isso é parte de uma longa história que perde o sentido se for contada em capítulos estanques.


A superficialidade da cobertura da mídia em casos como o choque entre garimpeiros e cintas-largas no dia 7 também reflete a atitude passiva de repórteres que mal lêem os jornais diários, fazendo-o com a mera preocupação de não serem furados por banalidades julgadas importantes pelos padrões discutíveis das redações.


Histórias de horror


Este choque mais recente entre cintas-largas e garimpeiros ainda foi precedido de uma série de fatos sintomáticos nos últimos anos. O uso de cordas para prender tanto garimpeiros como um índio capturado na cidade a uma árvore pode ter como memória distante a índia esquartejada viva por Chico Luiz.


A história entre os povos ágrafos é transmitida oralmente. E cada vez que um velho fala do passado todas as cenas são revividas.

Tomar os cintas-largas por assassinos frios e impiedosos é apagar toda a história de mutilações que eles e outros povos indígenas sofreram.

Da mesma forma, julgar os garimpeiros apenas como foras-da-lei é mais um equívoco. Garimpeiros, em boa parte dos casos, são homens e mulheres desenraizados. Levam com eles, nas profundezas da floresta, suas próprias histórias de horror.


http://observatoriodaimprensa.com.br/ciencia/cintaslargas-garimpeiros-e-o-massacre-do-paralelo-11/
« Última modificação: 14 de Setembro de 2017, 11:39:41 por JJ »

Offline JJ

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Re:Indios do Brasil....
« Resposta #21 Online: 14 de Setembro de 2017, 11:32:13 »



Pesquisando sobre índios no Brasil eu encontrei essa história macabra que ficou conhecida como "O Massacre do Paralelo 11".



Offline JJ

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Re:Indios do Brasil....
« Resposta #22 Online: 14 de Setembro de 2017, 15:27:05 »
Massacre do Paralelo 11 extermina 3.500 índios


Estadão do Norte-Porto Velho-RO - 10/02/2006


O conflito na Reserva Roosevelt, onde morreram 29 garimpeiros, foi um incidente de pequenas proporções se comparado ao Massacre do Paralelo 11, ocorrido em 1960, quando morreram cerca de 3.500 Cinta Larga, envenenados por arsênico. "Esse assassinato em massa dos índios Cinta Larga foi cometido por pistoleiros a mando de empresários sem escrúpulos, com a cobertura de funcionários do então Serviço de Proteção ao Índio (SPI), entre eles o major da Aeronáutica, Luiz Vinhas Neves", lembra o indigenista Ulisses Capozzoli.


O Massacre do Paralelo 11, como ficou conhecido um dos mais horrendos episódios de que se tem notícia até hoje no Brasil, incluiu do roubo ao estupro, passando por grilagem, assassinato, suborno, tortura e outras agressões que chocaram o então ministro do Interior, general Albuquerque Lima, que mandou demitir um dos principais envolvidos no incidente, o então chefe do SPI, major Luiz Vinhas Neves, responsável pela chacina dos Cinta Larga.


Segundo Capozzoli, fazendeiros, com ajuda de funcionários do SPI, presentearam os índios com alimentos misturados a arsênico, veneno letal. "Em algumas aldeias aviões atiraram brinquedos contaminados com vírus da gripe, sarampo e varíola", recorda o indigenista, que considera o Massacre do Paralelo 11 como um dos mais sangrentos confrontos acontecidos nas matas da Amazônia brasileira.


Os pistoleiros, liderados por Chico Luiz, a mando do seringalista Antônio Mascarenhas de Junqueira, invadiram a reserva indígena, armados de metralhadoras e winchester-44 ("papo-amarelo"), arma de alto poder de fogo, além de pistolas 38. "Os índios não tinham como se defender sob a fuzilaria deflagrada pelo disparo de Ataíde, mas o grupo só atravessou o rio quando se deu conta de que todos estavam mortos", acrescenta Capazzoli.




https://terrasindigenas.org.br/noticia/17879


Offline JJ

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Re:Indios do Brasil....
« Resposta #23 Online: 14 de Setembro de 2017, 15:34:56 »

Relatório ‘perdido’ expõe genocídio de índios brasileiros

25 abril 2013


Xamã Umutima em 1957. Em 1969, a maior parte dos Umutima foram aniquilados por uma epidemia de gripe.
© José Idoyaga/Survival


Um relatório chocante detalhando atrocidades horríveis cometidas contra índios brasileiros nos anos 1940, 50 e 60 ressurgiu – 45 anos depois que ele foi misteriosamente ‘destruído’ em um incêndio.



O relatório Figueiredo foi encomendado pelo Ministro do Interior em 1967 e causou um clamor internacional depois que revelou crimes contra a população indígena do Brasil nas mãos de latifundiários poderosos e do próprio departamento do governo para assuntos indígenas: o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). O relatório levou à fundação da organização de direitos indígenas Survival International, dois anos depois.



O documento de mais de 7.000 páginas, compilado pelo Procurador Jader de Figueiredo Correia, detalhou o assassinato em massa, tortura, escravidão, guerra bacteriológica, abuso sexual, roubo de terras e negligência travada contra a população indígena do Brasil. Como resultado, algumas tribos foram completamente eliminadas e muitas mais foram dizimadas.



O relatório foi recentemente redescoberto no Museu do Índio e agora será considerado pela Comissão Nacional de Verdade do Brasil, que está investigando as violações de direitos humanos ocorridas entre 1947 e 1988.


Um dos muitos exemplos horrendos no relatório descreve o ‘massacre do paralelo 11’, em que dinamite foi lançada de um pequeno avião sobre a aldeia de índios Cinta Larga. Trinta índios foram mortos – apenas dois sobreviveram para contar o ocorrido.



Um casal Karajá com seu bebê, que morreu de gripe.
© Jesco von Puttkamer/ IGPA archive


Outros exemplos incluem o envenenamento de centenas de índios com açúcar misturado com arsênico e métodos severos de tortura, como o esmagamento lento dos tornozelos das vítimas com um instrumento conhecido como o ‘tronco’.


As descobertas de Figueiredo levou a um clamor internacional. No artigo ‘Genocídio’ de 1969 publicado pelo Sunday Times britânico, com base no relatório, o escritor Norman Lewis escreveu: ‘Do fogo e espada ao arsênico e balas – a civilização enviou seis milhões de índios para a extinção.’ O artigo mobilizou um pequeno grupo de cidadãos preocupados a formar a Survival International no mesmo ano.


Como resultado do relatório, o Brasil lançou um inquérito judicial, e 134 funcionários foram acusados ​​de mais de 1.000 crimes. 38 funcionários foram demitidos, mas ninguém foi preso pelas atrocidades.


O SPI foi posteriormente dissolvido e substituído pela FUNAI- a Fundação Nacional do Índio do Brasil. Mas enquanto grandes extensões de terras indígenas foram demarcadas e protegidas desde então, as tribos do Brasil continuam a lutar contra a invasão e destruição de suas terras por madeireiros, fazendeiros e colonos ilegais, e a perder seu território por causa do programa de crescimento agressivo do governo que visa a construção de dezenas de grandes hidrelétricas e a autorização da mineração em grande escala em suas terras.


O Diretor da Survival International, Stephen Corry, disse hoje, ‘O relatório Figueiredo faz uma leitura horrível, mas de uma forma, nada mudou: quando se trata do assassinato de índios, reina a impunidade. Homens armados matam rotineiramente índios com a consciencia que há pouco risco de serem julgados e punidos – nenhum dos assassinos responsáveis ​​por atirar contra líderes Guarani e Makuxi foi preso por seus crimes. É difícil não suspeitar que o racismo e a ganância estão na raiz do fracasso do Brasil em defender as vidas de seus cidadãos indígenas.’


Nota para editores:


- Extratos do relatório estão disponíveis a pedido.


https://www.survivalbrasil.org/ultimas-noticias/9197



 

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