Autor Tópico: Um país de cabeça para baixo  (Lida 585 vezes)

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Offline Südenbauer

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Um país de cabeça para baixo
« Online: 14 de Abril de 2006, 18:44:08 »
Um país de cabeça para baixo[/size]

>O Brasil gasta menos com os miseráveis do
que com os 20% mais ricos. Essa e outras
concepções erradas emperram o crescimento


Ronaldo França


Às portas de mais uma eleição presidencial, aproxima-se o momento em que a economia estará no alto do palanque dos candidatos. O eleitor deve estar atento. O clima de campanha propicia que se carregue nas tintas de algumas mazelas nacionais, subestimem-se outras e se reproduzam idéias equivocadas sobre as suas causas. Esse roteiro, típico do discurso eleitoral, sempre foi visto apenas como uma artimanha dos políticos. Seu efeito, porém, é nefasto. Diagnósticos incorretos são o caminho mais curto para falsas soluções e acabam dificultando a aprovação de reformas pelo Congresso. Há exemplos de sobra. Os gastos sociais do governo são apenas um deles. É recorrente a idéia de que o país investe menos do que deveria nesse setor e que, por essa razão, há ainda tanta miséria. Na realidade, o Brasil destina 60% de seus recursos para a área social aos 20% mais ricos, aqueles que estão no topo da pirâmide (veja o quadro). Vem daí, em grande parte, o fato de que há tanta gente ainda desassistida. Ou seja, o problema não é de omissão do Estado, e sim de inversão na aplicação dos recursos. Quando não se percebe essa distorção, defende-se o aumento do gasto social. E isso só realimenta o problema real.

Essa dissonância cognitiva, isto é, a diferença entre os verdadeiros males e a forma como a sociedade brasileira os enxerga, é o grande obstáculo que o Brasil precisa vencer para voltar a crescer. É nessa tecla que batem os economistas Armando Castelar Pinheiro e Fabio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que lançam nesta semana o livro Rompendo o Marasmo: a Retomada do Desenvolvimento no Brasil. Os autores elencam com clareza as medidas que precisam ser tomadas para que o país volte ao caminho do crescimento até 2015. E explicam por que o Brasil tem tanta dificuldade em levá-las a cabo. O que falta, afirmam, é justamente a visão realista que permitiria a aplicação de medidas eficazes para recolocar o país no rumo certo.

Produção de lâminas de aço: crescimento aquém do potencial

Tome-se esta frase: "A Justiça brasileira é feita para os ricos, e os pobres não têm acesso a ela". Todo mundo já ouviu alguma versão dela em algum momento. Um dos maiores transtornos que a Justiça brasileira causa à economia é justamente o contrário: é tentar fazer com "sentenças sociais" a redistribuição de renda e riqueza. Toda vez que um juiz passa por cima dos termos de um contrato para fazer o que julga ser o mais socialmente correto, está contribuindo para minar a segurança jurídica do país e afugentar os investidores internacionais. Em última instância, prejudica justamente quem precisa dos empregos que eles abririam aqui. O exemplo recente mais famoso foi o da tentativa do Ministério das Comunicações de mudar, em 2003, a regra de reajuste das tarifas de empresas de telefonia, alegando que o índice acordado na privatização havia subido muito e isso prejudicaria o consumidor. Algo impensável num país que respeitasse contratos. "O Brasil tem de optar por ficar nessa falsa posição de conforto ou trabalhar duro para voltar a crescer", diz Castelar.


A fórmula para a retomada do crescimento já é bastante conhecida. Conjuga uma menor intervenção estatal na economia, ampliação da abertura econômica, maior segurança jurídica aos investidores, controle implacável dos gastos públicos. Preste atenção neste dado: a renda per capita brasileira é hoje apenas 9% maior do que era há 25 anos. No mesmo período, os países ricos aumentaram em 60%, o Chile dobrou e a China multiplicou por sete esse mesmo indicador. Essa enorme desvantagem, que atinge a todos os brasileiros, é o sinal mais evidente da falta que o crescimento econômico faz ao país. Apesar disso, o Brasil não consegue se livrar da praga do aumento de gastos, que no ano passado subiram 10%, o equivalente a mais de quatro vezes o crescimento do PIB. O resultado é que uma empresa média brasileira paga em impostos cerca de 147,9% de seu lucro bruto, enquanto suas concorrentes do Leste Asiático ou do Pacífico despendem apenas 31,2%. Evidentemente isso reduz a chance de instalação de novas empresas e a criação de empregos no país e acaba aumentando a necessidade de políticas assistenciais.

A tarefa de conter os gastos públicos é, por isso, a mais urgente. Ela tem na Previdência Social seu maior desafio. Mas a conta não pára de aumentar, e entre os motivos está a idéia de que "os aposentados brasileiros são maltratados, pois o governo não dá a eles a recompensa por seu esforço". Ela tem efeito devastador numa campanha, mas é uma meia verdade. Conhecendo a realidade do Orçamento público, o eleitor saberia que o Brasil, embora seja um país predominantemente jovem, é o que mais recursos destina aos aposentados em proporção de seu Orçamento. Paga mais do que o Japão, o país com o maior número de pessoas acima dos 65 anos. O problema é que, toda vez que o assunto é discutido no Congresso, a opinião predominante é a de que se deve dar aos aposentados aumentos generosos.

O resultado é que os benefícios previdenciários engolem 67,6% do gasto social direto do governo federal. É uma bomba prestes a estourar. Mas, por mais que se conheçam esses dados, na hora de votarem as mudanças os políticos têm em mente a próxima eleição. Vale mais a sobrevivência do mandato do que a saúde das contas públicas. Eles seguem a lógica venenosa expressa por Alexis de Tocqueville, autor do clássico A Democracia na América (1835), na frase que abre o livro do Ipea. Diz ele: "Uma idéia verdadeira mas complicada tem sempre menos chance de sucesso do que uma que é falsa porém simples". O maior e prioritário desafio é fugir dessa armadilha.




Fonte: Veja on-line

Rhyan

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Re: Um país de cabeça para baixo
« Resposta #1 Online: 16 de Abril de 2006, 21:35:49 »
O Brasil gasta menos com os miseráveis do
que com os 20% mais ricos. Essa e outras
concepções erradas emperram o crescimento


Não deveria gastar com ninguém, isso sim.
Cada um com os seus problemas.

[]'s

Offline NyQuil

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Re: Um país de cabeça para baixo
« Resposta #2 Online: 17 de Abril de 2006, 01:59:49 »
"Às portas de mais uma eleição presidencial, aproxima-se o momento em que a economia estará no alto do palanque dos candidatos. O eleitor deve estar atento."
Esse discurso é velho,o Brasil ja ta ficando um pouco velhinho pra viver nessa constante indagacao estilo efeito borboleta.

Parece mulher de malandro.
 |(
"La paciencia ya se acabo y nace la violencia
miro la tele y odio lo que veo hay que meterlos a todos presos"

 

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