Autor Tópico: Governo federal quer restringir UTI  (Lida 2051 vezes)

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Skorpios

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Governo federal quer restringir UTI
« Online: 11 de Abril de 2005, 16:38:42 »
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egunda-feira, 11 de abril de 2005 09h52
Governo federal quer restringir UTI a doentes com chances de recuperação
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

O Ministério da Saúde vai criar normas que permitam selecionar o tipo de paciente que ocupará um leito de UTI. A idéia é que entrem e permaneçam nas unidades de terapia intensiva da rede pública só pacientes com chances reais de recuperação.

Para isso, serão estabelecidos indicadores de prognóstico, baseados em evidências científicas, utilizados tanto na internação como na alta. Hoje, estima-se que de 15% a 20% dos pacientes internados nas UTIs sejam incuráveis.

As normas vão compor a nova política para pacientes críticos e serão concluídas até junho, quando devem passar pelo crivo dos secretários estaduais e municipais de saúde, além do CNS (Conselho Nacional de Saúde).

Pela primeira vez na sua história, a câmara de bioética do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) também discute a elaboração de uma medida que salvaguarde o médico em condutas adotadas com o paciente irrecuperável.

"Com a falta de leitos, a todo momento o médico tem que decidir sozinho quem fica e quem sai da UTI", afirma o infectologista Caio Rosenthal, membro da câmara e um dos conhecidos defensores da eutanásia quando não há mais recursos de tratamento.

Do ponto de vista prático, a política do Ministério da Saúde também visa melhorar a oferta de leitos de UTIs. Dos 27 Estados, apenas dez têm índices de leitos compatíveis com o preconizado pela própria pasta.

Para Arthur Chioro, diretor do departamento de atenção especializada da SAS (Secretaria de Atenção à Saúde), do Ministério da Saúde, o maior problema não é a falta de leitos, mas a má gestão dessas unidades e a falta de profissionais intensivistas (médicos que atuam nas UTIs) capacitados.

O ministério também pretende discutir a distanásia (prolongamento da vida de modo artificial, sem perspectiva de cura ou melhora). "Precisamos criar na sociedade a cultura da boa morte, da qualidade da vida até o fim, não do prolongamento desnecessário", afirma Chioro.

Médicos intensivistas e os que lidam com pacientes críticos consideram a iniciativa salutar, mas vêem problemas ao colocá-la em prática. O presidente da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), José Maria da Costa Orlando, afirma que hoje os médicos sofrem muita pressão da família do doente para interná-lo na UTI, mesmo diante de um diagnóstico incurável. "Os médicos não se sentem seguros em decidir quando parar de investir em um paciente sem cura."

Em vários países da Europa há critérios de admissão do paciente crítico na UTI, mas, na prática, não são aplicados. O mesmo deve acontecer no Brasil, na avaliação de David Edbrooke, consultor da European Society of Intensive Care Medicine (ESICM), instituição que está desenvolvendo um estudo com 8.000 casos de pacientes críticos.

O infectologista David Uip, diretor-executivo do Incor (Instituto do Coração), considera a iniciativa do ministério bem-vinda. "Quanto mais protocolada for a medicina, menor é a chance de erro e menor é o custo", diz. Ele afirma que o Incor está discutindo a questão. "É preciso quebrar paradigmas, reconhecer as limitações, especialmente quando lidamos com dinheiro público."

Para o médico Roberto Luiz D'Ávila, corregedor do Conselho Federal de Medicina, a decisão de entrada e de saída de um paciente da UTI deve ser do médico, não do governo. "Cada paciente evolui de maneira diferente."

Arthur Chioro explica que os critérios para a nova política serão elaborados pelos técnicos do ministério em parceria com intensivistas. A nova política prevê a criação de plantões controladores de leitos de UTI, que vão encaminhar pacientes aos hospitais onde há vagas de terapia intensiva.

Também devem ser elaboradas normas para o cuidado do paciente grave fora da UTI, como nas unidades de emergência, nas UTIs semi-intensivas, nas enfermarias e nos casos em que o doente preferir ficar em casa.




http://noticias.bol.com.br/geral/2005/04/11/ult95u107797.jhtm

Offline Esperto

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #1 Online: 11 de Abril de 2005, 16:51:00 »
isso deve ser só a "legalização" de algo que já acontece em hospitais com grande demanda.
acho que o dotô stéfano já tinha postado um relato de caso assim no, já finado, str
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Offline Snake

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #2 Online: 11 de Abril de 2005, 20:39:04 »
Podiam restringir só pros ricos.
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rizk

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Re: Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #3 Online: 11 de Abril de 2005, 20:43:05 »
Citação de: Snake
Podiam restringir só pros ricos.


Sem dúvida, podiam abolir as UTI públicas. Fala sério, ok que precisa de regulamento e taltal, mas boa vontade e grana pra contratar médico e criar mais leitos ninguém tem.

Offline n/a

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #4 Online: 11 de Abril de 2005, 20:44:08 »
Por que?  :o

Poindexter

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #5 Online: 11 de Abril de 2005, 20:44:32 »
Agora que conseguiram as pesquisas com CTEs, entrou-se nas trincheiras do aborto e da eutanásia.

O que significa "chances reais de recuperação"? Como serão medidas?

Por quê não se aumentam os leitos disponíveis ao invés de tentar oficializar a falta deles?

Se todos são contribuintes, por quê não fornecer acesso à UTI à todos que dela necessitam?

Pessoas terão que sair da UTI no meio de sua estadia porque apareceu alguém quatro dias depois que tem 5% de chance a mais de sobrevivência?

Offline Alenônimo

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Re: Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #6 Online: 11 de Abril de 2005, 20:46:56 »
Citação de: Poindexter
Agora que conseguiram as pesquisas com CTEs, entrou-se nas trincheiras do aborto e da eutanásia.

O que significa "chances reais de recuperação"? Como serão medidas?

Por quê não se aumentam os leitos disponíveis ao invés de tentar oficializar a falta deles?

Se todos são contribuintes, por quê não fornecer acesso à UTI à todos que dela necessitam?

Pessoas terão que sair da UTI no meio de sua estadia porque apareceu alguém quatro dias depois que tem 5% de chance a mais de sobrevivência?
Calma Poind. O que se afirma é que, pessoas que não tem mais chance de cura, não devem ficar na UTI. Isso seria a "distanásia" e ela é tão errada quanto a "eutanásia" no juramento médico.
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Offline n/a

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #7 Online: 11 de Abril de 2005, 20:48:50 »
:ok:

Offline Jasig Aurumalfa

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #8 Online: 11 de Abril de 2005, 21:21:11 »
E quem estar morrendo e nossa burocracia e restrições impessa a chegada na UTI?
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Offline Snake

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Re: Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #9 Online: 11 de Abril de 2005, 22:17:14 »
Citação de: Dr.Stefano
Citação de: Jasig Aurumalfa
E quem estar morrendo e nossa burocracia e restrições impessa a chegada na UTI?

Não entendi...


Acho que o que ele quis dizer é: e quanto aos que estão morrendo e não podem chegar na UTI devido à burocracia?
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Offline Esperto

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #10 Online: 11 de Abril de 2005, 22:23:06 »
acho que a papelada viria depois e não antes de se decidir internar. primeiro o médico fala que sim e depois justifica isso no papel
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Skorpios

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Re: Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #11 Online: 12 de Abril de 2005, 08:06:52 »
Citação de: Dr.Stefano
Eu acho que muitos casos não devem ser mesmo encaminhados pra UTI. Velhinhos esclerosados, agitados, com câncer e infecção disseminados não devem ir para a UTI, ser entubados, fazer traqueostomia, ficar respirando dependendo de aparelhos, etc. Isso é prolongar sofrimento, não prolongar vida.


:ok:  :ok:

Skorpios

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Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #12 Online: 13 de Abril de 2005, 16:19:51 »
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Ministro da Saúde recua e pára a discussão sobre restrição em UTI
EDUARDO SCOLESE
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Acra (Gana)

O ministro Humberto Costa (Saúde) recuou ontem na decisão de criar normas para a internação de pacientes nas UTIs (unidades de terapia intensiva) brasileiras e anunciou o engavetamento das discussões sobre o assunto.

"Essa discussão, da forma como está colocada, precisa ser reposta. Estamos suspendendo o debate para começá-lo no momento em que possamos reposicionar a discussão e deixar claro à população que não existe qualquer risco de as pessoas deixarem de ter acesso ao serviço", disse em entrevista, ontem à tarde, em Acra (Gana).

Anteontem, em Iaundê (Camarões), Costa havia dito que a iniciativa não encontraria "polêmicas" nem "resistências" em torno da formulação, com prazo até então para meados do ano. Chegou a citar um exemplo: uma pessoa com morte cerebral, segundo critérios, não ocuparia uma vaga de UTI em detrimento de outra.

Como revelou a Folha na última segunda, o ministério trabalhava com o objetivo de criar normas para restringir os leitos de UTI só para pacientes graves com chances reais de recuperação. A iniciativa causou reações negativas em setores médicos e no Congresso.

Costa disse que a discussão causou reações "políticas" em vez de polemização técnica. A partir de agora, diz, não há prazo para retomar a conversa. "Queremos fazer a discussão de forma correta, situá-la em nível técnico e impedir que haja má compreensão ou insegurança pela população."

O ministro garantiu que a eventual normatização do tema não excluirá o poder de decisão do médico de optar ou não por internar o paciente em UTI. "Ainda que existam normas e protocolos, será sempre o profissional que tomará a última decisão", afirmou. "Nenhum brasileiro sofrerá qualquer tipo de restrição no acesso a leitos de UTIs quando houver indicação médica", acrescentou.

Hoje, a estimativa é que de 15% a 20% dos internados nas unidades estejam em estado incurável.

Costa disse também que a informação de que o governo discute a criação das normas veio de forma não planejada.

"A discussão não foi aberta [pelo Ministério da Saúde]. Havia expectativa, mas surgiu uma notícia no jornal [Folha]."




http://noticias.bol.com.br/geral/2005/04/13/ult95u107868.jhtm

Offline Rodion

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Re.: Governo federal quer restringir UTI
« Resposta #13 Online: 13 de Abril de 2005, 17:44:24 »
é, deu o que falar... a medida é quase uma semi-eutanásia. eu seria a favor...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

 

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