Autor Tópico: Mal de Parkinson  (Lida 975 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Mal de Parkinson
« Online: 04 de Maio de 2006, 14:32:01 »
Cientistas anunciam descoberta de causa de Parkinson   
 
Uma equipe de cientistas da Coréia do Sul anunciou hoje que descobriu a principal causa da doença de Parkinson. A descoberta pode levar a um tratamento eficaz contra a desordem neurológica que afeta milhões de pessoas no mundo todo.
A descoberta é fruto das investigações de uma equipe chefiada pelo catedrático Chung Jong-Kyeong, biólogo do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia do Sul. Ele anunciou nesta quinta-feira seus resultados à imprensa sul-coreana.

Segundo o estudo, que também foi publicado no último número da edição na Internet da revista Nature, a doença degenerativa está diretamente relacionada a problemas em dois genes, chamados Parkin e PNK 1, e à deterioração das funções das mitocôndrias nas células.

O gene Parkin, em condições normais, produz uma substância que ajuda a eliminar as proteínas defeituosas que podem aparecer em células cerebrais. O PNK 1 ajuda a ativar as funções das mitocôndrias, estruturas encarregadas de fornecer boa parte da energia necessária para a atividade das células.

Segundo o professor Chung, citado pela agência Yonhap, "no passado, os cientistas não sabiam com toda certeza se a ruptura das mitocôndrias era a causa do Parkinson ou sua conseqüência". No entanto, "elas desempenham um importante papel na doença, segundo as últimas experiências", acrescentou.

Chung explicou que os testes em moscas indicam que os problemas nos genes PNK 1 e Parkin dos insetos impedem o funcionamento correto das mitocôndrias. A falha interrompe a produção no cérebro da dopamina, uma substância química fundamental para o controle do movimento. Com a redução da dopamina no cérebro, aparecem os sintomas da doença de Parkinson, com destruição do sistema nervoso e do tecido muscular.

Em 1961, o austríaco Oleg Hornykiewicz descobriu que os pacientes afetados pela doença mostravam uma deficiência de dopamina. A deterioração se reflete em distúrbios do movimento, tremor incontrolado dos membros, perda do equilíbrio e da coordenação, problemas de fala e decadência mental em geral, podendo levar à demência.

As experiências com as moscas-das-frutas ("Drosophila melanogaster") sugerem que a correção do problema no gene Parkin permite deter o processo de deterioração. Embora tanto a mutação dos dois genes possa causar a doença, a deterioração do PNK 1 é a mais importante para o surgimento da dolência, acrescentou o cientista.

Chung explicou que as descobertas podem explicar por que as pessoas sofrem de Parkinson, levando também a um tratamento adequado. Mas observou que ainda falta muito para ser pesquisado. Além do PNK 1 e do Parkin, há outros nove genes cujo mau funcionamento poderia estar relacionado à doença.

Além disso, segundo Chung, 90% dos casos são provocados pelo estilo de vida, e não por problemas genéticos. O cientista prevê que sua equipe em uns poucos meses ofereça material para futuras pesquisas de um tratamento para a deterioração física produzida pela doença de Parkinson e de um diagnóstico precoce. "Estamos muito à frente dos outros", afirmou.

No entanto, deixou claro que, "mesmo se este material for determinante, ainda vamos levar anos para encontrar um remédio e um tratamento para ajudar os pacientes, dada a necessidade de testes clínicos". Embora um tratamento dos genes defeituosos possa deter a progressão da doença de Parkinson, não poderá ajudar quem já sofre a degeneração de tecidos nervosos e musculares.

O remédio Levodopa já é capaz de reduzir a deterioração, mas não deter o processo. Além disso, o uso prolongado do tratamento diminui a sua eficiência e produz efeitos colaterais.

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI989731-EI298,00.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Latorre

  • Nível 12
  • *
  • Mensagens: 249
    • http://www.perineo.cjb.net
Re: Mal de Parkinson
« Resposta #1 Online: 05 de Maio de 2006, 13:15:39 »
Ora, ora... degeneração de mitocôndrias... quem diria!!
"If a man will begin in certainties, he shall end in doubts. But if he will be content to begin in doubts, he shall end in certainties." (Francis Bacon)

Offline Guinevere

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.861
  • Sexo: Feminino
Re: Mal de Parkinson
« Resposta #2 Online: 05 de Maio de 2006, 14:29:31 »
é impressão minha ou esse é o primeiro "diz estudo" de todos os tempos que realmente estudou e descobriu alguma coisa?

Offline Nightstalker

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.354
  • Sexo: Masculino
  • Suae quisque fortunae faber est
Re: Mal de Parkinson
« Resposta #3 Online: 05 de Maio de 2006, 15:10:11 »
Pena que meu avô não viveu o suficiente para ver isso.

:(
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Mal de Parkinson
« Resposta #4 Online: 23 de Março de 2009, 20:15:41 »
Esperança restaurada


Neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke, e equipe desenvolvem método experimental para estimular eletricamente a medula espinhal e tratar a doença de Parkinson. Descoberta é capa da Science

Agência FAPESP – Um nova esperança para quem tem doença de Parkinson acaba de ser aberta com o anúncio de um tratamento eficiente e menos invasivo para o problema para o qual ainda não se descobriu cura. A novidade é resultado de um trabalho de pesquisa desenvolvido nos Estados Unidos por um grupo de pesquisadores coordenados pelo brasileiro Miguel Nicolelis, na Universidade Duke.

Trata-se da primeira terapia potencial para a doença a ter como alvo não o cérebro, mas a medula espinhal, a parte do sistema nervoso central contida na coluna vertebral. A descrição do método está em artigo destacado na capa da edição desta sexta-feira (20/3) da revista Science.

Os pesquisadores desenvolveram uma prótese para estimular eletricamente o principal condutor de informações táteis para o cérebro. O dispositivo foi conectado à superfície da medula espinhal em camundongos e em ratos com baixos níveis de dopamina, mediador químico indispensável para a atividade normal do cérebro.

O objetivo foi representar em modelos animais as características biológicas de indivíduos com Parkinson, incluindo a grave perda de habilidades motoras verificada em estágios avançados da doença.

Ao ligar o dispositivo protético, os animais tiveram grande melhoria nos movimentos, passando a adotar comportamentos de exemplares saudáveis. Segundo os cientistas, a melhoria foi observada em média apenas 3 segundos após o estímulo.

“Observamos uma mudança imediata e dramática na capacidade funcional do animal que tem sua medula espinhal estimulada pelo dispositivo. Além disso, trata-se de uma alternativa simples e significativamente menos invasiva do que as tradicionais, como a estimulação cerebral profunda, que tem potencial para uso amplo em conjunto com medicamentos tipicamente usados no tratamento da doença de Parkinson”, explicou Nicolelis.

Foram testados camundongos e ratos com déficit agudo e crônico de dopamina por meio de níveis variados de estimulação elétrica. Os estímulos foram usados em combinação com doses diferentes de terapia de substituição de dopamina (3,4 dihidroxifenilalanina ou L-dopa) para determinar os conjuntos mais eficazes.

Quando a prótese foi usada junto com o medicamento, apenas duas doses de L-dopa foram suficientes para produzir movimentos comparados com as cinco doses necessárias quando o medicamento é usado sozinho.

Enquanto a estimulação cerebral profunda – que envolve cirurgia para implantação de eletrodos – e outros tratamentos experimentais atacam a doença em sua origem, ou seja, no cérebro, Nicolelis e equipe escolheram uma abordagem diferente.

A ideia da estimulação elétrica surgiu quando os cientistas fizeram uma relação surpreendente com outra condição neurológica. “Foi um momento de súbita iluminação. Estávamos analisando a atividade cerebral de camundongos com Parkinson e, de repente, me lembrei de uma pesquisa que fiz sobre epilepsia uma década antes. A partir dali, as idéias começaram a fluir”, disse Nicolelis.

A atividade cerebral em animais com Parkinson se assemelha a episódios leves, contínuos e de baixa frequência observados em exemplares com epilepsia. Uma terapia eficaz para tratar epilepsia envolve a estimulação de nervos periféricos, o que facilita a comunicação entre a medula espinhal e o corpo. O cientista e seu grupo partiram desse conceito para desenvolver a abordagem voltada à doença de Parkinson.

Segundo Nicolelis, os episódios de baixa frequência, ou oscilações, vistos em modelos animais de Parkinson também já foram observados em humanos com a mesma condição. Estimular a porção dorsal da medula espinhal reduz tais oscilações.

“Nosso dispositivo atua junto ao cérebro de modo a produzir um estado neurológico favorável para a locomoção, facilitando a recuperação imediata e notável dos movimentos”, disse Per Petersson, outro autor do estudo.

Estudos clínicos

Os cientistas apontam que, se a prótese se mostrar segura e eficiente na continuação da pesquisa, poderá ser usada como ponto de partida para o desenvolvimento futuro de dispositivos para implante na medula espinhal humana. Esses dispositivos produziriam pequenas correntes elétricas e seriam alimentados por baterias inicialmente carregadas e, posteriormente, inseridas no próprio corpo.

“Se pudermos demonstrar que o dispositivo é seguro e eficiente a longo prazo em primatas e, depois, em humanos, virtualmente todos os pacientes [de Parkinson] poderão receber tal tratamento no futuro próximo”, disse Nicolelis.

O grupo de Duke está trabalhando com neurocientistas do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) para testar o método em primatas, antes que estudos clínicos em humanos possam ser iniciados.

Cientistas do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, também participarão para auxiliar a aplicar os resultados em prática clínica.

Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo, em 1984, Nicolelis fez em seguida doutorado na mesma instituição, com bolsa da FAPESP. Em 1992 concluiu pós-doutoramento na Universidade Hahnemann, nos Estados Unidos.

Nicolelis é professor titular do Departamento de Neurobiologia e co-diretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, professor do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne e fundador do IINN-ELS.

O artigo Spinal cord stimulation restores locomotion in animal models of Parkinson’s disease, de Miguel Nicolelis e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/10251/divulgacao-cientifica/esperanca-restaurada.htm

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Tupac

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.905
Re: Mal de Parkinson
« Resposta #5 Online: 24 de Março de 2009, 16:54:51 »
E eu comentei com a Cynthia ontem sobre o Nicolelis...

Esse é phoda...
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Gaúcho

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.288
  • Sexo: Masculino
  • República Rio-Grandense
Re: Mal de Parkinson
« Resposta #6 Online: 24 de Março de 2009, 18:54:50 »
Espero que eles inventem a pílula do não-envelhecimento antes dos meus 45 anos. :teehee:

A ciência não é linda?  :coracao:
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!