Políticos de má qualidadepor Paulo Saab em 04 de maio de 2006
Resumo: Duro é constatar que o Brasil faz parte da tragicomédia latino-americana como astro central. Figura apoplética de um circo mambembe de lona furada.
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Um dos subprodutos da absoluta falta de educação que alcança o País é a má qualidade de nossos políticos em geral. Ao mencionar essa falta de educação refiro-me ao tema em amplo espectro. Nos falta educação desde o sentido de alfabetização até o de herança cultural, passando pelo conhecimento, pelo embasamento que ajudam, somados, a forjar o caráter do ser humano.
A política brasileira, como virou lenda no meio, piora a cada ano; a qualidade dos políticos, enquanto educação geral, é reflexo da baixa qualidade educacional de seus membros. Agravada, em casos importantes, também pela baixa qualidade moral e ética.
Os elementos que disponho para opinar sobre a caricata figura de Anthony Garotinho são apenas as referências da mídia e seu comportamento público. Seu figurino cabe perfeitamente no perfil do político brasileiro de má qualidade, embora seja imprecisa a definição quanto ao aspecto que lhe alcança. É um político de má qualidade sem que eu consiga ainda precisar se decorrente da falta de educação, no sentido amplo, ou da ausência de formação ética e moral para o exercício da vida pública.
A anedótica situação em que o ex-governador do Rio de Janeiro se enfiou, ao proclamar greve de fome e apelar à OEA, auto-intitulando-se perseguido político no Brasil, só não é mais engraçada do que a maledicência de seus adversários, que atribuem a greve de fome oportuna ao desejo de perder alguns quilos, em face de sua avantajada circunferência abdominal.
Garotinho expõe ao grotesco, além de si próprio, o que seria natural, sua mulher, a governadora do Rio de Janeiro e, de resto, além do constrangido PMDB, seus filhos, que num mambembe reality show a ele se agarram em sua "greve de fome", como se estivesse preso e torturado, sob os holofotes estratégicos das emissoras de televisão.
É patético para a política brasileira. Não faltassem elementos para fazer de nossa cena política um circo de mediocridade, como a absolvição de corruptos , o uso aparelhado da máquina pública, a gritante impunidade que estimula a infração e o crime, ainda há o Sr. Garotinho, em seu regime forçado pela oportunidade política, a bradar internacionalmente que sua pequenez política seria maior não fosse ele um "perseguido político" no Brasil. Ora, nem Arrelia em seus melhores dias faria dar risada enfática o mais sisudo dos mortais.
A mediocridade da cena política brasileira é tanta que um "aliado" do presidente Lula ocupa militarmente as instalações da Petrobrás na Bolívia e estatiza o capital e os investimentos do povo brasileiro. Sim, a Petrobrás é do povo do Brasil e não de Lula ou do PT. Ressalte-se que essa mediocridade parece ter contemplado a América do Sul (talvez as Américas) de forma generalizada. Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, o Peru que vem vindo, estão com governos eleitos que, se tivessem combinado ser tão ruins, não conseguiriam o desempenho em vigor.
Tudo isso, enfatizo sempre, representa uma ameaça para o bem maior em todo o continente, começando pelo gigante brasileiro, a liberdade democrática. O discurso demagógico da esquerda falida, que Morales agora tenta reeditar com bravatas anacrônicas, é tão atentatório ao desenvolvimento e à liberdade quanto os crimes que o MST comete impunemente no Brasil em nome de um "social" que só atende ao bem-estar das respectivas lideranças. Pura demagogia. Puro populismo barato.
Duro é constatar que o Brasil faz parte dessa tragicomédia latino-americana como astro central . Figura apoplética de um circo mambembe de lona furada. Onde o artista principal deita e rola ditando regras que, nos calendários de parede, não serviriam de auto-ajuda nem aos palhaços do picadeiro.
E vamos pagando a conta com a arrecadação sobre nós cada vez mais pesada.
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