Começa o processo de beatificação de João Paulo IIO processo de beatificação de João Paulo II começa nesta terça-feira, na Basílica de São João de Letrão, em Roma, três meses depois de sua morte, sem cumprir a espera de cinco anos a partir de seu falecimento, como estabelece o Código de Direito Canônico.
A cerimônia começará às 19h hora local (14h de Brasília), na catedral, e será presidida pelo cardeal vigário, Camillo Ruini. Roma é a cidade de que João Paulo II foi bispo e em que morreu em 2 de abril aos 84 anos, por isso o processo começará lá.
Depois da reza das primeiras vésperas da festividade de São Pedro e São Paulo, patrões de Roma, celebrada no dia seguinte, o primeiro ato do processo de beatificação será o juramento em latim do cardeal Ruini, dos juízes do tribunal e dos notários.
Depois, quem propôs a causa, o monsenhor polonês Slawomir Oder, apresentará a Ruini e aos juízes do tribunal diocesano criado os papéis que o acreditam como tal e os documentos recolhidos já sobre a figura de Karol Wojtyla, assim como a lista das pessoas que devem ser interrogadas.
A sessão será encerrada com as indicações sobre quando a primeira audiência, a portas fechadas, será realizada. O cardeal Ruini pronunciará um discurso e antes de deixar o templo todos os presentes pedirão graças "pela intercessão do Servo de Deus, o papa João Paulo II".
De acordo com informações do Vicariato de Roma, todos os dias chega uma média de cem cartas procedentes de todo o mundo em que são expressadas graças recebidas com a ajuda de Karol Wojtyla. A maior parte das mensagens é procedente da América Latina e está escrita em espanhol. O segundo maior número de mensagens é da Itália e depois da Polônia.
A primeira parte do processo contempla o recebimento da vasta documentação e a pesquisa sobre sua vida e virtudes, ouvindo os testemunhos de quem o conheceu.
João Paulo II entre discursos e documentos escreveu mais de 100 mil páginas. A essas é preciso acrescentar o que foi escrito até ser eleito papa, além de livros e anotações.
Espera-se uma beatificação rápida, mas vaticanistas lembram que foram necessários 35 anos para que o processo de João XXIII fosse concretizado. Em 13 de maio, Bento XVI anunciou o início do processo de beatificação de Wojtyla. Foi uma surpresa. Embora o Código de Direito Canônico estabeleça que para abrir o processo de beatificação de uma pessoa é preciso que tenham passado cinco anos desde sua morte, o papa tem o poder de encurtar esse prazo.
O anúncio foi recebido com grande alegria no mundo católico e, segundo o cardeal de Milão, Dionigi Tettamanzi, era a resposta a um pedido popular. Isso porque continua vivo na memória o grito "súbito santo" ("santo já") que milhares de pessoas disseram repetidamente em 7 de abril na praça de São Pedro durante os funerais.
O fato de Bento XVI fazer o anúncio em 13 de maio foi considerado em ambientes vaticanos como o reconhecimento do profundo vínculo que unia João Paulo II à Virgem de Fátima.
O caminho para a santidade tem três degraus: venerável servo de Deus, beato e santo. "Venerável Servo de Deus" é o título dado a uma pessoa morta que viveu as virtudes de maneira heróica. Para que possa ser beatificada é necessário que tenha acontecido um milagre com sua ajuda e para que seja santificado é necessário um segundo milagre, que deve ser realizado depois de ser beatificado.
http://noticias.terra.com.br/mundo/mortedopapa/interna/0,,OI571015-EI4692,00.html