Olá amigos,
Não sei se o Edir Macedo é um ateu dissimulado ou não. O problema não está aí. Ele pode perfeitamente ser teísta e continuar fazendo as falcatruas que supostamente faz (digo supostamente porque não tenho provas).
Eu sou espírita kardecista, mas nem por isso creio que todas as outras religiões são necessariamente ruins. Entretanto, vou expressar um ponto de vista especificamente sobre o catolicismo e o protestantismo, que chamarei genericamente de cristianismo:
Eu, quando não me interessava em me aprofundar em assuntos religiosos, sempre fui indiferente para com as Igrejas. Achava muitas coisas do que era ensinado erradas, mas fazia vista grossa, porque afinal, elas levavam as pessoas para o bom caminho e punham freio às suas paixões e más tendências, certo? Errado!!! O que era para por um freio nas más tendências (humanas) dos cristãos, na realidade serve como incentivo para elas. Me explico:
Para os cristãos, a salvação provém unica e exclusivamente na aceitação de nosso Senhor Jesus Cristo como único, suficiente e eterno salvador. Fazer o bem é necessário, mas não crucial. E quem faz somente o bem, para os cristãos, não será salvo. Eles dizem que quem aceita Jesus é renascido em Cristo, e as boas obras seriam uma conseqüência desse renascimento. Os evangélicos vão ainda mais longe: eles pregam em alto e bom som que as boas obras não salvam.
Portanto, segundo esta crença, pode-se praticar o mal a vida toda e chegar ao fim da vida, se arrepender sinceramente, aceitar Jesus e ser batizado, que ainda assim será salvo e terá direito ao paraíso eterno, de graça, sem precisar expiar ou reparar um único mal feito. É aí que está o problema.
Quando se tem a vontade, necessidade ou oportunidade de se fazer alguma coisa errada, quem tem essa crença pode pensar: "eu posso fazer agora este mal e me arrepender depois que serei perdoado de graça, pois Deus é bom e magnânimo". Com isso, dependendo da pessoa, ela pode deixar dar vazão aos seus instintos e paixões.
Por isso, eu agora mudei a minha opinião relativamente à Igreja. Eu hoje não sou indiferente aos seus ensinamentos. Eu os considero um mal, um câncer para a sociedade que precisa ser estirpado, pois caso contrário as sociedades não evoluirão.
Eu conheço um caso de minhas relações pessoais que sustenta essa opinião. Uma pessoa (não vou dizer se está no catolicismo ou protestantismo para evitar que seja posteriormente identificada), possui diversos desvios morais graves. Ela alimenta um ódio mortal pela mãe, mas não sabe porque motivo. A mãe não sabe disso. Para fugir desse desejo, mudou de cidade e hoje é responsável por uma Igreja. Mas não deixou o velho ódio pela mãe e chegou a instalar um bina na igreja para saber quando ela liga, para não atender. Na Igreja, protagoniza diversos desvios morais, inclusive sexuais (não tenho conhecimento se faz alguma coisa ilegal). Pois bem: Mesmo enganando todo mundo, esse seria o caso de um típico cristão não salvo? Não! Ele só não será salvo se morrer assim. Mas se se arrepender na última hora, tudo será esquecido. Por via de dúvidas, toda noite essa pessoa deita a cabeça no travesseiro e pede perdão a Deus por tudo de errado que fez durante o dia e diz para si mesmo: "Eu tenho certeza que Deus me perdoa. Eu sinto que ele me perdoa". No dia seguinte continua fazendo as mesmas coisas. Como ainda é jovem e tem bastante tempo de vida, deve pensar: "eu posso adiar um pouco mais a minha reforma, afinal o perdão e a salvação virão de graça, não importando quando eu me decida". Quando chegar a uma idade avançada, estiver doente e quase morrendo, aí sim ele fará a tão esperada reforma que caracterizaria o "verdadeiro cristão". Mas então uma vida inteira de devaneios já terá se passado.
Entenderam, amigos, qual é a raiz de todo o mal? O Bispo Macedo pode ser ateu ou cristão, não faz diferença. Tanto numa como noutra filosofia ele não encontrará nada que o dissuada a parar de seguir o mau caminho. Sendo cristão, ele sabe que sempre poderá se arrepender depois, pois obterá o perdão de graça.
Por outro lado existem outras filosofias e religiões (e o Espiritismo é uma delas) que pregam coisas diferentes, mas infelizmente são minoria no mundo. Vou falar pelo espiritismo, que é a minha crença pessoal. Segundo o Espiritismo, só fazendo o bem é que alcançaremos a bem-aventurança, não importando qual religião se professe (ainda que seja o ateísmo ou cepticismo). Se fizermos o mal, também seremos perdoados, mas só após expiar e/ou reparar. Então, segundo o Espiritismo, quanto mais coisas erradas fazemos, mais coisas teremos que reparar, o que implica muitas vezes em longos sofrimentos e provações. O espírita, quando pensa em fazer o mal, pensa imediatamente nas suas conseqüências nada agradáveis, enquanto que o cristão só pensa que será perdoado de graça. Por causa dessa crença, somos taxados de adeptos de um doutrina de demônios.
Não estou querendo fazer propaganda do Espiritismo. Só estou querendo demonstrar que, certa ou errada, a doutrina espírita põe freio às paixões de seus adeptos sinceros. O mesmo já não ocorre com as Igrejas ditas cristãs. Portanto, o único argumento que justificaria a existência e a manutenção da Igreja, que é o de levar as pessoas para o bom caminho, na realidade produz efeito justamente contrário e pode ser causa de desajustes graves na sociedade. Na realidade, ser ateu ou ser cristão não faz muita diferença para a reforma íntima do indivíduo. As duas crenças não são capazes de contribuir para a melhora do mundo, estejam elas certas ou erradas.
Obs.: Não tenho nada contra pastores, padres e Igrejas. A minha discordância restringe-se aos seus ensinamentos. E o que eu escrevi acima não se refere necessariamente a todos os cristãos, pois tem alguns que pensam e agem diferentemente, apesar de não encontrarem respaldo nas suas crenças.
É uma opinião.
Um abraço a todos.