Tópico: Analogia entre o xadrez e a adoração de imagens

[Mental]

Quem aqui gosta de jogar xadrez?

O xadrez não é um belo jogo?

Quando as peças começam a se movimentar... ataques ao Rei... combinações com sacrificios de peças... posições tensas e o coração disparado apos ter feito um lance...
Ambos os jogadores concentrados no tabuleiro... o rei negro correndo risco de um xaque mate eminente.... a platéia tambem observando, curiosamente o tabuleiro...

Sim, um belo jogo...

Mas, qual é a realidade nesse tipo de situação?

A realidade é que "não existe" nenhum tipo de regra no tabuleiro. Não existe nehuma batalha nele.
Se uma criança, ou outra pessoa que não conheça o jogo chegar em frente a um tabuleiro, poderá mover a torre em diagonal, poderá deixar o rei em xeque fazendo lances irregulares, podera capturar o rei do adversário e mesmo assim continuar jogando...
Afinal de contas a peça bispo não sabe que que tem que se mover em diagonal; o cavalo não sabe que tem que mover em "L"; o rei não sabe que tem que ser protegido...
Aliás, não existe nem bispo , nem cavalo e nem rei no tabuleiro... o que existe é um "dogma" implantado em nossas mentes onde determino formato de peça seja um cavalo, ou peão, ou dama...

A verdade então é que nada acontece de especial em um tabuleiro de xadrez, mas sim em "nossas mentes".
Quando duas pessoas estão de frente a um tabuleiro de xadrez, o combate na verdade se encontra na mente deles , por causa de um principio previamente estabelecido (as regras do jogo) .
Quando os observadores olham o tabuleiro, na verdade estão a ver as menifestações mentais dos competidores, e não uma "luta" em um tabuleiro.

E o mais interessante de tudo... essa "verdade" passa praticamente desapercebida pela grande maioria!

O mesmo se dá com a adoração a imagens (ou algo apenas imaginário).

Uma pessoa se ajoelha em frente a uma imagem.

Ela olha para façe de gesso e começa a murmurar pedidos... reza, reza, reza... chora, começa a sentir calafrios, beija o pé da imagem e depois se retira, confiante que seus problemas serão resolvidos...

Qual é a verdade?
Aquela estátua de gesso inanimada nada fez.
Tudo se passou na "mente" da pessoa que se prostrou diante dela.
A pessoa rezou, chorou, teve fé e em seguida se retirou com confiança de que seus problemas seriam resolvidos...
Tudo (igual a situação do xadrez) não passou de um trabalho mental da própria pessoa, que baseando se em um dogma (nesse caso , a existencia de um deus) construiu todo um ritual em sua mente.
E aquela imagem de gesso ali, tal qual um "peão passado" no tabuleiro de xadrez... continua ali, estática, sem nem compreender o porque existe, o porque está ali, ou qual é a sua funçao...

[Diego]

Interessante a analogia!

[Pregador]

Eu joguei xadrez por anos. Acho que não cabe a analogia, as regras não podem ser vistas como dogmas, até por que se tratam de preceitos lógicos, não há indeterminismo no xadrez. Eu também jamais fantasiei encarando o jogo como uma batalha real (da realeza) ou coisas similares, sempre vi como peças que cada qual tem seu movimento, só isso. É muito mais um desafio de raciocínio estratégico, só isso. A imagem de um santo tem outro significado, além de não ter condão lógico (e nem é este o objetivo), é vista apenas um canal para comunicação com o divino. Isso causa bastante confusão com pessoas adorando imagens e não Deus, necessariamente. A religião, ao contrário do xadrez, não possui regras determinadas, nem lógica e nem constância, muito menos se assemelha a alguma espécie de batalha ou jogo de raciocínio. Se for analisar desta forma, tudo ao nosso redor é dogma, uma vez que atribuimos significados a tudo, valores morais, embora todas coisas continuem lá imóveis, mortas, alheias aos valores atribuidos pelos humanos.

[Felius]

E tambem você não tem que rezar 6 vezes por dia em direção ao tabuleiro de xadrez, e não nada dizendo que você só pode jogar xadrez, se jogar damas vai pro inferno.

Edit: Erro gramatical grotesco.

[Pregador]

E tambem você não tem que rezar 6 vezes por dia em direção ao tabuleiro de chadrez, e não nada dizendo que você só pode jogar chadrez, se jogar damas vai pro inferno.

 

[Mental]

Opa.
O objetivo da minha analogia não era comparar o jogo de xadrez com a religiosidade. Me desculpe se acabei passando isso.
O objetivo era tentar passar a idéia de que o que realmente acontece a nossa volta tem mais base em nós mesmos (nossa mente), em nossas interpretações da realidade, do que o acontecimento em si.

Por exemplo: voce olha para o por do sol e diz "ele é bonito".

Isso não implica que o por do sol seja bonito, mas sim que a sua mente lhe disse que ele era bonito, segundo os traços psicológicos de sua consiencia.

Se você come doçe de banana e diz que ele é gostoso, na verdade o doçe não é gostoso, mas a sua impressão interior foi que disse que ele era gostoso.
A prova disso é que existem pessoas que não acham o doçe de banana gostoso.

E tambem existem pessoas que não conhecem o xadrez, e que se verem um tabuleiro na frente, poderão colocar um rei ao lado do outro, que o tabuleiro ha de aceitar a posição de mesma forma...

E existem pessoas que se passarem diante de uma imagem de São João, seria o mesmo que passarem de frente a um pedaço de barro...

E por ai vai...

[Pregador]

Ah sim, o cérebro não passa de uma máquina de simulação da realidade. Como bem dito, é uma simulação. Pelo fato de sermos inteligentes (em tese), atribuimos valores morais e significados a inúmeras coisas.

[Mental]

Isso mesmo.

A conclusão a que eu queria chegar com essa discussão se resume em uma pergunta interessante:

Como o homem tem capacidade de simular uma realidade, não poderia a sua mente tambem simular a existencia de um "amigo invisível" assim como um "local invisível" (céu ou inferno)? 
 

[Pregador]

Isso mesmo.

A conclusão a que eu queria chegar com essa discussão se resume em uma pergunta interessante:

Como o homem tem capacidade de simular uma realidade, não poderia a sua mente tambem simular a existencia de um "amigo invisível" assim como um "local invisível" (céu ou inferno)? 
 

Claro. A religião é útil a sobrevivência da espécie, afinal de contas, é um bom remédio para tentar estancar um pouco o medo e a certeza da morte, além de ser a forma mais primitiva de explicar o que no momento não se tem conhecimento para tal. Humanos, aliás, creio que todo ser que seja inteligente, possui muitas dificuldades em viver num mundo incerto e a religião preenche esta lacuna. Não é a toa que muitos religiosos têm medo ou ignoram certas informações por medo de perder a fé, pois interpretam que sem ela eles simplesmente perderiam o chão onde pisam.

[Rhyan]

Interessante analogia!

Isso me lembra de cegos que jogam xadrez.