Autor Tópico: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga  (Lida 2537 vezes)

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APODman

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Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Online: 10 de Junho de 2006, 22:04:35 »
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Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga

Leda Cosmides, expoente da psicologia evolutiva, estuda percepção de raça no Brasil

Pesquisadora americana diz que julgar pessoas pela raça tem a ver com padrões de cooperação e competição surgidos na pré-história

REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém pode acusar a americana Leda Cosmides de não ir direto ao ponto. A pesquisadora da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, uma das fundadoras da chamada psicologia evolutiva, tem como objetivo central de seu trabalho nada menos que desvendar a natureza humana. Por natureza, diz ela, entende-se "os programas de processamento de informação típicos da nossa espécie, que funcionam de forma permanente no cérebro humano". Desde o final dos anos 1980, Cosmides e seus colegas -o mais ilustre deles é o canadense Steven Pinker- estão usando a teoria da evolução de Charles Darwin para tentar alcançar essa meta nada modesta. O único jeito de entender a mente humana, argumentam eles, é levar em conta que ela surgiu como ferramenta para sobreviver no ambiente hostil que os ancestrais das pessoas de hoje enfrentavam. Cosmides iniciou uma parceria com uma rede brasileira de psicologia evolutiva, coordenada por uma psicóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Seu objetivo é entender, no Brasil, a percepção de raça, que ela considera um "efeito colateral" ou subproduto de mecanismos evolutivos ligados à idéia de coalizão e cooperação nos ancestrais dos grupos humanos modernos. Nos EUA, a pesquisadora imaginou um experimento para tentar comprovar isso. "Nós achávamos que, se você tivesse duas coalizões, mas a raça não ajudasse a predizer a qual delas se aliar, isso deveria diminuir o grau com que as pessoas notam e recordam a raça das outras. E isso se mostrou verdadeiro." Casada com o colega de pesquisa John Tooby, Cosmides tem 49 anos ("eca!", brinca) e uma filha de 8. Leia entrevista que ela concedeu à Folha antes de uma palestra em São Paulo.

 

Folha - A psicologia evolutiva tem um número enorme de detratores, gente que costuma dizer que o campo não fez descobertas de verdade até agora. O que a sra. citaria como os principais progressos da área?
Leda Cosmides - Acho que eles poderiam ser divididos em duas grandes áreas. A primeira é o que eu chamo de integração conceitual das ciências. A psicologia evolutiva tem liderado as tentativas de reunir as ciências naturais com as ciências sociais e as humanidades. Não é uma redução dos outros campos à psicologia. A lei da oferta e da procura é uma propriedade emergente da interação de muitas mentes. Não dá para reduzir história e economia à psicologia, mas há um elo causal importante aí. Muitos economistas estão interessados na psicologia evolutiva, porque sabem que seus modelos de escolhas racionais não estão corretos. Além disso, há pessoas da área literária interessadas no que fazemos. A literatura às vezes tem sua própria teoria da natureza humana -algumas pessoas gostariam ter uma que fosse mais correta (risos).



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"Nosso cérebro foi forjado por ambientes passados"

Cientista nega determinismo biológico, mas diz que vários comportamentos atuais refletem adaptações a um mundo desaparecido

Folha - A sra. sente essa necessidade entre escritores, por exemplo?
Cosmides - Ela existe mais entre as pessoas que trabalham com crítica literária. Há filósofos muito interessados nessas idéias. Pode-se pensar numa racionalidade ecológica, numa mente que está bem estruturada para resolver determinados problemas adaptativos que os nossos ancestrais caçadores-coletores enfrentavam. Também estou muito empolgada com o trabalho que estamos fazendo com a rede brasileira [de psicologia evolutiva]. Os psicólogos sociais descobriram que as pessoas parecem notar e recordar a raça dos indivíduos que encontram, junto com o sexo e a idade deles. O sexo e a idade fazem sentido do ponto de vista da evolução, mas a raça? Bom, para começar, trata-se de um conceito estranho. Além disso, os caçadores-coletores são nômades e se movimentam a pé. Eles não viajam tão longe! Dificilmente...

Folha - Dificilmente têm a chance de se deslocar o bastante para encontrar pessoas diferentes deles...
Cosmides - ... que possam ser consideradas de outra raça. Exatamente. Como é que a seleção natural poderia criar um mecanismo para codificar um aspecto do mundo que não existia para os nossos ancestrais caçadores-coletores? Então, o que nós achamos é que deva existir um subproduto, um efeito colateral de outros mecanismos, que acreditamos ser ligados à idéia de coalizão, usados para entender o conceito de "nós e eles", cooperação entre três ou mais indivíduos para alcançar um objetivo comum e compartilhar os benefícios resultantes. Para os nossos ancestrais isso às vezes poderia ser positivo, como uma caçada cooperativa ou a divisão de alimentos, e às vezes negativo, como atacar um outro grupo. Nossa hipótese era que a percepção de raça teria a ver com esses padrões de cooperação e competição. Um subproduto disso seria fazer as pessoas codificarem a raça dos outros, porque, pelo menos nos EUA, existem padrões de colaboração e competição que estão relacionados com raça, já que não se trata de uma sociedade integrada do ponto de vista racial.

Folha - Nesse ponto, o Brasil não é tão diferente assim dos EUA...
Cosmides - Pelos dados preliminares brasileiros parece que as coisas não são tão diferentes. Então, nós achávamos que, se você tivesse duas coalizões, mas a raça não ajudasse a predizer a qual delas se aliar, isso deveria diminuir o grau com que as pessoas notam e recordam a raça das outras. E isso se mostrou verdadeiro. É claro que, nesse experimento, como em qualquer outro, existem interpretações alternativas -razão pela qual eu repito meus experimentos muitas, muitas vezes, coisa que os nossos críticos não parecem notar.

Folha - A sra. mencionou o interesse de pessoas nesse tipo de trabalho, mas ainda há muita resistência a essas idéias, inclusive do ponto de vista político, não?
Cosmides - Sim, e é por isso que os estudantes são a esperança para o futuro, porque eles não têm pré-compromissos. As pessoas também estão se tornando mais sofisticadas, estão percebendo que não se trata de determinismo biológico mas de tentar entender o design da mente, incluindo seu desenvolvimento e as maneiras como o ambiente afeta o desenvolvimento mental. Por exemplo, eu sou míope. Neste momento [Cosmides tira os óculos], eu não consigo ver você. Agora [ela coloca os óculos de novo], eu consigo ver você. Mudança ambiental -das grandes, aliás. No entanto, há uma base genética para quem fica míope e quem não fica. Os caçadores-coletores não ficam míopes. Nós temos um mecanismo que ajusta nossa visão à distância focal média, mas o problema é que, em sociedades como a nossa, estamos lendo de perto, assistindo à TV de perto, então a distância focal média encurta. A assim um tipo de variação genética que nem se expressa entre caçadores-coletores acaba se expressando entre nós.

Folha - E quanto ao papel do acaso, ou do aparecimento de características que não têm uma função evolutiva óbvia num primeiro momento?
Cosmides - Bem, toda a questão da percepção racial é um efeito colateral, para começar. Eu acredito firmemente que não existe nenhum mecanismo na mente diretamente adaptado para a percepção de raça. E, especialmente quando se considera o mundo moderno, há montes de coisas que fazemos e que não são adaptativas. Mas muitas delas são reflexos de adaptações a um mundo já desaparecido.

Folha - Outra crítica à psicologia evolutiva é o uso de modelos como caçadores-coletores e macacos para inferir sobre as pressões evolutivas que teriam predominado entre os ancestrais dos humanos.
Cosmides - Nós evitamos discussões do tipo "os humanos são parecidos com os babuínos". A maioria dos psicólogos acaba não olhando para os ambientes passados, e às vezes assume que estamos "adaptados" ao mundo moderno (escrever, digitar, usar geladeiras etc.). É claro que existem muitas coisas que nunca poderemos descobrir nos mínimos detalhes, mas muitas coisas nós sabemos: nada de Estados nacionais, comunicação de massa, predadores eram um problema etc. Além disso, lembre-se de que os nossos cérebros e corpos de hoje foram forjados pelos ambientes passados, e por isso guardam pistas deles. Por exemplo: nós não produzimos vitaminas que eram comuns na nossa dieta; não produzimos a vitamina B12, mas precisamos dela; a principal fonte alimentar de B12 é a carne; portanto, nossos ancestrais devem ter comido algum tipo de carne.

Folha - A idéia de um forte componente inato na mente humana soa fatalista para muita gente, mas a sra. diz que discorda. Por quê?
Cosmides - Certamente eu não sou fatalista! Somente entendendo os mecanismos da mente é que você pode esperar melhorar a condição humana. Isso é especialmente importante quando se considera que nós temos uma mente cheia de muitos mecanismos especializados em determinadas funções. Um exemplo: existem mecanismos que governam a agressão grupal (o pensamento do tipo "nós contra eles"), mas eles não ficam ativos o tempo todo. Que condições sociais os ativam? Se soubermos isso, podemos evitar situações que causam xenofobia ou guerra.


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1006200601.htm


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Offline Stéfano

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #1 Online: 10 de Junho de 2006, 22:07:03 »
A xenofobia é uma característica muito arraigada na espécie humana.
"Alternative and mainstream Medicine are not simply different methods of treating ilness. They are basically incompatible views of reality and how the material world works." Arnold S. Relman

rizk

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #2 Online: 11 de Junho de 2006, 00:22:32 »
Aaaah, jornalista devia arrumar título melhor pras matérias, já entrei aqui assustada.

Mas DÓI ler gente estudada falando em "pré-histórico" e em "raças": nós do XXI não o fazemos, e nem os homens de então. Gaaah.
(e, Stefano, falar em "xenofobia" é anacronismo, atenção)

Certamente que, se é fato que a gente guarda a "raça" das pessoas que a gente conhece, é pra poder se prevenir de invasores. As pessoas caçadoras-coletoras certamente encaram como ameaça alguém de fora porque elas vêm consumir recursos limitados daquele pedaço de terra, e provavelmente é a raridade delas que fez a cabeça da gente se acostumar a guardar esse tipo de dado.

Mas até aí, voltamos com a velha conversa dessa turma da psicologia moderna: nossos ancestrais faziam isso, tinham seus motivos, mas hoje não temos mais (pelo contrário!) PORTANTO esperamos que a nossa pesquisa tenha como resultado a elaboraração políticas anti-racismo eficazes.

O que é bom.

Eu transcreveria um trecho do "tábula rasa" do pinker que fala isso melhor que eu, CASO estivesse com o livro aqui.

Offline Stéfano

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #3 Online: 11 de Junho de 2006, 01:16:29 »
(e, Stefano, falar em "xenofobia" é anacronismo, atenção)
Não entendi.
Citação de: Wikipedia
Xenophobia denotes a phobic attitude toward strangers or of the unknown. It comes from the Greek words ξένος (xenos), meaning "foreigner," "stranger," and φόβος (phobos), meaning "fear." The term is typically used to describe fear or dislike of foreigners or in general of people different from one's self. For example, racism is sometimes described as a form of xenophobia.
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rizk

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #4 Online: 11 de Junho de 2006, 02:35:45 »
Xenofobia é coisa de cidade-estado, de grego em diante. Sei lá, os caçadores-coletores não são xenófobos porque não existe realmente o estrangeiro, a fronteira, a propriedade privada, etc. Não acho que dê pra reduzir o conceito de xenofobia a isso. Senão gato seria xenófobo tbm, entende?

Insisto nisso porque, se a gente que falar de ciência pras pessoas, tem que ter cuidado pra não ser impreciso. Imprecisão num caso destes vira legitimação do racismo, vocês conhecem as pessoas.

Offline Stéfano

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #5 Online: 11 de Junho de 2006, 02:44:21 »
Xenofobia é coisa de cidade-estado, de grego em diante.
Por que ?
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Sei lá, os caçadores-coletores não são xenófobos porque não existe realmente o estrangeiro, a fronteira, a propriedade privada, etc. Não acho que dê pra reduzir o conceito de xenofobia a isso.
Em caçadores-coletores, a reação negativa em relação a outros grupos ou "tribos" é considerada xenofobia.
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Offline Dark Angel

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #6 Online: 11 de Junho de 2006, 10:48:48 »
A situação no Brasil e nos EUA não é semelhante. Os negros e brancos de lá, em sua maioria, se odeiam. Formam grupos de acordo com suas etnias e não se aproximam uns dos outros. Os mestiços que vemos por lá; em sua maioria, são os latinos estrangeiros. Latinos se aproximam de todos, de modo geral. Porém os negros e brancos (extremistas) não são receptíveis a pessoas de "raças" diferentes.

Os negros de lá possuem a pele e os traços típicos africanos. No Brasil isso é raro. A maioria das pessoas consideradas negras são pardas e descendentes de outras etnias. E os negros americanos têm muito orgulho de serem negros, não alisam os cabelos e muitos usam trançinhas. No Brasil, a tendência é outra... E são muuuuito racistas em relação aos brancos, o que é raro no Brasil.

Quando estive lá, me assustei com a quantidade de americanos brancos que se aproximaram de mim. Eu andava com o crachá Nathalie Gomes. Sou muito clara e me pareço com os brancos de lá. Quando os americanos brancos me viam, sempre me cumprimentavam e puxavam conversa, me perguntavam de qual CIDADE eu era... Não acreditavam que eu era brasileira...

Os negros, em sua grande maioria, nem olhavam na minha cara, nem na cara dos outros brancos. Somente conversavam com outros negros. Eu só consegui conversar com dois, que confirmaram o preconceito da maioria dos negros contra os brancos e vice-versa. Os latinos ficam em cima do muro...hehe

Se vocês repararem nos filmes americanos, muitos possuem atores somente negros e outros somente brancos. São dirigidos a certo público. Eu assisti recentemente a um filme chamado " A Família da Noiva", que retrata comicamente e  com realismo a situação entre brancos e negros por lá, sugerindo uma mudança de valores entre os americanos...

O sogro não aceita que a filha se case com um branco... E tenta destruir o noivado...

O filme é muito legal e engraçado, recomendo!!


« Última modificação: 11 de Junho de 2006, 10:50:55 por Dark Angel »
"Eu perdôo a pior verdade, mas não tolero a menor mentira"

rizk

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #7 Online: 11 de Junho de 2006, 14:51:13 »
Stefano, a origem do termo denota uma situação específica com que aquelas pessoas tinham que lidar. Se você achar algum registro do conceito de xenofobia fora das cidades, então não deixe de nos contar.
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Em caçadores-coletores, a reação negativa em relação a outros grupos ou "tribos" é considerada xenofobia.
Considerada por quem, cara-pálida? Por mim é que não é, e se as pessoas realmente estão escrevendo isso é porque fugiram do curso de antropologia. Dê bons motivos que eu abro mão.

Enfim, isso é cisma minha. Se vcs quiserem continuar falando em xenofobia, ótimo, sei lá, mas isso desacredita a pessoa, aumenta o arsenal dos opositores e engana o público. Boa sorte.

Offline Diegojaf

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #8 Online: 11 de Junho de 2006, 15:04:35 »
Xeno = Desconhecido, estrangeiro...

Xenofobia pra mim em um sentido amplo sempre foi medo do desconhecido, do estrangeiro...

Não entendo porque não possa ser aplicado o termo a sociedades pré-civilizadas...


A partir do momento em que você faz parte de um grupo, e é hostil a pessoas estranhas ao seu grupo, acho que o termo xenófobo deveria se aplicar...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #9 Online: 11 de Junho de 2006, 15:06:42 »
Nathalie, acho que isso de nos EUA a rivalidade ser mais acirrada é o que faz estes estudiosos terem tanta preocupação com o racismo. A gente aqui não leva a sério e acha frescura. Não sei o motivo.

Gah, essas histórias de brasileiro nos EUA são esquisitíssimas. Meu amigo colocou os paradigmas dos nova-iorquinos no chão. Ninguém acreditava que ele conseguia ser rosinha e loirinho e latino ao mesmo tempo. E ele tbm não acredita que é latino, até hoje. Outro mistério: por que brasileiro não entende que é latino, e porque paulistano não entende que é brasileiro - antes disso fala que é italiano, português, libanês, uruguaio ou algo que o valha.

Enfim, isso tudo é um grande off-topic. Eu quero os experimentos da professora aí.

rizk

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #10 Online: 11 de Junho de 2006, 15:08:51 »
Stefano, reli a entrevista, a própria pesquisadora diz "Como é que a seleção natural poderia criar um mecanismo para codificar um aspecto do mundo que NÃO EXISTIA para os nossos ancestrais caçadores-coletores?"

Diego, vc acha que cientista deve usar SENTIDO AMPLO das palavras? E depois vcs reclamam da superinteressante e das pessoas que acham que o homem descende do macaco. Whatever.

Offline Dark Angel

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #11 Online: 11 de Junho de 2006, 15:32:13 »
Nathalie, acho que isso de nos EUA a rivalidade ser mais acirrada é o que faz estes estudiosos terem tanta preocupação com o racismo. A gente aqui não leva a sério e acha frescura. Não sei o motivo.

Gah, essas histórias de brasileiro nos EUA são esquisitíssimas. Meu amigo colocou os paradigmas dos nova-iorquinos no chão. Ninguém acreditava que ele conseguia ser rosinha e loirinho e latino ao mesmo tempo. E ele tbm não acredita que é latino, até hoje. Outro mistério: por que brasileiro não entende que é latino, e porque paulistano não entende que é brasileiro - antes disso fala que é italiano, português, libanês, uruguaio ou algo que o valha.

Enfim, isso tudo é um grande off-topic. Eu quero os experimentos da professora aí.

Os americanos acham que todo latino é necessariamente pardo (e as latinas supergostosas tipo Jennifer Lopez...). Os branquelos para eles são brancos e pronto. Se vc é brasileira e branquela, podem achar que vc é americana, irlandesa, britância, espanhola... Tudo menos latina... E também, no meu caso, o nome ajudou... Nathalie é um nome comum lá e Gomes um sobrenome comum. Como eu andava de crachá e falava inglês fluentemente e com sotaque irlandês, achavam sempre que eu era a guia turística do grupo de latinos com quem conversava (e nenhum deles falava inglês). Achavam que eu era americana de Boston ou Irlandesa. Quando eu contava ser brasileira, eles se assustavam: "Stop kidding me, where are you really from?" Tradução: Pára de brincadeira, de onde vc realmente é?

No Brasil, a maior parte da população é mestiça, não há muitos brancos e negros absolutos, a maioria é parda. Por isso o racismo não é tão levado a sério. Se vc é afro-descendente, como ser racista e ir contra vc mesmo? Apesar de algumas pessoas o serem...


Latino é um termo geral. Eu me entendo como brasileira, mineira, de belzonte mesmo. Os estrangeiros são os que nos chamam de latinos, generalizando-nos. Porém, algumas pessoas preferem dizer que são européias ou americanas por sentirem vergonha de serem de um país subdesenvolvido...


Nos EUA é totalmente diferente. Brancos e negros não se cruzam, não se falam, e não são mestiços.
São extremos mesmo. Não se vê por lá mestiços americanos. Somente latinos. Há uma grande rivalidade mesmo, e muito mais séria. Comparado com os EUA, o Brasil é um paraíso para os que sofrem preconceito racial. Lá as gangues de etnias rivais se enfrentam de forma violenta freqüentemente. Os latinos são os "da paz"...

Olha a minha carinha de gringa...
:hihi:

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Offline Stéfano

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #12 Online: 11 de Junho de 2006, 15:53:23 »
Citação de: Rizk
Considerada por quem, cara-pálida? Por mim é que não é, e se as pessoas realmente estão escrevendo isso é porque fugiram do curso de antropologia. Dê bons motivos que eu abro mão.
Eu li alguns artigos e tenho que reconhecer que estava errado. Xenofobia e racismo são considerados fenômenos distintos que podem se sobrepor, mas são conceitos diferentes. Por outro lado, não encontrei nada sobre a xenofobia ser considerada apenas a partir da civilização grega, aonde você leu isso ?
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Offline Stéfano

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #13 Online: 11 de Junho de 2006, 15:55:09 »
Stefano, reli a entrevista, a própria pesquisadora diz "Como é que a seleção natural poderia criar um mecanismo para codificar um aspecto do mundo que NÃO EXISTIA para os nossos ancestrais caçadores-coletores?"Diego, vc acha que cientista deve usar SENTIDO AMPLO das palavras? E depois vcs reclamam da superinteressante e das pessoas que acham que o homem descende do macaco. Whatever.
É verdade, grupos distintos nunca se enfrentaram antes do surgimento das civilizações...  :/
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Offline Sr. Alguém

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #14 Online: 12 de Junho de 2006, 08:32:45 »
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #16 Online: 12 de Junho de 2006, 09:59:22 »
Oia........ O namo dela é quase um Chuck Norris.......
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Offline Diegojaf

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #18 Online: 12 de Junho de 2006, 13:10:09 »
Stefano, a origem do termo denota uma situação específica com que aquelas pessoas tinham que lidar. Se você achar algum registro do conceito de xenofobia fora das cidades, então não deixe de nos contar.
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Em caçadores-coletores, a reação negativa em relação a outros grupos ou "tribos" é considerada xenofobia.
Considerada por quem, cara-pálida? Por mim é que não é, e se as pessoas realmente estão escrevendo isso é porque fugiram do curso de antropologia. Dê bons motivos que eu abro mão.

Enfim, isso é cisma minha. Se vcs quiserem continuar falando em xenofobia, ótimo, sei lá, mas isso desacredita a pessoa, aumenta o arsenal dos opositores e engana o público. Boa sorte.

Vi recentemente (armas, germes e aço - Jared Diamond) que tem umas tribos, acho que australianas, em que se duas pessoas de tribos/grupos/bandos/sei lás diferentes "se esbarram" no meio do deserto, começam a discutir se não teriam algum parente em comum conhecido, o que justificaria que não tentassem matar um ao outro. Como esse tipo de comportamento seria chamado, antropologicamente? 

Offline Sr. Alguém

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Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
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Offline Diegojaf

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Offline LIAN

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #21 Online: 13 de Junho de 2006, 10:10:25 »
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Vi recentemente (armas, germes e aço - Jared Diamond) que tem umas tribos, acho que australianas, em que se duas pessoas de tribos/grupos/bandos/sei lás diferentes "se esbarram" no meio do deserto, começam a discutir se não teriam algum parente em comum conhecido, o que justificaria que não tentassem matar um ao outro. Como esse tipo de comportamento seria chamado, antropologicamente?

Parece um daqueles exemplos usados por Dawkins no 'Gene Egoista', mas aparentemente foi enfatizado por um meme de não atacar sem antes de certificar se não estará matando alguém aparentado.
"Não consigo me convencer de que um Deus caridoso e onipotente teria propositalmente criado vespas parasitas com a intenção expressa de alimentá-las dentro de corpos vivos de lagartas." Charles Darwin

rizk

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #22 Online: 13 de Junho de 2006, 11:33:24 »
Danniel, mas não matar parentes não tem a ver só com garantir os nossos recursos, mas tbm com a descendência, não?
Não sei nem se isso tem nome, quanto menos o próprio. Fugi do curso. :D

Stefano, eu não li isso em lugar nenhum. É que não faz sentido MESMO; talvez faça, mas aqui na minha cabeça não roda. Não consigo pensar em xenofobia, sentido estrito, antes da existência do estrangeiro, sentido estrito. E o estrangeiro só existe quando existe o ESTADO, que é (aham) um conjunto de instituições que detém a autoridade para fazer leis para governar a sociedade e que tem soberaina sobre um território definido.
Clã não é estado porque não tem território definido nem soberania sobre ele, não tem forças armadas, pollícia, tribunal, cobrança de impostos, bla-bla-bla; é um grupo de pessoas de ascendência comum (seja isso real ou mitológico). E eu coloco as cidades-estado gregas da antiguidade como limite porque todo mundo diz que a história do estado começa ali. Acho que é isso.

Offline LIAN

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #23 Online: 13 de Junho de 2006, 11:59:30 »
Acho que o conceito primitivo de ESTADO vem da visão territorialista! Li em algum lugar que provavelmente as primeiras vítimas de "preconceito" (seja lá o nome pra isso) foram os neandertais, nem precisa explicar os motivos!
"Não consigo me convencer de que um Deus caridoso e onipotente teria propositalmente criado vespas parasitas com a intenção expressa de alimentá-las dentro de corpos vivos de lagartas." Charles Darwin

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Racismo é "efeito colateral" da evolução, diz psicóloga
« Resposta #24 Online: 13 de Junho de 2006, 12:38:24 »
Danniel, mas não matar parentes não tem a ver só com garantir os nossos recursos, mas tbm com a descendência, não?
Não sei nem se isso tem nome, quanto menos o próprio. Fugi do curso. :D

Stefano, eu não li isso em lugar nenhum. É que não faz sentido MESMO; talvez faça, mas aqui na minha cabeça não roda. Não consigo pensar em xenofobia, sentido estrito, antes da existência do estrangeiro, sentido estrito. E o estrangeiro só existe quando existe o ESTADO, que é (aham) um conjunto de instituições que detém a autoridade para fazer leis para governar a sociedade e que tem soberaina sobre um território definido.
Clã não é estado porque não tem território definido nem soberania sobre ele, não tem forças armadas, pollícia, tribunal, cobrança de impostos, bla-bla-bla; é um grupo de pessoas de ascendência comum (seja isso real ou mitológico). E eu coloco as cidades-estado gregas da antiguidade como limite porque todo mundo diz que a história do estado começa ali. Acho que é isso.

Mas como esssas coisas não surgiram todas de uma vez... tipo "hei pessoal, vamos fazer um estado?"... se por exemplo um proto-estado tivesse "forças armadas" primitivas (como as pessoas simplesmente se disponibilizando em lutar pelos conhecidos, mas sem especializados nisso e oficialmente designados ou algo assim... mais ou menos até como é, de forma mais organizada, ainda em países com pouco contingente para forças armadas), território, mas tivesse formas de julgamento menos "estatais" e não cobrasse impostos de maneira "estatal", mas tivesse em algum estágio precedente a isso, como troca de favores, etc... (ou escolha outros ítens que te parecerem/sejam mais prováveis de estarem ausentes em formas que eventualmente evoluíram para estados.... não poderia se classificar como xenofobia a "aversão" de um estado ao outro? E aí você vai tirando ítem por ítem... até que fique algo como um clã, tribo, bando ou grupo de famílias... sei lá, acho que semânticamente, nada impediria...

 

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